quarta-feira, 30 de abril de 2025

Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida sobre Oliveira Lima (janeiro de 2025)

Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida sobre Oliveira Lima

Lista de trabalhos PRA

726. “Política externa em épocas de transição: Oliveira Lima e a diplomacia brasileira”, Washington, 28 março 2000, 2 p. Esquema para trabalho de pesquisa junto à Oliveira Lima Library, da Catholic University of America, em Washington.
740. “Oliveira Lima e os Estados Unidos”, Washington, 2 ago. 2000, 1 p. Projeto de livro a ser editada em série especial pelo Senado Federal, sob direção do Cons. Carlos Henrique Cardim, contendo uma apresentação sobre a vida e a obra do diplomata-historiador e uma antologia de seus textos sobre os EUA.

936. “O Barão do Rio Branco e Oliveira Lima: Vidas paralelas, itinerários divergentes”, Washington, 14 ago. 2002, 41 p. Texto sobre o relacionamento entre os dois diplomatas, preparado para o seminário sobre os 100 Anos da posse do Barão do Rio Branco como chanceler, realizado nos dias 28 e 29 de agosto, no IRBr, Brasília. Não compareci, por motivo de acidente ortopédico. Feita versão resumida, para apresentação oral, em 26 de agosto. Revisão para publicação. Publicado in Carlos Henrique Cardim e João Almino (orgs.), Rio Branco, a América do Sul e a Modernização do Brasil (Brasília: Comissão Organizadora das Comemorações do Primeiro Centenário da Posse do Barão do Rio Branco no Ministério das Relações Exteriores, IPRI-Funag, 2002, ISBN: 85-87933-06-X, p. 233-278). Ensaio incluído no volume: Oliveira Lima: um historiador das Américas, Paulo Roberto de Almeida, André Heráclio do Rêgo (Recife: CEPE, 2017, 175 p.; ISBN: 978-85-7858-561-7, p. 13-54); anunciado no Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/12/oliveira-lima-um-historiador-das.html). Relação de Originais n. 3177; Publicados n 1277. Relação de Publicados n. 382.

991. “Oliveira Lima e a diplomacia brasileira no início da República: um intelectual com ideias fora do lugar ou com propostas fora da época?”, Washington, 24 dez. 2002, 22 p. Ensaio para dossiê organizado pelo Prof. Antonio Arnoni Prado (arnoni22@hotmail.com). Publicado na revista Remate de Males (Campinas: Unicamp, IEL, n. 24, 2004, p. 121-137). Publicidade no Jornal da Imprensa (http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/dezembro2004/ju275pag11.html). Republicado na revista Historia Actual Online (Editor: Asociación de Historia Actual; n. 19, Primavera 2009, p. 97-108; ISSN: 1696-2060). Relação de Publicados n. 510 e 938.

996. “Oliveira Lima: Nos Estados Unidos, impressões políticas e sociais”, Dickson, Tennessee, 7 jan. 2003, 1 p. Esquema de reedição atualizada da obra de Manuel de Oliveira Lima, com comentários de atualidade por PRA, a ser editada pelo Senado Federal, em coordenação do Ministro Carlos Henrique Cardim (IPRI-MRE).

1298. “Oliveira Lima e a diplomacia brasileira”, Brasília, 7 jul. 2004, 3 p. Projeto de livro para a Coleção Memória do Saber do CNPq, encaminhado ao Centro de Memória do CNPq (centrodememoria@cnpq.br), à atenção de Roberto Muniz e de Geralda Paulista. Recebido telefonema do vice-presidente do CNPq, em 15/07, que aprovou o projeto, mas recomendou ampliação do trabalho para outros aspectos que não apenas a diplomacia, com participação de outros estudiosos. Encaminhada correspondência a Angela de Castro Gomes, Teresa Malatian e a Carlos Guilherme Mota, com vistas a verificar a possibilidade dessa ampliação. Não retido nos 20 projetos selecionados dentre os 137 recebidos; carta de 6 de outubro de 2004, assinada por Roberto Muniz Barreto de Carvalho, com a seguinte justificativa: “Informamos que o seu projeto não foi aprovado, considerando a seguinte avaliação dos pareceristas: ‘A proposta é pouco fundamentada, não situando historicamente o personagem”. Feita postagem no blog Diplomatizzando (em 22/12/2014; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/12/cnpq-projeto-de-2004-colecao-memoria-do.html) e disseminada no Facebook para inquirir sobre os resultados do projeto.

1670. “Dez obras fundamentais para um diplomata”, Brasília, 29 setembro 2006, 2 p. Lista elaborada a pedido de aluno interessado na carreira diplomática: obras de Heródoto, Maquiavel, Tocqueville, Pierre Renouvin, Henry Kissinger, Manuel de Oliveira Lima, Pandiá Calógeras, Delgado de Carvalho, Marcelo de Paiva Abreu e Paulo Roberto de Almeida, para uma boa cultura clássica e instrumental, no plano do conhecimento geral e especializado. Colocada no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/09/625-dez-obras-fundamentais-para-um.html). Revisto e ampliado, com explicações e links para cada uma das obras, em 14 de outubro de 2006 (6 p.) e publicado em Via Política em 15/10/2006 (link descontinuado). Relação de Publicados n. 709.

1876. “O império em ascensão (por um de seus espectadores): Introdução ao livro de Manoel de Oliveira Lima: Nos Estados Unidos, Impressões políticas e sociais (1899)”, Brasília, 17 de abril de 2008, 20 p. Comentários e apresentação à reedição deste livro pelo Senado Federal. In: Manoel de Oliveira Lima, Nos Estados Unidos, Impressões políticas e sociais (Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2009; 424 p.; p. 9-39). Postado na plataforma Academia.edu (link: http://www.academia.edu/17492359/Oliveira_Lima_Nos_Estados_Unidos_Impress%C3%B5es_pol%C3%ADticas_e_sociais). Republicado no livro: Oliveira Lima: um historiador das Américas, Paulo Roberto de Almeida, André Heráclio do Rêgo (Recife: CEPE, 2017, 175 p.; ISBN: 978-85-7858-561-7), p. 103-130. Relação de Publicados n. 910.

1941. “Dois tocquevilleanos brasileiros: Hipólito da Costa e Oliveira Lima”, Brasília, 19 outubro 2008, 18 p. Contribuição para número especial da Revista Espaço Acadêmico (Ano VIII, nº 90, novembro de 2008), com base nos trabalhos 1933 e 1876. Relação de Publicados n. 868. Academia.edu (https://www.academia.edu/attachments/32900201/download_file).

2270. “Parecer sobre tese de Maria Theresa Diniz Forster, no LVI Curso de Altos Estudos (CAE 2011): Oliveira Lima e as Relações Exteriores do Brasil: o legado de um pioneiro e sua relevância atual para a diplomacia brasileira”, Brasília, 4 maio 2011, 7 p. Encaminhada ao Instituto Rio Branco. Defesa efetuada, com participação em banca, no dia 13 de junho de 2011, no IRBr. Aprovada com Muito Bom, e recomendação de publicação.

2370. “Memórias do Barão do Rio Branco, 3: Militares e intelectuais: tão diferentes, tão semelhantes...”, Paris, 21 fevereiro 2012, 5 p. Terceiro capítulo das memórias do Barão, tratando da eleição do Marechal Hermes da Fonseca e de Oliveira Lima. Todos os textos (2356, 2367, 2370 e 2375) foram novamente publicados em meu blog Diplomatizzando: “Memórias do Barão do Rio Branco” (27/08/2017; link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/memorias-do-barao-do-rio-branco-nota.html).

3176. “Oliveira Lima: o maior historiador diplomático brasileiro”, Brasília, 14 outubro 2017, 3 p. Apresentação, assinada por Paulo Roberto de Almeida e André Heráclio do Rêgo, ao livro “Oliveira Lima: um historiador das Américas”. Publicado: Paulo Roberto de Almeida, André Heráclio do Rêgo, Oliveira Lima: um historiador das Américas (Recife: CEPE, 2017, 175 p.; ISBN: 978-85-7858-561-7), p. 9-12. Relação de Publicados n. 1277.

3177. Oliveira Lima: um historiador das Américas, Brasília, 14 outubro 2017, 143 p. Livro composto de três artigos de Paulo Roberto de Almeida e de um artigo de André Heráclio do Rêgo, comemorativo dos 150 anos de nascimento do historiador e diplomata. Ensaios de PRA: 1) “936. “O Barão do Rio Branco e Oliveira Lima: Vidas paralelas, itinerários divergentes”, publicado in: Carlos Henrique Cardim e João Almino (orgs.), Rio Branco, a América do Sul e a Modernização do Brasil (Brasília: Comissão Organizadora das Comemorações do Primeiro Centenário da Posse do Barão do Rio Branco no Ministério das Relações Exteriores, IPRI-Funag, 2002, ISBN: 85-87933-06-X, p. 233-278); p. 13-54; 2) 1876, “O império em ascensão (por um de seus espectadores)” [Introdução ao livro de Manoel de Oliveira Lima: Nos Estados Unidos, Impressões políticas e sociais (1899)]. In: Manoel de Oliveira Lima, Nos Estados Unidos, Impressões políticas e sociais (Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2009; 424 p.; p. 9-39); p. 103-130; 3) 2046. “O Brasil e os Estados Unidos antes e depois de Nabuco: uma avaliação de desempenho relativo no plano do desenvolvimento social”, In: Severino J. Albuquerque (org.): Joaquim Nabuco e Wisconsin: Centenário da conferência na universidade, ensaios comemorativos (Rio de Janeiro: Editora Bem-te-vi, 2010; ISBN: 978-85-88747-34-0; p. 221-251), p. 131-160; Apresentação: 3176, com André Heráclio do Rêgo, p. 9-12. Enviado para a Companhia Editora de Pernambuco. Publicado: Paulo Roberto de Almeida, André Heráclio do Rêgo, Oliveira Lima: um historiador das Américas (Recife: CEPE, 2017, 175 p.; ISBN: 978-85-7858-561-7). Anunciado no Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/12/oliveira-lima-um-historiador-das.html). Relação de Publicados n. 1277.

3201. “Oliveira Lima Library: projeto de restruturação”, Brasília, 6 dezembro 2017, 1 p. Nota informativa para a audiência do argentino Enrique Segura com o ministro de Estado, em função de um projeto de reconstrução da OLL, e realização de um seminário na Catholic University of America, em abril de 2018. Enviada aos gabinetes e à Embaixada em Washington: Marcos Henrique Sperandio (marcos.sperandio@itamaraty.gov.br).
3207. “Entrevista sobre Oliveira Lima: livro publicado pela CEPE”, Brasília, 11 dezembro 2017, 6 p. Respostas a questionário submetido por jornalista da Folha de Pernambuco, Carolina Botelho (carolinafolhape@gmail.com). Encaminhada a diversos interlocutores do Recife, sobretudo na CEPE.

3244. “Oliveira Lima: cronologia das obras publicadas fora do Brasil”, Brasília, 10 fevereiro 2018, 6 p. Primeira listagem das obras de Oliveira Lima publicadas fora do Brasil, em vida e postumamente. Em revisão. Divulgado no Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/02/oliveira-lima-obras-publicadas-no.html) e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1808918285838280). Carregado na plataforma Academia.edu (link: http://www.academia.edu/35884043/Oliveira_Lima_cronologia_das_obras_publicadas_fora_do_Brasil).

3508. “Um “imenso Portugal”? A hipótese de um império luso-brasileiro no contexto internacional do início do século XIX”, Brasília, 5 setembro 2019, 32 p. Texto em colaboração a seminário na Biblioteca Mindlin da USP, em 10-11/09/2019, sobre o tema: “Oliveira Lima e a (Longa) História da Independência”. Disponível em caráter preliminar no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/09/um-imenso-portugal-hipotese-de-um.html) e em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/s/085e1aeea0/um-imenso-portugal-a-hipotese-de-um-imperio-luso-brasileiro-no-contexto-internacional-do-inicio-do-seculo-xix). Nova revisão em 30/09/2020, enviada a André Heráclio do Rego. Publicado in: RÊGO, André Heráclio do; NEVES, Lucia Maria Bastos P.; GUIMARÃES, Lucia Maria Paschoal (orgs.). Oliveira Lima e a longa história da Independência. São Paulo: Alameda, 2021, ISBN: 978-65-5966-030-8; p. 283-331. Relação de Publicados n. 1408.

3538. “Um “imenso Portugal”? A hipótese de um império luso-brasileiro no contexto internacional do início do século XIX”, Brasília, 15 novembro 2019, 48 p. Ensaio histórico, elaborado a partir do trabalho 3508, como colaboração livro sobre o tema “Oliveira Lima e a (Longa) História da Independência”, apresentado em primeira versão em seminário na Biblioteca Mindlin da USP, em 10-11/09/2019. Encaminhado a André Heráclio do Rego (heracliodorego@yahoo.com.br).

4410. “A construção do Brasil pelo seu maior historiador diplomático, em francês”, Brasília, 6 junho 2023, 2 p. (520 palavras). Resenha sintética do livro de André Heráclio do Rego, para o Diário de Pernambuco: Manuel de Oliveira Lima, La construction du Brésil: Essais sur l’histoire et l’identité du Brésil. Présentation et choix de textes André Heráclio do Rêgo; Préface de Denis Rolland (Paris : L’Harmattan, 2023, Collection Mondes Lusophones, 297 p.; ISBN: 978-2-14-032568-7; EAN: 9782140325687). Enviada a Múcio Aguiar, do Diário de Pernambuco. Publicada, com cortes, no Diário de Pernambuco (Recife, n. 161, 10-11 de junho de 2023, p. 10). Republicado no blog Diplomatizzando (10/06/2023; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/06/a-construcao-do-brasil-pelo-seu-maior.html). Relação de Publicados n. 1512.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9 janeiro 2025, 4 p.

Por que o BRICS é estratégico para o Brasil? (uma pergunta, não necessariamente uma resposta) - CEBRI, Paulo Roberto de Almeida

 Postado em 30/04/2025. Pretendo abordar a mesma pergunta, provavelmente com outras respostas, dotadas de certo ceticismo.

Tenho um livro digital sobre o BRICS: A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2022, 277 p.; 1377 KB; ISBN: 978-65-00-46587-7; ASIN: B0B3WC59F4)

Voltarei ao assunto.

Paulo Roberto de Almeida

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Por que o BRICS é estratégico para o Brasil? 

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O Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) reconhece que o BRICS representa uma plataforma privilegiada para o Brasil expandir seu protagonismo econômico e geopolítico. Ao consolidar-se como fórum de cooperação entre potências emergentes, o BRICS torna-se uma das portas de entrada do Brasil para a Ásia, ao mesmo tempo em que amplia sua influência na reforma da governança global, na construção de um mundo multipolar e na defesa do multilateralismo. Estas dimensões estratégicas se fazem ainda mais relevantes diante das transformações aceleradas na ordem internacional e do realinhamento das relações comerciais e políticas que estão ocorrendo com o aumento das rivalidades. Participar ativamente do BRICS permite ao Brasil fortalecer sua autonomia estratégica, diversificar parceiros e moldar novas arquiteturas globais de poder.

O crescimento econômico dos membros do BRICS e de seus parceiros é um vetor central da inserção brasileira no mercado asiático. Em 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) do BRICS superou o do G7 em paridade de poder de compra, e em 2023 o bloco respondeu por 37,3% do PIB mundial, antes da sua ampliação com novos membros ocorrida em 2023. A taxa de crescimento anual tem sido da ordem de 4,5% entre 1990 e 2022, mesmo diante das crises globais. Mais recentemente, em 2024, os países do BRICS cresceram 3,8%, enquanto o G7 cresceu 1,5%, demonstrando a resiliência dessas economias. 

Porém, existe um dado que mostra de maneira inequívoca a importância do bloco. Os países do BRICS — que agora incluem Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos, e Indonésia — representam cerca de 45% da população mundial, aproximadamente cinco vezes mais que os países do G7, que somam cerca de 10%. Em 2024, os países do BRICS apresentam taxas de crescimento populacional superiores às dos países do G7, influindo no grau de produtividade e de competitividade nas cadeias econômicas de valor. Enquanto nações como Etiópia (2,55%), Egito (1,47%) e Índia (0,95%) impulsionam o aumento demográfico do bloco, os países do G7 enfrentam estagnação ou declínio populacional, com taxas como -0,66% no Japão e -0,42% na Itália, com a exceção dos EUA (0,98%). Esse contraste reflete uma dinâmica demográfica distinta entre os dois grupos, com os BRICS expandindo sua população e os G7 lidando com desafios relacionados ao envelhecimento e à redução populacional.



Oliveira Lima: um historiador das Américas, livro de Paulo Roberto de Almeida e André Heráclio do Rego; entrevista PRA (2017)

 Oliveira Lima: um historiador das Américas

Paulo Roberto de Almeida e André Heráclio do Rêgo

Aos 150 anos do nascimento do historiador Oliveira Lima, em 2017, eu e meu amigo e colega André Heráclio do Rego, diplomata e historiador, fizemos um livro reunindo textos trabalhados de forma isolada, mas com o mesmo objetivo, sobre o maior historiador diplomático brasileiro. O livro foi publicado pela CEPE, que é a Companhia Editora de Permanmbuco.
Na ocasião, concedi uma entrevista sobre o livro e o personagem, que não sei se foi publicada na íntegra, pois era bastante longa. Preciso descobrir.
Em todo caso, tenho o prazer de torná-la disponível neste canal, para todos os interessados:
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 30 de abril de 2025

Entrevista sobre Oliveira Lima: livro publicado pela CEPE
Paulo Roberto de Almeida

[Objetivo: respostas a questões de jornalista; finalidade: Folha de Pernambuco]


Livro de Paulo Roberto de Almeida, André Heráclio do Rêgo:
Oliveira Lima: um historiador das Américas
Recife: CEPE, 2017, 175 p.; ISBN: 978-85-7858-561-7). Anunciado no Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/12/oliveira-lima-um-historiador-das.html

Questões:
1) Como surgiu a ideia de escrever o livro?
PRA: Há muito tempo que eu e meu colega de carreira André Heráclio do Rêgo, legítimo pernambucano, lemos e admiramos Oliveira Lima, em sua qualidade de maior historiador diplomático brasileiro, e um dos poucos, senão o último, a conhecer também (e profundamente) a história de Portugal, o que poucos brasileiros, mesmo acadêmicos, conhecem depois da conquista da independência. Essa característica, obviamente, ocorreu por circunstâncias fortuitas, devido ao fato de sua família, de origem portuguesa, ter retornado a Portugal em sua infância, o que resultou em sua educação basicamente portuguesa, ainda que bastante ligada ao Brasil. Tanto André quanto eu lemos muito Oliveira Lima e aprendemos a admirar seu estilo historiográfico, aliás revolucionário em sua época, pois que combinando os métodos próprios da história com uma análise sociológica do contexto econômico e social dos processos focados por ele (ligados muito à história diplomática, mas também o desenvolvimento social dos povos americanos), e com uma interpretação de cunho psicológico, como revelado em vários trabalhos, como em D. João VI no Brasil, por exemplo, mas em diversos outros textos também, até em artigos de jornal.
O livro surgiu de repente, ao aproximar-se a data dos 150 anos do nascimento de Oliveira Lima, mas não foi escrito rapidamente. Ele resultou de vários trabalhos preliminares que André Heráclio e eu vínhamos fazendo em torno das obras e do pensamento de Oliveira Lima ao longo dos anos. Ambos já tínhamos escrito trabalhos sobre diversas obras dele e para este livro, dedicado ao “historiador das Américas”, selecionamos trabalhos nossos que se ativessem a essa dimensão: André analisou as famosas conferências que Oliveira Lima, pouco antes de se afastar definitivamente do serviço diplomático, fez em visitas e conferências às universidades americanas, comparando o desenvolvimento da parte anglo-saxã do hemisfério com sua parte ibérica, ou hispano-americana, incluindo a brasileira. De minha parte focalizei a carreira do diplomata-historiador em paralelo com a do Barão do Rio Branco, destacando, em outro trabalho, suas crônicas sobre os Estados Unidos do final do século XIX, quando serviu em Washington nas presidências de McKinley. Um trabalho final fixou-se numa conferência feita nos EUA pelo primeiro embaixador brasileiro, Joaquim Nabuco, com quem Oliveira Lima tinha diferenças substanciais no modo de julgar o papel da grande nação no hemisfério e no mundo.

2) Por que o Barão de Rio Branco é um caso único na história da diplomacia?
PRA: Rio Branco, ou Paranhos Júnior, tornou-se uma figura maior da diplomacia brasileira por ter sido o diplomata que, dadas suas virtudes de grande historiador do passado, seu estudo de velhos mapas e manuscritos, soube, como poucos, negociar todas as fronteiras pendentes do Brasil, ao final do século XIX, tanto pela via das arbitragens acordadas bilateralmente, quanto por meio de negociações diretas. Mas essas foram circunstâncias excepcionais, ao ter a diplomacia brasileira o homem certo no momento certo, quando todos os países fronteiriços, na região platina ou nas profundezas da Amazônia, buscavam delimitar os seus limites ainda incertos. Antes, talvez tivesse sido prematuro, depois provavelmente esses casos pendentes teriam sido conduzidos pela via arbitral, com resultados incertos a cada vez, como por acaso ocorreu no caso da Guiana inglesa, quando o rei italiano concedeu à Grã-Bretanha mais território a que ela teria direito pelos documentos que o próprio Rio Branco preparou e repassou a Joaquim Nabuco, que era o defensor do Brasil neste caso arbitral.
Mas o pai do Barão, o Visconde do Rio Branco, foi um diplomata excepcional, talvez até mais bem preparado do que o filho, mas teve de ocupar-se dos conflitos nos quais o Brasil esteve envolvido na região do Prata, no Uruguai, contra Rosas, o ditador argentino, e depois a guerra do Paraguai, deslanchada pelo ditador paraguaio, Solano Lopez. Ademais de grande jornalista – autor das Cartas do Amigo Ausente –, ele também foi um exímio parlamentar, retratado em crônica clássica de Machado de Assis.
O Barão, portanto, não é um caso único, mas ocorreu com ele essa coincidência extraordinária de ser o mais preparado dos homens – independentemente de ser apenas um cônsul, o que ele era até o caso de Palmas, ou das Missões, com a Argentina – para resolver difíceis pendências de fronteiras, que requeriam não só habilidade negociadora mas também um conhecimento profundo da história e da cartografia coloniais.

3) Foi no discurso na Academia Pernambucana de Letras que Oliveira Lima recebeu o apelido de Dom Quixote Gordo?
PRA: Não creio, pois Gilberto Freyre chamou-o por esse carinhoso apelido em circunstâncias posteriores ao conhecimento travado reciprocamente por ambos, em Washington, nos anos 1920, uma vez que o livro do sociólogo da lusotropicologia foi elaborado muitos anos depois da morte de Oliveira Lima. Não conheço o discurso do historiador ao tomar posse na cadeira cujo patrono é o General Abreu e Lima, e o site da Academia Pernambucana de Letras não traz essa informação.

4) O Barão de Rio Branco era mais versado no trato diplomático do que Oliveira Lima?
PRA: Seus estilos eram bem diferentes, inclusive por formação familiar. Paranhos Júnior acompanhou o pai em missões no Prata desde muito jovem, quando Oliveira Lima estava ainda estudando em Lisboa, dada a diferença de mais de vinte anos entre ambos. Quando o pernambucano ingressa na carreira diplomática, no início da República, o cônsul Paranhos Jr. já servia desde longos anos no Consulado em Liverpool, e tinha uma convivência estreita com a nobreza do regime imperial, o que provavelmente explica seu maior tato diplomático do que Oliveira Lima, mais voltado para os trabalhos de pesquisa e escrita de seus brilhantes livros de história, desde o inicial sobre o desenvolvimento social de Pernambuco, o que lhe abriu, antes de Rio Branco, as portas da Academia Brasileira de Letras. Oliveira Lima se chocou com o próprio Rio Branco, com Joaquim Nabuco em diversas ocasiões, por motivos que não tinham exatamente a ver com a carreira diplomática, e provavelmente mais com ciúmes intelectuais e disputas políticas no âmbito da “república das letras”, mas também por diferenças de opinião quanto à política externa que melhor conviria ao Brasil.

5) Qual a grande importância de Oliveira Lima como historiador em relação ao Brasil?
PRA: À diferença de Varnhagen, que é considerado o patrono da historiografia brasileira, Oliveira Lima ultrapassou a simples pesquisa em arquivos, superou o mero recurso aos documentos, para fazer aquilo que no século XX ficou conhecido como história social total, tal como praticado pela Escola francesa dos Annales. Ele pode, aliás, ser considerado um precursor dessa análise abrangente, combinando fontes primárias, visão sociológica, percepções antropológicas e finas análises psicológicas. Suas obras históricas constituem, verdadeiramente, uma síntese abrangente dos processos históricos, não apenas pela sua formação na pesquisa histórica, mas também pelo exercício constante do jornalismo o que torna o seu estilo de escrita muito mais fascinante do que o vocabulário pouco atraente de Varnhagen. Em história do Brasil, ele foi o único a ter uma percepção mais ampla do mundo português, que marcou o Brasil durante boa parte do século XIX, até praticamente o início do século XX. De resto, ele foi o verdadeiro iniciador da história diplomática brasileira, mesmo se os predecessores também trataram dessa vertente, mas sem a sua visão global e metodologicamente diversificada.

6) Quais são as obras mais importantes de Oliveira Lima?
PRA: Depois de uma história de Pernambuco (1895), a coletânea de crônicas sobre os Estados Unidos (1899) impressiona pela visão de futuro da grande potência ainda nascente; ele também foi o primeiro a visualizar a ascensão do Japão a potência emergente (1903), mas no intervalo compôs o seu primeiro livro de história diplomática (O Reconhecimento do Império, 1901). Ele fez vários livros, muitos artigos, dezenas, senão centenas de textos para jornais e conferências, antes de consolidar sua fama como o maior historiador brasileiro da transição para a independência com Dom João VI no Brasil (1908). Seguiram suas palestras na Sorbonne, publicadas em francês sob o título de Formation Historique de la Nationalité Brésilienne (1911), obra verdadeiramente magnífica, ao lado das outras conferências pronunciadas nos Estados Unidos e que são igualmente clássicas, pelo comparatismo de grande densidade histórica: The evolution of Brazil compared with that of Spanish and Anglo-Saxon America (1912), publicadas dois anos depois no Rio de Janeiro: América Latina e América Inglesa: a evolução brasileira comparada com a Hispano-Americana e a Anglo-Americana. Sua história diplomática do Brasil se completa com O Movimento da Independência, 1821-1822 (1922), mas entre essas obras, e depois, existe uma pletora de trabalhos de grande valor histórico, sociológico ou jornalístico.

7) Como foi escrever a quatro mãos?
PRA: O livro não resultou de uma colaboração a dois, mas sim de uma assemblagem de escritos independentes, que por acaso combinavam pela metodologia adotada e por enfoques relativamente similares: ou seja, a obra sociológica de Oliveira Lima sobre temas americanos, ou hemisféricos. São três textos meus, e um de André Heráclio, que trata do conjunto de sua obra, mas basicamente de um de seus melhores livros, o que comparou a evolução respectiva das três grandes civilizações americanas.

8) Qual a história mais intrigante que você conta sobre a personalidade de Oliveira Lima?
PRA: Sobre seus entreveros com o Barão do Rio Branco, justamente, quando este já era ministro e pretendeu designá-lo para a legação em Lima, quando o Barão tinha de resolver o delicado problema do Acre, ao lado das pretensões do Peru de reivindicar boa parte da Amazônia boliviana e brasileira, mas Oliveira Lima resiste a ir para Lima, mesmo já designado oficialmente. Ao ficar sem posto no Rio de Janeiro, o historiador pernambucano começa a escrever artigos de jornal expressando sua opinião provocadora sobre a melhor maneira de orientar a política externa brasileira. Esse tipo de atitude desafiadora de Oliveira Lima degradou as relações entre ambos, ao que se agregou, logo adiante, desacordos ainda mais sérios com Joaquim Nabuco, a quem Lima criticava por sua postura muito simpática aos Estados Unidos, quando ele próprio já temia a atitude arrogante da potência imperial em formação. Em tudo isso, sobressai-se também a personalidade difícil de Dona Flora, que achava que seu marido é quem merecia ser designado chanceler de um dos muitos presidentes a quem Rio Branco serviu como ministro das Relações Exteriores.

9) Qual a principal divergência entre Rio Branco e Oliveira Lima?
PRA: Oliveira Lima se julgava merecedor de um bom posto na Europa, depois de ter servido no longínquo Japão, pois pretendia continuar suas pesquisas históricas nos arquivos das principais potências europeias. Rio Branco o queria na América do Sul, num momento extremamente importante para as negociações de fronteiras com os vizinhos. Como castigo, pelo fato de o historiador não ter aceito ir para Lima, Rio Branco ainda o designou para o México (tampouco aceito) e depois para Caracas, o que deve ter sido considerado uma punição para quem se julgava merecedor de coisas melhores.

10) Há um trecho em que vocês falam das frases ferinas, ironias e críticas indiretas ao ministro. Pode citar algo?
PRA: Quando designado para o Peru, Oliveira Lima teria repetido uma frase atribuída ao longevo secretário-geral do Itamaraty, o Visconde de Cabo Frio: “Peru, só na mesa, e para quem gosta”, e ele acrescentou: “E eu não gosto.” Outras frases ferinas foram pronunciadas no discurso de posse de Oliveira Lima na Academia Brasileira de Letras, em 1903, quando ele tinha sido escolhido na primeira turma, em 1896, à frente de Rio Branco, que teve de esperar a morte de um antecessor; frases ao estilo de saber “fazer história” e outras do mesmo tipo.

11) Em que pontos Oliveira Lima divergiu dos EUA a favor do Brasil?
PRA: Ao ter vivido em Washington na segunda metade da última década do século XIX, no momento da guerra hispano-americana e da projeção dos EUA sobre territórios no Caribe e no Pacífico (Cuba, Haiti, Porto Rico, Filipinas), Oliveira Lima viu de perto o poder imperial na sua fase do “grande porrete” em construção, o que seria consagrado no início do século XX, por Theodore Roosevelt. Assim, quando da reunião pan-americana no Rio de Janeiro, em 1906, ele assume uma postura muito crítica dos EUA, contra a atitude simpática, até benevolente de Joaquim Nabuco. Mas, realista, ele reconhecia no tremendo progresso econômico americano um exemplo a ser seguido pelo Brasil, mesmo criticando a terrível segregação racial ali praticada. Ou seja, ele pretendia o desenvolvimento material americano combinado à suposta integração racial no Brasil. Ele também soube reconhecer os progressos feitos pela Argentina, e deixou um livro inteiro sobre o país vizinho (1919). Nos anos 1920, ele desejava construir um tipo de panamericanismo inteiramente respeitador das soberanias latino-americanas, numa fase em que os EUA ainda não tinham renunciado à sua política de intervenções.

Questões colocadas por:
Carolina Botelho
Folha de Pernambuco

Paulo Roberto de Almeida
(pralmeida@me.com)
Brasília, 3207: 12 de dezembro de 2017, 6 p.

Um canadense indignado: Andrew Coyne (Toronto and Globe Mail)

 Article carried by Andrew Coyne of the Toronto Globe and Mail

"In the end, nothing really matters. Nor the probable dementia, unfathomable ignorance, emotional incontinence; nor, certainly, the unruly hate-filled campaign, nor the ridiculously unapplicable anti-politics.

The candidate on bail in four jurisdictions, the convicted fraud artist, the convicted rapist and serial sexual predator, the usual banker, Vladimir Putin's slum, the man who tried to overturn the result of the last elections and his whole series of thugs, ideologues and lunatics: Americans took a long look at all of this and said yes please.

There is no sense in underestimating the depth of the disaster. This is a crisis like no other in our lifetime. The United States government has been entrusted to a gangster whose only goal by showing up, other than avoiding jail, is to seek revenge on his enemies. The damage that Donald Trump and his nihilist accomplices can do — to America, but also to his democratic allies and to world peace and security — is incalculable. We are living in the age of Nero.

The first six months will be a period of maximum danger. NATO must, from this moment on, be considered effectively obsolete, without the assurance of American security that has always been its cornerstone. We could see further incursions from Russia into Europe - the poor Ukrainians are probably finished, but now it's the Baltics and the Poles who have to worry - before Europeans have time to plan an alternative. China could also step up its Taiwanese ambitions.

At home, Mr. Trump will be eager to consolidate his power. Part of this will be institutional - the replacement of tens of thousands of career officials with Trumpist loyalists. But another part will be.... atmospheric.

At some point, someone — a company whose CEO disliked it, a media critic who has annoyed it — will find themselves under the Trump administration’s undesirable attention. It might not be as brutal as a police arrest. It could just be a small regulatory question, a fiscal audit, something like that. They will seek protection of the courts and find out there is none.

Judges are also Trump loyalists, maybe, or too scared to confront him. Or they could make a decision and find it has no effect - which the administration has called the fundamental bluff of liberal democracy: the idea that, in a crisis, those in power agree to be bound by the law, and by its instruments, the courts, as everything else. the world. So everyone will follow their example. Leaders will line up to court Trump. Big media organizations, anyway, those that count, will find reason to be optimistic.

Of course, in reality, things will start falling apart pretty fast. The massive tariffs he imposes will sink the world economy. Massive deficits, fuelled by his badly-judged tax policies – he won’t replace the income tax, as he promised, but will fill it with holes – and monetized, at his direction, by the Federal Reserve, will trigger a new round of inflation.

But above all else, the mindless project of deporting 12 million undocumented immigrants – finding them, rounding them up and detaining them in hundreds of concentration camps across the country, likely for years, before deporting them – will consume his administration. But by then it will be too late.

We shouldn't count on the majority of Americans to regain their common sense. They were not able to see Mr. Trump as he was before: why would that change? Wouldn't they, on the contrary, be even more brutally trained to see their neighbors taken away by the police, or the military, more determined to do "hard things" to "restore order"?

Of course some won’t. But they will eventually discover that the Democratic levers they once could have acted to demand change are no longer attached to anything. There are still elections, but the rules have been changed: there are some obstacles, some disadvantages if you're not on the side of power. Trying to change things on the inside will seem easier at first. Then it will be easier not to change anything.

This will all unfold on Canada in many ways – some predictable, like the flood of refugees flee camps; others less so, like the brutalization of our own politics, the degradation of morals and standards by politicians who have discovered there is no way. political price to pay for this. And who will benefit from their boss's support in Washington.

All my life, I have been a fan of the United States and its people. But I'm scared of them now, and I'm even more scared of them. "

Andrew Coyne

P.S. - And to all who shared this, thank you, keep spreading the message.

terça-feira, 29 de abril de 2025

É uma vergonha democratas não criticarem o BRICS - AUGUSTO DE FRANCO (Revista ID)

 É uma vergonha democratas não criticarem o BRICS


BRICS Brasil - Português (Brasil)

É inacreditável – e inaceitável – que não haja uma oposição democrática no Brasil criticando o governo Lula por participar e querer até liderar o BRICS.

O BRICS, originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia e China em 2009 (com a adesão da África do Sul em 2010), expandiu-se significativamente em 2024 e 2025. Deixou de lado o disfarce de bloco econômico e assumiu seu objetivo político de aumentar a influência do Sul Global (uma espécie de terceiro-mundismo requentado) no combate ao imperialismo norte-americano e o neocolonialismo europeu, quer dizer, em oposição à ordem internacional liberal e às democracias liberais.

QUEM SÃO OS PAÍSES BRICS

Em 2025, o BRICS é composto por membros plenos e países parceiros, conforme detalhado abaixo, com base em informações recentes e confiáveis:

Membros Plenos do BRICS

Os países que atualmente são membros plenos do BRICS, com direito a participar de todas as reuniões e tomar decisões por consenso, são:

Brasil – Democracia eleitoral (não-liberal), flawed, parasitada por governo neopopulista.

Rússia – Autocracia eleitoral.

Índia – Autocracia eleitoral.

China – Autocracia fechada.

África do Sul – Democracia eleitoral (não-liberal), flawed, parasitada por governo neopopulista. (Por erro ou vezo ideológico o V-Dem promoveu a África do Sul à democracia liberal no seu relatório de 2025, mas é melhor ignorar esse percalço).

Egito (aderiu em 2024) – Autocracia eleitoral.

Etiópia (aderiu em 2024) – Autocracia eleitoral.

Irã (aderiu em 2024) – Autocracia fechada.

Emirados Árabes Unidos (aderiu em 2024) – Autocracia fechada.

Indonésia (aderiu em janeiro de 2025) – Autocracia eleitoral.

Nota: A Arábia Saudita (Autocracia fechada) foi convidada a se tornar membro pleno em 2023, mas sua adesão ainda não foi oficialmente confirmada, embora algumas fontes indiquem que ela já participa como membro.

Não há nenhuma democracia liberal (V-Dem) no BRICS. Não há nenhuma democracia plena (The Economist Intelligence Unit) no BRICS.

Entre os 10 membros plenos do BRICS, 8 (80%) são ditaduras.

Países Parceiros do BRICS

Os países parceiros são uma categoria criada em 2024, durante a Cúpula de Kazan, na Rússia, para integrar nações em um estágio preliminar antes da possível adesão como membros plenos. Esses países participam de cúpulas e reuniões temáticas, mas não têm direito a voto ou aprovação de documentos. Os atuais países parceiros, confirmados a partir de janeiro de 2025, são:

Belarus – Autocracia eleitoral.

Bolívia – Democracia eleitoral (não-liberal), flawed, parasitada por governo neopopulista.

Cazaquistão – Autocracia eleitoral.

Cuba – Autocracia fechada.

Malásia – Democracia eleitoral, flawed.

Nigéria (confirmada como parceira em 17 de janeiro de 2025) – Autocracia eleitoral.

Tailândia – Autocracia eleitoral.

Uganda – Autocracia eleitoral.

Uzbequistão – Autocracia fechada.

Entre os 9 membros parceiros do BRICS, 7 (78%) são ditaduras.

Nota sobre outros países convidados

Durante a Cúpula de Kazan, em outubro de 2024, 13 países foram convidados a se tornarem parceiros, mas apenas os nove listados acima confirmaram sua participação até janeiro de 2025. Os outros quatro países convidados — Argélia (Autocracia eleitoral), Turquia (Autocracia Eleitoral), Vietnã (Autocracia fechada) e Nigéria (antes de sua confirmação em janeiro) — não haviam respondido formalmente até o final de 2024, e Argélia, Turquia e Vietnã ainda não confirmaram sua adesão como parceiros até abril de 2025.

Nenhuma democracia liberal, nenhuma democracia plena

Mais de 30 países expressaram interesse em participar do BRICS, seja como membros ou parceiros. Nenhuma democracia liberal (V-Dem) se interessou. Nenhuma democracia plena (The Economist Intelligence Unit) se interessou.

Conclusão

O BRICS é uma articulação política (inicialmente disfarçada de bloco econômico) composta majoritariamente por ditaduras (79%). O BRICS é hoje um instrumento do eixo autocrático contra as democracias liberais.

Revista ID é uma publicação apoiada pelos leitores.

Mussolini – os últimos dias da Europa, livro de Antonio Scurati - por Erik Chiconelli Gomes

  

Mussolini – os últimos dias da Europa


29/04/2025


Antonio Scurati. Mussolini: os últimos dias da Europa. Tradução: Marcello Lino. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2025, 384 págs. [https://amzn.to/3GylyBR]


 

Por ERIK CHICONELLI GOMES*

Comentário sobre o livro de Antonio Scurati, recém-traduzido


1.

No terceiro volume de sua monumental tetralogia sobre Benito Mussolini e o fascismo italiano, Antonio Scurati aborda o crítico período de 1938 a 1940. Estes anos representam não apenas o apogeu do regime fascista, mas também o início de sua irreversível decadência. A obra se insere na tradição da narrativa histórica documentada, combinando rigor factual com uma abordagem que privilegia tanto os grandes eventos políticos quanto as experiências cotidianas das pessoas comuns afetadas pelo regime.

A narrativa inicia-se em maio de 1938, momento emblemático em que Mussolini, acompanhado por Vittorio Emanuele III e pelo genro Galeazzo Ciano, aguarda a chegada de Hitler em visita oficial à Itália. Esta cena inaugural estabelece o que seria o tema central do livro: a progressiva subordinação do fascismo italiano ao nazismo alemão, em um processo que culminaria na catastrófica entrada da Itália na Segunda Guerra Mundial.

Antonio Scurati reconstrói com notável precisão o estado mental do ditador italiano neste momento decisivo: “Com precisão febril e uma narrativa envolvente, Antonio Scurati reconstrói o delírio assustador de Benito Mussolini, pateticamente iludido ao pensar que poderia influenciar as decisões do Führer” (p. 14). Esta ilusão de igualdade entre os dois ditadores constitui o primeiro grande autoengano do período, revelando a fragilidade de um regime que baseava sua legitimidade na imagem de força e dominação.

A anexação da Áustria pela Alemanha nazista, ocorrida pouco antes da visita de Hitler, representa um ponto de inflexão nas relações ítalo-germânicas. A Itália, que anteriormente havia se posicionado como protetora da independência austríaca, agora não apenas aceita passivamente a Anschluss, mas inicia um processo de emulação das políticas nazistas que culminaria na promulgação das leis raciais italianas.

As leis raciais, descritas pelo autor como “de severidade sem precedentes”, são apresentadas não como uma imposição externa, mas como escolha deliberada do regime fascista. Antonio Scurati evita explicações simplistas e investiga os múltiplos fatores que levaram à adoção desta política, desde as considerações diplomáticas até as contradições ideológicas do próprio fascismo italiano, que não tinha o antissemitismo como elemento central em suas origens.

O tratamento dado por Antonio Scurati à implementação das leis raciais é particularmente revelador de sua metodologia. O autor não se limita a narrar as decisões tomadas nos círculos do poder, mas examina as diversas reações sociais a estas medidas. Da elite intelectual que tentava justificá-las “cientificamente” aos cidadãos judeus repentinamente transformados em párias, o livro mapeia o impacto destas políticas nos diferentes estratos da sociedade italiana.

A figura de Galeazzo Ciano, genro de Mussolini e ministro das Relações Exteriores, emerge como elemento central da narrativa. Através dos famosos diários de Ciano, Antonio Scurati revela as crescentes divergências internas do regime quanto à orientação pró-alemã. Estas tensões internas raramente vêm à tona nas histórias oficiais do fascismo, que tendem a apresentá-lo como bloco monolítico.

2.

Conforme a Europa caminha inexoravelmente para a guerra, o livro expõe a fragmentação da unidade ideológica do fascismo italiano. As divisões entre “germanófilos” e “anglófilos” dentro do regime revelam o quanto sua política externa era conduzida menos por convicção do que por oportunismo e, cada vez mais, pela vaidade pessoal e pelo voluntarismo de Benito Mussolini.

A decisão de entrar na guerra, tomada em junho de 1940 após a queda da França, é reconstruída por Antonio Scurati em todas as suas dimensões contraditórias. O autor contrasta a retórica grandiosa do famoso discurso da “hora das decisões irrevogáveis” com o conhecimento concreto que o próprio Mussolini tinha sobre o despreparo do país:

Neste terceiro volume do seu grande projeto literário, Antonio Scurati enquadra o fatídico triênio de 1938 a 1940, o auge do autoengano da Itália fascista, que se curva à infâmia das leis raciais e à aliança com a Alemanha nazista, e reconstitui os últimos dias de uma Europa abalada por atos de abuso bárbaro e incapaz de escapar da maldição do totalitarismo. (p. 8)

Um dos aspectos mais valiosos da obra de Antonio Scurati é sua capacidade de reconectar as grandes decisões políticas às experiências cotidianas. Através de personagens diversos – desde altos hierarcas até cidadãos comuns – o autor demonstra como as políticas do regime reconfiguraram a vida diária dos italianos: da educação escolar às relações familiares, das práticas laborais às formas de lazer.

O totalitarismo emerge, assim, não apenas como sistema político formal, mas como uma força que permeia e modifica todas as dimensões da experiência social. Esta abordagem evita a reificação do fascismo como fenômeno puramente ideológico ou institucional, revelando-o como prática social complexa, sustentada por múltiplos atores e interesses.

No tratamento das relações internacionais do período, Antonio Scurati evita tanto o determinismo quanto o voluntarismo simplista. A escalada para a guerra é apresentada como resultado de uma complexa interação entre fatores estruturais – a posição geopolítica da Itália, sua limitada base industrial, suas necessidades de matérias-primas – e escolhas políticas concretas tomadas por indivíduos em circunstâncias específicas.

3.

A obra dedica especial atenção à transformação da própria imagem pública de Benito Mussolini neste período crítico. O ditador que havia construído sua legitimidade na projeção de força e vitalidade começava a mostrar sinais de esgotamento, tanto físico quanto político. A crescente distância entre a propaganda e a realidade, entre a retórica imperialista e as efetivas capacidades do país, torna-se um tema recorrente.

Esta transformação é particularmente visível no famoso discurso da declaração de guerra, proferido da sacada do Palazzo Venezia. Antonio Scurati reconstrói não apenas o conteúdo das palavras do Duce, mas o cenário completo: a multidão aglomerada na praça, as reações diversas entre os presentes, os bastidores da preparação do evento. O resultado é uma análise multidimensional deste momento decisivo, que evita tanto a glorificação quanto a simplificação.

A contextualização internacional é outro ponto forte da obra. A Itália fascista é apresentada em suas relações com os outros poderes europeus – não apenas a Alemanha nazista, mas também a França, o Reino Unido e a União Soviética. Estas relações são analisadas em termos tanto diplomáticos quanto culturais, evidenciando as percepções mútuas e os imaginários que informavam as decisões políticas.

Os capítulos finais do livro, que narram as primeiras operações militares italianas após a entrada na guerra, funcionam como epilogo trágico. O contraste entre as expectativas de uma “guerra paralela” – em que a Itália lutaria ao lado da Alemanha, mas mantendo autonomia estratégica – e a realidade de um país mal preparado para o conflito moderno antecipa o destino do fascismo nos anos seguintes.

O valor da obra de Antonio Scurati transcende o interesse histórico pelo fascismo italiano. Como o próprio autor sugere, trata-se de “um romance trágico e poderoso, que também se mostra um painel de advertências quanto ao nosso futuro” (p. 9). A análise dos mecanismos sociais, culturais e políticos que permitiram a ascensão e persistência do fascismo oferece importantes reflexões sobre as vulnerabilidades das democracias contemporâneas.

A metodologia narrativa de Antonio Scurati, que combina rigorosa pesquisa documental com técnicas literárias, resulta em uma história do fascismo “de baixo para cima” – que não se limita aos grandes personagens e eventos, mas busca compreender como o poder autoritário se materializou nas vidas ordinárias e foi experimentado por diferentes grupos sociais.

Este terceiro volume da tetralogia consolida-se, assim, como contribuição fundamental não apenas para a compreensão histórica do fascismo, mas também como reflexão sobre os mecanismos sociais que tornam possíveis os regimes autoritários. Ao reconstruir os últimos dias de uma Europa à beira do abismo, Antonio Scurati nos oferece não apenas uma narrativa sobre o passado, mas também um alerta sobre as dinâmicas políticas do presente.

 

*Erik Chiconelli Gomes é pós-doutor pela Faculdade de Direito na USP e coordenador acadêmico do Centro de Pesquisa e Estudos na Escola Superior de Advocacia (ESA/OABSP).




How Wars End - George Friedman

How Wars End


Wars – which I will define broadly as matters of military conflict sustained partly by the nature of the soldiers fighting and partly by a participating nation’s ability to economically support the effort – end in one of three ways: victory, compromise or mutual exhaustion.

In the Ukraine war, the military reality is that neither the invader, Russia, nor the defender, Ukraine, has achieved its stated goals. Russia’s goal was to conquer Ukraine. That it has succeeded only in taking a small portion of the east has led to absurd claims that the east was all Russia wanted. If that were true, then Russia could have (and probably would have) claimed victory after a year of fighting and ended the war. The truth, of course, is that Russia tried and failed to conquer the whole country.

Ukraine’s goal is to keep all of its territory. The problem is that the Ukrainian military isn’t strong enough to compel the Russians out of Ukraine. This implicitly means the European nations that support Ukraine likewise lack the power or the will to expel Russia.

Why Russia invaded Europe is both important and moot at this point. Moscow’s priority was to build a buffer between the Russian border and the eastern border of NAT0 in Poland. In one sense, the move was motivated by an absurd fear, as NATO’s ability and desire to invade Russia were nonexistent. But capability and intent change, and nations must assume worst-case scenarios. Russia was convinced it could gain a buffer in Ukraine readily. Another real possibility is that Russia dreamed of restoring the borders of the collapsed Soviet Union, and the Ukraine invasion was the first step. It has failed, so the rest is moot for now.

Neither side is motivated to continue fighting or to capitulate. Compromise, then, becomes the only outcome here. Compromise is as embarrassing to those who started the war as it is to those who resisted. It is also difficult. In any negotiation, whether over war or business, no side will admit that it needs a deal, or that it isn’t prepared to walk away. But it is vital to ignore what is said and recognize what is real: Russia failed to take Ukraine, and Ukraine lost some of its territory. Neither can leave the table, not if they are rational. Rationality, in this sense, is the recognition of reality, especially as it relates to determining the public’s and the military’s appetite for war. Russia is difficult to read, but it’s unlikely that its military and public – both of which, in fact, matter to President Vladimir Putin – want another three years of bloodshed. No doubt Ukraine has similar apprehensions.

There is another dimension to all this: the fact that other nations have an interest in the outcome of the war. Russia has few allies. Ukraine has many, albeit ones that were never interested in sending actual soldiers to battle. The problem with having allies is that they have an interest in the war but don’t have to make the supreme sacrifice. Europe claims to fear a future in which a hostile Russia sits at its borders, yet it is not so scared that it has built a credible defensive force or generated the martial spirit necessary to fight a war. And though Russia’s performance in Ukraine shows that it is not a military power to be feared, the reality is that it’s relatively useless for Ukraine to have allies that want Russia to retreat without doing much in the way of forcing the issue.

The United States, once Ukraine’s primary source of defensive weapons, now believes there is no benefit to empowering Ukraine or supporting its war effort. This means it is the Europeans alone who want to set terms that Russia will not meet. Russia started its occupation of Crimea in 2014. The strategic reasons for the occupation remain in place. Moscow will not surrender Crimea, and Europe is not going to go to war with Russia over it. This is important because Moscow, as part of the peace negotiations, has demanded that Ukraine cede the peninsula – that is to say, make the de facto reality the de jure reality. It will likely be a sticking point that continues to pop up as talks advance.

The war isn’t exactly over because the fighting continues. However, unless the Russian army suddenly evolves into a more effective force, or unless the U.S. or Europe sends massive forces to drive Russia out, the lines on the map are more or less fixed. The new borders are a reality. And everyone needs to accept those realities if they want peace talks to succeed. There are other demands the Europeans can make that Russia will not accept – which shows them to be more honorable than the Americans, who just want the war to end and to do business with a weakened Russia – and there are other issues that can be negotiated. Some of these, such as the size of the Ukrainian military, can and will likely be ignored.

There is one last dimension to be considered. Russia is a nuclear power, and during the Cold War, Russia and the U.S. took every precaution to avoid posing a profound threat to each other. They dueled in the so-called Third World, but aside from the Cuban missile crisis, they never threatened to put each other in an untenable position out of fear of a desperate nuclear response. Eastern Ukraine and the Crimean Peninsula are simply not worth going to the brink, as we used to say in the Cold War.

In the 1970s, the U.S. negotiated endlessly with North Vietnam over a war it long knew it could not win. The U.S. has learned from that, I think, that diplomatic pride is not worth the cost of lives. Russia cannot occupy Ukraine, Ukraine cannot force the Russians out, and the negotiations must acknowledge as much. Putin will say he does not need peace, and Europe will be outraged that America admits the inadmissible – that the war is over. But this is all posturing. Those who want the war to continue unless their terms are met are bluffing a busted flush. The war is over, except for the killing.

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