O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 3 de março de 2018

Ricardo Bergamini contra os mafiosos da politica

Prezados Senhores
Aguardo ansioso para verificar como vão se comportar os estúpidos, imbecis, calhordas e babacas que brigaram e romperam grandes amizades, cada um na defesa de um desses vigaristas e pilantras de sua preferência.
ESPERO QUE CADA UM CUMPRA COM O SEU DEVER CÍVICO E TENHA A CORAGEM, HUMILDADE E DIGNIDADE EM PEDIR PERDÃO E DESCULPAS AO SEU AMIGO.
Temer, Lula e FHC articulam pacto por sobrevivência política em 2018
Folha de São Paulo
03 de março de 2018



Michel Temer participa de assinatura de atos em prol das mulheres
Foi em novembro do ano passado, quando a Lava Jato mostrou poder para atingir novos setores políticos e econômicos, que emissários começaram a costurar um acordo entre dois ex-presidentes e o atual chefe da República.
O objetivo era que Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Michel Temer (PMDB) liderassem um pacto para a classe política, fragilizada pelo avanço das investigações.
Apartamentos de autoridades e restaurantes sofisticados serviram para que aliados dos líderes políticos discutissem medidas para limitar a operação e impedir que o grupo formado por PSDB, PT e PMDB seja, nas palavras de articuladores desse acordo, exterminado até 2018.
Nas últimas semanas, a Folha ouviu pessoas relacionadas às três partes e a avaliação foi unânime: a Lava Jato, segundo elas, quer enfraquecer a classe política e abrir espaço para um novo projeto de poder, capitaneado, por exemplo, por integrantes da investigação da Lava Jato possivelmente interessados em disputar eleições.
O bom trânsito com os dois ex-presidentes e com Temer credenciou o ex-ministro do STF Nelson Jobim e o atual ministro da corte Gilmar Mendes como dois dos principais emissários nessas conversas.
Jobim tem falado com todos. Já almoçou com Temer e FHC e marcou de encontrar com Lula nos próximos dias. Gilmar, por sua vez, hoje é próximo ao presidente, que participa de negociações para articular um acordo para a reforma política, diante do debate sobre a criminalização das doações eleitorais.
Este é o ponto que atinge os principais expoentes da política brasileira, inclusive Temer, Lula e FHC, os três citados nas delações de executivos da Odebrecht por recebimento de dinheiro de forma indevida, por exemplo. As acusações contra Lula e FHC foram encaminhadas a instâncias inferiores pelo relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, visto que ambos não têm foro privilegiado. Temer, por sua vez, apesar de citado em dois inquéritos, não é investigado por sua "imunidade temporária" como presidente.
A convergência entre os três é: se não houver entendimento para assegurar um processo eleitoral "tranquilo" em 2018, aparecerá um "outsider" ou "aventureiro".
O acordo de bastidores passaria pela manutenção de Temer até 2018 e a realização de eleições diretas, em outubro do ano que vem, com a participação de Lula.
A tese de quem está à frente das negociações é que não há tempo para uma condenação em segunda instância do petista até 2018, o que o deixaria inelegível. E, caso exista, garantem, haveria recursos em instâncias superiores.
As conversas, por ora, estão divididas entre as articulações de cúpula, que costuram o pacto para a classe política, e as do Congresso, que buscam medidas práticas para eliminar o que consideram abusos da Lava Jato e fazer uma reforma política.
VOTAÇÕES
Entre o que esses grupos avaliam ser possível votar no Congresso para 2018 estão a aprovação da cláusula de barreira para partidos e o fim das coligações proporcionais.
Isso fortaleceria as siglas do establishment e enfraqueceria nanicos e aventureiros.
Projetos como a anistia ao caixa dois, um novo modelo para o financiamento de campanha eleitoral e até o relaxamento de prisões preventivas, que mantêm encarcerados potenciais delatores para a força-tarefa, também entrariam na lista de medidas.
FHC, Temer e Lula se falaram pessoalmente sobre o assunto em fevereiro, quando os dois primeiros visitaram o petista no hospital onde sua mulher estava internada.
As conversas, segundo relatos, foram rápidas e reservadas, em razão da circunstância delicada, mas ficou acertado que, "pelo Brasil", todos dialogariam.
A partir dali, emissários se movimentaram com mais frequência, mas, por ora, não há expectativa de que os três se encontrem novamente.
Mas em público, os agentes têm falado. FHC afirmou que é preciso "serenar os ânimos" e "aceitar o outro". Já havia dito que era preciso fazer "distinções" entre quem recebeu recursos de caixa dois e quem obteve dinheiro para enriquecer. Gilmar Mendes e o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo (PT) acompanharam o tucano.
No Congresso, o discurso é ainda mais direto. Parlamentares repetem que é preciso "separar o joio do trigo" e "salvar a política".
Ricardo Bergamini

sexta-feira, 2 de março de 2018

Trump e sua guerra comercial: os primeiros prejudicados são os EUA - RFI

A Radio France Internationale me telefonou esta manhã para pedir comentários sobre as medidas de Mister Trump. Falei muito, mas a jornalista retirou algumas citações apenas, e fez uma matéria equilibrada com diversas outras entrevistas.
Mister Trump vai terminar afundando os EUA.
Gostaria de saber se os trumpistas brasileiros, supostamente "liberais" (será?), o apoiam nessa medida claramente estúpida...
Paulo Roberto de Almeida
Brasilia, 2/03/2018

Medida protecionista de Trump terá efeito cascata no comércio internacional


Azevêdo disse estar “claramente preocupado” com os projetos do presidente americano. O Canadá, maior exportador de aço para os EUA, está furioso: os dois países estão ligados por um acordo de livre comércio que proíbe esse tipo de medida protecionista, o Nafta, do qual também também faz parte o México. O Brasil, segundo maior exportador, com 13% do valor total comprado pelos americanos, indicou que não descarta adotar “ações complementares, no âmbito multilateral e bilateral, para preservar seus interesses”. A União Europeia, por sua vez, indicou que se caso Trump confirmar a medida, poderá impor tarifas de salvaguarda do setor no bloco, impondo as próprias barreiras. 
“Haveria uma derrogação dos Estados Unidos a acordos internacionais, sem contar as reclamações na OMC. O Brasil e provavelmente outros países vão entrar com queixa, e os parceiros nos acordos vão querer saber o que vai acontecer com eles”, afirma o diplomata Paulo Roberto de Almeida, diretor do Instituto de Pesquisa em Relações Internacionais (Ipri), do Itamaraty, e professor de economia política do Uniceub (Centro Universitário de Brasília). “Além disso, pode haver retaliações imediatas. A China, por exemplo, é uma grande importadora de produtos agrícolas americanos. Talvez agora a China queira comprar muito mais soja brasileira do que dos Estados Unidos”, observa. 
OMC em situação delicada
Para aplicar a medida, que promete adotar na semana que vem, Trump alega questões de segurança nacional. Na sua visão, a parcela de importações colocaria não só em risco os empregos do setor nos Estados Unidos, como atende a um setor estratégico e sensível para o país, o da Defesa. Este argumento, explica o professor de comércio internacional da Escola de Economia de Paris Lionel Fontagné, não pode ser refutado na OMC – o que coloca a organização em uma situação embaraçosa. A própria relevância da entidade seria questionada. 
“O conjunto de regras da OMC será ameaçado por esse ataque de Trump. Se os países atingidos reclamarem na OMC e ganharem os procedimentos, os Estados Unidos vão querer sair da organização. Mas se os países que atacarem perderem, vai significar que a OMC não serve para nada”, analisa Fontagné. “É possível que os países não ataquem os Estados Unidos, mas neste caso significaria que há um grande problema porque o sistema autoriza o aumento das tarifas com o argumento da segurança nacional, mas não se previa que essa cláusula pudesse ser usada desta maneira que Trump utilizou.”
O anúncio de Trump ocorre no dia seguinte ao governo brasileiro encerrar uma missão a Washington para tentar convencer os americanos a deixar o país de fora do aumento das tarifas, já que 80% do aço exportado é semiacabado, ou seja, ainda recebe tratamento em solo americano.  Inicialmente, o governo americano avaliava a aplicação de uma taxa ainda maior, de 53% sobre o metal importado. 
“O anúncio de 1º de março, de que o Brasil será enquadrado na tarifa de importação de aço de 25%, corrige essa distorção, mas ainda não atende o que consideramos ser uma relação comercial justa. Portanto, o Brasil vai recorrer”, informa nota divulgada pelo Instituto Aço Brasil.
Mais prejudica do que ajuda a economia americana
Paulo de Almeida nota que a justificativa da ameaça à segurança é insustentável e muito difícil de ser provada. O diplomata duvida que o Congresso americano deixe a medida passar, porque traria mais danos do que benefícios à economia americana. A margem de manobra do presidente é limitada, já que o Congresso detém a autoridade econômica do país em comércio exterior, finanças, câmbio, entre outras áreas.
“Trump pode adotar essa medida de salvaguarda, mas ela pode ser contestada e derrogada pelos congressistas. Ele quer proteger alguns empregos na siderurgia, só que o resultado será o aumento dos preços na construção civil, no setor automotivo e de infraestruturas, que precisam do aço e do alumínio”, ressalta o professor brasileiro. “Isso terá efeitos em cadeia, porque haverá destruição de empregos em outros setores quando os produtos americanos ficarem mais caros interna e externamente, para a exportação de máquinas e equipamentos.”
“É um paradoxo porque os setores que Trump mais quer desenvolver são aqueles que mais sofrerão as consequências dessa medida. É uma péssima decisão econômica para os Estados Unidos”, resume o especialista francês.

OECD report: Brazil economy must reform

Further reforms to spur trade and investment key for Brazil’s inclusive growth

28/02/2018 - Brazil is emerging from its long recession and is headed for solid growth in 2018 and 2019 as recent structural reforms start to bear fruit. Sustaining this recovery, unleashing Brazil’s full economic potential and spreading the benefits fairly will require additional efforts to rein in public spending, increase trade and investment, and further focus social spending on those most in need, according to a new OECD report.
The latest OECD Economic Survey of Brazil says that deepening reforms to strengthen institutions, improve business regulation and reap the benefits of tighter integration into the global economy could lift GDP by at least 20% over 15 years, which would boost household incomes and help compensate for the economic drag of a rapidly ageing population. Better targeting of welfare spending on the poorest households would be crucial for fostering inclusive growth.
“Brazil is back on a positive growth path, but there is no time for complacency,” said OECD Secretary-General Angel Gurría, presenting the Survey in Brasilia. “With the demographic dividend now over, getting the economy fully back up to speed will require greater investment, higher productivity and closer integration into the global economy. For this, Brazil needs to continue on the path of active structural reform to ensure the sustainability of its fiscal accounts and the inclusiveness of its growth.” (Read the speech in full)
                                <Download the data in Excel> 
‌The Survey says Brazil is foregoing the benefits of integration into the world economy due to a trade policy that has prioritised safeguarding domestic markets over facilitating access to foreign markets. Brazil has especially high tariffs on intermediate and capital goods, and non-tariff trade barriers such as local content rules and anti-dumping measures are widespread.                    
Lowering trade barriers would make Brazilian firms more competitive by allowing them to source inputs at lower prices. This would boost trade volumes and raise productivity and wages. It would also reduce prices for consumers, in particular low-income households.
Investment, already low compared to other Latin American and emerging economies, has declined in both real terms and as a share of GDP in recent years, weighing on the overall economy and adding to existing infrastructure bottlenecks. Reversing this trend will require concrete actions to improve infrastructure planning, open up new sources of finance, reduce administrative burdens, simplify taxes, and streamline licencing. Continuing to fight corruption with reforms to increase accountability would also help to draw investment and restore citizens’ trust in institutions.
                      
On public finances, the Survey warns that without a significant reform of mandatory public spending, Brazil’s fiscal accounts risk becoming unsustainable. To promote growth that is more inclusive while achieving fiscal targets, a comprehensive pension reform is the top priority for Brazil in the short term.
The Survey also recommends improving the allocation of social spending, much of which benefits middle-class households, to firmly target those most in need. For example, Bolsa Familia is a highly effective scheme but only accounts for 0.5% of GDP out of the 15% of GDP that goes to social spending. Shifting more resources towards this scheme while reforming other transfer programmes would help to decrease inequality and poverty.
Transfers to private companies, including through tax reductions, have risen strongly in recent years, creating fertile grounds for rent-seeking behaviour and political kick-backs without halting the substantial decline in investment.
As Brazil works to strengthen public governance and improve accountability for public spending, the OECD is also launching on the occasion of the Secretary-General’s visit to Brasilia a new 3-year project with the Tribunal de Contas da União, Brazil’s supreme audit institution, aimed at strengthening its capacity to improve the effectiveness and evidence base of policies and programmes in areas such as education, health and security.

For further information, journalists are invited to contact Catherine Bremer in the OECD Media Office (catherine.bremer@oecd.org, +33 1 45 24 97 00).
Note to Editors:
The Paris-based OECD is an international organisation that promotes policies to improve the economic and social well-being of people worldwide. It provides a forum in which governments can work together to share experiences and seek solutions to the economic, social and governance challenges they face.
The OECD’s 35 members are: Austria, Australia, Belgium, Canada, Chile, Czech Republic, Denmark, Estonia, Finland, France, Germany, Greece, Hungary, Iceland, Ireland, Israel, Italy, Japan, Korea, Latvia, Luxembourg, Mexico, the Netherlands, New Zealand, Norway, Poland, Portugal, Slovak Republic, Slovenia, Spain, Sweden, Switzerland, Turkey, the United Kingdom and the United States.
Three other countries – Colombia, Costa Rica and Lithuania – were formally invited to start accession discussions and are currently in the process of accession to the Organisation.
Brazil is one of the OECD’s five Key Partners, with China, India, Indonesia and South Africa. Key Partners contribute to the OECD’s work in a sustained and comprehensive manner. A central element of the Key Partners programme is the promotion of direct and active participation in the work of the substantive bodies of the Organisation. This includes partnerships in OECD Bodies, adherence to OECD instruments and integration into OECD statistical reporting and information systems. Further information on OECD cooperation with Brazil: www.oecd.org/latin-america/countries/brazil/.
In May 2017, Brazil submitted a formal letter to the OECD, expressing its interest in initiating an accession process to the Organisation. The OECD governing body, the Council, is currently considering this request, together with similar requests from Argentina, Bulgaria, Croatia, Peru and Romania.
Further information on the OECD accession process: www.oecd.org/legal/accession-process.htm

Working with over 100 countries, the OECD is a global policy forum that promotes policies to improve the economic and social well-being of people around the world.
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O Meteoro Macron: poderia ocorrer no Brasil? - Sciences Po

A pergunta que fiz no título não faz nenhum sentido, obviamente, pois não se pode simplesmente reproduzir fenômenos políticos ocorridos numa determinada formação – a França atual – em outro sistema, qualquer que seja o seu grau de funcionalidade ou disfuncionalidade.
Mas eu estava apenas especulando não sobre o que é incidental, ou conjuntura, mas sobre o que pode ser uma manifestação do "cansaço do eleitorado" com os políticos tradicionais, e a busca por novos valores, o que pode ocorrer aqui também.
Não quero dizer que VAMOS TER um novo Macron, mas a sociedade brasileira certamente QUER TER, ou GOSTARIA DE TER um fenômeno similar, ou seja, alguém, não saído das forças políticas tradicionais, e que saiba empreender as reformas de que a sociedade, o país necessitam para retomar crescimento, competitividade, inserção internacional, modernidade.


LE “MÉTÉORE” MACRON : ANALYSE D’UNE DISRUPTION POLITIQUE

Penelope Gate, abstention record, contre-performance de Marine Le Pen… Dans l’ouvrage Le vote disruptif, plusieurs auteurs reviennent sur les incroyables élections présidentielle et législative de 2017 et analysent la manière dont le “météore Macron” a contribué à faire s’évanouir le système traditionnel des partis. Interview vidéo du Pascal Perrineau, professeur des universités à Sciences Po et directeur de l’ouvrage.
Avec : Pierre Bréchon, Samantha Call, Frédérik Cassor, Bruno Cautrès, Flora Chanvril-Ligneel, Jean Chiche, Thomas Ehrhard, Martial Foucault, Jérôme Fourquet, Odile Gaultier-Voituriez, Gérard Grunberg, Jérôme Jaffré, Carine Marcé, Vincent Martigny, Damon Mayaffre, Arnaud Mercier, Anne Muxel, Christophe Piar, Luc Rouban, Sylvie Strudel, Brice Teinturier, Thierry Vedel
À lire
Pascal Perrineau (dir.), Le vote disruptif, Les Presses de Sciences Po, 2017. À retrouver à la librairie de Sciences Po et en prêt à la bibliothèque
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Defesa Nacional: uma agenda estratégica: SAE-PR, 14/03


PROGRAMAÇÃO PRELIMINAR 

O papel do Setor de Defesa e de sua Base Científico-Tecnológica e Industrial para o Desenvolvimento Econômico e Tecnológico do Brasil: Desafios e Oportunidades.

Credenciamento: 08:00 – 08:45

Abertura: 08:45 – 09:30
Representante da Secretaria-Geral da Presidência da República
Representante do Ministério das Relações Exteriores
Representante do Ministério da Defesa
Representante do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República
Representante da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos

09:30 – 10:00
Keynote Speaker – Considerações Iniciais
Hussein Kalout, Secretário Especial de Assuntos Estratégicos



10:00 – 11:30
Mesa 1: Agenda Estratégica de Defesa: Desafios e Oportunidades
Moderador: Joanisval Gonçalves – Diretor de Assuntos de Defesa e Segurança - SAE/PR
  1. Pensar Defesa Nacional no século XXI: desafios e oportunidades.
  2. Forças Armadas e os cenários de conflito no início do milênio.
  3. Defesa e Relações Exteriores: o Brasil como ator global.
·      Contra-Almirante Carlos Eduardo Horta Arentz (Ministério da Defesa)
·       Representante do Centro de Estudos Estratégicos do Exército Brasileiro
·      Conselheiro Hélio Franchini Neto -  Departamento de Assuntos de Defesa e Segurança (Ministério das Relações Exteriores)
·      Carlos Frederico Queiroz de Aguiar: Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança - ABIMDE

11:30 – 13:30 – Almoço

13:45 – 15:15
Mesa 2: O papel da Base Científico-Tecnológica e Industrial de Defesa (BCTID) para o desenvolvimento Nacional
Moderador: Eduardo Marson Ferreira – Presidente da Fundação Ezute
  1. A relação entre o Modelo Tríplice Hélice e o desenvolvimento econômico.
2.    O papel do Estado no setor produtivo de Defesa.
  1. A indústria de Defesa e o comércio internacional.
·      General-de-Exército Juarez Aparecido de Paula Cunha – Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
·      Secretário Flávio Augusto Corrêa Basílio: Secretaria de Produtos de Defesa - SEPROD
·      Cynthia Benedetto – Diretora Financeira -  Avibras
·      Professor Doutor Peterson Ferreira da Silva – Doutor pelo Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI-USP)
15:15 – 15:30 – Coffee Break

15:30 – 17:00
Mesa 3: Pesquisa e Inovação em Defesa
Moderador: Prof. Dr. Antonio Jorge Ramalho da Rocha, Diretor da Escola de Defesa da UNASUL
1.    Incentivos para pesquisa e desenvolvimento tecnológico: panorama atual e desafios.
2.    Os centros de pesquisa das Forças Armadas: o spill over tecnológico e a articulação com a sociedade civil e o setor produtivo.
·      Contra-Almirante Alfredo Martins Muradas, Diretor do Centro Tecnológico da Marinha
·      Representante da Diretoria Geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial
·      Marco Antonio Caffe – Gerente Geral da BAE Systems no Brasil
·      Professor Doutor Eugênio Diniz – PUC-Minas

17:00 – Encerramento
Marcos Degaut, Secretário Especial Adjunto de Assuntos Estratégicos
                         
 *O prazo de resposta deste e-mail é até 07 de março *

quinta-feira, 1 de março de 2018

Relatório economico da OCDE sobre o Brasil, 2018

Divulgado no Banco Central do Brasil em 27/02/2018. Neste link:

http://www.academia.edu/36055847/OECD_Economic_Surveys_BRAZIL

OECD Economic Surveys BRAZIL
Fev. 2018, 166 p. 
.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- 
OECD Economic Surveys: Brazil 2018
 
TABLE OF CONTENTS │ 3
OECD ECONOMIC SURVEYS: BRAZIL 2018 © OECD 2018
 
Table of contents
 
Basic statistics of Brazil, 2016........ 8
Executive summary ....................................................... 9
Sustaining inclusive growth with further significant reforms .................... 10
Stronger investment and productivity are key for future growth ................ 10
Brazil can seize greater benefits from greater global and regional integration .......... 10
Assessment and recommendations ................................... 13
The economy is gradually emerging from the recession ................. 20
Inflation has declined but financial intermediation could be improved ............ 25
Fiscal outcomes need to improve to ensure the sustainability of public debt ....... 28
Improving governance and reducing corruption ......................... 42
Raising investment is a key policy priority ................................... 43
Supporting the integration with the region and the world economy ................ 49
Green growth challenges....................................... 57
Bibliography .................................................. 61
Thematic chapters ....................
Chapter 1. Raising investment and improving infrastructure ................... 69
Stronger investment is a key requisite for solid growth .......................... 70
Why has investment been so weak? ....................................... 73
Raising returns on investment ........................................... 78
Strengthening competition and shifting resources to firms with the best investment opportunities .. 94
Attracting private investment into infrastructure projects .................................. 96
Improving access to investment financing ................................. 103
Bibliography .................................]............................. 113

Description of the empirical Annex 1.A. analysis and results ............. 118
Chapter 2. Fostering Brazil’s integration into the world economy ............... 121
Brazil is missing out on the opportunities arising from international trade ............. 122
Trade barriers have significant economic effects .............. 131
Seizing the opportunities of the global economy ....................... 140
Policy options to strengthen integration ......................... 148
Making trade work for all Brazilians ...................................... 150
Bibliography ....................................................... 159
 
TABLE OF CONTENTS │ 5
OECD ECONOMIC SURVEYS: BRAZIL 2018 © OECD 2018
Figure 1.7.Private sector assets under management ........................... 76
Figure 1.8. Brazil attracts less direct investment than other countries in the region ..... 77
Figure 1.9. FDI restrictions are low compared to OECD countries .................. 77
Figure 1.10. Regulatory barriers to entrepreneurship are high .............. 78
Figure 1.11. Ease of starting a business ................................... 79
Figure 1.12. The court system is slow to resolve commercial disputes ......... 83
Figure 1.13. Insolvencies are slow and recovery rates low ........................ 84
Figure 1.14. Hours required to prepare taxes .......................... 85
Figure 1.15. Unit labour costs have risen ....................... 88
Figure 1.16. Minimum wages are high in international comparison ... 89
Figure 1.17. Skill gaps are significant ........................... 90
Figure 1.18. Many firms struggle to fill jobs ...................... 90
Figure 1.19. The state of Ceará has made substantial progress in education quality ....... 92
Figure 1.20. The share of students in vocational and technical programmes is low ..... 93
Figure 1.21. Investment in infrastructure is low ................... 97
Figure 1.22. Density of paved road network by country .............. 98
Figure 1.23. Mobile telecom services are relatively expensive .......... 103
Figure 1.24. Real lending rates are extremely high .................... 104
Figure 1.25. Investment has been inversely correlated with ex-ante real interest rates ........ 104
Figure 1.26. BNDES disbursements and credit subsidies remain high ............ 105
Figure 1.27. Infrastructure finance is dominated by public banks, in particular BNDES ........ 107
Figure 2.1. Exposure to trade is low and export performance has declined ........... 123
Figure 2.2. Brazil integration in global value chains is minimal ....... 124
Figure 2.3. Brazil has remained on the side lines of global value chains .........125
Figure 2.4. Prices are relatively high ..................................... 126
Figure 2.5. The share of imported inputs is low ....................................... 127
Figure 2.6. Export diversification has fallen ........................... 128
Figure 2.7. The share of processed agriculture and good exports has diminished .......129
Figure 2.8. Brazil’s participation in food GVCs is small ................................. 130
Figure 2.9. China is Brazil's main trading partner .................................. 131
Figure 2.10. Brazil has not gained new markets for its exports in recent years .......131
Figure 2.11. Tariffs barriers are high ......................................... 132
Figure 2.12. Tariff to intermediate and capital products are very high ............... 134
Figure 2.13. Sectors with high tariffs are also hampered by high tariffs on their inputs.... 134
Figure 2.14. Brazil makes a large use of non-tariff trade barriers ............. 135
Figure 2.15. Local content rules are relatively abundant in Brazil ............. 136
Figure 2.16. The number of antidumping measures in effect in Brazil is relatively large ....... 137
Figure 2.17. The cost to export is high ................ 138
Figure 2.18. Trade facilitation procedures could improve further.............. 138
Figure 2.19. Brazil restricts trade in services more than other countries ........... 140
Figure 2.20. Sectors using more imported inputs will benefit more from tariff cuts .... 142
Figure 2.21. Estimated responses of value added by sector to changes in trade protection ...144
Figure 2.22. The share of tertiary graduates is relatively low .................. 146
Figure 2.23. Reducing tariffs would benefit especially low-income households ..... 148
Figure 2.24. Spending on active labour market is very concentrated in subsidies ......... 152
Figure 2.25. Vocational education is not well developed .................... 153
Figure 2.26. There are large differences in tariff protection across states ........... 154
Figure 2.27. Educational differences across regions are large .................... 157

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Etnografia do Quai d'Orsay - Christian Lequesne

Quando ingressei no Itamaraty, vindo recentemente de meus estudos europeus de ciências sociais, pensei empreender uma sociografia dos diplomatas e da carreira, mas logo recuei, em face do trabalho funcional que me esperava na Divisão, e da pouca abertura dos colegas a submeter-se a questionários de pesquisadores voluntários.
Encontro agora um exercício relativamente similar sobre os diplomatas franceses e suas práticas no Quai d'Orsay.
Quem sabe um dia eu retomo meus projetos de anatomia diplomática?
Paulo Roberto de Almeida


Vargas Llosa homenageia os intelectuais que o influenciaram - El Pais

Mario Vargas Llosa: “La corrección política es enemiga de la libertad”
Además de crear ficciones memorables, el Nobel de Literatura se ha batido incansable por la defensa de la sociedad libre. Con su nuevo ensayo, ‘La llamada de la tribu’, quiere reivindicar el pensamiento liberal y rendir homenaje a siete autores que lo marcaron. Con él hablamos del liberalismo, de la ceguera de los intelectuales con los totalitarismos y de los peligros que acechan hoy a la democracia.
Maite Rico
El País, Madri – 25.2.2018

Mario  Vargas Llosa está en plena forma. Combativo, desbordante, de carcajada fácil, el premio Nobel (Arequipa, Perú, 1936) se multiplica en viajes y en frentes intelectuales, urdiendo ficciones y escudriñando realidades. Esta semana publica su ensayo La llamada de la tribu(Alfaguara), un alegato a favor del pensamiento liberal a través de siete autores que le influyeron y a los que rinde homenaje: Adam Smith, José Ortega y Gasset, Friedrich von Hayek, Karl Popper, Raymond Aron, Isaiah Berlin y Jean-François Revel. Voces de una corriente que reivindica al individuo como ser soberano y responsable, y a la libertad como valor supremo; que defiende la democracia y la separación de poderes como el sistema que mejor concilia los valores contradictorios de la sociedad. Una doctrina que reacciona frente al “espíritu tribal” que han alimentado históricamente el fascismo, el comunismo, el nacionalismo o el fanatismo religioso. Y que quizás por eso, dice el escritor, ha sido “el blanco político más vilipendiado y calumniado a lo largo de la historia”. La llamada de la tribu es también una suerte de autobiografía intelectual del propio Vargas Llosa, de su evolución desde el marxismo y el existencialismo a la revalorización de la democracia y el descubrimiento del liberalismo.
¿Por qué el pensamiento liberal es la diana de tantos ataques? 
Ha sido el blanco de las ideologías enemigas de la libertad, que con mucha justicia ven en el liberalismo a su adversario más tenaz. Y eso lo he querido explicar en el libro. El fascismo, el comunismo han atacado tremendamente al liberalismo, sobre todo caricaturizándolo y asociándolo a los conservadores. En sus primeras épocas el liberalismo fue asediado sobre todo por la derecha. Ahí están las encíclicas papales, los ataques desde todos los púlpitos a una doctrina que se consideraba enemiga de la religión, enemiga de los valores morales. Creo que estos adversarios definen muy bien la estrecha relación que existe entre el liberalismo y la democracia. La democracia ha avanzado y los derechos humanos han sido reconocidos fundamentalmente gracias a los pensadores liberales.
Los autores que analiza tienen rasgos comunes, entre otros, que nadaron contra corriente. Incluso dos libros de Hayek y Ortega estuvieron prohibidos.
 ¿Un liberal está condenado a ser un corredor de fondo solitario? 
El liberalismo no solo admite, sino que estimula la divergencia. Reconoce que una sociedad está compuesta por seres humanos muy distintos y que es importante preservarla así. Es la única doctrina que acepta la posibilidad de error. Por eso insisto mucho: no es una ideología; una ideología es una religión laica. El liberalismo defiende algunas ideas básicas: la libertad, el individualismo, el rechazo del colectivismo, del nacionalismo; es decir, de todas las ideologías o doctrinas que limitan o cancelan la libertad en la vida social.
Hablando de nacionalismo, últimamente habrá pensado más de una vez en Ortega y Gasset y en sus advertencias premonitorias sobre los peligros del nacionalismo en Cataluña y País Vasco. 
¿Por qué los liberales rechazan el nacionalismo? 
Porque es incompatible con la libertad. El nacionalismo entraña, cuando uno escarba un poco en la superficie, una forma de racismo. Si crees que pertenecer a un determinado país o nación, o a una raza, o a una religión es un privilegio, un valor en sí mismo, crees que eres superior a los demás. Y el racismo inevitablemente conduce a la violencia y a la supresión de las libertades. Por eso el liberalismo desde la época de Adam Smith ha visto en el nacionalismo esa forma de colectivismo, de renuncia a la razón por un acto de fe.
Populismo, resurgimiento de los nacionalismos, el Brexit…, ¿está renaciendo el espíritu de la tribu? 
Hay una tendencia que se opone a lo que yo creo que es lo más progresista de nuestro tiempo, que es la formación de grandes conjuntos que están lentamente desvaneciendo las fronteras e integrando a diferentes lenguas, costumbres, creencias. Es el caso de Europa. Esto provoca mucha inseguridad y mucha incertidumbre y una tentación muy grande de regresar a esa tribu, a esa sociedad pequeña, homogénea que nunca existió en la realidad, donde todos son iguales, donde todos tienen las mismas creencias, la misma lengua… Ese es un mito que da mucha seguridad, y eso explica brotes como el Brexit, como el nacionalismo catalán, o los nacionalismos que hacen estragos en democracias como Polonia, Hungría, incluso Holanda. El nacionalismo está ahí, pero mi impresión es que, como ha ocurrido en Cataluña, es minoritario, y la fuerza de las instituciones democráticas va a ir socavándolo poco a poco hasta derrotarlo. Soy más bien optimista.
¿Cómo se puede luchar intelectual y políticamente contra esas corrientes? 
Hay que combatirlas sin complejos de inferioridad. Y decir que el nacionalismo es una tendencia retrógrada, arcaica, enemiga de la democracia y de la libertad, y que está sustentada en ficciones históricas, en grandes mentiras, en eso que ahora se llaman posverdades históricas. El caso de Cataluña es flagrante.
Su evolución desde el marxismo al liberalismo no es infrecuente. De hecho, es la misma que siguieron algunos de los autores que glosa, como Popper, Aron, Revel. ¿Conocer desde dentro el mecanismo totalitario actúa como revulsivo?
Mi generación en América Latina despierta a la razón en un continente de desigualdades monstruosas y dictaduras militares apoyadas por Estados Unidos. Para un joven latinoamericano que tenía cierta inquietud era muy difícil no rechazar esa especie de caricatura de democracia, con la excepción de Chile, Uruguay y Costa Rica. Yo quise ser comunista, me parecía que el comunismo representaba la antípoda de la dictadura militar, de la corrupción y sobre todo de las desigualdades. Entonces entré en San Marcos, una universidad nacional y popular, con la idea de que ahí debía de haber comunistas con los que vincularme. Y efectivamente, me vinculé. Ahora bien, en ese tiempo el comunismo en América Latina era el estalinismo puro y duro, con partidos subyugados a la Komintern, a Moscú. A mí me defendieron del sectarismo Sartre y el existencialismo. Yo tenía todo el tiempo discusiones en mi célula, y solo milité un año. Pero seguí siendo socialista de una manera vaga, y eso lo fortaleció la revolución cubana, que al principio parecía un socialismo distinto, no dogmático. Me entusiasmó. En los sesenta viajé a Cuba cinco veces. Y poquito a poco vino el desencanto, sobre todo a partir de la creación de las UMAP [Unidades Militares de Apoyo a la Producción]. Hubo redadas contra jóvenes que yo conocía, fue un trauma. Y me acuerdo de haber escrito una carta privada a Fidel diciéndole que estaba desconcertado, que cómo Cuba, que parecía un socialismo abierto y tolerante, podía meter en campos de concentración a “gusanos” y homosexuales con criminales comunes. Fidel me invitó a mí y a una docena de intelectuales a conversar con él. Estuvimos toda una noche, 12 horas, de las ocho de la tarde a las ocho de la mañana, oyéndolo hablar, básicamente. Fue muy impresionante, pero no muy convincente. Desde entonces empecé a tener una actitud un poco recelosa. La ruptura definitiva vino con el caso Padilla [el proceso contra el escritor Heberto Padilla, encarcelado en 1971 y obligado a una terrible autocrítica pública, que marcó el fin del idilio de importantes intelectuales con el régimen cubano]. Tuve un proceso difícil, más bien largo, de reivindicación de la democracia, y poco a poco de acercamiento a la doctrina liberal, a base de lecturas. Y tuve la suerte de vivir en Inglaterra los años de Margaret Thatcher.
El retrato que hace de Thatcher, como una mujer culta, valiente, de hondas convicciones liberales, contrasta con la imagen que se ha difundido de ella.Es una caricatura absolutamente injusta. Cuando yo llegué, Inglaterra era un país en plena decadencia. Un país con libertades, pero sin nervio, que se apagaba poco a poco dentro de ese avance del nacionalismo económico de los laboristas. La revolución de Margaret Thatcher despertó a Gran Bretaña. Fueron tiempos difíciles: acabar con las sinecuras sindicales, crear una sociedad de mercado libre, de competencia, y defender la democracia con la convicción con la que ella lo hizo, sin complejos, frente al socialismo, frente a China y la URSS, las dictaduras más crueles de la historia. Para mí fueron años definitivos porque empecé a leer a Hayek, a Popper, que eran autores a los que Thatcher citaba. Ella decía que La sociedad abierta y sus enemigos era un libro fundamental en el siglo XX. La contribución de Thatcher y de Ronald Reagan a la cultura de la libertad, a acabar con la Unión Soviética, que era el mayor desafío que había tenido la cultura democrática, es una realidad que está desgraciadamente muy mediatizada por la campaña de una izquierda cuyos logros son muy pobres.
¿Y cuál es hoy el principal desafío para la democracia occidental?El mayor enemigo hoy es el populismo. No hay nadie medianamente cuerdo que quiera para su país un modelo como el de Corea del Norte o el de Cuba, o el de Venezuela; el marxismo es ya marginal en la vida política, pero no así el populismo, que corrompe las democracias desde dentro, es mucho más sinuoso que una ideología, es una práctica a la que por desgracia son muy propensas las democracias débiles, las democracias primerizas.
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Para acessar íntegra da entrevista:

A nova Doutrina Monroe - Rubens Barbosa

RESSUSCITANDO A DOUTRINA MONROE
Rubens Barbosa
O Estado de S. Paulo, 27/02/2018

            O renascimento da doutrina Monroe é a grande inovação do governo Trump na recém anunciada política externa para a América Latina.
O presidente James Monroe, nos idos de 1823, anunciou que os EUA iriam proteger os países sul-americanos de ameaças de colonização vindas de países europeus: "A América para os americanos". Posteriormente, em 1904, Theodore Roosevelt ampliou essa política para incluir a defesa de direitos de empresas norte-americanas na América Latina. Essas ações ficaram conhecidas como a Doutrina Monroe e seu corolário. No governo Obama, em pronunciamento feito na sede da Organização dos Estados Americanos, John Kerry, então Secretário de Estado, afirmou, com grande ênfase, que a era da Doutrina Monroe tinha chegado ao fim.
Recentemente, em discurso na Universidade do Texas, (“US engagement in the Western Hemisphere), antes de seu passeio este mês pela América Latina, o secretário de Estado, Rex Tillerson, anunciou que "tinhamos esquecido  a importância da Doutrina Monroe e o que ela significou para o Hemisfério". Em nome dessa Doutrina, os EUA, na medida em que seu poder aumentava, assumiram o papel de policia da região e posteriormente do mundo. Na América Latina, houve mais de dez intervenções sob a justificativa de defesa dos interesses das empresas norte-americanas e das ameaças aos valores, nem sempre coerentes com a democracia, defendidos por Washington. O retorno dessa percepção no atual governo não pode deixar de ser preocupante.
            Sem outras inovações, como nos governos republicanos e democráticos de Clinton, Bush e Obama das últimas décadas, essa política está fundada nos mesmos três pilares: economia, segurança e democracia. Na atualização trumpista, o crescimento econômico e o comércio na região devem estar associados ao aproveitamento dos recursos energéticos (petróleo, gás, eletricidade) e de infraestrutura. A prioridade com segurança está relacionada com o desmantelamento das organizações transnacionais do crime organizado (em especial, no México), redução do cultivo da coca na Colômbia, combate à corrupção (em toda parte) e melhorar a capacidade de defesa dos pequenos países da América Central e Caribe (Caribbean Initiative 2020) contra criminosos melhor armados e financiados, inclusive do Estado Islâmico (ISIS). No tocante à democracia, em todos os países visitados, a ênfase foi a situação política e econômica na Venezuela e a advertência para que o modelo da China não seja seguido. O resultado da eleição presidencial em Honduras, com fortes indícios de fraude eleitoral, foi rapidamente reconhecido por Washington.
            A intenção de voltar aos tempos da Doutrina Monroe fica transparente nas referências feitas por Trump à intervenção dos EUA e o estimulo a um golpe militar na Venezuela, mencionado por Tillerson. A exemplo da guerra fria, a preocupação com a crescente presença da China, primeira parceira comercial do Brasil, Peru, Chile e financeira, junto com a Rússia, da Venezuela. Um alto funcionário do Tesouro chegou a ressaltar que “em vez de ajudar na melhora da governança e das politicas macroeconômicas, o investimento da China frequentemente deu força a governos fracos e corruptos”.  
            O anúncio da politica em relação a região é coerente com a idéia dos Estados Unidos em primeiro lugar e com a defesa dos interesses de empresas norte-americanas, relegadas a um segundo plano nos últimos anos. Os formuladores de decisão no Departamento de Estado não parecem estar acompanhando a dinâmica das transformações politicas, econômicas e sociais no continente e o grau de penetração que a China ganhou recentemente.
            Nos três pilares definidos pelo Departamento de Estado, o Brasil ocupa um lugar de relevo, embora aparentemente minimizado pelo governo Trump. Não está clara a mensagem que foi passada não só ao Brasil, mas para a região, quando o secretário de estado e o subsecretário Shannon, em visitas recentes, literalmente pularam Brasília. Somos hoje o pais na região com a maior dependência econômica da China e, além disso, membro do BRICS. Por outro lado, como reagiriam os EUA em um eventual ato agressivo da Venezuela em relação ao território contestado na Guiana? E qual a reação dos países da região à aplicação da Doutrina Monroe em uma eventualidade desse tipo?
No caso do México, além do problema de segurança, dependendo de como for concluída a renegociação do acordo de comércio com os EUA (NAFTA), o relacionamento bilateral pode ganhar contornos inusitados a partir da próxima eleição presidencial em junho próximo, hoje liderada nas pesquisas por Lopes Obrador, candidato de esquerda com claras posições restritivas aos EUA.
            Em meados de abril, o Peru deverá organizar a Cúpula das Américas com a presença de todos os chefes de estado, menos Maduro, da Venezuela, desconvidado com o apoio do Grupo de Lima (inclusive o Brasil), mas  ameaçando comparecer de qualquer maneira. Será interessante acompanhar o encontro presidencial, especialmente se Trump comparecer, alguns dias antes da contestada eleição antecipada na Venezuela, e como reagirão os países face a eventual retomada do clima de guerra fria, em vista da crescente presença da China em nossa região.
O ministro do exterior, Aloysio Nunes Ferreira disse que “os EUA não sabem o que fazer na America Latina.” No tocante ao Brasil, as relações nunca estiveram em um nível politico-diplomático tão baixo e desgastado. Superado o clima da guerra fria, a supremacia de Washington na região deixou de ser automática. 
Como resultado das atitudes recentes, não restará outra alternativa ao Brasil senão definir políticas claras para ampliar o espaço e a presença na região e buscar encontrar seu lugar no mundo compatível com uma das dez maiores economias globais na defesa de nossos interesses.

Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE)