Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
Diz a lenda que, em 31 de outubro de 1517, o monge agostiniano Martinho Lutero (1483-1546), escandalizado com o vergonhoso espetáculo que a Igreja Católica
oferecia e indignado com a venda de indulgências, pregou nas portas da
igreja de Wittenberg as 95 teses que desafiavam o poder de Roma. O
aniversário de 500 anos desse gesto está sendo celebrado com pompa na
Alemanha. Merkel e Obama
prestaram homenagem a Lutero em 25 de maio no Portão de Brandemburgo e,
por volta da mesma data, foi inaugurada uma espetacular exposição em
Wittenberg. Esses são só alguns dos eventos mais destacados. Desde o fim
da Segunda Guerra Mundial,
os aniversários luteranos (nascimento, morte, 95 teses, iluminação
divina durante a tempestade de 1505…) quase não tinham relevância. Mas
agora isso mudou. Por quê?
Instalação
do artista alemão Ottmar Hörl feita com 800 imagens de Martinho Lutero e
exposta na cidade alemã de Wittenberg em agosto de 2010.PETER ENDIGAFP / Getty Images
O gesto descrito às portas da igreja de Wittenberg é a
representação mítica e ritual do significado de Martinho Lutero para o
chamado Sacro Império Romano-Germânico.
Há muito se duvida que ele tenha mesmo pregado suas teses; as menções
ao ato desafiador aparecem muito depois, conforme se vai adornando e
mitificando a personagem Lutero e o cisma que ele trouxe consigo. Mas, se non è vero, è ben trovato (ainda que não seja verdade, é bem possível).
Seria muito menos heroico mandar o texto de protesto pelo correio – que
é o que provavelmente aconteceu – ao bispo de Mogúncia (Mainz). O gesto
simbólico conserva hoje toda sua aura teatral, mas era muito mais épico
naquele tempo, porque o homem do século XVI sabia que essa era a
maneira de divulgar os chamados cartazes de desafio, em que um
cavalheiro insultava publicamente outro e o desafiava a um duelo. E era
preciso responder, quem não o fazia ficava desonrado para sempre. Há, na
figura de Lutero, um componente de heroísmo a posteriori muito interessante para compreender seu significado na história da Alemanha e também, não se surpreenda o leitor, na da Espanha.
O
cisma luterano é a manifestação de um problema político, mas o contexto
religioso em que foi mantido turva completamente sua compreensão.
Através dele se expressa o nacionalismo germânico primordial e, por
isso, Martinho Lutero é celebrado e exaltado na Alemanha cada vez que
esse nacionalismo ganha força. Desde a Segunda Guerra Mundial não se
comemorava de maneira significativa nenhuma efeméride luterana. Em 1983
passou em branco na Alemanha Ocidental o quinto centenário do nascimento
de Martinho Lutero, tão festejado nos tempos de Bismarck. Em 10 de novembro de 1883, por exemplo, o imperador Guilherme I liderou o desfile do quarto centenário de nascimento de Lutero em Eisleben.
Em Historia del año 1883 o intelectual e político
espanhol Emilio Castelar escreve: “Os povos protestantes celebraram o
quarto centenário de Lutero com júbilo universal” e ainda, embora “os
católicos e os protestantes
da Alemanha não tenham concordado em homenagear o religioso,
concordaram em homenagear o patriota”. Mas o mais interessante é o
expediente: “Nós, que não pertencemos à religião luterana
nem à raça germânica, espanhóis e católicos de nascimento, podemos
celebrar sem receio aquele que, iniciando as liberdades de pensamento e
de exame, iniciou as revoluções modernas, por cuja virtude rompemos
nossos grilhões de servos e proclamamos a universalidade da justiça e do
direito”. Não precisamos, portanto, ir a Wittenberg para ler os textos
que comentam a espetacular exposição. O que ali se conta é exatamente o
mesmo que Castelar nos diz: Lutero, o pai da liberdade religiosa na Europa; Lutero, o herói por cujo esforço ímpar este continente se livrou das trevas e da escravidão.
Castelar diz que “rompemos nossos grilhões”. A Lutero devemos nada
menos que “a justiça e o direito”, porque é evidente que os espanhóis
não tínhamos isso.
Lutero foi o grande protetor das
oligarquias, o fiador religioso de um feudalismo tardio que manteve a
Alemanha no atraso e na pobreza
E, claro, se Lutero rompe os grilhões
é porque havia grilhões a romper e alguém os tinha colocado. Se traz a
liberdade de pensamento é porque isso não existia, e quem impedia? Nem é
preciso dizer com todas as letras, mas está aí, constantemente
presente: o sombrio e sinistro Império espanhol e católico. Para que o
herói Lutero exista é preciso haver um monstro que o antagonize. Sem
monstro, não há herói. Quem visita Wittenberg ou qualquer das muitas
exposições e celebrações na Alemanha hoje, mesmo sendo espanhol e
católico – e especialmente se for espanhol e católico – não vê o cenário
que torna possível o brilho germânico. Quando digo católico não quero
dizer religioso. A fé é irrelevante neste contexto. Refiro-me a quem
nasceu em um país de cultura católica. Porque esse fulgor germânico precisou, século após século, como condição sine qua non
para sua exaltação, que o sul mediterrâneo fosse obscuro e atrasado,
imoral e decadente, indolente e pouco confiável. Foi em tempos de Lutero
que o adjetivo welsch – uma denominação geográfica pouco
precisa para referir-se ao sul – passou a significar latino ou românico,
e malvado e imoral ao mesmo tempo.
A “liberdade luterana” não resiste a um olhar próximo e
livre de preconceitos. Começou provocando uma guerra espantosa que se
chamou Guerra dos Camponeses
e deixou mais de 100.000 mortos nos campos do Sacro Império. Porque os
camponeses acreditaram de verdade naquelas exaltadas pregações da boca
de Lutero e de outros que clamavam contra as riquezas acumuladas pelos
poderosos da terra com Roma como fiadora de tais injustiças. Isso provocou uma convulsão social como nenhuma outra na Europa até a Revolução Francesa.
Os príncipes alemães, cujo propósito era basicamente opor-se ao
imperador, não pensaram que incentivar aquela efervescência antissistema
(Carlos V e o catolicismo) poderia se voltar contra eles, mas tiveram
que enfrentar uma revolta de proporções gigantescas. Alguns clérigos
revolucionários como Müntzer,
conhecido como o teólogo da revolução, mantiveram-se fiéis a seus
princípios até o final e foram executados, mas Lutero decidiu
sobreviver. Desde o início de 1525, depois da morte de Hutten
e Sickingen, os dois líderes revolucionários que o tinham protegido,
Lutero fica serviço dos príncipes alemães e incentiva a violência brutal
com que os grandes senhores germânicos sufocaram as rebeliões
campesinas: “Contra as hordas assassinas e saqueadoras molho minha pena
em sangue, seus integrantes devem ser estrangulados, aniquilados,
apunhalados, em segredo ou publicamente, como se matam os cães
raivosos”.
A partir de então Lutero passa a ser o grande defensor das oligarquias senhoriais, o arrimo teológico de um feudalismo tardio
que manteve a Alemanha em um estado de pobreza e atraso já superado na
Espanha e na maior parte do sul. A estagnação dessas oligarquias pela
via religiosa impediu a unificação da Alemanha e possibilitou uma
sobrevivência anômala do sistema feudal nessa parte da Europa. Quase
todo mundo sabe que a servidão na Rússia
durou até o século XIX, mas se ignora que na Alemanha também, sobretudo
nas regiões protestantes. Um dos primeiros estados a abolir as leis de
servidão foi a católica Bavária em 1808, mas, na região oriental, o
processo só foi concluído em meados do século. Bem. Isso no que diz
respeito a Lutero como libertador social. Vejamos agora Lutero como
libertador do pensamento. Liberdade religiosa
e livre exame são dois ícones linguísticos cunhados por Lutero que
nunca tiveram um reflexo na realidade, como demonstram primeiro a lógica
e depois a história.
Quase uma quarta parte das propriedades do Sacro Império mudaram de mãos. Não houve um latrocínio igual até a Revolução Russa
Supostamente o livre exame significa que o cristão deve se
entender diretamente com Deus através dos textos sagrados, sem
intermediários onerosos e imorais como “os romanos” (assim Lutero
chamava o clero católico, embora fossem tão alemães como ele). Se for
assim, há uma consequência imediata: o desaparecimento do clero, por
desnecessário. Os fatos demonstram que isto jamais aconteceu, porque
Lutero não operou a destruição das igrejas, apenas criou outra. Nem
Lutero deixou de ser clérigo, nem o número deles no Sacro Império
diminuiu. Simplesmente se formou um novo corpo sacerdotal que também
guiou o rebanho aonde deveria ir. Só que agora esse corpo de pastores
serve unicamente ao senhor do território (e não a um Papa estrangeiro e a
um imperador aliado com o mundo welsch), que é quem lhe dá de
comer. Se lhe servir bem, como fez Lutero, viverá bem. Viverá inclusive
melhor que com os “romanos”, e assim Lutero recebeu do príncipe da
Saxônia, como primeira prova de gratidão, aquele que havia sido o seu
antigo convento em Wittenberg. É um belíssimo palácio, onde se instalou
com sua nova esposa, seus parentes e seus criados. Tinha nascido no seio
de uma família muito humilde e, como monge agostiniano, jamais teria
podido se permitir esses luxos. E aqui não tocaremos mais no assunto das
críticas ferozes aos luxos do clero “romano”.
A liberdade religiosa é provavelmente o totem linguístico
mais afortunado de Martinho Lutero. Foi e é ininterruptamente debatido
diante das trevas do catolicismo e da sua nação defensora por princípio,
a Espanha. Nem é preciso pensar muito para ver aonde vai parar a
liberdade luterana. Se ela tivesse existido alguma vez, mesmo que
teoricamente, também os católicos e outras facções protestantes teriam
tido direito a ela. Se o cristão é livre para interpretar os textos
sagrados, então também a interpretação católica é possível e deve ser
aceita. E deveria ter sido respeitada em consonância com a “liberdade religiosa”
que Lutero e seus diáconos pregavam. Se a lógica humana não é um engodo
desde a sua própria raiz, é porque é assim mesmo. Mas o fato é que o
novo clero criou uma versão do cristianismo que foi a única aceitável, e
todas as demais foram proscritas e perseguidas; a católica, obviamente,
mas também os anabatistas, calvinistas, menonitas etcétera.
Ele é apresentado como o paladino da liberdade religiosa, mas o clero luterano perseguiu as demais versões do cristianismo
Entretanto, século após século, Lutero passeou pela história
da Europa imune à verdade, aos fatos e à lógica. Basta o leitor digitar
a sequência “Lutero liberdade religiosa”
em algum buscador da Internet e verá. Se escrever em inglês e alemão,
ficará pasmado. Poderíamos levar um pouco adiante este perverso jogo com
as palavras e exasperar os argumentos históricos habitualmente aceitos.
Porque aplicar a “liberdade religiosa” em sentido luterano é o que
fizeram os Reis Católicos na Espanha, ou seja, que todos os súditos devem ter a mesma religião que seu senhor terreno. Este é o princípio conhecido como cuius regio, eius religio,
e deu cobertura legal aos príncipes alemães para obrigarem as
populações de seus territórios a se tornarem protestantes, quisessem ou
não, e nem sempre graças a sermões persuasivos e pacíficos. Mas é
evidente que os Reis Católicos não podem ser os pais da liberdade
religiosa, embora tenham feito exatamente o mesmo, porque, como diz
Castelar, nós não somos luteranos nem pertencemos à raça germânica.
A esta altura você já estará se perguntando: mas por que os príncipes alemães
tinham tanto empenho em se tornarem protestantes? Não é difícil de
explicar, mas para isso, como apontamos acima, é preciso sair do terreno
religioso, da superioridade moral e das palavras totêmicas, onde todo o
protestantismo diligentemente insistiu em situar aquele sangrento
conflito. Quase uma quarta parte dos bens imóveis do Sacro Império
mudaram de mãos, entre confiscos de propriedades eclesiásticas e de
pessoas que abandonaram os territórios protestantes por se negarem a
acatar a conversão forçosa. Até a Revolução Russa,
não houve latrocínio comparável no Ocidente. Mas, claro, não chamamos
assim, porque um tinha uma cobertura teológica, e o outro, uma cobertura
ideológica. Definitivamente: uma justificativa moral. Isto naturalmente
não será contado ao visitante na magna exposição de Wittenberg.
Foi furiosamente antissemita e prefigura o programa nazista. A Noite dos Cristais foi feita em homenagem aos seus 450 anos
Lutero foi não somente antilatino, mas também furiosamente antissemita. O filósofo alemão Karl Jaspers escreveu que o programa nazista está prefigurado em Martinho Lutero, que dedicou parágrafos horripilantes aos judeus:
“Devemos primeiro atear fogo às suas sinagogas e escolas, sepultar e
cobrir com lixo o que não incendiarmos, para que nenhum homem volte a
ver deles pedra ou cinza”. O primeiro grande pogrom de 1938, a Noite dos Cristais, foi justificado como uma operação piedosa em homenagem a Martinho Lutero por seus 450 anos. Hitler
disputou as eleições de 1933 com um soberbo cartaz no qual a imagem de
Lutero e a cruz gamada aparecem juntas. As celebrações luteranas dos
nazistas eram espetaculares. Com idêntica ferocidade Lutero estimulou e
justificou a queima de bruxas, que deixou nada menos do que 25.000
vítimas na Alemanha, segundo Henningsen. Acumulamos tantos milhares,
milhões de mortos com este assunto que é melhor nem fazer contas.
Mas não há do que se envergonhar. A Alemanha celebra
ostensivamente Martinho Lutero porque se sente bem, porque Lutero é o
pai do nacionalismo alemão e de sua Igreja, e tem, portanto… indulgência
teológica. Desde a reunificação, e depois com a chegada do euro como
elixir mágico, a Alemanha está em um tempo novo e encara às claras uma
hegemonia europeia inconteste. A Grã-Bretanha desertou do barco da União, e a França não está em condições de confrontar a indiscutível supremacia germânica. Nem a Espanha nem a Itália
parecem perceber muito bem como são necessárias para compensar esta
hegemonia e como andam perdidas, sem conseguir superar o complexo de
inferioridade que assumiram há séculos. Porque, com tudo isto, chegamos
ao grande assunto do qual se trata aqui: o da superioridade moral frente
ao suíno mundo não protestante no qual vivemos, a qual foi tão
absolutamente assumida que muitos de nossos jornais, como nos tempos de
Castelar, se somaram contentes à celebração luterana, tão cegos e tão
perdidos hoje no labirinto da sua própria inferioridade como estavam há
100 anos.
*María Elvira Rocha Bareaé filóloga e autora de ‘Imperiofobia e Lenda Negra’ (Siruela).
The Balfour Declaration still divides the Middle East 100 years later
Ishaan Tharoor
The Washington Post, November 2, 2017
Ina year brimming with profoundly symbolic centennials, Thursday marks perhaps the most politically fraught one.Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu will appear in London alongside his British counterpart, Theresa May, to commemorate the 100th anniversary ofthe Balfour Declaration, a 67-word missive from Britain’s then-foreign secretary expressing his government's support for a Jewish homeland in Palestine.
The Nov. 2, 1917, public letter was written by Lord Arthur Balfour to Baron Walter Rothschild, the head of the British wing of the influential European Jewish banking family. Balfour articulated the British desire for the establishment of “a national home for the Jewish people” and promised that his government would “facilitate the achievement of this object.” It would take three further decades — and a great deal more politicking and bloodshed — before Israel declared independence in 1948.
But the Balfour Declaration is held up as a seminal event, the first formal utterance of the modern Israeli state’s right to exist (though some historians quibble thata “national home” is not the same thing as a state). For that reason, it is also bitterly regarded by many Palestinians asthe first instrument of their dispossession. In 1917, Jews made up less than 10 percent of Palestine’s population — a century later, they are now the majority, while millions of Palestinians live in exile or in refugee camps. Protests areplanned in the Palestinian territoriesto mark the centennial.
A photo taken in 1925 and obtained from the Israeli Government Press Office on Oct. 24, shows a copy of the Balfour Declaration. (Agence France-Presse/Getty Images)
For many Israelis, the centennial is something to celebrate — especially on British soil. It was partially thanks to the efforts of a coterie of Britain-based Zionists,particularly Russian-born chemist Chaim Weizmann, that Balfour and his government were persuaded to eventually seek a colonial mandate for Palestine as Western powers carved up the crumbling Ottoman Empire. “I am proud of Britain’s part in creating Israel,” wrote British Foreign Secretary Boris Johnson ina column for the Sunday Telegraph.
Across Europe, there’s a great deal of support for the recognition of an independent Palestinian stateamid anger at the policies of Netanyahu’s right-wing government, which is expanding Israeli settlements in the West Bank while maintaining a stifling military occupation over the Palestinian territories. Critics point to a line in Balfour’s letter that “nothing shall be done which may prejudice the civil and religious rights of existing non-Jewish communities in Palestine” — a stipulation that doesn’t seem to have been followed amid the conflicts and upheavals that came after.
“The Balfour declaration is not something to be celebrated — certainly not while one of the peoples affected continues to suffer such injustice,” wrote Palestinian Authority president Mahmoud Abbas ina column published this week in the Guardian. “The creation of a homeland for one people resulted in the dispossession and continuing persecution of another — now a deep imbalance between occupier and occupied. The balance must be redressed, and Britain bears a great deal of responsibility in leading the way. Celebrations must wait for the day when everyone in this land has freedom, dignity and equality.”
Palestinian protesters burn a banner of Balfour, British and Israeli flags during a protest in the city of Bethlehem on Nov. 1. (Abed Al Hashlamoun/European Pressphoto Agency-EFE)
Israeli officials liken the Palestinian refusal to accept the declaration as evidence of their broader rejection of Israel. “The vehement Palestinian Arab opposition to the Balfour Declaration was and has remained rooted in the anti-historical view that Jews were aliens, with no connection to the land and no right of any kind to live there as a people,”wrote top Israeli diplomat Yuval Rotem. “This spawned an Arab exclusivism and sense of supremacy, which continues to drive the Arab-Israel conflict to this day.”
Of course, the motives driving Balfour, an influential Conservative statesman who briefly served as prime minister, had as much to do with geopolitics as any abiding sympathy for the Zionist plight. Onan earlier visit to the region, he described Palestine as a “dolorous country on the whole” and Jerusalem as a “miserable ghetto, derelict and without dignity.”
Just days before issuing the declaration, Balfour said at a cabinet meeting that appealing to Jewish nationalism would serve as “extremely useful propaganda both in Russia and in America” — two countries with significant Jewish populations and whose contributions were necessary to winning World War I. After the declaration was announced, British leaflets weredropped over Jewish communities in German and Austrian territorypointing to the good deeds done for the “people of Israel.”
The Balfour Declaration was just one piece in a series of British diplomatic efforts that helpedshape the map of the modern Middle East. In 1916, Britain had alreadyagreed in secret with France and Russia to a division of the Ottoman possessionsthat saw Palestine designated under joint “international control.” A year later, with the Bolshevik Revolution upending some of these plans, Britain sought to consolidate a buffer between a French-dominated Levant and their colonial concerns in Egypt — and so a mandate for Palestine looked more and more appealing. Zionists, buoyed by the British support, lobbied for Palestine to be placed under British rule, which it eventually was.
As for Lord Roderick Balfour, the great-great-nephew of the declaration’s architect, he sees flaws still unaddressed in his ancestor’s famous act.
“I have major reservations,”he recently told reporters. “There is this sentence in the declaration, ‘Nothing shall be done which may prejudice the civil and religious rights of existing non-Jewish communities in Palestine.’ That’s pretty clear. Well, that’s not being adhered to. That has somehow got to be rectified.”