Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
terça-feira, 24 de maio de 2016
De onde vem a riqueza dos mais ricos? Estudo da Forbes e reflexao sobre o Brasil (Paulo Roberto de Almeida)
Que a maior parte da riqueza acumulada na América Latina, ou especialmente no Brasil, seja o resultado de herança, ou seja, de patrimônio mantido na família, é absolutamente normal no plano econômico, sendo maior nesta região apenas porque ela é absolutamente improdutiva, parada, estagnada, pois em outros países é riqueza produzida continuamente.
Agora, achar que isso é ilegítimo significa apenas que todos os que pensam assim, querem expropriar essa riqueza, pela taxação da herança ou do patrimônio. A única coisa que vão produzir é a exportação dessa riqueza para paraísos fiscais ou para outros países que promovem criação da riqueza a partir da própria riqueza.
Filosofia pikettyana, ou seja, completamente maluca.
Paulo Roberto de Almeida
Notas de dólar
MERCADO FINANCEIRO IMPULSIONA FORTUNA DOS BILIONÁRIOS NO MUNDO
Anualmente a revista “Forbes” publica o seu ranking de bilionáriosdo mundo. Apesar do crescimento lento da economia mundial, em 2015, o clube dos super-ricos atingiu a marca 1.826 pessoas, superando o recorde anterior, estabelecido em 2014. Mas quem são esses bilionários e de onde sua riqueza vem?
O estudo “As origens dos Super-ricos”, realizado pelas pesquisadoras Caroline Freund e Sarah Oliver, do Peterson Institute for Internacional Economics, instituição de pesquisa sem fins lucrativos baseada em Washington, usa esses dados para entender os super-ricos.
O trabalho busca responder a algumas questões que estão ligadas à concentração de renda no globo. Por exemplo: esses bilionários são herdeiros ou construíram as próprias fortunas? Sua riqueza vem do setor produtivo ou do mercado financeiro?
Segundo o estudo, o clube dos super-ricos é mais dinâmico do que se pensa. Atualmente, a maior parte dos bilionários construíram as próprias fortunas. O Brasil não é representativo dessa tendência mundial. No país, a maior parte da riqueza é herdada.
Como funcionou o trabalho?#
A pesquisa se baseia em informações coletadas entre 1996 e 2015 no ranking de bilionários da revista “Forbes”. Essa organiza dados sobre participação acionária em empresas, declarações financeiras das companhias, e reuniões com candidatos para listar todos os indivíduos do mundo com mais de US$ 1 bilhão em patrimônio líquido em determinado ano.
O trabalho agregou esses bilionários de acordo com o setor da indústria que melhor representa a origem de suas fortunas, nas seguintes categorias: setores ligados a recursos naturais (como minérios ou petróleo), setores novos (que incluem, por exemplo, a indústria de tecnologia), setores produtores de bens exportáveis (que inclui bens industriais e alimentos, por exemplo), setores produtores de bens não exportáveis (como o setor de mídia e de construção) e setor financeiro.
O dólar se desvalorizou desde 1996, o que significa que US$ 1 bilhão na época representa mais dinheiro do que US$ 1 bilhão em valores atuais. O estudo levou isso em conta e fez as mesmas comparações excluindo os super-ricos cuja fortuna não somaria US$ 1 bilhão se os valores de 1996 fossem corrigidos pela inflação. Em linhas gerais, as diferenças não foram relevantes, mesmo com essa ressalva.
A riqueza dos super-ricos vem de suas famílias?#
Não necessariamente. Em todas as regiões do mundo, o volume total de fortunas aumentou principalmente por causa do surgimento de novos super-ricos, e não através do aumento da riqueza de quem já era super-rico. Essa distinção é importante porque diz respeito à forma como a renda tem se concentrado, se com mobilidade social ou apenas através da concentração de mais dinheiro nas mãos de quem já era rico.
Nem sempre foi assim. Em 1996 a maior parte das fortunas eram herdadas. Mas já em 2001, 58% dos bilionários tinham construído as próprias fortunas, uma mudança em grande parte explicada pelo boom do setor de tecnologia, diz o trabalho.
A parcela de bilionários que herdaram as próprias fortunas é maior na Europa (35,8%) do que nos Estados Unidos (28,9%).
ORIGEM DA RIQUEZA (%)#
Na década seguinte essa tendência se intensificou com o crescimento acelerado do número de bilionários de países em desenvolvimento. O boom dessas economias foi acompanhado pela criação de novas fortunas. Em 1996 a China não tinha nenhum bilionário, e o Japão, 40. Em 2015 a China tinha 213 bilionários, e o Japão, 24.
Na Europa, a concentração de bilionários se moveu para o leste. Na Rússia, novas fortunas foram criadas no setor petrolífero, por exemplo. Em 1996, a Alemanha tinha 47 bilionários, e a Rússia, nenhum. Em 2015, a Alemanha tinha 103 e a Rússia, 88.
A importância do papel dos novos bilionários não significa que aqueles que já eram ricos não tenham ficado ainda mais endinheirados. Cerca de 20% do aumento da riqueza nas mãos de bilionários no período se deve ao enriquecimento de quem já fazia parte do clube.
De onde vem a riqueza dos super-ricos?#
O estudo analisa o que gerou o aumento do número de bilionários e da riqueza total na mão deles nos Estados Unidos, na Europa e em outros países desenvolvidos - como o Japão e Coreia do Sul, por exemplo.
Entre 1996 e 2014 o mercado financeiro respondeu por 40% do crescimento no número de bilionários nos Estados Unidos. Na Europa, o setor exportador responde pela maior parte dos novos ricos: 43,4%. O setor financeiro responde por apenas 13,5%.
ALTA DO NÚMERO DE BILIONÁRIOS (%)#
Fundos de hedge - que têm autorização para realizar operações financeiras mais arriscadas e em geral recebem aplicações de alto valor de investidores experientes - tiveram um papel fundamental nos Estados Unidos. Eles respondiam por menos de 10% da riqueza do setor financeiro americano em 2000, e por 22% em 2015.
ALTA DAS FORTUNAS (%)#
Setor de tecnologia
As fortunas nos Estados Unidos também tendem a ser menos ligadas a heranças porque há no país uma proporção maior de bilionários do setor de tecnologia, diz o estudo. Eles são 56 pessoas, ou 12% dos bilionários. Na Europa são 17 pessoas, ou 5% dos bilionários.
Os “novos setores”, que englobam o setor de tecnologia, responderam por 19% do aumento no número de bilionários nos Estados Unidos, e na Europa, por 12,7%.
E o Brasil?#
O trabalho não analisa o caso brasileiro especificamente, mas traz dados sobre os bilionários do país. Em 2014 eles responderam por 3,9% dos bilionários do mundo.
47,7%
Dos bilionários brasileiros são herdeiros
18,5%
Vêm do setor financeiro
21,5%
Fundaram as próprias companhias
4,6%
Enriqueceram com base em conexões políticas ou em áreas ligadas a recursos naturais. Segundo o estudo “um bilionário é identificado como politicamente relacionado se houver notícias conectando sua riqueza a posições que ocupou no governo, parentes no governo ou concessões questionáveis”.
Há no país uma proporção maior de super-ricos herdeiros do que no mundo. A distribuição está em linha com aquela do resto da América Latina.
O Ministerio Publico Federal sabota o Ministerio Publico Federal? Sim, em MG parece ser assim...
Paulo Roberto de Almeida
Sem-vergonhice ideológica na prova do MPF de Minas
Brasil22:34
No último fim de semana, os candidatos a um estágio no Ministério Público Federal de Minas Gerais fizeram uma prova de português que deveria ser objeto de uma investigação especial da PGR.
As questões de ortografia e gramática continham frases como:
-- "O analfabetismo político é um mal cada vez mais comum em quem assiste ao Jornal Nacional";
-- "Os golpistas ficaram prostrados com a reação que se viu nas ruas em defesa da democracia";
-- "O juiz infringiu a legislação ao divulgar o conteúdo das interceptações telefônicas";
-- "Segundo renomados juristas, a presunção de inocência, apesar de configurar direito constitucional, vem sendo ignorada pela Operação Lava Jato".
Comentário final do Antagonista:
É uma sem-vergonhice ideológica e um escândalo institucional.
segunda-feira, 23 de maio de 2016
Lula: um traidor miseravel, que entregou patrimonio brasileiro a bolivarianos
Dois anos depois da expropriação vergonhosa, e combinada entre os dois populistas, um diplomata boliviano, que assistiu à primeira reunião bilateral Brasil-Bolívia três semanas depois do fatídico 1o. de maio de 2006, me confirmou que a delegação brasileira, chefiada por esse outro traidor a serviço dos interesses cubanos que era o aspone de Lula para assuntos internacionais, se alinhou totalmente aos interesses bolivianios, ferindo inclusive o direito a uma justa reparação para a Petrobras.
TRAIDORES!
Mas essa não foi a única. Lula também triplicou, contra tratados e acordos perfeitos, pagamentos do Brasil ao Paraguai, pela eletricidade de Itaipu, e pelo gás boliviano.
Nunca Antes no Brasil tivemos um presidente tão sujo e tão traidor dos interesses nacionais.
Paulo Roberto de Almeida
Lula, o entreguista
Editorial Gazeta do Povo (PR), 23/05/2016
Ao confessar ter combinado antecipadamente com Evo Morales a expropriação de unidades da Petrobras na Bolívia, o ex-presidente mostra que ele vê o patrimônio estatal como se fosse propriedade pessoal.
À medida que o tempo passa, mais se sabe quem é, de fato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O exemplo mais recente data da última segunda-feira, quando, em palestra em São Paulo para uma plateia formada por partidos de esquerda, ele abertamente confessou ter "doado" para a Bolívia as instalações que a Petrobras mantinha naquele país para extração de gás. A camaradagem já havia sido combinada com o ainda então candidato à presidência boliviana, Evo Morales – que, eleito, meses depois de sua posse pôs suas tropas para confiscar o patrimônio brasileiro, em maio de 2006.
Foi bem simples, segundo relato do próprio Lula: "O Evo me perguntou: 'como vocês ficarão se nós nacionalizarmos a Petrobras?' Respondi: 'o gás é de vocês'. E foi assim que nos comportamos, respeitando a soberania da Bolívia". O presente que Lula deu à Bolívia valia nada menos do que US$ 1,5 bilhão. E agora se sabe também que a ocupação militar das refinarias não passou de uma patética encenação para dar pretexto à colossal e despropositada oferenda.
É tosco o raciocínio de Lula para justificar a doação. Ele não tinha o direito, senão pisando sobre a soberania do país que governava, de alienar um bem do Estado. É de se perguntar: a seguir seu entendimento, bastaria deslocar nossos navios de guerra para tomar dos estrangeiros as plataformas instaladas para explorar o "nosso" petróleo? Evidentemente, nenhuma das opções pode nem sequer ser aventada por um chefe de Estado. No mundo civilizado devem prevalecer regras contratuais de direitos e deveres que regulam as relações entre nações.
O ex-presidente foi além em suas tardias confissões ao falar para o Foro de São Paulo, organização que reúne representantes de esquerda da América Latina. Ele deixou patente que, ao colaborar com o arroubo de Morales, sua pretensão era a de fortalecer os regimes bolivarianos que floresciam no continente – isto é, Lula foi movido por uma causa ideológica e, em nome dela, transferiu a outro país um patrimônio de que ele não podia dispor como se fosse sua propriedade particular.
Absolutamente nada autoriza um presidente da República a usar desta forma um patrimônio do Estado, dando sinal verde informal – como Lula atesta com suas próprias palavras – a um ato de expropriação por parte de um governo estrangeiro. Na verdade, ele confessou ter sido cúmplice de um atentado à soberania nacional, preferindo o interesse boliviano ao interesse brasileiro. A esquerda – nela incluída o próprio Lula – adora repetir que estatais são "do povo brasileiro". Segundo a lógica das esquerdas, então, a conclusão é evidente: Lula entregou à Bolívia algo que era "do povo brasileiro". Claro, sabemos que na realidade estatais pertencem ao Estado, e não ao povo. Mesmo assim, isso não autoriza o mandatário de plantão a dispor dos bens do Estado como bem lhe aprouver, especial me nte quando isso significa um ataque à soberania brasileira.
Não causa surpresa, porém, o desdém que Lula dedicou à Petrobras no caso boliviano. A estatal foi contínua e permanentemente pilhada ao longo de seu governo e do mandato da presidente Dilma Rousseff, como bem demonstra a Operação Lava Jato. Fez-se dela, durante esse período, um caixa livre para abastecer partidos e enriquecer políticos, diretores e operadores que se fartaram de propinas. A empresa também foi sangrada como instrumento de política econômica; represava-se sua rentabilidade para conter a pressão inflacionária, impunham-se à estatal prejuízos reais ou tolhia-se sua capacidade de investimentos.
A Petrobras encontra-se, na prática, privatizada: foi transformada em propriedade do PT para fins partidários e eleitorais. E, agora, ficamos sabendo pela boca do próprio Lula que ela também foi usada para camaradagens ideológicas. Não por outras razões a empresa que já foi uma das maiores do mundo frequenta hoje posições muito mais modestas no ranking – liderança global, agora, só em endividamento.
Analisando apenas os valores, a "doação" de parte do seu patrimônio para o amigo Evo Morales poderia até ser considerada um "mal menor" diante de tudo quanto se fez para levar a Petrobras ao triste estágio em que hoje se encontra. Mas o significado do episódio vai muito além das cifras. Ele mostra como, desmoralizada e desvalorizada, a Petrobras se tornou o retrato pronto e acabado da ideologização irresponsável da administração petista.