O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Conferencia Internacional de Historia Economica: calendario para inscricao de trabalhos - ABPHE

6a Conferência Internacional de História Econômica & VIII Encontro de Pós Graduação em História Econômica

Lembramos que a data limite para a submissão de artigos é 30 de abril de 2016.

A 6a Conferência Internacional de História Econômica & VIII Encontro de Pós Graduação em História Econômica tem por objetivo oferecer um espaço para a apresentação das pesquisas de alunos de graduação e pós-graduação, contando também com conferências e mesas redondas de professores e pesquisadores reconhecidos da área. Em 2016, estes eventos serão realizados na Universidade de São Paulo (FEA-USP), entre os dias 19 e 21 de julho de 2016 e ocorrerão concomitantemente ao Quinto Congresso Latinoamericano de História Econômica (CLADHE V).
[PRA: Vou participar de uma mesa redonda nesse CLADHE]

Convidamos exclusivamente graduandos e pós-graduandos com trabalhos em História Econômica, História Social, Pensamento Econômico e História de Empresas para enviarem artigos ao Encontro.

Para mais informações consulte a página http://www.abphe.org.br/congresso/abphe2016  ou escreva para: abphe2016@gmail.com

Cronograma
    1 - Data para submissão dos artigos (artigos completos): 01 a 30 de abril de 2016;
    2 - Divulgação dos artigos aprovados: 31 de maio de 2016;
    3 - Pagamento das inscrições: até dia 12 de julho de 2016.

Valores das inscrições
Estudantes de graduação: R$ 60,00
Estudantes de pós-graduação (sócios*): R$ 100,00
Estudantes de pós-graduação (não sócios): R$ 180,00
* Válido para associados com as anuidades em dia.

Submissão
O artigo deverá ser submetido até o dia 30 abril de 2016 exclusivamente pelo e-mail do evento: abphe2016@gmail.com.

Imepachment = "maquiavelismo de provincia"? - entrevista Celso Amorim

Curioso: será que ele acha que o impeachment contra o presidente Collor, também acusado de corrupção, foi igualmente uma conspiração das elites e um "maquiavelismo de província"?
Será que ele acredita realmente que nem Dilma nem Lula estavam ou estão envolvidos em todos os casos de corrupção, que tudo se passou à revelia e no desconhecimento completo de ambos?
Será que ele é ingênuo a esse ponto?
Ou está apenas sendo, como sempre foi, um fiel aliado dos companheiros que tomaram o Brasil de assalto em 2003, e que, a pretexto de fazer justiça social, e distribuição de renda, comandaram ao mais gigantesco esquema de corrupção de toda a história nacional e um dos maiores do mundo?
O que será que ele pensa realmente da Petrobras?
Não vou comentar suas muitas declarações, pois perderia muito tempo com algo que não merece que eu deixe coisas mais importantes de lado para rebater o que considero -- eu sempre digo o que penso -- argumentos de pura má-fé de profunda desonestidade.
Paulo Roberto de Almeida

Impeachment é ‘maquiavelismo de província’, diz Celso Amorim

  • 15 abril 2016
  • 22 comentários
(video neste link: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/04/160414_celso_amorim_ping_jp)
Às vésperas da votação do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores no governo Lula e da Defesa no governo Dilma, diz temer graves retrocessos num novo governo, e aponta elementos de "conspiração" e "maquiavelismos de província" em torno da movimentação pelo fim do mandato da presidente.
Tido como um dos mais influentes chanceleres da história recente do país, na carreira diplomática desde 1965, Amorim avalia que as elites se tornaram "intolerantes" com o projeto petista de promover maior igualdade social no país, e se diz temeroso pelo futuro da política externa brasileira num eventual governo chefiado pelo atual vice-presidente Michel Temer.
Para ele, haveria um gradual enfraquecimento da posição brasileira no Mercosul e na Unasul, e forte tendência de adoção de posições "subalternas" em relação aos Estados Unidos e à União Europeia, além de retrocessos nas áreas social e econômica.
Apesar de não esconder divergências com Dilma, sobretudo em relação ao "constrangimento e dificuldades" enfrentadas pelo Itamaraty, Amorim defende a continuidade do governo e classifica o impeachment como "golpe", além de não ver indícios de crime de responsabilidade por parte da presidente, avaliando as pedaladas fiscais, principal argumento do pedido, como "tecnicalidades".

Em entrevista à BBC Brasil no Rio de Janeiro, o ex-chanceler admitiu que o PT cometeu equívocos no governo e disse que atos de corrupção devem ser punidos, mas apontou que a operação Lava Jato tem usado a prisão preventiva como mecanismo de "tortura" e teceu críticas ao uso das delações premiadas nas investigações.

Veja os principais trechos da entrevista:

BBC Brasil - Como o senhor vê o momento atual do Brasil, e como acredita que os potenciais desfechos da crise política possam impactar o país?
Celso Amorim - Eu vou completar 74 anos em breve e vivi essa história recente do país. Votei nas eleições diretas em 1960, vi o golpe de Estado, a democratização lenta e gradual, a estabilização econômica, e finalmente estava muito feliz porque achava que pela primeira vez o Brasil estava realmente atacando o problema da desigualdade, que é o pior problema do país. Houve pequenas oscilações, mas o fato é que sempre vi o Brasil melhorando, e agora eu estou muito preocupado.
Há muitos anos eu não vejo o país tão dividido, e achava que nunca mais veria uma tentativa de ruptura institucional, porque é de fato uma ruptura, algo muito diferente do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, porque agora não há uma imputação clara de crime. Há no máximo uma tecnicalidade, e você pode dizer que foi impróprio ou não, mas essa é a razão do pedido de impeachment, embora eles tentem misturar com outros fatos que, na minha opinião, alguns ocorreram, e outros não se tem certeza. Mas aqui a suspeita já ganha foro de verdade imediatamente.
BBC Brasil - Membros do PT, de sua base, e a própria presidente Dilma Rousseff classificam o impeachment como um "golpe". O senhor concorda?
Amorim - Sim, de certa forma, sim. Sem os militares, como no passado, mas usando meios constitucionais para um fim inconstitucional, porque não há nada que prove crime de responsabilidade da presidenta.
Eu acho que há dois pecados que você não pode cometer diante da elite do Brasil, e que já aconteceram outras vezes na nossa história. Eles não aceitarão um governo que lute por mais igualdade e não aceitarão um governo que queira uma posição mais autônoma no cenário mundial. E quando você tem as duas coisas juntas, aliadas a uma situação econômica difícil, chega-se à situação em que estamos agora.

As elites nunca realmente aceitaram um metalúrgico na Presidência, o PT na Presidência, e uma mulher na Presidência, sobretudo uma mulher que teve a importância que ela teve em lutar contra a ditadura. Mas enquanto a economia estava indo bem, os pobres melhorando de vida, não só em termos absolutos, mas também relativos, e os ricos também melhorando, ainda havia alguma tolerância.
Quando as coisas começaram a apertar, o que é muito parecido com o que aconteceu em 1964, e o dinheiro parou de entrar, houve uma mudança de visão dessas pessoas que nunca aceitaram um Brasil mais igualitário, menos racista, e mais presente no cenário mundial.

 
Apesar de reconhecer divergências com Dilma, Amorim defende mandato de presidente
BBC Brasil - De um lado há acusações de "golpe". Do outro, acusações de corrupção, delações premiadas e os indícios da operação Lava Jato, além do escândalo do Petrolão. Como o senhor se posiciona?
Amorim - Eu não estou negando que tenha havido corrupção de muita gente. Mas não houve corrupção do ex-presidente Lula ou da presidenta Dilma. As acusações contra eles aliás são ridículas, e Dilma nem está sendo acusada de corrupção propriamente.
O processo de impeachment não é sobre isso. Se você está falando do escândalo da Petrobras, de bilhões, o ex-presidente Lula ganhou o quê? Uma reforma no banheiro? Um bidê a mais? Num sítio que nem é dele?
E é perfeitamente normal que o sítio não seja dele, e que um homem com a trajetória dele tenha um amigo que queira ceder a ele o lugar, mas achar que isso tem a ver com algum vício de licitação no passado é uma visão totalmente absurda. Agora, que há corrupção, é claro que há. Eu não posso dizer que é tudo uma grande conspiração porque eu não tenho provas, mas que é muito estranho, é.
BBC Brasil - Ao que o senhor se refere exatamente com o termo "conspiração"?
Amorim - Quando eu digo conspiração, é no sentido de primeiro se achar um culpado e depois procurar o crime. Todo este processo é muito estranho, e se não é uma conspiração, certamente parece uma.
Outra coisa que faz parecer uma conspiração é quando você analisa em conjunto tudo o que está acontecendo. Estão atacando o petróleo, a energia nuclear, as empresas nacionais, o instrumento principal de presença econômica no exterior, que é o BNDES, as lideranças do PT.

É muita coisa junta para você achar que não tem nada de estranho. É muita ingenuidade achar que essas coisas acontecem por coincidência. Por que o ex-presidente Lula foi detido? Fizeram isso para humilhar o presidente que encarnava as reformas e a autonomia do país, como tentaram humilhar o Getúlio Vargas. Isso não é novo no Brasil.
Eu não tenho provas disso, então seria leviano dizer que há uma conspiração, mas que parece, parece. Como houve com o Getúlio. O que ficaram das acusações de corrupção contra o Getúlio, um nacionalista que defendia os pobres? Um sítio que um filho dele vendeu para um segurança. Talvez uma coisa condenável, que tinha que ser apurada, mas não para derrubar um presidente.
Os atos de corrupção têm que ser punidos, mas quando houver um nexo causal comprovado. Não é porque alguém emprestou um sítio para o ex-presidente e reformou o banheiro do sítio que você vai ligar isso a licitações que ocorreram e envolveram bilhões de dólares. É uma coisa que não convence ninguém.
BBC Brasil - Qual é a sua opinião sobre a operação Lava Jato?
Amorim - Eu não posso negar que houve atos de corrupção e que eles têm que ser punidos. Disso não há a menor dúvida. Agora, eu também vejo, e não sou só eu, é também a opinião de juristas, alguns até conservadores, que o tipo de delação premiada como existe no Brasil é uma coisa que não existe em lugar nenhum do mundo.
Eu estava nos EUA na época da queda do ex-presidente Richard Nixon, por exemplo. Havia delação premiada, mas não dessa maneira. Não usando a prisão preventiva, que é uma coisa que tem outros objetivos, como impossibilitar a fuga do país ou impedir crimes que possam continuar a ser cometidos. Estão usando a prisão preventiva quase como se fosse uma tortura.
A combinação da prisão preventiva prolongada, dos vazamentos seletivos e do tratamento da mídia é muito preocupante. A imprensa age como se estivesse organizando a hegemonia intelectual para um golpe.
BBC Brasil - Qual é a opinião do senhor sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha?
Amorim - Eu não vou fazer julgamentos, não vou falar sobre pessoas específicas. Agora, é um fato óbvio que pesam sobre ele acusações infinitamente mais graves, não estou dizendo que estão provadas, tudo ainda tem que ser provado, mas infinitamente mais graves do que as que pesam sobre a presidenta.
BBC Brasil - Mas o senhor concorda com a maneira como ele vem desempenhando seu papel institucional, de presidente da Câmara?
Amorim - Há que se ver a maneira como ele usa o poder, claro. Quando ele diz que tem mais nove pedidos de impeachment para apresentar, isso é de uma leviandade absurda, porque das duas uma: ou os processos são sérios e ele já deveria tê-los apresentado, ou eles não são sérios e ele não pode apresentá-los agora, como retaliação porque também houve um movimento pelo impeachment do vice-presidente.
Mas enfim, estou dando minha opinião pessoal, como cidadão. Nós vivemos num país em que ainda é possível que todo cidadão dê sua opinião e eu estou dando a minha, mas não posso julgá-lo. Eu acho que ainda vai haver o julgamento adequado, na instância certa, mas é uma pena que demore tanto.

Há grande diferença entre impeachments de Dilma e Collor, diz Celso Amorim
BBC Brasil - Como o senhor avalia o cenário de aprovação do impeachment e um eventual governo Temer?
Amorim - Eu acho que será um retrocesso na área social, na área econômica, e será um retrocesso, sem dúvida alguma, na área da política externa e na defesa da soberania brasileira no exterior. Eu acho que obviamente o país sobreviverá, agora o custo é muito grande. Vai ser um custo humano tremendo.
Quando as pessoas perceberem claramente que o objetivo é atingir o Lula, e atingir não só a Dilma, mas esses programas sociais todos, eu acho que a reação vai ser muito grande, e, somada à essa reação, (há) a situação econômica difícil.

As organizações sociais que podem até ter um certo comedimento em função de elas se verem identificadas com o governo, ainda que não concordem com tudo que o governo está fazendo, isso não vai haver mais. E aí teremos a possibilidade de que ocorram mais manifestações e greves, e se isso acontecer eu temo que haja mais repressão, e que isso leve o Brasil a ser um Estado mais intolerante, e isso é muito grave.
BBC Brasil - O senhor tem críticas quanto à condução da política externa no governo Dilma?Amorim - Eu fui crítico de algumas atitudes da presidenta, eu achei mesmo que não tinha mais sentido continuar no governo. No Ministério da Defesa, a tarefa que eu achava que tinha que cumprir, em relação à Comissão da Verdade, eu acho que eu cumpri, e a presidenta também nos ajudou a manter programas importantes, como o submarino nuclear e a decisão sobre os caças.
Mas ao mesmo tempo eu não gostava de ver o Itamaraty constrangido e com dificuldades. Mas, deve-se dizer, ela soube manter a altivez. Ela não mudou o tom. Ou seja, quando um órgão do governo americano, a (agência de segurança nacional) NSA, veio aqui espionar, ela manteve uma atitude altiva e cancelou uma viagem aos EUA.
A formação do Banco dos Brics também foi muito importante. Em duas ou três posições eu teria dado o meu conselho, se ela tivesse pedido, e faria um pouquinho diferente do que ocorreu, mas são problemas menores dentro de um quadro maior. Eu costumava dizer que a política externa era altiva e ativa. Ela diminuiu em atividade mas não diminuiu em altivez, e isso é muito importante.
BBC Brasil - O senhor acha que as relações exteriores num eventual governo Temer caminhariam mais rumo a modelos de relacionamento com os Estados Unidos como os do Chile e da Colômbia, com acordos em que os países latino-americanos tendem a ceder em troca da parceria comercial?
Amorim - A tragédia para eles é que nem isso eles vão conseguir, porque o Brasil é muito grande, muito diversificado. O Brasil não é um país que pode se especializar em apenas duas ou três áreas de produção industrial.
Eles não vão conseguir, mas vão tentar, e, ao tentar, vão destruir um pouco da base que foi criada. Essa visão de integração da América do Sul, a primeira vez em 200 anos que o continente tem uma organização própria, obviamente incomoda muita gente.
Ninguém vai dizer "vamos acabar com a Unasul, vamos acabar com o Mercosul". Eles vão dizer "vamos flexibilizar o Mercosul, vamos abrir a Unasul para entrar um ou outro país de fora da América do Sul, com perspectivas diferentes". "Vamos fazer uma associação com a Aliança Para o Pacífico". É isso que vai acontecer. Ninguém vai dizer "vamos acabar com a política africana", mas dirão "vamos agrupar as embaixadas na África".

 
Ex-ministro aponta chances de grandes mobilizações e greves caso impeachment ocorra
BBC Brasil - E quanto à relação do Brasil com a União Europeia e os Estados Unidos?
Amorim - A nossa relação com a União Europeia e os Estados Unidos vai ser uma relação de inferioridade, porque o Brasil era muito valorizado. Eu temo que de certa forma a gente aceite ou até procure uma posição de subordinação. Alguém inventou essa expressão "subalternidade estratégica", e eu acho que é um pouco a visão que eu temo que vá prevalecer se o impeachment vencer.
BBC Brasil - Na visão do senhor o PT cometeu equívocos que possam ter colaborado para a situação atual?
Amorim - Eu não preciso apontar os equívocos porque isso aí a oposição se encarrega de apontar, exagerar e multiplicar. Agora eu não vou dizer que não se cometeram equívocos, claro.
Houve uma época em que as empresas nacionais estavam achando muito bom ter isenções fiscais, e também as estrangeiras que investiam aqui. Foi um erro, mas talvez com os dados da época se achava que era possível. Todo governante acha que as coisas boas vão continuar para sempre e as coisas ruins vão desaparecer.
Talvez seja uma condição psicológica quase que essencial para você governar. Então talvez tenha havido essa esperança de que a crise internacional fosse passar, de que o preço das commodities fosse subir de novo, e de que as concessões pudessem ser absorvidas.
Não ocorreu isso, e foi um erro, mas eu não acho que a crise brasileira tenha acontecido por causa disso, e de qualquer maneira não é justificativa para a instabilidade institucional que está sendo criada e que vai perdurar por muito tempo se o impeachment for vitorioso.

BBC Brasil - Qual é a expectativa do senhor para a votação do impeachment marcada para domingo?
Amorim - É óbvio que eu gostaria que o impeachment fosse recusado, porque aí sim as instituições brasileiras teriam demonstrado força. Eu fui recentemente a este ato chamado Cultura e Democracia, aqui no Rio, e vi a verdadeira alma do povo brasileiro ali.
Negros, brancos, pessoas do hip hop, teatrólogos, escritores, o que é o Brasil verdadeiro, que capta o sentimento real do povo, então eu acho que esses maquiavelismos de província que estamos assistindo e essas atitudes muito pouco conducentes a uma decisão equilibrada são muito lamentáveis.
Eu me identifico com o ex-presidente Lula, e com a presidenta Dilma, apesar de algumas vezes eu ter sido crítico de algumas coisas da área de política externa, não me identifico com ela, com seus objetivos, mas eu acho que é muito necessário para o Brasil que não ocorra o impeachment, porque se ocorrer nós vamos ter um período muito longo de instabilidade social.
Vamos perder muito em termos de ativos, de estrutura, e não é só o PT que perde, é o país que perde. Por que não fizeram como os argentinos? Esperaram acabar o mandato e aí ganharam a eleição. É mais simples, mais democrático, e menos contestável.

Impeachment: minha avaliacao geral da fase atual - Paulo Roberto de Almeida


Minha última avaliação do processo político atual, antes de meu "recolhimento" para o trabalho, e vencida a etapa decisiva da atual novela do impeachment:

Muita gente, não só entre governistas, mas entre acadêmicos igualmente, partilha de certa visão conspiratória do processo de impeachment, esquecendo, ou negligenciando, que tanto Temer quanto a "oposição" (medíocre) foram basicamente passivos durante todo o período.
Quem realmente impulsionou o processo foram as ruas, a cidadania consciente, representada pelos movimentos MBL e VPR, e indiretamente a Operação Lava Jato, que levantou a indignação geral e praticamente obrigou os principais atores a atuar. As fase variaram em função da dinâmica do processo, por vezes nas ruas, outras vezes em Curitiba, e por episódios no STF, no Congresso, e no próprio Planalto, que ajudou na sua própria contestação.
Todos eles contribuiram, voluntariamente ou não, para o desenrolar do processo, e alguns atores foram mais decisivos do que outros, mas NUNCA houve uma direção central do processo, o que a visão conspiratória supõe.
Ou seja, ocorreu uma dinâmica impessoal, imprevisível, incontrolável por qualquer uma das forças e atores individualmente, e que foram se juntando no caudal que se manifestou no plenário da CD em 17/04/2016.
O que vem pela frente, será mais "controlável" por atores determinados, mas pressões diretas e indiretas continuarão a vir das ruas e de Curitiba, com a cooperação involuntária da inépcia dos protagonistas do Planalto.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 18 de abril de 2016

Addendum: uma nota econômica adicional: 

Cidadão consciente: NÃO PENSE que o buraco a ser enfrentado pelo próximo governo vai se reduzir aos 130 ou 150 bilhões de reais de déficit orçamentário, a serem cobertos nos próximos 2 a 3 anos (o que é apenas o lado fiscal das perdas, sem contar, portanto, o chamado custo-oportunidade, ou seja, tudo o que já perdemos e que ainda vamos perder com a Grande Destruição lulopetista). Pense não só na Petrobras, mas em todas as outras agências públicas e fundos de pensão que foram DILAPIDADOS pelas ratazanas vorazes do partido totalitário. A CONTA É IMENSA, e ela inevitavelmente vai ser paga por todos nós, sob a forma de MAIS INFLAÇÃO, mais JUROS da dívida pública, mais DÍVIDA PÚBLICA, os três juntos e por longos anos, décadas à frente. O Brasil vai enfrentar esses problemas por DÉCADAS, e essa é a herança dos mafiosos que assaltaram o Brasil em 2003.

Atencao: meu celular vai ter mais um digito, 9, a partir de 29 de maio

Recebo, do meu provedor de telefonia celular, este aviso:

A partir de 29/05/2016 será incluído o digito 9 antes do seu número celular atual (9XXXX-XXXX).

Esta disposição se aplica a todos os celulares de Brasilia, como já ocorreu em outras capitais do país.
Portanto, aqueles que necessitam entrar em contato comigo a partir do final de maio, e que já dispõem de meu número de celular, devem registrar essa mudança em suas agendas.

Paulo Roberto de Almeida

Blog Diplomatizzando: estatisticas e balanço de uma fase - Paulo Roberto de Almeida

Estamos com o impeachment já praticamente assegurado. "Perdi" muito tempo em atividades acessórias aos objetivos fundamentais deste blog e do meu site (www.pralmeida.org), que se destinam a atividades basicamente didáticas, dirigidas a alunos, estudantes em geral, pesquisadores, curiosos em temas de políticas públicas, especialmente em economia, relações internacionais e política externa do Brasil, que constituem os temas e objetos fundamentais de minhas pesquisas, aulas, escritos.
Digo que "perdi" tempo num sentido puramente anedótico, uma vez que nunca colocaria quaisquer interesses intelectuais, ou atividades didático-profissionais, acima e além de minha condição básica, fundamental, essencial, de cidadão consciente de seus deveres em face da comunidade política que integro, aliás numa certa situação privilegiada, como funcionário público, da carreira diplomática, sendo parte, portanto, daquilo que se chama de "elite brasileira" (embora eu mesmo não me considero como parte dessa elite, uma vez que não tenho quaisquer funções relevantes nessa comunidade restrita, sendo apenas um observador bem informado sobre o que se passa dentro e fora dela).
Pretendo simplesmente fazer um balanço das postagens efetuadas nos últimos tempos, uma vez que decidi agora fazer uma inclinação em minhas atividades, menos voltadas para o ativismo cidadão, e mais voltadas para os objetivos fundamentais descritos acima: leitura, pesquisa, escritas e aulas nos meus temas e assuntos prioritários.
Aqui vão, portanto, as estatísticas coletadas pelo próprio blogspot (Google).


Diplomatizzando (estatísticas em 18 de abril de 2016): 
Visão geral do Blog
Pageviews today: 1,912 

Pageviews yesterday:  
2,444
Pageviews last month
:   81,437
Pageviews all time history
:    4,430,230
Postagens:
EntryPageviews
960
399
365
147
138

Posts:


Entry
Pageviews
Apr 14, 2016,
960
Apr 12, 2016,
400
Apr 16, 2016,
368
Oct 7, 2014,
151
Apr 17, 2016,
138
Apr 7, 2016,
128
Apr 14, 2016,
121
Apr 12, 2016,
116
Mar 28, 2012,
113
Apr 18, 2016,



Visitas por países: 

EntryPageviews
Brazil
10529
United States
1728
Germany
1022
Ukraine
567
Japan
555
France
356
Portugal
121
Russia
108
Spain
95
United Kingdom   61

Visitas por tipo de ferramenta: 
EntryPageviews
Chrome
10322 (61%)
Firefox
2810 (16%)
Safari
2028 (12%)
Internet Explorer
615 (3%)
OS;FBSV
212 (1%)
Mobile Safari
211 (1%)
SamsungBrowser
178 (1%)
Mobile
127 (<1%)
Dragon
83 (<1%)
Opera
65 (<1%)

Visitas por sistema operacional: 
EntryPageviews
Windows
8005 (47%)
Android
3725 (22%)
Macintosh
2395 (14%)
iPhone
1548 (9%)
Linux
562 (3%)
iPad
493 (2%)
Unix
164 (<1%)
compatible
23 (<1%)
Android 5.1
12 (<1%)
Android 5.0
3 (<1%)

Palavras-chave de busca: 

Entry
Pageviews
georges moustaki mae judia 
5
como citar abnt livro kindle
2
Diplomatizzando: finalmente-carta-renuncia.html
2
hayek “os usos do conhecimento na sociedade,
1
a crise do méxico em 1982
1
a guerra de 1914-18 e o brasil
1
a nova desordem geográfica mundial
1
analise do contexto politico,social e economico no brasil atual
1
beneficios de um diplomata
1
brasil continua acreditando em politicas setoriais
1

Paulo Roberto de Almeida

Impeachment: gráficos sobre o perfil dos deputados e partidos - Nexo

Os 15 gráficos construídos pelo jornal Nexo são essenciais para se compreender o perfil social e ideológico dos deputados na votação do impeachment. Descontando a unanimidade contrária -- do PT, do PCdoB, do PSOL, que foram 100% opostos à abertura do processo de impeachment -- e aquela politicamente decidida -- como a do PDT, por puro oportunismo do seu atual manda-chuva, ainda assim parcialmente, pois alguns não aceitaram sua prepotência -- os demais votos a favor ou contra podem ter muitas motivações, de origem diversa (ideológica, raiva, frustração, interesses monetários, protesto contra o presidente da CD, crença sincera na honestidade da PR), mas alguns perfis sociais (negros, mulheres, estrato de renda, etc) podem ter maior ou menor identificação com o voto dos deputados.
Neste link, os gráficos:

Gráfico

A votação do impeachment da Câmara em 15 gráficos

Daniel Mariani, Beatriz Demasi, Rafael Iandoli, Wellington Freitas, Ibrahim Cesar e Simon Ducroquet
jornal NEXO, 18 Abril  2016
 
[Os gráficos não são suscetíveis de transposição nesta postagem por características técnicas, por isso, cabe recorrer ao link original acima indicado.]

Paulo Roberto de Almeida 

As tarefas pela frente: desmantelar as bases do fascismo mental - Reinaldo Azevedo e Paulo Roberto de Almeida

Uma análise correta quanto ao que está por trás do imenso movimento da classe média brasileira -- sim, é preciso registrar isso -- que começou a desmantelar as bases do fascismo, incrustado na política e até nas mentalidades. Agora é preciso levar esse desmantelamento até o fim.
Paulo Roberto de Almeida 

Cumpriu-se a primeira etapa que vai livrar o Brasil do governo de Dilma Rousseff. Atingidos às 23h07 os 342 votos necessários, dois terços do total, a Câmara vai autorizar o Senado a abrir o processo de impeachment contra a presidente. Bruno Araújo do PSDB de Pernambuco foi o voto que marcou a vitória. O placar final foi: 367 votos pelo “Sim” à abertura do processo de impeachment, 137 contra, 7 abstenções e 2 ausências. O contraste é simples: trata-se de uma vitória da verdade contra a empulhação. Como chegamos até aqui? É importante começar a contar direito essa história agora, não depois.

E não! Nem todos os que votaram em favor do impedimento da presidente são pessoas que possamos convidar para o jantar. Mas, atenção! Essa não é uma questão nem íntima nem pessoal. Trata-se apenas de saber se a presidente cometeu crime de responsabilidade: sim, ela cometeu! Não um, mas uma penca.

Dilma não deixa de ser uma mulher de sorte: vai cair porque violou a lei orçamentária, incidindo no Inciso VI do Artigo 85 da Constituição. É o que está na denúncia aceita pela Câmara e agora referendada pelo plenário.

Com um mínimo de rigor, poderia ser acusada de transgredir os outros seis: atentou contra a existência da União, contra o livre exercício dos Poderes Legislativo e Judiciário; contra a segurança interna no país; contra a probidade administrativa e contra o cumprimento de ordens judiciais.

A mistificação foi vencida: não é e nunca foi um golpe. O terrorismo foi derrotado: o Brasil não vai para o abismo; ao contrário, renovam-se as esperanças. Um mito foi derribado de forma vexaminosa: junto com Dilma, também se desmancha uma estátua de areia chamada Luiz Inácio Lula da Silva.

Como chegamos aqui?
O resultado deste domingo não nasce do acidente, mas da determinação; não é fruto do acaso, mas da convicção; não decorre do reacionarismo estúpido e encarquilhado, mas do conservadorismo virtuoso, que jamais havia encontrado sua devida expressão nas ruas: o que está em marcha é a revolução dos conservadores das instituições democráticas.

E A PRÓPRIA IMPRENSA, ATENÇÃO!, TOMADA PELO ESQUERDISMO SEM IMAGINAÇÃO, ESTAVA E ESTÁ DESPREPARADA PARA INFORMAR O SEU PÚBLICO SOBRE O QUE REALMENTE ESTÁ EM CURSO. O JORNALISMO BRASILEIRO MODERNIZOU AS SUAS PLATAFORMAS FÍSICAS. FALTA AGORA MODERNIZAR AS IDEIAS.

O começo
O impeachment de Dilma Rousseff não começou a ser pensado nos partidos de oposição. Ao contrário até: inicialmente, eles se mantiveram distantes da movimentação das ruas. E, se querem saber, isso foi bom. Fazia-se necessário que novos olhares, novos discursos e novos anseios buscassem seu lugar nas consciências. Também o modo de se opor ao petismo havia chegado à sua miséria.

Este domingo começou a ser gestado quando grupos da sociedade civil como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua (VPR) resolveram se organizar e convocar a população a expressar a sua indignação: em ordem e em paz.

A primeira grande manifestação, no dia 15 de março de 2015, anunciava uma sociedade que queria mudanças. No terceiro mês do segundo mandato de Dilma, a esmagadora maioria dos brasileiros já havia se dado conta de que tinha sido vítima do maior estelionato eleitoral da história.

Estava claro que a presidente havia cometido crime de responsabilidade em seu primeiro mandato. Uma interpretação obtusa da Constituição, no entanto, referendada pela Procuradoria Geral da República e pelo próprio STF, impedia que fosse processada.

Mas quiseram a arrogância, a imprudência e a glória de mandar que os atentados à lei fiscal tivessem continuidade no segundo mandato. E não há um só especialista honesto que deixe de reconhecer o crime cometido. E foi ele que embasou a denúncia apresentada por Miguel Reale Jr., Janaína Paschoal e Hélio Bicudo. Casavam-se, assim, a higidez jurídica da denúncia com a questão política.

A primeira fase
E insisto no ponto: os movimentos surgidos na sociedade civil, como MBL e VPR, identificaram o descontentamento com muito mais rapidez do que as oposições oficiais: “A rainha cometeu um crime; cortem-lhe a cabeça!” Tanto é assim que lideranças oposicionistas se mantiveram a uma prudente distância dos protestos iniciais.

E eu saudei isso aqui. Consultem os arquivos. Onde muitos viam a fraqueza das ruas — “são desorganizados”; “não têm eixo”; “não têm uma hierarquia” —, eu via virtudes. Eu e quem se mostrava disposto a ver o novo.

A segunda fase
Se as ruas precisavam renovar o espírito das oposições formais, as estruturas formais da política precisavam conferir musculatura institucional aos movimentos de rua. E essa foi a fase mais difícil, mas delicada, dessa trajetória.

Foi preciso que o MBL e o VPR se aproximassem dos partidos de oposição e passassem a falar diretamente com os políticos, sem, no entanto, se misturar com eles. Não vai aqui um juízo negativo sobre os políticos, não. Ocorre que é preciso que a sociedade civil mantenha a sua identidade.

Estava claro que, sem essa parceria, não havia futuro para o movimento de rua. Nem as oposições formais conseguiriam vencer o aparato de propaganda do governismo.

Vencendo as hostes da desqualificação
Quando essa aproximação se deu, foi preciso vencer distintas e combinadas hostes de desqualificação. Foi necessário combater o preconceito da imprensa largamente contaminada pelo esquerdismo velho e burro, por mais jovens que sejam os militantes disfarçados de jornalistas.

Foi preciso enfrentar, como sempre, a patrulha das esquerdas organizadas. Mas essas já são velhas conhecidas.

E, ora vejam, foi preciso trombar com a direita cretina, mistificadora, estúpida e, sim, golpista, que acusava o MBL e o VPR de estarem se vendendo aos políticos.

Segundo esses trogloditas de Facebook, que pretendem comandar o mundo com um teclado nas mãos e algumas ideias tortas na cabeça, meia-dúzia de militares entusiasmados resolveriam a questão. Não odeiam a democracia menos do que o PT. Aliás, nada mais são do que o petismo com sinal trocado.

O MBL e o VPR tinham razão
Como está claro a esta altura, o MBL e o VPR tinham razão.

Tinha razão quando não esperaram que as oposições formais se mobilizassem para chamar a população para ocupar as ruas. Tinham razão quando advogaram um espaço próprio de militância política, que não se subordinava — nem pode se subordinar — à pauta dos partidos. E tinham razão quando decidiriam que era chegada a hora de trabalhar COM os políticos, não PARA os políticos.

A imprensa, com raras exceções, não entendeu nada e não entende ainda.

As esquerdas, como de hábito, não entenderam nada.

E a direita babona, para não fugir ao costume, babou o seu rancor e também não entendeu nada.

Encerro este post
O impeachment de Dilma Rousseff será o segundo da nossa história. Mas não se trata de uma repetição. Nem o primeiro foi uma tragédia nem esse é uma farsa. O evento que temos aí é único.

Sabem por quê? Collor foi deposto com o apoio unânime das esquerdas e da imprensa. E boa parte das manifestações de rua mobilizavam as correntes de opinião ditas “progressistas”. Havia muito pouca gente na rua que não carregasse bandeiras.

Desta feita, não! O impeachment se fez contra o espírito dominante nas redações e contra os movimentos embandeirados.

A população de verdade, que fala por si e não em nome de um partido, está depondo Dilma Rousseff. E jovens que, felizmente, nada devem às ideias mortas que oprimem o cérebro dos vivos tiveram a coragem de dizer: “Vem pra rua em nome de um Brasil livre”.

E a coisa se deu!

É a vitória dos conservadores de instituições democráticas.