O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Millor Fernandes: o filósofo gráfico do Brasil: exposicao no IMS (SP)


Neste primeiro dia livre em SP, fomos, eu e Carmen Lícia, a esta exposição do outro lado da Avenida Paulista, onde estamos hospedados num hotel:

Millôr: Obra Gráfica
A retrospectiva reúne 500 desenhos originais de Millôr Fernandes. A seleção inclui desde autorretratos até ilustrações de sua visão crítica do País. IMS. Av. Paulista, 2.424, metrô Paulista, 2842-9120. 10h/20h (5ª, 10h/22h; fecha 2ª). Grátis. Até 24/2.

Abaixo, uma sequência de fotos tiradas da exposição: 















terça-feira, 8 de janeiro de 2019

A Gra-Bretanha ja nao é mais o que era - Simon Johnson


Os contornos do séculos XIX e começo do XX foram definidos em parte por uma série de decisões britânicas importantes de política externa e de economia. Ainda em 2007–2009 a política britânica tinha consequências mundiais: apesar de a desregulamentação da City de Londres ter contribuído para a gravidade da crise financeira mundial, a liderança britânica presente na cúpula do G–20 em Londres, em abril de 2009, mostrou ter, em última instância, uma influência estabilizadora. Atualmente, no entanto, apesar de todo o teatro político e da dramática retórica, a saída iminente do Reino Unido da União Europeia (UE) – conhecida como Brexit – na verdade não tem importância para o mundo.

A economia mundial pode ter alcançado um período de incerteza, mas isso se deve mais à volubilidade dos atos do presidente Donald Trump, o autoproclamado "Homem das Tarifas", que parece determinado a minar a credibilidade do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), ao desestabilizar cadeias de suprimentos e ao negociar por meio de pronunciamentos aleatórios. A zona do euro enfrenta dificuldades para se livrar de suas prolongadas agonias, mas o problema fundamental continua sendo as más práticas bancárias e as finanças públicas potencialmente insustentáveis ostentadas por alguns países–membros. Embora o Brexit possa talvez se mostrar uma ideia infeliz para muitos habitantes do Reino Unido, seu provável impacto é uma queda do crescimento britânico, não uma desestabilização significativa do comércio regional, menos ainda do mundial.

É difícil exagerar a influência britânica sobre os assuntos mundiais após o país ter se tornado o berço da Revolução Industrial. A partir de cerca de 1750, as invenções britânicas criaram uma onda de inovação tecnológica que transformou a maneira pela qual a energia era gerada e o metal trabalhado. As ferrovias e os navios a vapor revolucionaram os transportes. Mesmo quando o centro da inovação migrou para o outro lado do Atlântico, o capital e a emigração britânicos sustentaram a industrialização no mundo inteiro.

Nada em torno da perda de influência mundial pode ser atribuído à filiação à UE. A maior parte da elite política britânica parece distante da realidade mundial. O mundo foi em frente. Um Brexit caótico pode causar grande prejuízo às pessoas comuns

Nem todas as contribuições britânicas foram positivas, é claro. A ascensão do Reino Unido como potência mundial foi acompanhada pelos horrores do tráfico de escravos no Atlântico e pelos abusos do domínio colonial.

Mas não há dúvida de que os atos britânicos – bons e ruins – foram relevantes para muitas pessoas, algumas das quais viviam em terras muito distantes. As alianças e a disposição britânicas de intervir militarmente moldaram as guerras europeias, desde Napoleão até as invasões alemãs da França em 1870, 1914 e 1940. A política de conciliação de Neville Chamberlain – inclusive sua estratégia e suas decisões pessoais na Conferência de Munique, em 1938, com Adolf Hitler – tiveram um grande impacto sobre a escolha do momento, a natureza e talvez até o resultado final da Segunda Guerra Mundial.

A maior influência mundial do Reino Unido revelou–se, talvez, em 1940–1941, quando o país foi essencialmente o único a confrontar o poder aparentemente incontível da Alemanha nazista. Ironicamente, o ingresso dos Estados Unidos na guerra ao mesmo tempo configurou o equilíbrio de forças decisivamente contra Hitler e não tardou em levar a uma reformulação completa da economia mundial.

A Conferência de Bretton Woods, de 1944, deixou claro que a era do império europeu tinha acabado. Também deixara de existir o comércio privilegiado no âmbito de zonas econômicas fixadas por ondas anteriores de expansão imperialista. Os acordos de comércio exterior pós–Segunda Guerra Mundial foram determinados pelas preferências americanas. Com as empresas, a mão de obra e os políticos americanos unânimes em seu desejo por acesso a todos os mercados, seguiram–se sucessivas rodadas de liberalização comercial.

Em 1945, o Império Britânico abarcava mais de 600 milhões de pessoas, cerca de 25% do total da população viva da Terra, o que o tornou (por um curto intervalo) a entidade política mais populosa de todos os tempos sobre o planeta. Nas décadas seguintes, o impacto mundial do Reino Unido foi sentido principalmente por meio de uma combinação de fiascos da descolonização, entre os quais a humilhação espetacular sofrida durante a Crise de Suez de 1956 [também conhecida como Guerra do Sinai], e a flagrante má gestão macroeconômica. Em 1976, o Reino Unido se tornou o único país a emitir uma moeda internacional de reserva que foi obrigado a tomar empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) durante a era (pós–1973) das taxas flutuantes.

Nada em torno dessa perda de influência mundial pode ser atribuído à filiação do Reino Unido à UE. No geral, o Reino Unido se saiu bem com o comércio do pós–guerra, metade do volume do qual é atualmente controlado pela Europa. O total do comércio exterior do Reino Unido (exportações mais importações) alcançou aproximadamente 40% do PIB durante a década de 1950; está mais próximo, atualmente, de 60%, com a maior parte desse aumento tendo ocorrido após o país ter ingressado na Comunidade Econômica Europeia, em 1973. De maneira mais ampla, a participação intensa na economia mundial observada durante as últimas quatro décadas contribuiu para superar a diferença (em termos de PIB per capita) com os EUA.

Talvez exista uma versão tresloucada do Brexit que poderia ter ramificações que extrapolassem as costas britânicas, mas isso parece absurdo. Ao contrário de Trump, nenhum político responsável do Reino Unido quer, de fato, reconduzir as tarifas protecionistas aos níveis da década de 1930. Também ao contrário dos EUA, nenhuma destacada autoridade do governo britânico está interessada em pôr mais uma vez em risco o futuro do país por meio do enfraquecimento da regulamentação financeira.

A maior parte da elite política britânica parece tão distante da realidade mundial quanto seus antecessores em 1938, 1944 e 1956. O mundo foi em frente, mais uma vez. Um Brexit caótico pode causar grande prejuízo às pessoas comuns – como aconteceu com a autoejeção britânica do Mecanismo de Taxas de Câmbio do Sistema Monetário Europeu, em 1992.

Só que essas pessoas comuns serão, na esmagadora maioria, britânicas. Os tempos em que o Reino Unido era capaz de mover o mundo ficaram, há muito, para trás. (Tradução de Rachel Warszawski)

Simon Johnson, professor do MIT Sloan, foi economista–chefe do FMI.

Rubens Barbosa: o Mundo e o Brasil em 2019

O MUNDO E O BRASIL EM 2019
Rubens Barbosa
O Estado de S. Paulo, 8/01/2019

            Os recentes acontecimentos, conflitos, alianças e eleições ao redor do mundo apontam para uma conclusão dramática: 2019 poderá ser considerado, dentro de uma perspectiva histórica, o fim de uma era. O corrente ano pode ser descrito como um período de transição entre a era pos-guerra fria e uma nova, apenas no aguardo de uma definição. Será um ano em que veremos um grande número de eventos nos levando a situações, em muitos casos, sem retorno. Será um ano de ansiedades e expectativas, suspeitas e medo do que o futuro pode trazer, na medida em que os paises procurarão adiar o começo de crises que não poderão evitar.
            Na economia global, no cenário politico internacional e na geopolitica podem ser identificados movimentos que deverão caracterizar a nova etapa que apenas se inicia.
            A economia global dá claros sinais de esgotamento. O crescimento das economias desenvolvidas e emergentes reduz-se pelos efeitos da guerra comercial de Trump, dos problemas fiscais nos EUA e países europeu e de  tensões geopolíticas. A ameaça de uma nova recessão aparece sombria no horizonte e sua superação será dificultada pela politica interna populista e nacionalista partidária dos principais países desenvolvidos que procurará se aproveitar da situação. Os EUA, ainda por algum tempo a potência dominante no mundo, veem reduzida a distância em relação a seus rivais, enquanto surgem múltiplos polos de poder politico e econômico. 
            No cenário politico internacional, o populismo de direita na Europa e nas Américas, as diferentes formas de nacionalismos e xenofobismos criam problemas novos, enquanto os dramas internos, em muitos países, acentuam os deslocamentos populacionais e novas ondas de refugiados surgem em varias partes do mundo, inclusive na América do Sul. A crise do multilateralismo se acentua. Nas Nações Unidas, o Conselho de Segurança, seu órgão máximo, está cada vez mais marginalizado e com representatividade cadente. A crítica das organizações multilaterais, ganha adeptos, inclusive no Brasil. Até o diretor geral da OMC defende o bilateralismo.   
As questões representadas pelos programas nucleares e balísticos da Coréia do Norte, do Irã, os conflitos no grande Oriente Médio, a perda relativa de poder e influência da Europa, com a saída do Reino Unido da União Europeia, o deslocamento do eixo político e econômico para a Ásia, o renascimento da Doutrina Monroe, com a volta da influência dos EUA na América Latina e a crescente desigualdade entre os países e dentro deles, complementam um panorama global onde sobressaem, em especial, três fatos marcantes: a instável e imprevisível política externa de Trump, a disputa comercial entre os EUA e a China e a crescente aproximação desta com a Rússia. 
            A rivalidade geopolítica pela hegemonia no século XXI entre as duas maiores economias do mundo é uma ameaça para a economia global e seus efeitos vão ser sentidos por muito tempo. O documento Estratégia de Segurança Nacional de Trump afirma que a China e a Rússia desafiam o poder, a influência e os interesses dos EUA e tentam erodir a segurança e a prosperidade norte-americana. Por outro lado, Beijing e Moscou estão se aproximando para enfrentar o que eles percebem como uma ameaça de Washington. O vice presidente Mike Pence acenou com o inicio de uma nova Guerra Fria com a China. Sanções e isolamento contra a Rússia e escalada protecionista comercial contra a China fizeram com que Putin se voltasse para a Ásia e com que a China ampliasse sua cooperação com Moscou. Apesar das diferenças quanto aos respectivos interesses nacionais, valores e culturas, com uma visão de médio e longo prazo, os dois países colocam de lado rivalidades, divisões e lutas e estabelecem um alinhamento que abrange coordenação em diversas áreas. Entre elas, defesa (fornecimento de equipamentos militares), diplomacia (coordenação de posições em questões internacionais no Conselho de Segurança da ONU, no BRICS, na Organização de Xangai), economia (a China tornou-se o maior parceiro comercial de Moscou), energia (a Rússia, com financiamento da China, viabilizou a exploração no círculo polar Ártico de uma das maiores reservas de gás do mundo). Beijing se tornou o maior importador de petróleo russo e, em 2019, o segundo mercado para o gás, como resultado de acordo histórico de US$ 400 bilhões, assinado há poucos anos. A Rússia ainda está promovendo a integração econômica com partes da Ásia e isso se casa com a iniciativa chinesa de reconstrução da rota da seda (Belt and Road Initiative), formando a Eurásia Maior, o que colocará Moscou como peça chave na geoeconomia e geopolítica da região, ligando o norte da Eurásia com a Ásia Central e Sudeste. Rússia e China estão se tornando aliados em função de objetivos políticos compartilhados, como os de reagir às pressões ocidentais, reestruturar as cadeias globais de valor e desenvolver um mundo multipolar em beneficio próprio.
            Essas as perspectivas globais para 2019. Nesse contexto de grandes transformações e complexidades, “lembremos da Pátria”. Como se situará o Brasil? As poucas e genéricas sinalizações teóricas e de ação diplomática feitas até agora não permitem identificar como nós, uma das dez maiores economias do mundo, poderemos “ser mais Brasil e menos ordem global”. Essa discussão ainda não ocorreu de forma clara. O governo Bolsonaro tem de “falar ao povo brasileiro”, como gosta de lembrar o ministro Ernesto Araújo, sobre as diretrizes, as prioridades e as competências do Itamaraty (em particular, no tocante à negociação comercial), que nortearão a política externa, em resposta aos desafios externos e na defesa do interesse nacional, livre de ideologias, partidos ou grupos. 

Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE)

Organograma do Itamaraty no governo Bolsonaro

Bem, pelo menos uma coisa é certa: depois de anos e anos extravasando para todos os lados, o organograma do Itamaraty – que na verdade mais parecia um personograma nos anos lulopetistas – volta a caber numa única página...



A nova estrutura do comercio exterior: Itamaraty perde competencia (Veirano Advogados)


O Itamaraty pode estar perdendo não apenas o seu tradicional monopólio sobre assuntos de Gatt-OMC, mas também o encaminhamento da questão da OCDE, o que se traduz em perda de poder político intrínseco e extrínseco.
Trata-se, se confirmado, de uma das mais lamentáveis amputações de competência sobre assuntos do multilateralismo econômico de sua história.
Paulo Roberto de Almeida

JAIR BOLSONARO CRIA MINISTÉRIO DA ECONOMIA E SECRETARIA ESPECIAL DE COMÉRCIO EXTERIOR E ASSUNTOS INTERNACIONAIS
Veirano Advogados, Janeiro de 2019 – Comércio Internacional

Jair Bolsonaro, o novo Presidente da República, editou, no dia 1 de janeiro de 2019, a  Medida Provisória no 870/19,[1] prevendo a organização básica da Presidência da  República e dos Ministérios.
Uma das alterações mais relevantes trazida pela Medida Provisória no 870/19 para o comércio exterior brasileiro foi a criação de um novo Ministério da Economia, que consiste na junção do poder de três pastas (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços – MDIC, Ministério da Fazenda e Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão – MPOG). O novo Ministério incorporou também a Câmara de Comércio Exterior – CAMEX, que permanece sendo um órgão colegiado.
Como consequência, questões relativas a comércio exterior, defesa comercial, desenvolvimento da indústria e serviços foram incluídas na competência do Ministério da Economia e ficarão a cargo da Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais.
De acordo com o Decreto no 9679/19, editado em 2 de janeiro, a Secretaria Especial foi dividida entre (i) a Secretaria-Executiva da Câmara de Comércio Exterior, (ii) a Secretaria de Assuntos Econômicos Internacionais, e (iii) a Secretaria de Comércio Exterior.
A Secretaria-Executiva da Câmara de Comércio Exterior, que anteriormente integrava a estrutura do MDIC, continua exercendo as competências que lhe foram outorgadas pelo Decreto no 4.732/03, mas foi dividida em dois Departamentos: o Departamento de Estratégia Comercial e o Departamento de Investimentos Estrangeiros.
A Secretaria de Assuntos Econômicos Internacionais, por vez, assumiu grande parte das competências antes alocadas sob a antiga Secretaria de Assuntos Internacionais (SAIN) do Ministério da Fazenda, incluindo as negociações econômicas e financeiras com outros países. A nova Secretaria de Assuntos Econômicos Internacionais terá também competência para avaliar e definir o posicionamento brasileiro quanto a políticas, diretrizes e iniciativas de instituições e organismos internacionais em matéria de cooperação econômica, monetária e financeira.
 Na mesma linha, a nova Secretaria de Comércio Exterior assumiu as competências da antiga Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do MDIC. A estrutura da nova Secretaria de Comércio Exterior contempla o novo Departamento de Defesa Comercial e Interesse Público, que reúne funções do antigo Departamento de Defesa Comercial (DECOM) e parte das atribuições da antiga SAIN, que era responsável por questões relativas a interesse público. Antes, procedimentos de defesa comercial e interesse público eram examinados separadamente, por órgãos relacionados a ministérios distintos (DECOM fazia parte do MDIC e SAIN fazia parte do Ministério da Fazenda).
Outra mudança relevante trazida pelo Decreto no 9679/19 foi a criação de uma Secretaria de Advocacia da Concorrência e Competitividade, dentro da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade - uma das demais Secretarias que compõe o Ministério da Economia -, que tem como uma de suas competências o acompanhamento do impacto concorrencial da política de comércio exterior.
Os nomes que irão compor as Secretarias, Departamentos e Câmaras ainda não foram oficializados. De acordo com anúncio feito no dia 29 de novembro de 2018 pelo Ministro da Economia Paulo Guedes, o economista, ex-diplomata e cientista político, Marcos Troyjo, será responsável pela Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, como Secretário-Especial. Já foram também divulgados alguns nomes que ocuparão cargos na Secretaria Especial, tais como Yana Dumaresq, Secretária-Especial-Adjunta, Lucas Ferraz, Secretário de Comércio Exterior, Erivaldo Alfredo Gomes, Secretário de Assuntos Econômicos Internacionais e Marcos Degaut, Secretário-Executivo da Câmara de Comércio Exterior. Espera-se que a nomeação oficial dos cargos pelo Ministro de Estado da Economia seja publicada no Diário Oficial da União em até trinta dias contados de 30 de janeiro de 2019.
As novas Secretarias, Departamentos e Câmaras que compõem o Ministério da Economia ainda precisam publicar seus regulamentos internos. Provavelmente, isso irá acontecer após a nomeação official.
 Clique aqui para acessar o texto completo da Medida Provisória no 870/19 e aqui para acessar o texto completo do Decreto no 9679/19.

e


Estamos à sua disposição caso tenham dúvidas ou necessite de informações adicionais.
Ana Caetano
ana.caetano@veirano.com.br
Fernanda Kotzias
fernanda.kotzias@veirano.com.br
Marina Martes
marina.martes@veirano.com.br



[1] O prazo de vigência das Medidas Provisórias é de sessenta dias, prorrogáveis uma vez por igual período. Durante esse tempo, fica pendente da aprovação do Congresso Nacional para transformação definitiva em lei.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Siria: a maior tragedia humana desde a Segunda GM - book review

Parkinson on Chatty, 'Syria: The Making and Unmaking of a Refuge State' [review]

by H-Net Reviews
Dawn Chatty. Syria: The Making and Unmaking of a Refuge State. Oxford: Oxford University Press, 2018. x + 289 pp. $27.95 (cloth), ISBN 978-0-19-087606-7.
Reviewed by Sarah Parkinson (Johns Hopkins University) Published on H-Diplo (January, 2019) Commissioned by Seth Offenbach (Bronx Community College, The City University of New York)
The Syrian emergency is now broadly known as the largest episode of forced migration since World War II. Over 5.5 million Syrian citizens are currently registered as refugees; more than 6.5 million are displaced within Syria.[1] The Syrian government’s ongoing efforts to alter property-rights laws and prevent returns may render many Syrians permanently displaced.[2] Sustainable return is still practically unattainable for even more, who fear violence and retribution.[3] Dawn Chatty’s new volume Syria: The Making and Unmaking of a Refuge State helpfully reestablishes Syria’s pre-2011 ethnic and religious diversity and locates Greater Syria as a nexus of historical forced migration, constructively resisting the post-hoc trend of essentializing the Syrian populace as either “Sunni” or “Shi’a.” In this way, Chatty’s Syria will serve as welcome supplementary reading for those trying to understand the current displacement crisis and its roots in the history of forced migration in the Levant, Anatolia, and the Caucasus.
Based on a set of thirty-one narratives drawn from Chatty’s prior oral history work and from ten additional interviews conducted in the post-2011 era, the work pulls from Chatty’s considerable oeuvre on the history of migration in the region, particularly her 2010 volume Displacement and Dispossession in the Modern Middle East. Following largely the same outlines as Displacement and Dispossession, Syria provides broad overviews of various forced migrations into Syria. Chatty begins with the Ottoman era and carries her analysis through to more recent urban encounters and, finally, to the contemporary Syrian refugee crisis. Separate chapters illuminate the experiences of Circassians and Chechnyans, Armenians, Kurds, Palestinians, and Iraqis who have all come to call Syria home.
The oral histories help to frame and ground Chatty’s narrative of each population, putting a human and multigenerational face on population-level trajectories. In approaching these communities, Chatty focuses on issues of mobility, identity, and belonging throughout the migrant experience. The chapter on the Damascene quarter of Sha’laan is noteworthy for how it grounds broad histories of forced migration in a tangible urban and social context; this is perhaps the book’s high point. Throughout the historical chapters, Chatty also contextualizes long-standing Russian interests in the Black Sea region and the Levant. This background will prove useful to those interested in the current conflict and Middle Eastern geopolitics in general.
Despite the book’s strong foundation in Ottoman history, Syria contains very limited material on the Syrian state itself during the supremely relevant Ba’athist era (the late 1940s onward). There is little information on the roots of the current conflict and, in particular, the ways that the Bashar al-Assad regime’s policies have both influenced and been influenced by migrant trajectories. Other than the sections on the revocation of Kurdish citizenship rights and the Qamishli riots, Chatty largely avoids overt discussion of politics; she addresses contemporary modes of belonging, integration, and liminality primarily through the chapter on Sha’laan. More thorough engagement with foundational scholarship, for example, via a dialogue with Anaheed al-Hardan’s Palestinians in Syria: Nakba Memories of Shattered Communities (2016), Bassam Haddad’s Business Networks in Syria: The Political Economy of Authoritarian Resilience (2012), and such classic writers as Hanna Batatu would have produced a richer analysis on this front.
Chatty also makes some unexplained decisions regarding the exclusion of various cases and historical moments. For example, she largely avoids the Syrian government’s long-term engagement with Palestinian resistance organizations (such as the Popular Front for the Liberation of Palestine General Command, Fatah al-Intifada, and Hamas) and only passingly mentions the Syrian regime’s multiple sieges of the Palestinian district of Yarmouk (which initially housed more than 110,000 people and has now been all but emptied following battles, shelling, near-starvation conditions, and resultant flight). Chatty says relatively little about the regime’s thirty-year occupation of Lebanon, the displacements it fueled, or its role in fostering Syrian labor migration.[4] Likewise, she briefly notes Syria’s repeated status as a haven for refugees from Lebanon in a personal vignette but does not address these important, episodic migration flows in a chapter of their own. On this note, Chatty’s accounts can feel somewhat selective; given her vast experience in the region, it also represents a regrettable set of missed opportunities.
A glaring inaccuracy in the book is worth noting, because it speaks to the book’s broader inattention to detail. Specifically, Chatty devotes several pages to incorrectly recounting an event that occurred at the Danish Research Institute in Damascus on March 17, 2011. Chatty recalls encountering a former student, Chesa Boudin, and quotes Chesa as informing her that “he was accompanying his mother [Professor Bernardine Dohrn] and Professor [Lisa] Wedeen on a speaking tour she was undertaking in Syria sponsored by the US State Department. And he went on to say that Lisa was speaking about civil disobedience” (p. 220). However, neither professor was on a speaking tour and neither was sponsored by the US Department of State (both are critical of the US government). Rather, the event involved a screening of the documentary film The Weather Underground (2002) where Wedeen briefly welcomed Dohrn. While Dohrn introduced the film and answered questions, there was no lecture or presentation on civil disobedience; Dohrn and Boudin were in Syria primarily as tourists.[5] Given the sensitivity of this matter, the deployment of these unverified details is questionable. These errors will hopefully be corrected in future editions.
Other small errors throughout compound concern. For example, Chatty misidentifies the date of the Yarmouk siege’s start as 2015 (p. 169); the first siege of Yarmouk ran 2013-14 following battles in 2012 that reduced its population to approximately eighteen thousand. There were further battles starting in 2015 that lasted into 2018.[6] Despite a smart discussion of the politics of forced migrant statistics, Chatty only intermittently sources her statistics and does not indicate, for example, whether she bases refugee numbers on the United Nations’ official tally of registered Syrian refugees or on larger estimates of total refugee population (studies have demonstrated that over 40 percent of refugees in Lebanon were not officially registered).[7] While the book’s histories of migration are important and useful to the non expert reader, one would be advised to consult complementary sources for more detailed material and recent Syrian history.
Notes
[1]. “Syria Emergency,” United Nations High Commissioner for Refugees (UNHCR), https://www.unhcr.org/syria-emergency.html (accessed November 23, 2018).
[2]. Sara Kayyali, “Protecting Syrian Property Rights,” Human Rights Watch, October 19, 2018, https://www.hrw.org/news/2018/10/19/protecting-syrian-property-rights; and “Syria: Residents Blocked from Returning,” Human Rights Watch, October 16, 2018, https://www.hrw.org/news/2018/10/16/syria-residents-blocked-returning.
[3]. Jamey Keaten, “UN Official: Syria Has Withdrawn Controversial Property Law,” AP NEWS, October 18, 2018, https://apnews.com/9f7a29ef5e0c4f78b6d27310e607e0fb.
[4]. See John T. Chalcraft, The Invisible Cage: Syrian Migrant Workers in Lebanon (Stanford, CA: Stanford University Press, 2009).
[5]. Lisa Wedeen, correspondence with author, November 25, 2018.
[6]. “The Crisis in Yarmouk Camp,” United Nations Relief and Works Agency for Palestine Refugees in the Near East (UNRWA), https://www.unrwa.org/crisis-in-yarmouk (accessed November 26, 2018); and Harriet Sherwood, “Queue for Food in Syria’s Yarmouk Camp Shows Desperation of Refugees” The Guardian, February 26, 2014, https://www.theguardian.com/world/2014/feb/26/queue-food-syria-yarmouk-camp-desperation-re....
[7]. Caroline Abu Sa’Da and Micaela Serafini, “Humanitarian and Medical Challenges of Assisting New Refugees in Lebanon and Iraq,” Forced Migration Review44 (September 2013): 70–73, esp. 72; and Sarah E. Parkinson and Orkideh Behrouzan, “Negotiating Health and Life: Syrian Refugees and the Politics of Access in Lebanon,” Social Science & Medicine 146 (December 2015): 324–331, esp. 325.
Citation: Sarah Parkinson. Review of Chatty, Dawn, Syria: The Making and Unmaking of a Refuge State. H-Diplo, H-Net Reviews. January, 2019. URL:http://www.h-net.org/reviews/showrev.php?id=53041
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-Noncommercial-No Derivative Works 3.0 United States License.