O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sábado, 19 de setembro de 2020

O desenvolvimento econômico do Brasil: uma visão histórica (2020) - Paulo Roberto de Almeida (Quem leu o trabalho?)

Alguém lê o que escrevo?  Certamente. 

Para me certificar disso, peguei um trabalho ao acaso, dentre as dezenas, centenas que já disponibilizei na minha página da plataforma Academia.edu, e fui verificar quem tinha lido, ou pelo menos acessado: 

O desenvolvimento econômico do Brasil: uma visão histórica (2020)

2020, O desenvolvimento econômico do Brasil: uma visão histórica
130 Views26 Pages
O desenvolvimento econômico do Brasil: uma visão histórica 
Paulo Roberto de Almeida 
(www.pralmeida.org; http://diplomatizzando.blogspot.com) 
Sumário: 
1. Introdução: a natureza do exercício 
2. Do Império à velha República: o lento desenvolvimento social 
3. A modernização conservadora sob tutela militar: 1930-1985 
4. As insuficiências sociais da democracia política: 1985-2020 
5. Dúvidas e questionamentos sobre o futuro: o que falta ao Brasil? 
     5.1. Estabilidade macroeconômica (políticas macro e setoriais)
     5.2. Competição microeconômica (fim de monopólios e carteis)
     5.3. Boa governança (reforma das instituições nos três poderes)
     5.4. Alta qualidade do capital humano (revolução educacional)
     5.5. Abertura ampla a comércio e investimentos internacionais. 
6. Conclusões: o que falta ao Brasil? 

Quem leu? Este povo: 

Paulo Roberto de Almeida
Ministry of External Relations of Brazil
Adjunct
Diplomat, Professor; Complete list of Books at the website: www.pralmeida.org; See complete CV and academic production at: http://lattes.cnpq.br/9470963765065128

Desinformação e fanatismo na era da superabundância de informação - Wilson Gomes (Cult)

Desinformação e fanatismo na era da superabundância de informação 

Desinformação e fanatismo na era da superabundância de informação
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O excesso de informação disponível pode ter um efeito diferente do que se espera (Foto: YTUZ/Unsplash)

 

Por muito tempo acreditamos que o acesso à informação seria uma coisa extremamente boa para o conhecimento e o debate políticos. Os iluministas nos fizeram acreditar nisto. Como o fanatismo político do passado era em parte resultado da ignorância das populações, quanto mais informações as pessoas tivessem, acreditávamos, mais inteligentes elas seriam e, portanto, seriam mais prudentes, mais tolerantes, mais certas das suas incertezas, menos dogmáticas. Além disso, quanto mais fontes de informações as pessoas tivessem à disposição, mais complexas se tornariam suas ideias e discussões, mais amplas as suas visões de mundo, menos afeitas a paixões cegas e à parcialidade.

Qual o quê?

Parafraseando Walter Lippmann (Public Opinion, 1922) – que há um século fez uma devastadora crítica da democracia por achar que a opinião pública era um produto de valor baixo demais para que pudesse sustentar dignamente um regime político qualificado -, quando as pessoas buscam informação política, frequentemente não estão procurando a verdade, o esclarecimento mútuo, cooperação das outras pessoas para compreender a complexidade do mundo. Não, na verdade, elas estão amiúde buscando confirmar os estereótipos, quer dizer, as simplificações do mundo que já adotam, reforçar os seus pré-conceitos. Eu diria mais, estão buscando informação para, com mais frequência do seria razoável esperar, satisfazer as suas angústias ao mesmo tempo políticas e existenciais. Muito pouco a ver com verdade, conhecimento, esclarecimento.

Com efeito, e para sermos justos, a divisa adotada pelo Iluminismo, o “sapere aude” – tenha a audácia de saber, atreva-se a conhecer, ouse servir-se do seu próprio entendimento – não é um incentivo à busca sôfrega e sem discernimento por informação. É um conselho justamente para evitar o dogmatismo, o conhecimento não devidamente escrutinado pelos nossos próprios recursos intelectuais, sugerindo justamente que o indivíduo assuma como responsável por usar um dos seus maiores recursos, a inteligência a fim de examinar pessoalmente cada ideia transmitida, cada conceito que lhe foi ensinado, cada sentença que a sociedade, a religião ou os mestres lhe passaram como se fosse verdade. Tenha o atrevimento de pensar com a sua própria cabeça, diziam, então.

Lippmann achava que não, que não tem “sapere aude” certo se as pessoas não possuem experiência direta da maioria dos fatos, dependem de informação de segunda ou terceira mão para construir as suas ideias sobre a realidade, e, além disso, não têm formação, discernimento, nem mesmo vocabulário suficiente, para conhecer a complexidade do mundo de forma complexa. Em vez do imperativo “sapere aude”, o imperativo, “simplifica”, use o que você já sabe ou acha que sabe para lidar com a informação nova, não gaste muito tempo com isto.

Cem anos depois de Lippmann, vivemos uma era de abundância de informação e de fontes de informação online, que em vez de superar o fanatismo do passado criou novos fanáticos. A informação não é a água com que apagaríamos o fogo do dogmatismo, mas é a pólvora que a gente lança gostosamente nas chamas do fanatismo. E mesmo grupos que há alguns anos construíam pontes posto que, como minorias, sabiam que precisavam de alianças para sobreviver e prosperar, agora afiam facas, patrulham os seus domínios como vigilantes implacáveis e atacam à menor aparência de provocação das susceptibilidades tribais. Temos, paradoxalmente e ao mesmo tempo, muita informação, variadas fontes de informação, de um lado, e muita treta, muita busca desenfreada por conflito, muita vontade de calar a boca do oponente, de humilhá-lo, expô-lo à fúria pública, puni-lo incessantemente.

A questão-chave sobre informação e democracia estava equivocada, se colocada em termos quantitativos. O fanatismo e o dogmatismo não decorriam simplesmente da falta de informação ou da diversidade de fontes. Tudo depende, na verdade, do que as pessoas decidem fazer com a informação à disposição, usando-a para o esclarecimento, a tolerância e o progresso, ou, ao contrário, para o dogmatismo e como combustível para o autoritarismo ou para o ódio. A informação, portanto, não é instrumento de opressão, de geração conflito, de tentativa de dominação apenas quando é escassa e reservada a poucos. Ela pode ser tudo isso mesmo quando há abundância e quando é segmentada conforme ideologias e interesses.

Infelizmente, em uma sociedade em que temos informação abundante, de todos os tipos, origens e níveis de profundidade, completude e alcance, o que não falta é quem a use para ficar mal-informado ou desinformado. Não, não me refiro às fake news, mas ao uso da informação para paradoxalmente, reforçar a ignorância e o fanatismo. O sujeito iluminista que aprendeu a desconfiar das tradições e das doutrinações como típicas formas de reprodução do dogmatismo, e a usar como método para a verdade a suspensão do julgamento até que pessoalmente examinasse a razões que lhes eram apresentadas, cedeu o passo e o compasso para o cidadão pragmático que busca informações para satisfazer às suas necessidades e vontades. Inclusive necessidades nascidas do pré-conceito e do dogmatismo.

A diversidade de fontes acabou se transformando numa forma de rápida satisfação das várias necessidades cognitivas políticas. A esfera pública brasileira virou isso. Não tem maluquice que não tenha um professor, um pregador online. Se você acredita que o Estado é laico, mas o governo pode ter uma religião, haverá alguém que ensine tal disparate. Do mesmo modo, se você é comunista em 2020 e anda meio por baixo vai encontrar um youtuber que o tranquilize dizendo que Stalin até que nem era um genocida tão ruim assim. Dá arrepios. Para qualquer posição política estúpida, perigosa ou antissocial, haverá online um número suficientemente grande de provedores da informação e das interpretações necessárias para a sua confirmação. Em suma, sempre haverá um Olavão ou de direita ou de esquerda para suprir de informações e interpretações quem precisa de fanatismo político como motor da própria existência.

Claro que há também abundante informação política de qualidade à disposição. Mas as barraquinhas do fast-food político entregam mais rápido e entregam coisas mais gostosas.


Wilson Gomes é doutor em Filosofia, professor titular da Faculdade de Comunicação da UFBA e autor de A democracia no mundo digital: história, problemas e temas (Edições Sesc SP)

Mini-reflexão sobre a “ideologia” atualmente em construção no Itamaraty bolsolavista - Paulo Roberto de Almeida

 Mini-reflexão sobre a “ideologia” atualmente em construção no Itamaraty bolsolavista

Paulo Roberto de Almeida


Já estou no meu terceiro livro — Uma Certa Ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (2020) — de reflexões e provocações sobre o estado atual de “desinteligência” sobre o que vem se passando na área das relações internacionais do Brasil, e isso tanto num sentido prático (ou seja, do exercício concreto de nossas relações exteriores), quanto no sentido “ideológico”, isto é, das “ideias” (se por acaso existem) que possam estar atrás dessas ações.

Quando eu acrescentei, em meados de 2019, um subtítulo ao meu primeiro livro da era do bolsonarismo na esfera diplomática — cujo título, Miséria da diplomacia, era apenas uma provocação marxista contra a situação prevalecente na política externa do Brasil —, falando da destruição da inteligência no Itamaraty, isso tinha apenas um sentido metafórico, pois eu estava querendo alertar para esse desafio apresentado à nossa capacidade de sermos, os diplomatas profissionais, suficientemente resistentes ao besteirol dominante, expresso num sem número de declarações bizarras sobre nossa interface externa, emanadas tanto do presidente completamente ignorante nessa área, quanto de alguns conselheiros amadores metidos a “guardiões” da política externa oficial (entre eles o tosco filho 03 do presidente, que não tem ideia de quem seja Henry Kissinger, mas que ainda assim é tido como “chanceler de fato”), e de forma mais surpreendente ainda pelo próprio “chanceler acidental” (que tem, sim, alguma ideia do que seja política externa, mas que teve de construir uma falsa identidade artificial de “fiel olavista da tropa”, para ser aceito pelos donos do poder, mas que é apenas um terceiro ou quarto escalão no processo decisório em sua área ministerial).

Mas constato agora que não se trata apenas de palavras ao vento, de tentativas canhestras de legitimação ao que vem sendo praticado nas relações exteriores do Brasil, e que existe, sim, uma obra de destruição em curso, deliberada, sistemática, abrangente. 

Creio que, até mais do que às posturas do Brasil em matéria de política externa — que é, em parte, apenas uma reação à agenda existente das relações internacionais, que é objetiva, externa ao Brasil —, essa obra de destruição maciça de nossas tradições e padrões de trabalho do Itamaraty, se dirige diretamente às próprias mentalidades, às concepções dos diplomatas, a tudo aquilo que eles aprenderam ao longo de sua trajetória de estudos preparatórios para o concurso do Instituto Rio Branco, suas aulas outrora de boa qualidade naquela academia diplomática — que já foi de graduação, virou Mestrado em Diplomacia (entre 2001 e 2011), e que hoje não se sabe exatamente o que é —, assim como toda a experiência adquirida no exercício concreto da atividade diplomática, em instâncias bilaterais, em foros regionais e em organizações multilaterais (atualmente desprezadas por serem “globalistas”), tudo isso está sendo objeto da obra destruidora empreendida   no Brasil desde o início de 2019, aparentemente com grande “êxito” no Meio Ambiente, mas com igual furor na diplomacia e na política externa.

As “palestras” promovidas pela Funag, seus convidados “especiais”, os pronunciamentos patéticos do chanceler acidental, as invectivas ignorantes dos assessores ineptos do presidente despreparado em qualquer assunto internacional, tudo isso demonstra que existe, sim, cabalmente, um projeto deliberado de construir uma nova “ideologia” no Itamaraty, uma tentativa canhestra de moldar a mentalidade dos diplomatas no sentido apontado nas loucuras regularmente expelidas em vídeos e tuites aloprados do guru destrambelhado que serve de “conselheiro político superior” (?!?!) dos novos bárbaros que ocupam atualmente o poder no Brasil. 

Sim, estes são tempos de destruição insana de um grande patrimônio construído ao longo de quase 200 anos de história nacional, o que não se fará sem a minha resistência intelectual, sem a minha denúncia, sem a minha oposição à obra destruidora atualmente em curso.

Estou hoje (depois de treze anos e meio de ostracismo, sob aquilo que já chamei de “lulopetismo diplomático”) novamente reduzido ao meu “quilombo de resistência intelectual”, mas totalmente consciente de que muita gente, dentro e fora do Itamaraty, partilha de meu sentimento de horror e rejeição contra o que se passa atualmente no Itamaraty, temporariamente dominado pelos novos bárbaros da “diplomacia bolsolavista”. 

Reconstruiremos o Itamaraty e a política externa!


Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 19/09/2020

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

A submissão automática de Bolsonaro a Trump: o caso do BID - Afonso Benitez (El País)

 GOVERNO BOLSONARO

Por alinhamento com Trump, Bolsonaro ignorou aposta de Paulo Guedes para presidência do BID 

Documentos mostram que Economia chegou a defender nome brasileiro para o banco em cartas a países caribenhos. Secretário de Estado Mike Pompeo visita o Brasil nesta sexta

Ernesto Araújo, durante conferência de imprensa com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em julho do ano passado.
Ernesto Araújo, durante conferência de imprensa com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em julho do ano passado.RICARDO MORAES / REUTERS
AFONSO BENITES - Brasília -

Para manter seu alinhamento automático ao Governo Donald Trump, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro ignorou a aposta feita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para o comando do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a instituição multilateral de crédito mais influente do continente. Ao contrário do que o Governo Bolsonaro vem afirmando, o Brasil teve, sim, um candidato ao posto, o economista Rodrigo Xavier, indicado por Guedes. O nome de Xavier chegou a ser sugerido a países caribenhos em documentos oficiais enviados pela pasta da Economia, mostram papéis obtidos pelo partido oposicionista PSOL aos quais a reportagem teve acesso. Na reta final da campanha pelo BID, Bolsonaro acabou decidindo ouvir os conselhos do chanceler Ernesto Araújo e concordou com a indicação do norte-americano Maurício Claver-Carone, que ganharia o posto em 12 de setembro.

A eleição do candidato de Donald Trump para o órgão quebrou um pacto firmado desde a criação do BID, há 61 anos, de que os Estados Unidos não indicariam o presidente da entidade como uma maneira de prestigiar os parceiros latino-americanos. Agora, quando seria justamente a vez de o Brasil nomear o chefe da instituição, o Itamaraty resolveu seguir a Casa Branca, em mais uma demonstração da guinada histórica pró-EUA da diplomacia brasileira que, na opinião de especialistas em política externa, neste momento tem rendido frutos mais à campanha de reeleição de Trump do que aos interesses de Brasília.

Paulo Roberto de Almeida, "fichado" numa dezenas de países num tal de "via.org"

 Eu não sabia que eu já estava fichado em todos esses países e serviços de informação (que devem ser apenas acadêmicos, e não de milionários, ou fichas policiais), nesse tal de viaf.org, do qual nunca tinha ouvido falar: 

https://viaf.org/viaf/37078448/

Almeida, Paulo Roberto de National Library of France NII (Japan) Library of Congress/NACO Library and Archives Canada National Library of Israel RERO - Library Network of Western Switzerland National Library of Spain

Almeida, Paulo Roberto de 1949- National Library of Brazil National Library of the Netherlands Sudoc [ABES], France German National Library

Paulo Roberto de Almeida diplomàtic brasiler Wikidata

Paulo Roberto de Almeida brasilianischer Sozialwissenschaftler und Diplomat ISNI

VIAF ID: 37078448 (Personal)

Permalink: http://viaf.org/viaf/37078448

 

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