De vez em quando, algum candidato faz um comentário sobre algum texto meu, do qual eu já tinha completamente esquecido, soterrado que ele foi no pré-cambriano de minhas camadas geológicas redacionais...
Foi o caso, hoje, com este texto que transcrevo abaixo, do qual já nem tinha mais lembrança.
Pode ser que contenha ainda alguma coisa útil, mas não tenho certeza, pois não o reli. Em todo caso, neste período pré-concurso, que deixa muito candidato nervoso, talvez seja o caso de acalmar o pessoal.
Segue novamente, algo de dois anos atrás...
698) Concurso do Rio Branco: algumas dicas genericas sobre o TPS
Observações puramente pessoais...
Quinta-feira, Fevereiro 08, 2007
Paulo Roberto de Almeida
(pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org)
Acredito que cada um dos candidatos ao concurso do Instituto Rio Branco para ingresso na carreira diplomática está dando o melhor de si mesmo nesta fase final. O importante seria que cada um dos candidatos entre na prova confiante naquilo que sabe, não desesperado com o que que eventualmente não sabe. Tranqüilidade na hora de responder me parece importante, assim como saber administrar o tempo disponível da melhor forma possivel. Eu nunca fiz TPS, mas com base no que vejo, leio e ouço, talvez pudesse fazer as seguintes observações.
Uma boa cultura geral, solidamente embasada na história, é essencial para responder às questões -- tanto as de múltipla escolha, quanto as de certo ou errado -- uma vez que o sucesso se mede, não tanto pelo maior número de acertos, mas talvez pelo menor número de erros possível.
Digo isto porque certas questões me parecem fortemente impregnadas de subjetivismo, ou de interpretações divergentes, quanto não duvidosas. Assim, o que cabe é eliminar aquelas opções que são claramente anacrônicas e incongruentes e deixar as opções (duas em cinco, idealmente) plausíveis e possíveis para um exame mais detalhado. História pode diferir de Português, mas acredito que este último está em grande medida impregnado de História e mais ainda de Literatura. Portanto, colocar as leituras em seu devido contexto -- Machado, Graciliano, Freyre etc -- é importante para responder o menos erradamente possível.
Não tenho dicas a dar em matéria de Gramática, e lamento que o exame se apoie em regras formais que não acrescentam muito ao ato da boa escrita e ao da compreensão, mas essa parece a escolha dos examinadores e caberia saber as boas regras da língua. Como geralmente um mesmo texto serve de três a cinco questões, caberia, antes de comecar a responder à primeira do bloco, ler rapidamente todas as questões dessa seção, pois as formulações e argumentos de uma segunda ou terceira questão podem eventualmente ajudar nas respostas das demais.
De maneira geral, uma mirada geral na prova, antes de comecar a respondê-la, pode ajudar a melhor administrar o tempo disponível. Tenho por mim que, ao enfrentar cada questão, o candidato deve, mais do que determinar a resposta certa, de imediato, começar por eliminar aquelas opções que são claramente errôneas, por algum conceito anacrônico, alguma afirmação claramente impossível naquele contexto.
Sempre teremos, num conjunto de cinco opções, três respostas que são claramente deficientes e caberia riscá-las de imediato para se concentrar apenas nas duas outras possíveis. Isto, claro, se o candidato tiver segurança quanto ao que configura um "erro estrutural". Se as duas restantes apresentarem problemas de interpretação, subjetivismos ou impressionismos que derivam de uma compreensão particular de um determinado problema, a solução é tentar se colocar na cabeça do examinador, para saber o que ele espera daquela questão. Nesse particular, a leitura das demais questões do bloco pode ajudar, pois elas orientam para uma determinada direção. Admitindo-se que a maior parte das questões foi preparada por professores da UnB, a "cabeça do formulador" é um pouco a desses livros feitos pelos professores da UnB que estão na bibliografia oficial.
Se uma questão apresentar dificuldades maiores, melhor seguir adiante, para não perder muito tempo com ela, para poder melhor responder às demais e não ter de correr ao final. Meu principio geral seria sempre este: tentar eliminar as erradas, que são as "inconguentes", antes do que tentar acertar na "correta", pois dúvidas quanto ao acertado de uma opção sempre subsistem.
Algumas respostas parecerão óbvias, nos pontos dominados pelo candidato, outras francamente impossíveis de determinar, por pouca preparação do candidato naquela área específica. Então, a única coisa a fazer é avançar rapidamente nas áreas dominadas e voltar depois atrás para tratar das questões mais duvidosas ou mais difíceis. Eventualmente, as respostas das últimas e essa “volta atrás”, depois de ter trabalhado o conjunto da prova, cria uma segurança maior no enfrentamento das questões duvidoas. Então, como última regra, eu diria isto:
Em lugar de "arriscar" no momento alguma resposta duvidosa para passar adiante, para "liquidar", digamos assim, as questões na sua ordem sequencial original, melhor seria passar adiante, continuando a resolver as demais questões, e voltar depois aos problemas mais angustiantes, tentado sempre eliminar as erradas, não acertar a “certa”. Esta restará, talvez, por eliminação das demais.
Estas seriam as minhas observações de caráter geral sobre a prova. Desejo todo o sucesso a cada um dos candidatos, o que vem, em grande medida, com a tranquilidade, a confiança em si mesmo, e a satisfação de ter feito o melhor possível para uma preparação fundamentalmente autodidática. Acumular conhecimentos sempre é bom, para qualquer coisa da vida. Sempre estaremos melhor sabendo mais, tendo empenhado esforços no aperfeiçoamento pessoal.
Boa sorte.
Brasília, 7 fevereiro 2007.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
1014) Ainda o FSM de Belém: amadurecendo aos poucos
Um dos principais organizadores do FSM de Belém acha que ele precisa de uma "agenda mais clara", o que eu também acho...
Ele também afirmou que o FSM precisa caminhar para uma "maior 'convergência nos debates' de um fórum que há anos tenta superar a excessiva fragmentação de idéias e atividades", com o que eu não poderia concordar menos.
Proponho que eles leiam algumas de minhas críticas, neste livro, integralmente disponível em meu site: Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização.
Crise no mundo globalizado motivará debates no Fórum Social Mundial
Um Fórum Social Mundial revitalizado pela crise global, terá sua nova edição entre 27 deste mês e 1º de fevereiro em Belém. A crise na economia mundial promoverá na capital paraense um debate mais concreto sobre "o caráter da crise" e o modelo de desenvolvimento, disse Cândido Grzybowski, diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), e um dos primeiros organizadores do FSM. Está prevista a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no evento nos dias 29 e 30, deixando de lado do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça.
O Fórum surgiu em 2001 de uma iniciativa "contra a globalização que agora está em crise", disse Grzybowski. "Uma agenda mais clara" sobre alternativas de desenvolvimento deve surgir desse encontro de Belém, afirmou. Isso significa maior "convergência nos debates" de um fórum que há anos tenta superar a excessiva fragmentação de idéias e atividades.
Em Belém espera-se a participação demais de cem mil pessoas em cerca de 2.600 atividades, entre seminários, conferências, assembléias, atos culturais, marchas e outras formas de debate e manifestação, além de reuniões paralelas, como as de autoridades locais e as do Acampamento Intercontinental da Juventude. O fórum termina com o "Dia das Alianças", dedicado a assembléias de coalizões e redes para aprovar ações conjuntas. Este mecanismo pretende estimular aglutinações que avançaram pouco em edições anteriores, reconheceu o diretor do Ibase.
A escolha de Belém, na Amazônia, faz prever também uma ênfase na questão ambiental e climática, além de social. Será a oportunidade de dar voz aos indígenas, ribeirinhos, extratores e outros povos da Amazônia. Os movimentos e as organizações sociais da Amazônia querem discutir modelos de desenvolvimento e alternativas locais.
Na área cultural serão mais de 300 atividades divididas em: artes plásticas; artes cênicas; cinema; cortejos e festas; música; leituras e poesias; oficinas e vivências político-culturais. Destaque para o documentário do cineasta americano Daniel Junge "Eles Mataram Irmã Dorothy", um documentário longa metragem que denuncia a impunidade na Amazônia e analisa o julgamento dos assassinos da missionária Dorothy Stang. Para mais informações sobre o FSM, acesse: http://www.forumsocialmundial.org.br
Ele também afirmou que o FSM precisa caminhar para uma "maior 'convergência nos debates' de um fórum que há anos tenta superar a excessiva fragmentação de idéias e atividades", com o que eu não poderia concordar menos.
Proponho que eles leiam algumas de minhas críticas, neste livro, integralmente disponível em meu site: Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização.
Crise no mundo globalizado motivará debates no Fórum Social Mundial
Um Fórum Social Mundial revitalizado pela crise global, terá sua nova edição entre 27 deste mês e 1º de fevereiro em Belém. A crise na economia mundial promoverá na capital paraense um debate mais concreto sobre "o caráter da crise" e o modelo de desenvolvimento, disse Cândido Grzybowski, diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), e um dos primeiros organizadores do FSM. Está prevista a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no evento nos dias 29 e 30, deixando de lado do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça.
O Fórum surgiu em 2001 de uma iniciativa "contra a globalização que agora está em crise", disse Grzybowski. "Uma agenda mais clara" sobre alternativas de desenvolvimento deve surgir desse encontro de Belém, afirmou. Isso significa maior "convergência nos debates" de um fórum que há anos tenta superar a excessiva fragmentação de idéias e atividades.
Em Belém espera-se a participação demais de cem mil pessoas em cerca de 2.600 atividades, entre seminários, conferências, assembléias, atos culturais, marchas e outras formas de debate e manifestação, além de reuniões paralelas, como as de autoridades locais e as do Acampamento Intercontinental da Juventude. O fórum termina com o "Dia das Alianças", dedicado a assembléias de coalizões e redes para aprovar ações conjuntas. Este mecanismo pretende estimular aglutinações que avançaram pouco em edições anteriores, reconheceu o diretor do Ibase.
A escolha de Belém, na Amazônia, faz prever também uma ênfase na questão ambiental e climática, além de social. Será a oportunidade de dar voz aos indígenas, ribeirinhos, extratores e outros povos da Amazônia. Os movimentos e as organizações sociais da Amazônia querem discutir modelos de desenvolvimento e alternativas locais.
Na área cultural serão mais de 300 atividades divididas em: artes plásticas; artes cênicas; cinema; cortejos e festas; música; leituras e poesias; oficinas e vivências político-culturais. Destaque para o documentário do cineasta americano Daniel Junge "Eles Mataram Irmã Dorothy", um documentário longa metragem que denuncia a impunidade na Amazônia e analisa o julgamento dos assassinos da missionária Dorothy Stang. Para mais informações sobre o FSM, acesse: http://www.forumsocialmundial.org.br
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
1013) Sobre o discurso inaugural de Obama
What's New Is Old Again
Obama's speech goes for prose instead of poetry.
By John Dickerson
Slate, Tuesday, Jan. 20, 2009
On the west steps of the Capitol, Barack Obama turned his inaugural address into a national locker-room speech. Describing our current crisis and "a nagging fear that America's decline is inevitable," he called on Americans to "pick ourselves up, dust ourselves off, and begin again the work of remaking America." He called for "a new era of responsibility" founded on America's oldest virtues. "Those values upon which our success depends—hard work and honesty, courage and fair play, tolerance and curiosity, loyalty and patriotism—these things are old. These things are true. They have been the quiet force of progress throughout our history. What is demanded, then, is a return to these truths."
It was a good speech but not a soaring one. This may have been because Obama has given so many strong speeches, he's graded on his own special curve—or because he wanted the speech to be thoroughly conventional. His call to responsibility and sacrifice was rooted in American history—from the first settlers through the colonists to America's soldiers. This is a familiar theme in a political speech. In fact, Obama gave his own speech using these themes last June, in which he made a similar call to a new patriotism founded on sacrifice. The use of "I say to you" and "on this day" constructions added to the feeling that this was a speech of the usual order.
Appealing to America's rich heritage makes Obama everyone's president, knitting him into the lineup of the 42 men who have come before him. (Obama is the 43rd man, not the 44th, because Grover Cleveland served as president No. 22 and president No. 24.) But it goes only so far in helping him with his speech's larger aim. His goal was to try to inspire us to give something up and reverse "our collective failure to make hard choices," which he says marked the responsibility-free era that created our current economic mess.
That kind of extraordinary call could have been helped by something more than historical analogies and drive-by references to brave firefighters. It required the kind of personal speechmaking Obama was so good at during the campaign. When he is at his most powerful, Obama makes you feel the connection with his message through either storytelling or references to his personal journey. His wife, Michelle, did the same thing during her convention speech by beautifully outlining how her father refused to give in to the pain and debilitation of multiple sclerosis. When things got hard, she said, "He just woke up a little earlier, and worked a little harder."
Instead of a personal story people could take home, Obama concluded his speech with the story of George Washington fighting for America's independence. It was a perfectly fine story, suitable for treatment in oil and fit for a gilt frame, but it's not a story that's likely to be retold tomorrow at the office.
Though the speech was familiar, there were some poetic high points. He talked about the "risk-takers, the doers, the makers of things," and as he spoke, his words echoed back to him from down the Mall, where they were being broadcast on giant televisions. He framed the new spirit of sacrifice we all must embrace by referring to the extraordinary selflessness of the military. This is a smart thing for a commander in chief to do, particularly one who was portrayed by his opponents as unpatriotic. And by putting out his familiar call for "a new era of responsibility," he has ensured that the phrase will be repeated throughout his tenure. And he hopes that the policies he will promise later, on everything from health care to entitlement reform, will become a part of the larger narrative of his presidency.
He was alternatively humble and commanding. He repudiated Bush's foreign policy. "We reject as false the choice between our safety and our ideals," Obama said. "Our Founding Fathers, faced with perils we can scarcely imagine, drafted a charter to assure the rule of law and the rights of man, a charter expanded by the blood of generations. Those ideals still light the world, and we will not give them up for expedience's sake." He promised humility and restraint. But then, he tempered that new approach with a clear message to America's enemies: "We will not apologize for our way of life, nor will we waver in its defense, and for those who seek to advance their aims by inducing terror and slaughtering innocents, we say to you now that our spirit is stronger and cannot be broken; you cannot outlast us, and we will defeat you." As he spoke, a fighter plane circled overhead, a tiny black spot against unspecific clouds.
How long Obama's words endure is a separate question from the enduring power of the inaugural moment. Though he never mentioned Martin Luther King Jr., Obama faced the Lincoln Memorial from where King articulated a dream that Obama is now helping to fulfill. That monument seemed brighter in the bitter cold, as did all the bleached white buildings that line the Mall. Between them jostled the millions of people who had come to hear and see him, their small American flags creating a blur of red, white, and blue among the museums and monuments.
Watch Obama's inaugural address:
John Dickerson is Slate's chief political correspondent and author of On Her Trail. He can be reached at slatepolitics@gmail.com.
Article URL: http://www.slate.com/id/2209252/
Obama's speech goes for prose instead of poetry.
By John Dickerson
Slate, Tuesday, Jan. 20, 2009
On the west steps of the Capitol, Barack Obama turned his inaugural address into a national locker-room speech. Describing our current crisis and "a nagging fear that America's decline is inevitable," he called on Americans to "pick ourselves up, dust ourselves off, and begin again the work of remaking America." He called for "a new era of responsibility" founded on America's oldest virtues. "Those values upon which our success depends—hard work and honesty, courage and fair play, tolerance and curiosity, loyalty and patriotism—these things are old. These things are true. They have been the quiet force of progress throughout our history. What is demanded, then, is a return to these truths."
It was a good speech but not a soaring one. This may have been because Obama has given so many strong speeches, he's graded on his own special curve—or because he wanted the speech to be thoroughly conventional. His call to responsibility and sacrifice was rooted in American history—from the first settlers through the colonists to America's soldiers. This is a familiar theme in a political speech. In fact, Obama gave his own speech using these themes last June, in which he made a similar call to a new patriotism founded on sacrifice. The use of "I say to you" and "on this day" constructions added to the feeling that this was a speech of the usual order.
Appealing to America's rich heritage makes Obama everyone's president, knitting him into the lineup of the 42 men who have come before him. (Obama is the 43rd man, not the 44th, because Grover Cleveland served as president No. 22 and president No. 24.) But it goes only so far in helping him with his speech's larger aim. His goal was to try to inspire us to give something up and reverse "our collective failure to make hard choices," which he says marked the responsibility-free era that created our current economic mess.
That kind of extraordinary call could have been helped by something more than historical analogies and drive-by references to brave firefighters. It required the kind of personal speechmaking Obama was so good at during the campaign. When he is at his most powerful, Obama makes you feel the connection with his message through either storytelling or references to his personal journey. His wife, Michelle, did the same thing during her convention speech by beautifully outlining how her father refused to give in to the pain and debilitation of multiple sclerosis. When things got hard, she said, "He just woke up a little earlier, and worked a little harder."
Instead of a personal story people could take home, Obama concluded his speech with the story of George Washington fighting for America's independence. It was a perfectly fine story, suitable for treatment in oil and fit for a gilt frame, but it's not a story that's likely to be retold tomorrow at the office.
Though the speech was familiar, there were some poetic high points. He talked about the "risk-takers, the doers, the makers of things," and as he spoke, his words echoed back to him from down the Mall, where they were being broadcast on giant televisions. He framed the new spirit of sacrifice we all must embrace by referring to the extraordinary selflessness of the military. This is a smart thing for a commander in chief to do, particularly one who was portrayed by his opponents as unpatriotic. And by putting out his familiar call for "a new era of responsibility," he has ensured that the phrase will be repeated throughout his tenure. And he hopes that the policies he will promise later, on everything from health care to entitlement reform, will become a part of the larger narrative of his presidency.
He was alternatively humble and commanding. He repudiated Bush's foreign policy. "We reject as false the choice between our safety and our ideals," Obama said. "Our Founding Fathers, faced with perils we can scarcely imagine, drafted a charter to assure the rule of law and the rights of man, a charter expanded by the blood of generations. Those ideals still light the world, and we will not give them up for expedience's sake." He promised humility and restraint. But then, he tempered that new approach with a clear message to America's enemies: "We will not apologize for our way of life, nor will we waver in its defense, and for those who seek to advance their aims by inducing terror and slaughtering innocents, we say to you now that our spirit is stronger and cannot be broken; you cannot outlast us, and we will defeat you." As he spoke, a fighter plane circled overhead, a tiny black spot against unspecific clouds.
How long Obama's words endure is a separate question from the enduring power of the inaugural moment. Though he never mentioned Martin Luther King Jr., Obama faced the Lincoln Memorial from where King articulated a dream that Obama is now helping to fulfill. That monument seemed brighter in the bitter cold, as did all the bleached white buildings that line the Mall. Between them jostled the millions of people who had come to hear and see him, their small American flags creating a blur of red, white, and blue among the museums and monuments.
Watch Obama's inaugural address:
John Dickerson is Slate's chief political correspondent and author of On Her Trail. He can be reached at slatepolitics@gmail.com.
Article URL: http://www.slate.com/id/2209252/
1012) Concurso para a carreira diplomatica 2009
Foi publicado o edital que regula o concurso 2009 para acesso à carreira diplomática, com 105 vagas. Transcrevi o conteúdo do edital neste link do meu blog de textos.
Abaixo, um resumo do calendario de provas:
Primeira Fase em 08 de março
Liberado o edital do Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) 2009. Este ano, serão 105 vagas, sendo 6 destinadas aos candidatos portadores de deficiência. Confira mais informações.
INFORMAÇÕES GERAIS
Inscrições: 21 de janeiro a 12 de fevereiro, pelo site do Cespe/UnB.
Taxa de inscrição: R$ 110,00
Divulgação dos locais de prova: 20 de fevereiro.
Resultado final: 23 de julho.
PROVAS
Primeira Fase
08 de março de 2009 (em duas etapas).
Segunda Fase (Prova de Português)
29 de março de 2009.
Terceira Fase
30 de maio de 2009: História do Brasil
31 de maio de 2009: Geografia
06 de junho de 2009: Política Internacional
07 de junho de 2009: Inglês
13 de junho de 2009: Noções de Economia
14 de junho de 2009: Noções de Direito e Direito Internacional Público
Quarta Fase (Alterada)
A quarta fase será composta por provas escritas de Espanhol e de Francês.
07 de junho de 2009: Espanhol
14 de junho de 2009: Francês
Veja aqui o edital: www.cespe.unb.br/concursos/diplomacia2009
Meus votos de pleno sucesso a todos os candidatos...
Abaixo, um resumo do calendario de provas:
Primeira Fase em 08 de março
Liberado o edital do Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) 2009. Este ano, serão 105 vagas, sendo 6 destinadas aos candidatos portadores de deficiência. Confira mais informações.
INFORMAÇÕES GERAIS
Inscrições: 21 de janeiro a 12 de fevereiro, pelo site do Cespe/UnB.
Taxa de inscrição: R$ 110,00
Divulgação dos locais de prova: 20 de fevereiro.
Resultado final: 23 de julho.
PROVAS
Primeira Fase
08 de março de 2009 (em duas etapas).
Segunda Fase (Prova de Português)
29 de março de 2009.
Terceira Fase
30 de maio de 2009: História do Brasil
31 de maio de 2009: Geografia
06 de junho de 2009: Política Internacional
07 de junho de 2009: Inglês
13 de junho de 2009: Noções de Economia
14 de junho de 2009: Noções de Direito e Direito Internacional Público
Quarta Fase (Alterada)
A quarta fase será composta por provas escritas de Espanhol e de Francês.
07 de junho de 2009: Espanhol
14 de junho de 2009: Francês
Veja aqui o edital: www.cespe.unb.br/concursos/diplomacia2009
Meus votos de pleno sucesso a todos os candidatos...
domingo, 18 de janeiro de 2009
1011) Dez licoes para um presidente, qualquer presidente...
As recomendações abaixo são extraídas de um artigo do jornalista Bob Woodward, do Washington Post, e foram republicadas no jornal O Estado de São paulo, deste domingo, 18.01.2009 (p. J3), no artigo reproduzido sob o título "Dez lições de Bush para Obama".
Trata-se de um conjunto de lições que Woodward recupera da presidencia de George W. Bush, que se encerra melancolicamente nesta terça-feira, 20 de janeiro de 2009, mas que ele pretende contenha alguns ensinamentos para o seu sucessor, Barack Hussein Obama.
Como tal, esse conjunto de ensinamentos são extraídos de episódios dramáticos ou definidores da administração Bush, e o artigo vem com comentários extensos, mostrando exemplos concretos de como cada uma das lições se referem a episódios ou processos efetivamente ocorridos nessa administração.
Não vou transcrever todo o artigo (que pode ser lido neste link), que é relativamente longo, mas vou transcrever apenas as lições, que possuem um caráter quase universal, pelo seu conteúdo genérico, suscetíveis de serem aplicadas, portanto, a todo e qualquer presidente envolvido em processos democráticos de tomada de decisões e de implementação dessas decisões. Elas não valem, assim, para ditadores ou mesmo para regimes parlamentares.
Em todo caso, vale ler e refletir.
Dez lições para os presidentes
1. Os presidentes definem o tom do relacionamento entre os membros da sua equipe. Não se pode ser passivo nem tolerar divisões virulentas.
2. O presidente deve insistir para que todos se pronunciem abertamente uns diante dos outros, mesmo que haja - ou especialmente quando houver - discordâncias veementes.
3. Um presidente precisa fazer a lição de casa para dominar as ideias e conceitos fundamentais por trás das medidas que adota.
4. Os presidentes precisam fazer com que as pessoas exponham seus pontos de vista e se certificar de que as más notícias cheguem ao Salão Oval.
5. Os presidentes precisam fomentar uma cultura de ceticismo e dúvidas.
6. Os presidentes recebem dados contraditórios e precisam confrontá-los com rigor.
7. Os presidentes precisam contar a verdade nua e crua ao público, mesmo que isso signifique dar notícias muito ruins.
8. Motivos justos não bastam para garantir eficácia política.
9. Os presidentes precisam insistir em pensamento estratégico.
10. Os presidentes devem abraçar a transparência.
========
Se ouso acrescentar um comentário, seria este: presidentes que atuam em ambientes democráticos e que se guiam por estas lições, ou ensinamentos, nem por isso serão grandes estadistas ou sequer bons presidentes. É preciso um mínimo de qualidades individuais, fundadas não apenas no conhecimento mas sobretudo no caráter, para ficar na história como grandes líderes. Poucos passam pelo teste, obviamente.
Ouso afirmar que, na história do Brasil, poucos passaram por esse teste.
A história costuma julgá-los severamente, mas a história também é construída pelos nossos conceitos e preconceitos.
Voltarei ao assunto.
Trata-se de um conjunto de lições que Woodward recupera da presidencia de George W. Bush, que se encerra melancolicamente nesta terça-feira, 20 de janeiro de 2009, mas que ele pretende contenha alguns ensinamentos para o seu sucessor, Barack Hussein Obama.
Como tal, esse conjunto de ensinamentos são extraídos de episódios dramáticos ou definidores da administração Bush, e o artigo vem com comentários extensos, mostrando exemplos concretos de como cada uma das lições se referem a episódios ou processos efetivamente ocorridos nessa administração.
Não vou transcrever todo o artigo (que pode ser lido neste link), que é relativamente longo, mas vou transcrever apenas as lições, que possuem um caráter quase universal, pelo seu conteúdo genérico, suscetíveis de serem aplicadas, portanto, a todo e qualquer presidente envolvido em processos democráticos de tomada de decisões e de implementação dessas decisões. Elas não valem, assim, para ditadores ou mesmo para regimes parlamentares.
Em todo caso, vale ler e refletir.
Dez lições para os presidentes
1. Os presidentes definem o tom do relacionamento entre os membros da sua equipe. Não se pode ser passivo nem tolerar divisões virulentas.
2. O presidente deve insistir para que todos se pronunciem abertamente uns diante dos outros, mesmo que haja - ou especialmente quando houver - discordâncias veementes.
3. Um presidente precisa fazer a lição de casa para dominar as ideias e conceitos fundamentais por trás das medidas que adota.
4. Os presidentes precisam fazer com que as pessoas exponham seus pontos de vista e se certificar de que as más notícias cheguem ao Salão Oval.
5. Os presidentes precisam fomentar uma cultura de ceticismo e dúvidas.
6. Os presidentes recebem dados contraditórios e precisam confrontá-los com rigor.
7. Os presidentes precisam contar a verdade nua e crua ao público, mesmo que isso signifique dar notícias muito ruins.
8. Motivos justos não bastam para garantir eficácia política.
9. Os presidentes precisam insistir em pensamento estratégico.
10. Os presidentes devem abraçar a transparência.
========
Se ouso acrescentar um comentário, seria este: presidentes que atuam em ambientes democráticos e que se guiam por estas lições, ou ensinamentos, nem por isso serão grandes estadistas ou sequer bons presidentes. É preciso um mínimo de qualidades individuais, fundadas não apenas no conhecimento mas sobretudo no caráter, para ficar na história como grandes líderes. Poucos passam pelo teste, obviamente.
Ouso afirmar que, na história do Brasil, poucos passaram por esse teste.
A história costuma julgá-los severamente, mas a história também é construída pelos nossos conceitos e preconceitos.
Voltarei ao assunto.
1010) The Ascent of Money: uma entrevista com Niall Ferguson
O historiador britânico Niall Ferguson publicou, como se sabe, um livro de história financeira, recuando mais ou menos quatro mil anos na trajetória monetária da humanidade.
O livro tem origem num programa de TV, que será veiculado pela PBS americana no final de janeiro de 2009.
Nesta entrevista à rede de negócios Bloomberg, ele comenta sobre as aventuras monetárias e financeiras.
Ver neste link do YouTube: http://br.youtube.com/watch?v=HiF1YMpTewE
O livro tem origem num programa de TV, que será veiculado pela PBS americana no final de janeiro de 2009.
Nesta entrevista à rede de negócios Bloomberg, ele comenta sobre as aventuras monetárias e financeiras.
Ver neste link do YouTube: http://br.youtube.com/watch?v=HiF1YMpTewE
1009) De volta ao debate sobre as cotas raciais no Itamaraty
Permito-me retomar aqui e agora um velho debate, que divide desde alguns anos a sociedade brasileira, e que promete deixar um legado que reputo especialmente nefasto no futuro previsível. Refiro-me ao debate nocivo sobre as cotas raciais, e não preciso obviamente dizer mais uma vez que sou absolutamente contrário a toda e qualquer política de cunho racialista no Brasil, na medida em que ela traz consigo não apenas mais racismo, como também contribuir para criar neste país, desta vez de forma institucionalizada e com o apoio oficial do Estado brasileiro, um regime de Apartheid, o que é obviamente algo inaceitável em qualquer plano moral que se possa conceber como fundamento de uma sociedade sadia.
Como uma leitora, para mim desconhecida, postou mais um comentário a um post de dezembro de 2008, e como isso me levou a retrucar sua postura em favor de cotas raciais, creio ser útil postar novamente, em benefício dos leitores interessados, tanto o post original, como o conjunto de comentários até aqui coletados a esse propósito.
É o que faço a partir de agora.
PRA, 18.01.2009
Cotas no Itamaraty: de volta a um debate complexo
Quarta-feira, Dezembro 24, 2008
979) Bolsas de Acao Afirmativa: preparacao de plano de estudos
Recebi, de um candidato à carreira diplomática, presumivelmente negro, um pedido de ajuda na preparação de um plano de estudos para poder candidatar-se à Bolsa do Programa de Ação Afirmativa do Instituto Rio Branco, que contempla aspirantes afrodescentes com apoio financeiro durante um ano, para a contratação de professores particulares, compra de livros e outros materiais de estudo, pagamento de cursinho, etc.
Devo dizer que sou filosoficamente contrário a esse programa, que me parece inscrever-se num esforço de militantes negros, apoiado pelo próprio governo, para desenvolver uma série de iniciativas de conteúdo racialista, que reputo como especialmente nefasto para o futuro da sociedade brasileira, a introduzir um elemento de apartheid nas relações entre grupos étinicos formadores do povo brasileiro.
Sou a favor de bolsas para aqueles desprovidos de meios, sem qualquer critério racial.
Isso não me impede, contudo, de responder à consulta do candidato, como fiz abaixo, logo em seguida à transcrição da mensagem recebida (devidamente descaracterizada).
PROGRAMA DE AÇÃO AFIRMATIVA DO INSTITUTO RIO BRANCO QUANTO A BOLSAS-PRÊMIO DE VOCAÇÃO PARA A DIPLOMACIA
On 24/12/2008, at 13:14, (XXX) wrote:
Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.
Nome: (XXX)
Cidade: São Paulo
Boa Tarde Professor!
Estou escrevendo para pedir um auxilio do senhor quanto ao processo do PROGRAMA DE AÇÃO AFIRMATIVA DO INSTITUTO RIO BRANCO QUANTO A BOLSAS-PRÊMIO DE VOCAÇÃO PARA A DIPLOMACIA.
Defendi meu doutorado em 2007 e desde então venho tentando ingressar nessa honrosa carreira. Desde minha graduação já tinha interesse, mas devido ao meu anseio em terminar meus estudos academicos fui deixando a oportunidade para adiante. Vou fazer o processo agora em 2009 pra tentar uma bolsa, haja visto que infelizmente me encontro desempregado e creio ser uma otima oportunidade para suprir minhas deficiencias (caso consiga). Nesse caso, peço desculpas ao senhor, mas queria saber quanto ao fato de que tenho que montar umn plano de estudos pra enviar ao Instituto Rio Branco, mas não tenho muita segurança de como deve ser esse plano. Se é algo parecido como um plano de pesquisas. Desde já peço desculpas pelo incomodo e agradeço pela atenção dispensada a minha pessoa.
Boas Festas
(XXX)
Minha resposta foi a seguinte:
(XXX),
Eu não tenho muita experiência com esse programa e não sei como e quais são os critérios de selecao, mas suponho, justamente, que muito depende de seu plano de estudos, que deve ser claro, objetivo e conciso.
Creio que uma estrutura ideal seria esta:
A. Informações pessoais
B. Formação academica
C. Avaliação da preparação pessoal ao concurso do IRBr
(pequena avaliacao qualitativa das suas "fortalezas" e "debilidades" em função da formação e das leituras)
D. Plano de Estudos
Dirigidos: curso em SP (custos, tempo, etc)
Pessoais: dedicacação especifica e reforçada em determinadas leituras, em função de C.
Listagem das materias que necessitam preparação reforçada: 1. Portugues; 2. Ingles...etc
E. Custos estimados
(avaliação geral das despesas a serem incorridas com os cursos, compra de livros, professor particular em certas matárias, assinatura de revistas e jornais, internet a cabo, etc)
F. Cronograma tentativo
(distribuição de todas essas atividades ao longo de um ano de bolsa)
G. Declaração final sobre o Programa
(especificar porque e quanto a bolsa seria importante para voce, renda pessoal, situacao familiar, profissional, etc...)
-------------
Paulo Roberto de Almeida
5 Comentários
Blogger Caio Bertoni Viana Rocha disse...
Professor,
Concordo plenamente com sua posição acerca do assunto.
É louvável que o governo tenha a intenção de democratizar o ingresso ao Instituo Rio Branco, visando a diversificação e uma melhor representação da população brasileira nos quadros do MRE.Porém, assim como o senhor já disse, os critérios para a habilitação à concorrência de tais bolsas deveriam ser meramente econômicos e de maneira alguma raciais.
Parabéns pelo blog!
Abraços,
Caio B. V. Rocha
Quinta-feira, Dezembro 25, 2008 2:17:00 PM
Anônimo Glauciane Carvalho disse...
As ações afirmativas são, extremamente, necessárias no Brasil, tendo em vista o débito histórico do governo brasileiro com a comunidade negra.Contudo, a política de cotas adotada, hodiernamente, se apresenta com uma base estrutural deficitária. Pois como o ilustre professor abordou há características de segregação, o que realmente, é maléfico para a sociedade brasileira. Mas nós temos que observar que o problema não se limita às cotas, ele é muito mais complexo, pois também se refere à falta de investimentos na área de Educação, algo que infelizmente o governo não vai resolver da noite do para o dia, por falta de disposição e de comprometimento com suas promessas de campanha frente à população brasileira.
Eu particularmente, acho benéfica esta política de bolsas, mas concordando com o renomado professor, deveria ser adotada para pessoas desprovidas de recursos. Desta forma, teríamos mais igualitarismo nas relações humanas, no contexto histórico brasileiro. Todavia, ainda que eu também seja contra a política de cotas, e deixo claro que sou da raça negra, acho que são necessárias, momentaneamente, para que se possa tentar amenizar os erros do passado.
A política de bolsas para afrodescedentes deveria ser adotada em todas as esferas. Pois existem brancos pobres que não tem condições de se preparem também para a prova do Itamaraty. E esses brasileiros, onde ficam nas políticas de inserção? Quem vai tutelar os seus direitos? Imagine só a situação de política de cotas para brancos ? Com certeza, nós chamaríamos de racismo, então, por que utilizar o nome política de cotas para afro descendentes? Neste sentido, concordo com o prof. Paulo e acho que a solução para as várias mazelas educacionais no Brasil seria investimento acirrado no ensino fundamental e médio,independente da raça, para que se possa, gradativamente, acabar com as prerrogativas, e não privilégios, pois são respaldadas em nossa ordem jurídica e dar mais isonomia e chances a todos os brasileiros. Deixo claro que sou negra e contra a política de cotas, mas neste momento, histórico brasileiro, elas são necessárias.
Quinta-feira, Dezembro 25, 2008 6:45:00 PM
Blogger Mila Donasc disse...
Concordo em Absoluto com o Dr. Paulo Roberto,é verdade que históricamente o Brasil é um país desigual, nada mais comum para um país jovem e que já passou por tantos momentos de instabilidade política. Políticas compensatórias não são definitivamente solução para o problema da desigualdade do Brasil, muito menos num nível como diplomacia, a revolução educacional deve ser feita a partir da base e assim todos terão condições equiparadas para disputar altos cargos como este. Sem citar o fato de que o Brasil não é um país racista e nem precisa desse tipo de estimulo para começar a ser. Quem acha que somos um país racista, nunca viajou nem sequer estudou esse problema em outros países do mundo. É preciso acabar com essa história de que o Brasil é um país muito rico, e entender que os recursos são limitados, quanto mais dinheiro se gasta em politicas "afirmativas" menos dinheiro sobra para se investir em educação de base com qualidade.
Sábado, Dezembro 27, 2008 12:31:00 AM
Anônimo Glauciane Carvalho disse...
Desculpa senhora Mila, mas os investimentos nas ações afirmativas não atingem de forma a prejudicar os investimentos em Educação neste país. Existem muitos outros fatores que comprometem a Educação no nosso país e acho uma grande injustiça afirmar que ações afirmativas comprometem investimentos em Educação.O que para mim acaba em "sofisma hermenêutico" da problemática real enfrentada pelo Brasil. Acabar com o desvio de finalidade pública pode ser uma das grandes soluções para Educação em nosso país. Acabar com ações afirmativas seria no mínimo de absoluta irresponsabilidade de um governo, seja qual for a sua posição no globo. Devemos lutar pela "Revolução Educacional", mas simplesmente ignorar a hecatombe proferida com a escravidão e suas conseqüências nefastas para a formação da sociedade brasileira é no mínimo preocupante, para não dizer temerário.
Domingo, Dezembro 28, 2008 1:02:00 AM
Anônimo Gláucia disse...
O proprietário do blog poderia, sendo um membro da corporação, solicitar o dado empírico: quantos diplomatas negros há hoje no Itamaraty? Melhor: quantos no curso do Instituto? Duvido que passe de 3%. O que acharíamos se todos os diplomatas indianos que encontrássemos fossem brancos, metade deles de olhos claros?
O Itamaraty representa o Brasil, e deve - num país que, evidentemente, ainda não somos - refletir minimamente a composição étnica da população. O governo faz isso, nesse caso, do melhor jeito: não oferecendo vagas automáticas, mas evitando que o poder econômico, como sempre faz, se imponha e impeça os negros de competir em condições de igualdade com os brancos.
O problema a resolver não é o da falta de pobres no Itamaraty, e sim o da falta de negros. Por isso, a ação afirmativa baseada em critérios raciais é a solução correta.
Domingo, Janeiro 18, 2009 4:57:00 PM
PRA: 18.01.2009
Discordo ABSOLUTAMENTE (com perdão pela veemência das maiúsculas) da leitora Glaucia.
Pedir ao Estado brasileiro que verifique, estatisticamente, quantos "negros" são atualmente diplomatas e que, a partir daí, determine uma cota para o ingresso de "negros" na carreira diplomática, é uma tese absolutamente racista, e pretende que o Estado brasileiro seja um ativo promotor do APARTHEID (desculpas, mais uma vez).
A leitora Glaucia está absolutamente enganada, sob todo e qualquer critério que se possa conceber, a começar pelo antropológico, pois seria para ela, e para qualquer pessoa, impossível determinar quem, da MAIORIA de mulatos que compoe a população brasileira, responde, no limite, à condição de "negro", como ela pretende, o que, repito, é uma tese racista e absolutamente inaceitável para qualquer padrão moral que se conceba quanto à unidade fundamental do ser humano.
Certo, ela parte de uma realidade sociológica -- que comprova que os negros e mulatos são a maioria de pobres neste país, e portanto, desfavorecidos no emprego, na educação, na vida profissional em geral -- para tentar fazer justiça social em detrimento de todos os pobres, mulatos ou não, que não poderiam ostentar essa condição racista de "negros" -- que seria obviamente reservada a menos de dez por cento da população brasileira -- para se beneficiarem de um regime de cotas que introduziria oficialmente o Apartheid em nosso país.
Sou FUNDAMENTALMENTE contra qualquer racismo em benefício de quem seja, admitindo, tão somente, que pobres em geral recebam o benefício de bolsas de estudo para tentarem equalizar suas chances de disputa com privilegiados em geral (de qualquer cor) em concursos públicos.
O mundo é injusto -- todos sabemos disso -- mas tal realidade não nos autoriza a criar mais injustiças e imoralidades apenas para corrigir males que convivem conosco por razões históricas e estruturais. Devemos, sim, esforçar-nos para corrigir essas iniquidades da melhor forma possível, atuando sobre os fatores REAIS de iniquidade, que são basicamente os de natureza econômica e social.
Estou plenamente consciente de que fatores racialistas -- ou seja, emergindo do preconceito, mas não fatores raciais, em nosso país -- estão na origem de muito sofrimento e discriminação exercidos contra pessoas negras e mulatas escuras em geral no Brasil, e isso é um resíduo dessa estupidez humana ainda persistente que se chama racismo (que ainda existe, obviamente, como componente inevitável dos comportamentos humanos ao longo do tempo). Apenas tenho a consciência ainda mais acurada de que o Estado não pode se erigir em agente de um outro tipo de racismo, institucionalizado, para corrigir os racismos individuais que existem na sociedade.
Seria a falência moral de uma sociedade construpida sobre a igualdade fundamental do ser humano.
PRA, 18.01.2009
========
Addendum:
O blog, como sempre, continua aberto ao debate neste campo e não tenho nenhuma objeção a publicar toda e qualquer posição pertinente (talvez até impertinente), mesmo as mais abertamente racistas, desde que não sejam meramente ofensivas, visivelmente impertinentes ou ridículas -- sim, eu me dou o direito de julgar -- ou que se coloquem muito fora de um debate civilizado a este respeito.
Creio que todo mundo tem o direito de expressar a sua opinião, mesmo quando ela seja declaradamente racista, desde que não incite, obviamente, à violência e ao ódio racial, o que vai contra princípios mínimos de convivência social ou humana.
Existe, no Brasil, uma quantidade razoável de pessoas, negras, brancas e mulatas, que defendem cotas raciais, como "solução" ao problema da discriminação, da "inferioridade" social ou profissional, ou da falta de oportunidades de ascensão social aos que, tendo vindo de uma herança afro-brasileira, foram de fato discriminados pela pobreza, indiferença do Estado e falta geral de oportunidades de estudo e de trabalho no Brasil. Respeito a posição dessas pessoas, e creio que a maior parte age de boa-fé, mas não creio que políticas racialistas -- para não dizer racistas -- sejam a solução do problema.
Sou, sim, favorável a um imenso esforço do Estado e de toda a sociedade brasileira pela inclusão social de todos os pobres e desfavorecidos via um gigantesco programa de melhoria da qualidade da educação em todos os níveis, a começar pelo pré-primário e por toda a escola fundamental e técnico-profissional (já sou menos favorável ao apoio indiscriminado no ensino superior, achando que este é uma escolha pessoal ou familiar, e não um dever do Estado ou da sociedade).
Portanto, continuarei postando e debatendo essa questão das cotas, com absoluta transparência de posições, de todos os lados que porventura resolvam se expressar neste espaço.
Como uma leitora, para mim desconhecida, postou mais um comentário a um post de dezembro de 2008, e como isso me levou a retrucar sua postura em favor de cotas raciais, creio ser útil postar novamente, em benefício dos leitores interessados, tanto o post original, como o conjunto de comentários até aqui coletados a esse propósito.
É o que faço a partir de agora.
PRA, 18.01.2009
Cotas no Itamaraty: de volta a um debate complexo
Quarta-feira, Dezembro 24, 2008
979) Bolsas de Acao Afirmativa: preparacao de plano de estudos
Recebi, de um candidato à carreira diplomática, presumivelmente negro, um pedido de ajuda na preparação de um plano de estudos para poder candidatar-se à Bolsa do Programa de Ação Afirmativa do Instituto Rio Branco, que contempla aspirantes afrodescentes com apoio financeiro durante um ano, para a contratação de professores particulares, compra de livros e outros materiais de estudo, pagamento de cursinho, etc.
Devo dizer que sou filosoficamente contrário a esse programa, que me parece inscrever-se num esforço de militantes negros, apoiado pelo próprio governo, para desenvolver uma série de iniciativas de conteúdo racialista, que reputo como especialmente nefasto para o futuro da sociedade brasileira, a introduzir um elemento de apartheid nas relações entre grupos étinicos formadores do povo brasileiro.
Sou a favor de bolsas para aqueles desprovidos de meios, sem qualquer critério racial.
Isso não me impede, contudo, de responder à consulta do candidato, como fiz abaixo, logo em seguida à transcrição da mensagem recebida (devidamente descaracterizada).
PROGRAMA DE AÇÃO AFIRMATIVA DO INSTITUTO RIO BRANCO QUANTO A BOLSAS-PRÊMIO DE VOCAÇÃO PARA A DIPLOMACIA
On 24/12/2008, at 13:14, (XXX) wrote:
Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.
Nome: (XXX)
Cidade: São Paulo
Boa Tarde Professor!
Estou escrevendo para pedir um auxilio do senhor quanto ao processo do PROGRAMA DE AÇÃO AFIRMATIVA DO INSTITUTO RIO BRANCO QUANTO A BOLSAS-PRÊMIO DE VOCAÇÃO PARA A DIPLOMACIA.
Defendi meu doutorado em 2007 e desde então venho tentando ingressar nessa honrosa carreira. Desde minha graduação já tinha interesse, mas devido ao meu anseio em terminar meus estudos academicos fui deixando a oportunidade para adiante. Vou fazer o processo agora em 2009 pra tentar uma bolsa, haja visto que infelizmente me encontro desempregado e creio ser uma otima oportunidade para suprir minhas deficiencias (caso consiga). Nesse caso, peço desculpas ao senhor, mas queria saber quanto ao fato de que tenho que montar umn plano de estudos pra enviar ao Instituto Rio Branco, mas não tenho muita segurança de como deve ser esse plano. Se é algo parecido como um plano de pesquisas. Desde já peço desculpas pelo incomodo e agradeço pela atenção dispensada a minha pessoa.
Boas Festas
(XXX)
Minha resposta foi a seguinte:
(XXX),
Eu não tenho muita experiência com esse programa e não sei como e quais são os critérios de selecao, mas suponho, justamente, que muito depende de seu plano de estudos, que deve ser claro, objetivo e conciso.
Creio que uma estrutura ideal seria esta:
A. Informações pessoais
B. Formação academica
C. Avaliação da preparação pessoal ao concurso do IRBr
(pequena avaliacao qualitativa das suas "fortalezas" e "debilidades" em função da formação e das leituras)
D. Plano de Estudos
Dirigidos: curso em SP (custos, tempo, etc)
Pessoais: dedicacação especifica e reforçada em determinadas leituras, em função de C.
Listagem das materias que necessitam preparação reforçada: 1. Portugues; 2. Ingles...etc
E. Custos estimados
(avaliação geral das despesas a serem incorridas com os cursos, compra de livros, professor particular em certas matárias, assinatura de revistas e jornais, internet a cabo, etc)
F. Cronograma tentativo
(distribuição de todas essas atividades ao longo de um ano de bolsa)
G. Declaração final sobre o Programa
(especificar porque e quanto a bolsa seria importante para voce, renda pessoal, situacao familiar, profissional, etc...)
-------------
Paulo Roberto de Almeida
5 Comentários
Blogger Caio Bertoni Viana Rocha disse...
Professor,
Concordo plenamente com sua posição acerca do assunto.
É louvável que o governo tenha a intenção de democratizar o ingresso ao Instituo Rio Branco, visando a diversificação e uma melhor representação da população brasileira nos quadros do MRE.Porém, assim como o senhor já disse, os critérios para a habilitação à concorrência de tais bolsas deveriam ser meramente econômicos e de maneira alguma raciais.
Parabéns pelo blog!
Abraços,
Caio B. V. Rocha
Quinta-feira, Dezembro 25, 2008 2:17:00 PM
Anônimo Glauciane Carvalho disse...
As ações afirmativas são, extremamente, necessárias no Brasil, tendo em vista o débito histórico do governo brasileiro com a comunidade negra.Contudo, a política de cotas adotada, hodiernamente, se apresenta com uma base estrutural deficitária. Pois como o ilustre professor abordou há características de segregação, o que realmente, é maléfico para a sociedade brasileira. Mas nós temos que observar que o problema não se limita às cotas, ele é muito mais complexo, pois também se refere à falta de investimentos na área de Educação, algo que infelizmente o governo não vai resolver da noite do para o dia, por falta de disposição e de comprometimento com suas promessas de campanha frente à população brasileira.
Eu particularmente, acho benéfica esta política de bolsas, mas concordando com o renomado professor, deveria ser adotada para pessoas desprovidas de recursos. Desta forma, teríamos mais igualitarismo nas relações humanas, no contexto histórico brasileiro. Todavia, ainda que eu também seja contra a política de cotas, e deixo claro que sou da raça negra, acho que são necessárias, momentaneamente, para que se possa tentar amenizar os erros do passado.
A política de bolsas para afrodescedentes deveria ser adotada em todas as esferas. Pois existem brancos pobres que não tem condições de se preparem também para a prova do Itamaraty. E esses brasileiros, onde ficam nas políticas de inserção? Quem vai tutelar os seus direitos? Imagine só a situação de política de cotas para brancos ? Com certeza, nós chamaríamos de racismo, então, por que utilizar o nome política de cotas para afro descendentes? Neste sentido, concordo com o prof. Paulo e acho que a solução para as várias mazelas educacionais no Brasil seria investimento acirrado no ensino fundamental e médio,independente da raça, para que se possa, gradativamente, acabar com as prerrogativas, e não privilégios, pois são respaldadas em nossa ordem jurídica e dar mais isonomia e chances a todos os brasileiros. Deixo claro que sou negra e contra a política de cotas, mas neste momento, histórico brasileiro, elas são necessárias.
Quinta-feira, Dezembro 25, 2008 6:45:00 PM
Blogger Mila Donasc disse...
Concordo em Absoluto com o Dr. Paulo Roberto,é verdade que históricamente o Brasil é um país desigual, nada mais comum para um país jovem e que já passou por tantos momentos de instabilidade política. Políticas compensatórias não são definitivamente solução para o problema da desigualdade do Brasil, muito menos num nível como diplomacia, a revolução educacional deve ser feita a partir da base e assim todos terão condições equiparadas para disputar altos cargos como este. Sem citar o fato de que o Brasil não é um país racista e nem precisa desse tipo de estimulo para começar a ser. Quem acha que somos um país racista, nunca viajou nem sequer estudou esse problema em outros países do mundo. É preciso acabar com essa história de que o Brasil é um país muito rico, e entender que os recursos são limitados, quanto mais dinheiro se gasta em politicas "afirmativas" menos dinheiro sobra para se investir em educação de base com qualidade.
Sábado, Dezembro 27, 2008 12:31:00 AM
Anônimo Glauciane Carvalho disse...
Desculpa senhora Mila, mas os investimentos nas ações afirmativas não atingem de forma a prejudicar os investimentos em Educação neste país. Existem muitos outros fatores que comprometem a Educação no nosso país e acho uma grande injustiça afirmar que ações afirmativas comprometem investimentos em Educação.O que para mim acaba em "sofisma hermenêutico" da problemática real enfrentada pelo Brasil. Acabar com o desvio de finalidade pública pode ser uma das grandes soluções para Educação em nosso país. Acabar com ações afirmativas seria no mínimo de absoluta irresponsabilidade de um governo, seja qual for a sua posição no globo. Devemos lutar pela "Revolução Educacional", mas simplesmente ignorar a hecatombe proferida com a escravidão e suas conseqüências nefastas para a formação da sociedade brasileira é no mínimo preocupante, para não dizer temerário.
Domingo, Dezembro 28, 2008 1:02:00 AM
Anônimo Gláucia disse...
O proprietário do blog poderia, sendo um membro da corporação, solicitar o dado empírico: quantos diplomatas negros há hoje no Itamaraty? Melhor: quantos no curso do Instituto? Duvido que passe de 3%. O que acharíamos se todos os diplomatas indianos que encontrássemos fossem brancos, metade deles de olhos claros?
O Itamaraty representa o Brasil, e deve - num país que, evidentemente, ainda não somos - refletir minimamente a composição étnica da população. O governo faz isso, nesse caso, do melhor jeito: não oferecendo vagas automáticas, mas evitando que o poder econômico, como sempre faz, se imponha e impeça os negros de competir em condições de igualdade com os brancos.
O problema a resolver não é o da falta de pobres no Itamaraty, e sim o da falta de negros. Por isso, a ação afirmativa baseada em critérios raciais é a solução correta.
Domingo, Janeiro 18, 2009 4:57:00 PM
PRA: 18.01.2009
Discordo ABSOLUTAMENTE (com perdão pela veemência das maiúsculas) da leitora Glaucia.
Pedir ao Estado brasileiro que verifique, estatisticamente, quantos "negros" são atualmente diplomatas e que, a partir daí, determine uma cota para o ingresso de "negros" na carreira diplomática, é uma tese absolutamente racista, e pretende que o Estado brasileiro seja um ativo promotor do APARTHEID (desculpas, mais uma vez).
A leitora Glaucia está absolutamente enganada, sob todo e qualquer critério que se possa conceber, a começar pelo antropológico, pois seria para ela, e para qualquer pessoa, impossível determinar quem, da MAIORIA de mulatos que compoe a população brasileira, responde, no limite, à condição de "negro", como ela pretende, o que, repito, é uma tese racista e absolutamente inaceitável para qualquer padrão moral que se conceba quanto à unidade fundamental do ser humano.
Certo, ela parte de uma realidade sociológica -- que comprova que os negros e mulatos são a maioria de pobres neste país, e portanto, desfavorecidos no emprego, na educação, na vida profissional em geral -- para tentar fazer justiça social em detrimento de todos os pobres, mulatos ou não, que não poderiam ostentar essa condição racista de "negros" -- que seria obviamente reservada a menos de dez por cento da população brasileira -- para se beneficiarem de um regime de cotas que introduziria oficialmente o Apartheid em nosso país.
Sou FUNDAMENTALMENTE contra qualquer racismo em benefício de quem seja, admitindo, tão somente, que pobres em geral recebam o benefício de bolsas de estudo para tentarem equalizar suas chances de disputa com privilegiados em geral (de qualquer cor) em concursos públicos.
O mundo é injusto -- todos sabemos disso -- mas tal realidade não nos autoriza a criar mais injustiças e imoralidades apenas para corrigir males que convivem conosco por razões históricas e estruturais. Devemos, sim, esforçar-nos para corrigir essas iniquidades da melhor forma possível, atuando sobre os fatores REAIS de iniquidade, que são basicamente os de natureza econômica e social.
Estou plenamente consciente de que fatores racialistas -- ou seja, emergindo do preconceito, mas não fatores raciais, em nosso país -- estão na origem de muito sofrimento e discriminação exercidos contra pessoas negras e mulatas escuras em geral no Brasil, e isso é um resíduo dessa estupidez humana ainda persistente que se chama racismo (que ainda existe, obviamente, como componente inevitável dos comportamentos humanos ao longo do tempo). Apenas tenho a consciência ainda mais acurada de que o Estado não pode se erigir em agente de um outro tipo de racismo, institucionalizado, para corrigir os racismos individuais que existem na sociedade.
Seria a falência moral de uma sociedade construpida sobre a igualdade fundamental do ser humano.
PRA, 18.01.2009
========
Addendum:
O blog, como sempre, continua aberto ao debate neste campo e não tenho nenhuma objeção a publicar toda e qualquer posição pertinente (talvez até impertinente), mesmo as mais abertamente racistas, desde que não sejam meramente ofensivas, visivelmente impertinentes ou ridículas -- sim, eu me dou o direito de julgar -- ou que se coloquem muito fora de um debate civilizado a este respeito.
Creio que todo mundo tem o direito de expressar a sua opinião, mesmo quando ela seja declaradamente racista, desde que não incite, obviamente, à violência e ao ódio racial, o que vai contra princípios mínimos de convivência social ou humana.
Existe, no Brasil, uma quantidade razoável de pessoas, negras, brancas e mulatas, que defendem cotas raciais, como "solução" ao problema da discriminação, da "inferioridade" social ou profissional, ou da falta de oportunidades de ascensão social aos que, tendo vindo de uma herança afro-brasileira, foram de fato discriminados pela pobreza, indiferença do Estado e falta geral de oportunidades de estudo e de trabalho no Brasil. Respeito a posição dessas pessoas, e creio que a maior parte age de boa-fé, mas não creio que políticas racialistas -- para não dizer racistas -- sejam a solução do problema.
Sou, sim, favorável a um imenso esforço do Estado e de toda a sociedade brasileira pela inclusão social de todos os pobres e desfavorecidos via um gigantesco programa de melhoria da qualidade da educação em todos os níveis, a começar pelo pré-primário e por toda a escola fundamental e técnico-profissional (já sou menos favorável ao apoio indiscriminado no ensino superior, achando que este é uma escolha pessoal ou familiar, e não um dever do Estado ou da sociedade).
Portanto, continuarei postando e debatendo essa questão das cotas, com absoluta transparência de posições, de todos os lados que porventura resolvam se expressar neste espaço.
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