O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Really Good Books, Part I - David Brooks


The Opinion Pages | OP-ED COLUMNIST

Really Good Books, Part I

People are always asking me what my favorite books are. I’ve held off listing them because it seems self-indulgent. But, with summer almost here, I thought I might spend a couple columns recommending eight books that have been pivotal in my life.
“A Collection of Essays,” by George Orwell. If you want to learn how to write, the best way to start is by imitating C.S. Lewis and George Orwell. These two Englishmen, born five years apart, never used a pompous word if a short and plain one would do. Orwell was a master of the welcoming first sentence. He wrote an essay called “England Your England” while sheltering from German bombs during World War II. Here is his opening: “As I write, highly civilized human beings are flying overhead, trying to kill me.”
Here’s the first sentence of his essay on Gandhi: “Saints should always be judged guilty until they are proved innocent, but the tests that have to be applied to them are not, of course, the same in all cases.”
Here’s how he opened an essay on his schoolboy days, “Soon after I arrived at Crossgates (not immediately, but after a week or two, just when I seemed to be settling into the routine of school life) I began wetting my bed.”
There’s a disarming rhythm to each of those sentences; reality is odd, and it takes a few shimmies to get it right. Orwell was famous for sticking close to reality, for facing unpleasant facts, for describing ideas not ideologically but as they actually played out in concrete circumstances. Imperialism wasn’t an idea; it was a lone official haplessly shooting an elephant.
His other lesson for writers, even opinion writers, is that it’s a mistake to think you are an activist, championing some movement. That’s the path to mental stagnation. The job is just to try to understand what’s going on.
“Anna Karenina” by Leo Tolstoy. This is a novel about characters who are not quite in control of themselves. Kitty goes to the ball in a perfect dress. Even the strip of velvet around her neck fits just so. She is swept up in a sort of ecstasy of movement until a glance at the man she thinks is her beau crushes her in an instant.
Levin falls in love in a way he didn’t plan. He experiences unexpected transcendence cutting grass, of all things. He cannot account for his own happiness, which is in excess of what he deserves, and still has to hide the noose at dark moments for fear he might use it.
Anna is a magnetic person propelled by a love that is ardent and unexpected but also headlong and unpredictable. She’s ultimately unable to surmount the consequences of her actions or even live with the moral injuries she causes. Was Anna right to follow her heart? Should she have settled for a mediocre life in line with convention? This is a foxlike love story, with many angles, which does not lead to easy answers.
“Rationalism in Politics” by Michael Oakeshott. This essay dismantles a common form of contemporary hubris — the belief that it is possible to solve political problems as if they were engineering problems, with rational planning. Oakeshott distinguishes between technical knowledge and practical knowledge. Technical knowledge is the sort of information that can be put in a recipe in a cookbook. Practical knowledge is the rest of what the master chef actually knows: the habits, skills, intuitions and traditions of the craft. Practical knowledge exists only in use; it can be imparted but not taught. Technocrats and ideologues possess abstract technical knowledge and think that is all there is. Their prefab plans come apart because they simplify reality, and don’t understand how society works and the rest of what we know.
“All the King’s Men” by Robert Penn Warren. This is nominally a novel about Huey Long. But it is also a novel about irony, the way good can come from bad, and bad can come from good, the way people march into public life imagining they are white lambs only to be turned into guilty goats. The main characters are tainted and mottled, part admirable, part noxious. The book asks if in politics you have to sell your soul in order to have the power to serve the poor.
It’s written in an elegiac tone that I’m a sucker for. “The Great Gatsby,” “Brideshead Revisited” and Ford Madox Ford’s “The Good Soldier” are also written in this tone. The narrator of “All the King’s Men” has to lose his innocence to understand the multiplicity and sadness of the truth.
Most of today’s books are about limitation — about being propelled by passions we can’t control into a complex world we can’t understand. For Tuesday, I’ll find some books that are more self-assured.
A version of this op-ed appears in print on May 23, 2014, on page A23 of the New York edition with the headline: Really Good Books, Part I.


STF vai ver se investiga alguem excepcional, da Famiglia intocavel; vai ate 2024?

Vamos ver: se demorou dez anos, repito, DEZ ANOS, para se decidir se o STF deveria, ou não, investigar alguém intocável. Deve demorar mais dez anos, repito DEZ ANOS, para chegar à conclusão de que não houve, repito NÃO HOUVE, nenhuma má intenção, nenhuma informação privilegiada, nenhum aviso de cocheira, desses de pai para filho, de mãe para filho, de amigo para amigo, que permitisse ao personagem excepcionalíssimo retirar, vejam vocês, na véspera da intervenção do Banco Central, repito, NA VÉSPERA, apenas 2 milhões, repito DOIS MILHÕEZINHOS, coisa pequena, da sua conta no banco do larápio que lesou prefeituras, depositantes, fundos de pensão, e dezenas, centenas de outros correntistas e investidores, que ficaram a ver navios.
Foi tudo uma simples coincidência, repito, UMA COINCIDÊNCIA, apenas isso, e nada mais.
O STF, em 2024, vai concluir que não há nada que justifique as suspeitas, ora vejam, seus maliciosos.
De resto, sendo o personagem excepcional, um homem que não é como um comun dos mortais -- aliás, ele é IMORTAL -- poderá assistir em pessoa, esperar pacientemente, que o STF conclua o processo, dentro de mais ou menos dez anos, dizendo que não houve nada de excepcional.
Honni soit qui mal y pense...
Paulo Roberto de Almeida

Supremo analisa se Sarney foi beneficiado no caso do Banco Santos

Senador maranhense sacou cerca de R$ 2 milhões na véspera da intervenção na instituição; Ministério Público suspeita que ele obteve informações privilegiadas do controlador

23 de maio de 2014 | 17h 49
Mariângela Gallucci - O Estado de S. Paulo
Brasília - O Supremo Tribunal Federal vai analisar suspeitas de que o senador José Sarney (PMDB-AP) teria recebido informação privilegiada ao resgatar R$ 2,159 milhões do Banco Santos. O resgate ocorreu em 2004, um dia antes de ser decretada a intervenção na instituição financeira.
O caso foi encaminhado ao STF pela Justiça Federal em São Paulo. Como há suspeita de participação de um parlamentar em irregularidades, eventual investigação ou processo tem de tramitar no Supremo, que é o tribunal responsável no Brasil por analisar inquéritos e ações penais contra congressistas.
Relator do caso, o ministro José Antonio Dias Toffoli remeteu nesta quinta, 22, a documentação para a Procuradoria-Geral da República para que o órgão se manifeste. Em fevereiro, o Ministério Público Federal em São Paulo havia concluído que existiam "elementos concretos de possível prática de delito". Em seguida, foi determinada a remessa para o Supremo.
‘Amigos íntimos’. Na época, os procuradores ressaltaram que havia uma relação estreita de amizade entre o senador e o então controlador do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira. Segundo os integrantes do Ministério Público Federal, existia uma "proximidade de Sarney com Edemar" porque os dois seriam "amigos íntimos há mais de três décadas".
Entre os fatos citados pelos procuradores para tentar comprovar as relações de amizade entre o senador e o banqueiro, os procuradores afirmaram que Edemar e sua mulher foram padrinhos de casamento da filha de Sarney, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney.
Crime. Na Justiça Federal Criminal em São Paulo tramitou ação na qual foi apurado se o banqueiro cometeu crime contra o sistema financeiro. Edemar Cid Ferreira foi condenado a 21 anos de prisão pelos crimes de gestão fraudulenta, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Mas a defesa recorreu.
O Banco Santos e a Santos Corretora de Câmbio e Valores sofreram intervenção do Banco Central por causa de um suposto "comprometimento da situação econômico-financeira" da instituição. O BC informou que o rombo era de R$ 2,3 bilhões.
Na época, a imprensa divulgou a informação de que quando determinou a retirada do dinheiro, Sarney recebeu em Brasília o controlador do banco para uma reunião fora de sua agenda oficial. O senador presidia a Casa. Até a conclusão desta edição, a assessoria do senador não havia se manifestado.

Em Chicago, pouca academia, muito museu... e passeios

Viemos a Chicago, Carmen Lícia e eu, teoricamente para o congresso da Latin American Studies Association, no Palmer Hilton Hotel, bem no centro da cidade, na verdade, South Loop, pertíssimo do melhor museu do Middle West, o Art Institute of Chicago, a dois passos do Hotel.
Entre o Congresso, com milhares de acadêmicos espalhados por muitos salões e no hall central, centenas de americanos e latino-americanos, e a arte e a cultura, ficamos com o mais interessante.
Fomos esta manhã ao Art Institute, passando antes pelo mural do Chagall, bem no centro, praça do Chase Manhattan, agora protegido por um telhado de vidro.
Uma foto nossa em frente ao mural:

Depois fomos ao Marquetti Building outra maravilha arquitetônica local.
Finalmente, ao Art Institute, onde visitamos em primeiro lugar uma exposição sobre o Egito dos Ptolomeus.

E muitas outras coisa mais, obviamente...
Paulo Roberto de Almeida

Vc quer tirar uma foto com Lenin, com Stalin, ou com Putin, o novo czar de algumas Russias (aumentando?)?

O que quer Vladimir Putin?

O maior objetivo do presidente da Rússia não é promover uma expansão imperialista, e sim fortalecer seu autoritarismo e esmagar a oposição interna

Nathalia Watkins, de Moscou, Veja, 16/05/2014
NACIONALISMO - Ensaio de desfile na Praça Vermelha, em Moscou: com Putin, as conquistas militares foram destacadas nos livros didáticos
NACIONALISMO - Ensaio de desfile na Praça Vermelha, em Moscou: com Putin, as conquistas militares foram destacadas nos livros didáticos      (Yuri Kozyrev/Noor)
Entre as muralhas vermelhas do Kremlin e lojas da Tiffany, Hermès e Louis Vuitton, milhares de russos aproveitam o calor da primavera para circular no coração da capital. Em uma das entradas da Praça Vermelha, visitantes formam fila para fazer pedidos, seguidos do lançamento de moedas sobre o marco zero de Moscou, o quadrado com um círculo no meio que fica no centro geográfico da cidade. Sem nenhuma cerimônia, um pedinte disputa os rublos no chão com uma mulher idosa. Sósias de Josef Stalin e Vladimir Lenin ficam ao redor na esperança de que os saudosistas paguem para tirar fotos com eles. Em poder de atração, nenhum deles é páreo para o sósia do presidente Vladimir Putin, o homem que desde março mantém o Ocidente em estado de tensão por ter anexado a Península da Crimeia à força e que agora empurra a Ucrânia para uma guerra civil de resultados imprevisíveis. “As pessoas se aproximam e me agradecem pela recuperação da Crimeia. Sou muito grato por ser parecido com o nosso presidente”, diz o sósia de Putin, que prefere não revelar o seu nome verdadeiro. Um clique ao seu lado custa 1 000 rublos, dinheiro suficiente para comprar onze sanduíches em uma loja do McDonald’s ali perto. “Todo mundo que me vê fica alegre e sorri. É assim comigo e com o nosso presidente. Os russos sabem que com ele tudo ficará bem, em ordem”, diz o Putin de mentira. Enquanto Lenin e Stalin labutam o dia todo, o requisitado Putin trabalha somente duas horas por dia e apenas em alguns dias da semana.
Putin, o sósia, fala em “recuperação” da Crimeia da mesma forma que Putin, o verdadeiro. A maioria dos russos pensa de maneira semelhante. Não se encontra quem aceite o termo “anexação” para explicar a tomada daquela região pela Rússia. Para eles, a península que então pertencia à Ucrânia sempre foi uma parte de seu país, salvo em um breve intervalo entre os anos de 1954 e 2014. Oito em cada dez russos estão de acordo sobre a tomada da Crimeia e aprovam a gestão do presidente. Suas palavras, seus raciocínios e seu discurso nacionalista, embora estranhos para ouvidos estrangeiros, têm soado como música clássica para os russos. Putin não tem a intenção de expandir as fronteiras da Rússia, como fizeram os czares e os comunistas soviéticos. A maior parte dos russos acha que a anexação da Crimeia foi um bem para os próprios anexados e que isso trará até prejuízos econômicos a Moscou. O presidente Putin explora muito bem o forte sentimento patriótico dos russos. O objetivo é prolongar seu poder pelo mais longo tempo possível — e apagar qualquer faísca mais forte da oposição interna.
Para ler a continuação dessa reportagem compre a edição desta semana de VEJA no IBA, no tablet, no iPhone ou nas bancas.
Outros destaques de VEJA desta semana

China: Gas Deal Could Complicate Sanctions Threat Against Russia (Foreign Policy)


Gas Deal Could Complicate Sanctions Threat Against RussiaForeign Policy

China just signed a 30-year, $400 billion natural gas deal with Russia, handing a big win to Russian energy companies desperate to find new export markets. But the pact may have delivered Russian President Vladimir Putin an equally important win in his ongoing standoff with the Obama administration and its European allies over the ongoing crisis in Ukraine. Put simply, the deal may deal a death blow to the foundering Western efforts to punish Putin for his meddling in Ukraine and annexation of the country's Crimean peninsula.
The new pact strengthens an emerging Moscow-Beijing economic alliance that's out of the reach of Western influence -- and financial pressure. The deal, which capped years of tense negotiations, was inked in Shanghai on the sidelines of an Asian economic and security conference that included 40 countries, including Iran and Kazakhstan. Though it will be years before the gas starts flowing to China, the deal raises doubts about how effectively Western countries will be able to use sanctions as a weapon against Putin's Russia.
Former Treasury Department sanctions official Elizabeth Rosenberg, who is now a senior fellow at the Center for a New American Security, said the deal was Russia's "attempt to build up commercial opportunities outside of Europe where it's vulnerable and losing friends."
Sanctions -- Western leaders' weapon of choice in the battle over Ukraine - may have less bite now that Russia has proved it can find other foreign customers for its main export, natural gas. U.S. and European leaders have threatened broad sanctions against whole swaths of the Russian economy, including its finance or energy sectors, if Moscow meddles in Ukraine's presidential election this weekend. But the China deal gives those threats less teeth in the years to come because Russia would have Beijing's gas contract to fall back on, if the West decided to go after the country's crucial energy sector.
"I don't think this inhibits the ability of the U.S. and its partners to impose sanctions in the short term, but I do think it could affect the ultimate price those sanctions would exact in the medium term," said Zachary Goldman, a former Treasury Department sanctions official who now heads the Center on Law and Security at the New York University.
Though Europe still accounts for roughly 75 percent of Russia's gas export market, developing countries could make up a larger proportion over time. The gas going to China wouldn't take away from Europe's portion immediately because the gas is being extracted from different fields, but by increasing the number of buyers, Russia would be less dependent on the European market.
China is also an ideal economic ally for Putin because Beijing -- unlike Europe -- is unlikely to ever agree to sanctioning Moscow over the Ukraine crisis or to try to intentionally reduce its oil imports from Russia because of the unrest there. Chinese leaders have historically been averse to getting involved in other countries' political squabbles.
"The government in Beijing isn't interested in coming out and supporting this volatile political issue in terms of the Russia-Ukraine situation," said Nicholas Consonery, an Asia analyst with political risk consultancy Eurasia Group.
So far, Washington has frozen the assets of 45 people, including some of the Russian president's closest allies, and 19 banks and companies in an attempt to pressure Putin to reverse his annexation of Crimea and abandon his threats of invading eastern Ukraine. Tuesday, the Treasury Department added 12 more names to list in connection with unrelated alleged human rights abuses.
Some of the moves have been literally laughed off by Putin, who has given no indication whatsoever that they are making him even think of reversing his annexation of Crimea. Still, they go further than what Europe has been willing to do, highlighting the lack of unity over whether to sanction Russia and, if so, how harshly. Outside of the West, few countries have express support for the use of financial tools that could affect the global economy. The big emerging market nations -- Brazil, Russia, India, and China, collectively nicknamed the BRIC countries -- have already registered their clear dissatisfaction with the idea. Foreign ministers for Brazil, India and China joined Russia in criticizing sanctions in March after the initial rounds of tit-for-tat visa bans and asset freezes between the U.S. and Russia.
"The escalation of hostile language, sanctions and counter-sanctions, and force does not contribute to a sustainable and peaceful solution," the four foreign ministers said in a statement after a meeting at The Hague on March 24.
Some developing countries are likely to seek natural gas deals with Russia in the years ahead, and their unwillingness to go along with even modest sanctions today suggest they'd be even less likely to do so while they're in an active energy and economic partnership with Moscow. Energy experts who've followed years of fits and starts over the new natural gas deal also caution that the long-term implications of the contract will only be clear when more details are revealed  -- as long as it doesn't fall through.
"Anyone who's been watching this for the last decade is ready to take this news with a heavy dose of salt," said Rosenberg.
MARK RALSTON/ AFP/ GETTY IMAGES

A diferenca entre o 1p/c de ricos e os outros 99p/c se explica peloinvestimento educacional - David Autor (WP)


The ’1 Percent’ isn’t America’s biggest source of inequality. College is.



WASHINGTON, DC - Protestors listen to speeches at the "Occupy Wall Street" protest in from of the Washington, DC on October 6, 2011.(Photo by Linda Davidson / The Washington Post)
File: Protesters listen to speeches at the "Occupy Wall Street" protest in from of the Washington, D.C. on October 6, 2011. (Photo by Linda Davidson / The Washington Post)
One of the striking stories in the American economy over the last several decades is just how much the incomes of the super-rich have grown, compared to the incomes of everyone else.
But what if that the focus on those super-rich - the top 1 percent of all earners - has overshadowed a larger, more troubling gap: the widening one between college graduates and workers whose education stopped after high school?
That's the argument MIT economist David Autor makes in a brief research paper out Thursday - that "the growth of skill differentials among the 'other 99 percent' is arguably even more consequential than the rise of the 1% for the welfare of most citizens."
By Autor's calculations, if you'd taken all the income gains that flowed to the 1 percent over the last 35 years and redistributed them evenly to everyone else in the economy, that would have delivered an extra $7,100 a year to every household in the bottom 99 percent. That's a lot of money. But it's not as much as the growing pay differential between workers who went to college and those who didn't.
In the last 35 years, he calculates, the so-called college premium - the boost in your paycheck from earning a diploma - increased by $28,000, adjusted for inflation. So if you took that entire increase and redistributed it to non-college workers, you'd be giving them a raise four times the size of the 1 percent redistribution.
As he described it in an interview:
Imagine two people, average people, four people who go to the same high school, two men, two women. One of the men and one of the women decide to go to college, and one of the men and one of the women decide to call it off in high school. Let’s say that happens in 1979… at the time, they could have expected the college graduate family would earn about $30,000 more a year than the high school grad family...
Now, roll the tape forward 23, 24 years, and that annual gap has expanded from $30,000 to $58,000. So, almost doubled. So what might have looked reasonable in 1979 now looks like a bad bet.
Contrasting that increase with the growing income share of the 1 percent isn't exactly apples to apples. But Autor says it should be sufficient to challenge Americans' perceptions of inequality - and push policymakers toward more efforts to lift lower-skill workers up.
“I don’t mean to say the 1 percent thing is not a big deal. It is,” he said. But the "real reason to worry about inequality," he added, is "because of the falling bottom.”
Autor has spent much of his career tracking the forces that have hurt workers and incomes at the bottom, most notably outsourcing and automation trends that have reduced the value of physical labor and increased the value of brainpower. (In this paper, he notes that workers have also suffered because of steadily reduced power to bargain for better wages.) Workers have been relatively slow to catch on, he says - but there's hope.
"Prior cohorts of U.S. students, particularly males, were slow to react to the rising return to education during the 1980s and 1990s," he writes in the paper, "but the message appears to have finally gotten through. During the first decade of the 21st century, the U.S. high school graduation rate rose sharply after having been essentially stagnant since the late 1960s. This unanticipated rise was followed just a few years later by a surge in college completions."
Once that surge began, he notes, the college premium stopped going up.

A "financeirizacao": um fantasma da esquerda economica - Pierre Salama(Attac France)

A "financeirização" é um monstro metafísico que costuma constituir a obsessão especial dos economistas de esquerda, sempre vitimados pelo stalinismo industrial que os caracteriza.
Paulo Roberto de Almeida 


Financiarisation au Brésil : « un tigre en papier, avec des dents atomiques » ?

Attac France, dimanche 11 mai 2014par Pierre Salama
À l’inverse, cette singularité brésilienne masque-t-elle un processus souterrain de décomposition en cours, cache-t-elle des menaces réelles sur l’emploi et les salaires ? Poursuivant dans la métaphore suggérée par le débat entre la Chine et l’URSS concernant les États-Unis, si la financiarisation est un tigre en papier, a-t-elle des « dents atomiques » ou, dit autrement, a-t-elle, à terme, des conséquences très graves au niveau de l’emploi et des salaires ?
Il en est de la financiarisation comme des miracles : ce sont le plus souvent des mirages. La désindustrialisation se rapproche d’un point de non retour au Brésil, les importations augmentent vertigineusement, surtout celle des biens industriels de moyenne et haute technologie, la vulnérabilité externe s’accroît et la dépendance vis-à-vis de l’exportation de matières premières est de plus en plus périlleuse, la croissance ralentit fortement et déjà la hausse des salaires réels devient de plus en plus modeste. L’essor de la financiarisation est-il principalement responsable de la désindustrialisation et des nouvelles formes de vulnérabilité au Brésil, ou bien faut-il chercher les principales causes de celles-ci à la fois dans la financiarisation et dans l’exportation de matières premières en plein essor dans les années 2000 ?
Après avoir défini ce qu’on entend par financiarisation et désindustrialisation et souligné l’originalité de la voie brésilienne, nous chercherons à expliquer pourquoi les salaires et les emplois ont augmenté alors que dans d’autres pays ils ont régressé, nous analyserons les limites de ce modèle et nous montrerons combien le « tigre en papier » qu’est la financiarisation peut s’avérer dangereux tant pour les emplois que pour les salaires.
Ler a íntegra no site da Attac France (attac.org.fr)

Luiz Gama: um intelectual negro no Brasil escravagista - Ligia FonsecaFerreira (Pesquisa Fapesp)

HUMANIDADESEscravo e abolicionista
Depois de ter sido vendido pelo pai, Luiz Gama transformou seu drama pessoal em luta pela Abolição e pela República
EDUARDO NUNOMURA |
Pesquisa Fapesp,  Edição 219 - Maio de 2014

Luiz Gama foi um personagem tão extraordinário quanto complexo, a começar por suas qualificações: abolicionista, republicano, poeta, advogado, jornalista e maçom. Pertenceu a uma geração que preparou a derrocada do Segundo Império no Brasil, no século XIX. Com a pena e a oratória, embrenhou-se na luta contra os conflitos da época, tais como as relações entre Igreja e Estado, Monarquia e República, raça e nação. Tomava o partido das causas libertárias e havia um sentido pessoal nessa escolha: Gama foi escravo, que tinha sido vendido por seu pai quando criança. Quase adulto, conseguiu conquistar a liberdade. Autodidata, extraiu de sua dramática e épica história de vida força e obstinação para libertar mais de 500 escravos.
Esse personagem batiza logradouros por todo o país, sobretudo em São Paulo, onde foi maior a sua atuação, mas ainda é pouco conhecido. Conhecê-lo, estudá-lo e iluminá-lo tem sido uma tarefa de pesquisadores como Ligia Fonseca Ferreira, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Autora de uma tese de doutorado sobre a vida e obra do ex-escravo defendida na Universidade de Paris III – Sorbonne Nouvelle, Ligia é negra e assume a responsabilidade de estudar um personagem com quem guarda relações mais complexas que a de um pesquisador neutro diante de seu objeto. “Às vezes, minimiza-se, quando não se invisibiliza, o trabalho dos pesquisadores negros a respeito de personagens históricas negras que afirmaram esta condição”, afirma.
A contribuição de Ligia para a compreensão de Luiz Gama é ímpar. Ela organizou a reedição crítica das Primeiras trovas burlescas & outros poemas de Luiz Gama(Martins Fontes, 2000) e Com a palavra, Luiz Gama. Poemas, artigos, cartas, máximas (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2011). De formação em letras, com ênfase na área de língua e literatura francesa, Ligia tomou conhecimento do abolicionista quando realizava pesquisa na Sorbonne sobre a literatura negra no Brasil entre 1987 e 1988. Gama era ninguém menos que o pioneiro. Mas diante da fragmentada documentação sobre o poeta, e já mirando um doutorado, a solução foi percorrer bibliotecas, centros de estudos e até sebos de livros. O que encontrou não foi pouco.
As Primeiras trovas burlescas de Getulino foram publicadas em 1859, em São Paulo, àquela altura uma província de poucos leitores, escassos escritores e parcas tipografias e livrarias. O livro continha 22 poemas de sua autoria e três do político e professor de direito José Bonifácio, o Moço. A escolha do pseudônimo “Getulino”, derivado de “Getúlia”, território do norte da África, já indicava o posicionamento de um autor de origem africana, adentrando o restrito círculo de letrados, privilégio de brancos. Dois anos mais tarde, ele reedita a obra no Rio, na mesma gráfica que imprimia romances de José de Alencar. Na segunda edição, “correcta e augmentada”, publicou 39 poemas, dos quais 20 inéditos.
No Brasil escravocrata, escrever e ser lido eram duas formas de se manter próximo do poder. Procure se colocar no lugar de um ex-escravo, no início dos anos 1860. Imagine então usar seus escritos para satirizar os políticos e os costumes, parodiar as instituições arcaicas, criticar os “doutores” e trazer à tona os temas da corrupção, do preconceito racial, do embranquecimento dos mulatos que renegavam as raízes e do anticlericalismo. Segundo a pesquisadora, Luiz Gama fez isso com essa obra. Ao publicar em 2000 uma versão compilada com a produção poética integral do abolicionista, Ligia abriu um frutífero campo de estudos.


No periódico Cabrião, Luiz Gama empunha a bandeira dos liberais dissidentes que não aceitam a República sem o fim da escravidão; no destaque
Luiz Gama nasceu em 21 de junho de 1830 em Salvador, filho de uma africana livre, a “altiva” Luiza Mahin, e de um fidalgo de origem portuguesa e membro de uma importante família baiana. O abolicionista jamais revelou o nome do pai que o vendeu como escravo. Foi entregue ao negociante e contrabandista Antônio Pereira Cardoso, que, sem conseguir revendê-lo, acabou ficando com o garoto de 10 anos. Gama aprendeu a ser copeiro, sapateiro, a lavar e engomar, e a costurar. Sete anos mais tarde, conviveu com o estudante Antônio Rodrigues do Prado Junior, que lhe ensinou as primeiras letras. Em 1848, “havendo obtido de forma ardilosa e secretamente provas inconcussas de sua liberdade”, segundo seu próprio relato, foge da casa de Cardoso.
Apenas dois anos antes de sua morte, em 25 de julho de 1880, Luiz Gama envia carta a Lúcio de Mendonça, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, revelando fatos inéditos de sua biografia. Ligia encontrou esse documento na Biblioteca Nacional, no Rio. “É um dos poucos relatos da vida de um ex-escravo no Brasil. Na história dos negros e das letras brasileiras, não há equivalentes das memórias de escravos, tão frequentes nos Estados Unidos”, diz. Esse texto é fundamental para compreender como Gama se tornou uma voz influente nos movimentos abolicionista e republicano.
A esse documento se soma uma carta anterior, de 26 de novembro de 1870, também na Biblioteca Nacional e publicada por Ligia no livro Com a palavra, Luiz Gama. Poemas, artigos, cartas, máximas – obra que traz uma seleção de mais de 40 textos de Gama, vários inéditos, e também cerca de 30 ilustrações, além de seis ensaios da autora. O destinatário da carta era José Carlos Rodrigues, fundador de O Novo Mundo, primeiro periódico em português publicado nos Estados Unidos. O abolicionista fala sobre o movimento republicano no Brasil e sobre a loja maçônica América, fundada por ele e um grupo de liberais que contava, entre seus membros notáveis, com Rui Barbosa e Joaquim Nabuco. “Asseguro-te que o partido republicano, graças à divina inépcia do sr. D. Pedro II, organiza-se seriamente em todo o império”, escreveu. Mas, segundo Ligia, defendia que a instauração de uma República deveria vir acompanhada da Abolição. A convicção era tamanha que ele abandonou a Convenção de Itu (1873), ao encontrar cafeicultores contrários à emancipação dos escravos na fundação do Partido Republicano Paulista.


Anúncio em que Luiz Gama oferece sua mão de obra
Naquele momento, Luiz Gama já era uma personalidade. Em 1864, havia fundado, ao lado do caricaturista italiano Angelo Agostini, o Diabo Coxo, primeiro periódico humorístico ilustrado da capital paulista. Dois anos depois, colaborou no semanário Cabrião, também com Agostini e Américo de Campos. Em polêmicos artigos, criticava com veemência o regime escravocrata e passava a sofrer perseguições políticas. Sua ira se voltava contra o uso abusivo do Poder Moderador e o próprio imperador dom Pedro II, cuja imagem havia sido abalada na Guerra do Paraguai (1864-1870).
Em 1869, Luiz Gama obteve autorização para exercer a profissão de advogado em primeira instância, mesmo ano em que funda o Clube Radical Paulistano com outros membros da Loja América. Com sólidos argumentos, Gama revela a fragilidade do sistema judiciário. De acordo com a pesquisadora, além das críticas, tratou de inovar no plano jurídico, como quando desenterrou a Lei de 7 de novembro de 1831, que extinguiu o tráfico negreiro, para conseguir libertar africanos comercializados depois dessa data. Em um processo de 1869, entrou em choque com um dos principais juízes da capital, Rego Freitas, a quem exigiu que “respeita[sse] o direito e cumpri[sse] seu dever, para o que é pago com o suor da nação”. O discurso de Gama continua atualíssimo.
Foi também proprietário e redator do semanário político e satírico O Polichinelo(1876). A imprensa e a maçonaria foram fundamentais para o ativismo de Gama, porque lhe franquearam espaço para defender os ideais republicanos e o apoiaram na libertação dos escravos. No século XIX havia outros negros abolicionistas, como os jornalistas Ferreira de Menezes e José do Patrocínio ou o engenheiro André Rebouças, mas nenhum deles vivenciou o drama da escravidão. Pode-se comparar o brasileiro só a abolicionistas americanos, como os ativistas Frederick Douglass, autor de The life of an american slave (1845), ou Booker T. Washington, autor de Up from slavery (1901).
Gama manifestava admiração pelos Estados Unidos, para ele “o farol da democracia universal”. Um modelo exemplar: república federativa, de cidadãos livres e iguais, e ancorada nos ideais iluministas da liberdade, igualdade e fraternidade. Incomodava ao abolicionista o fato de que o Brasil se mantinha como única monarquia das Américas e última nação escravagista do Ocidente. A pesquisadora não deixa de questionar, no artigo “Representações da América nos escritos de Luiz Gama”, a ser publicado na Revista de Estudos Afroasiáticos, a ausência de alusões por parte de Gama aos conflitos raciais e à segregação dos negros nos Estados Unidos pós-escravista.
Ligia chama atenção para o fato de ele jamais ter mencionado Joaquim Nabuco em seus escritos, numa recíproca quase verdadeira. Isso decorreria do fato de que o também líder na luta antiescravista era filho de Nabuco de Araújo, ex-presidente da província de São Paulo e denunciado por Gama por sua conivência com a escravização ilegal de africanos. Gama, provavelmente cansado de esperar pela libertação dos africanos, defendia a incitação de um movimento popular, já que, para ele, se a insurreição é um “crime”, a “resistência” afigura-se como “virtude cívica”. Já Joaquim Nabuco estava convencido de que a Abolição deveria ser feita pela via parlamentar.
Luiz Gama morreu em 1882, antes de testemunhar a libertação dos escravos e o fim do Império. Para a pesquisadora, ele foi poupado de ver a República nascer de um golpe militar, constatar que os ideais de igualdade entre os homens não foram aplicados e que a campanha imigrantista tinha, entre seus propósitos, embranquecer o Brasil para eliminar os traços da estigmatizada e incômoda presença africana no país.
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