quarta-feira, 8 de abril de 2009

1058) Miseria da educacao no Brasil

Apenas um trecho de um trabalho acadêmico, por duas autoras que são provavelmente pedagogas, recolhido de um boletim de notícias, e que reflete o debate atualmente em curso no setor da educação da Prefeitura do Rio de Janeiro a propósito de metas e métodos para melhorar a educação naquele município:

"A TAYLORIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO"!
Trecho do artigo de Cecilia Goulart - Professora da Faculdade de Educação da UFF e Doutora em Letras - e Maria Luiza Oswald - Professora da Faculdade de Educação da UERJ e Doutora em Educação - analisando a política educacional introduzida na prefeitura do Rio em 2009.
"Propostas educacionais, como a atual da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro - SME-RJ, orientadas por sistemas de avaliação focados em resultados, vêm merecendo a crítica de professores e pesquisadores que trabalham há muito tempo por um país em que a justiça se sobreponha à ordem. A taylorização do trabalho pedagógico tem levado a avaliar o conhecimento de crianças e jovens como quem analisa o sistema de produção de uma fábrica. A garantia de manter a produtividade e a “máquina” é a prioridade".

Fim de transcrição, começa meu comentário:
Por este simples pequeno trecho se pode perceber que as duas autoras em questão se posicionam frontalmente contrárias a qualquer procedimento educativo que tenha por finalidade cobrar resultados, como se isto fosse um supremo absurdo. Para elas, educação tem a ver com 'justiça', seja qual for o significado desse conceito.
Quem pode ser contra a justiça, não é mesmo? Aquele que deseja resultados, só pode ser um capitalista enrustido, interessado em transformar os alunos em operários, submisso aos ditames do Banco Mundial e a uma visão comercial, ou produtiva, da educação. Que tragédia, não é mesmo?
Consequentemente, pedagogas como estas vão se opor, com todo o apoio da máquina sindical dos professores, a qualquer reforma, ou simples procedimento, que pretenda cobrar resultados dos professores, que seria simplesmente testar por meios objetivos se os alunos estão aprendendo realmente algum conteúdo didático. Mas na visão das pedagogas, que devem ter sido educadas na pedagogia rastaquera e intelectualmente capciosa de um Paulo Freira, e seus preceitos sobre a 'pedagogia do oprimido', isso é pecado, pior, isso é visão capitalita, e assim não pode.
Essa é a tragédia educacional do Brasil: um país no qual a educação vira um 'terreno de liberdade' para o professor, e uma miséria educacional para os formandos. Com essa visão predominante -- e não tenho a menor dúvida de que ela é predominante -- a tragédia está plenamente assegurada de continuar por muitos anos mais, ou talvez pelo futuro indefinível e imprevisível.
O que se pode augurar, talvez, seja o fracasso completo dos objetivos da Secretária Municipal de Educação do Rio de Janeiro, que por acaso já trabalhou no Banco Mundial. Isso a torna absolutamente condenável, do ponto de vista de pedagogas como essas, e provavelmente para todo o professorado, pelo menos aquele orientado pelo sindicato da categoria.
Para trás, Brasil!

1057) Turismo academico (11): Leituras sobre a crise

Em Urbana, na Universidade do Illinois.
Passei a terça-feira dia 7 de abril em pesquisas e leituras.

Pela manhã, retirei seis livros de duas bibliotecas para ler e retirar materiais para um livro que estou escrevendo sobre a diplomacia econômica do Brasil entre 1889 e 1945. Depois comento.
Pela tarde, passei boa parte do tempo, inclusive o começo da noite, numa livraria Barnes and Noble, lendo livros recentes sobre a crise econômica internacional, para preparar uma apresentação que vou fazer para os alunos de pós-graduação do Professor Werner Baer.
Para não ter de comentar cada um isoladamente, vou postar aqui abaixo minhas notas para essa apresentação, com o aviso de que as notas devem apenas servir de base, junto com gráficos e tabelas estatísticas, mais algumas ilustrações (como por exemplo capas dos livros citados), para uma apresentação em PowerPoint.
Aviso que a apresentação e as notas não estão ainda completas, pois falta toda a parte do Brasil.
Serve como um relatório de mid-term presentation and readings...

Brazil and the International Crisis: a personal approach
Paulo Roberto de Almeida
Presentation in April 2009 at the Center for Latin American Studies, University of Illinois, Urbana, by invitation of Professor Werner Baer.

The American or international aspects of the current crisis are already, if not well known, very well discussed and debated, as we can confirm by a bunch of books published lately:

The Gods That Failed: How Blind Faith in Markets Has Cost Us Our Future,
Larry Elliott and Dan Atkinson (New York: Nation Books, 2009)

BUT: It was just at one precise moment of 2008, say, between September and October 2008, that Gods failed and financial thunderstorm fell unto us? This is, perhaps, a conspiratorial view of the financial world, with a secret bunch of market speculators from Wall Street and the City taking control of the market leverages… (Sorry, they are just two English economists-journalists).

Or

Panic: The Story of Modern Financial Insanity, Michael Lewis (ed.)
(New York: Norton 2009)

BUT: It was just a Wall Street black hole that provoked the collapse of the markets? The man in the street also adopted the same behavior as speculators it seems… Why, so many people, during so long a period, trusted the Black-Scholes formula (portfolio insurance, and the short position assumption)?

Some books distribute the sins and responsibilities in an egalitarian way:

Every Man a Speculator: A History of Wall Street in American Life,
Steve Fraser (New York: Harper, 2006)

BUT: History repeats itself, in form of dreams and nightmares? Well, it seems part of American national character and the gospel that ‘greed is good’? That’s the inescapable fate of the ‘shareholder nation’?

Other analysts go direct to the point:

Getting Off Track: How Government Actions, and Interventions Caused, Prolonged, and Worsened the Financial Crisis, by Jeffrey Taylor (Stanford, CA: Hoover Institution, Press, 2009)
From which a synthesis can be read in this paper:
John B. Taylor, “The Financial Crisis and the Policies Responses: an Empirical Analysis of What Went Wrong” (National Bureau of Economic Research, January 2009; Working Paper 14631; available here).

BUT: Why the most brilliant economists did not alert the keepers of the Treasury and the Fed about the unsustainable interest levels?

Some try a more sophisticated approach:

Animal Spirits: How Human Psychology Drives the Economy, and Why It Matters for Global Capitalism, by George A. Akerlof and Robert J. Schiller (Princeton: Princeton University Press, 2009)

BUT: Why economists were not counting on psychological aspects of economic behavior all the time, and not just during moments of stress? And why the ‘animal spirits’ of the public at large should be driven by the visible hand of governments, as these two authors suggest in this book? And, would a more robust, and behaviorally informed, kind of Keynesianism suffice to counter such impending crises like this one?

Whereas other search for antecedents:

The Panic of 1907: Lessons Learned from the Market’s Perfect Storm, by Robert F. Bruner and Sean D. Carr (New Jersey: John Wiley, 2007)

BUT: It seems that the all the lessons were not very well learned at all… As William Bernstein recounts in his Preface, financial manipulators – be they English goldsmiths, treasury secretaries or central bankers – always print more money than they have in their vaults…


And one of the explicative variables is, of course,:

The Empire of Debt: The Rise of an Epic Financial Crisis, by William Bonner and Addison Wiggin (New Jersey: John Wiley, 2006)

AND that sound entirely true:
“The Entire homeland economy now depends on the savings of poor people on the periphery to keep it from falling apart. Americans consume more than they earn. The difference is made up by the kindness of strangers – thrifty Asians whose savings glut is recycled into granite countertop and flat-screen TVs all over the United States.” (p. 4).

According to some economic theorists (Hyman Minsky, for instance), all credit operations fell into three categories: hedging, speculative, and Ponzi. We have had allt three in the most recent times… And William Bernstein – from whom I have recently read the splendid A Splendid Exchange: How Trade Shaped the World – believes, as a trained neurologist, that we all have “greed centers” in our brains…


And here we are: Almost all, if not all, of the Brazilian crises of the past were provoked by external debt, huge amounts of debt, in every and each downturn of the international economy.

Even those crises not directly provoked by external constraints, such as the hyper-inflationary experiences of the 1980s and 1990s, are due, in last resort, to huge amounts of debt, either internal or external, which provoke mistrust, capital flight, insolvency of the State and some sort of default in government bonds.

When there is an external constraint, there is a lack of credit, say a credit crunch, and it is all: the economy stops, like today.
Today’s Brazil is not in crisis, but it is IN the crisis, for the first time.

Questions:

Does Brazil need stimulus? If so, what sort, exactly? Monetary stimulus, fiscal stimulus, what kind of it?
Government is trying every sort of government expenditures, to counter the credit crunch. It started by reducing the compulsory deposits in the banks, then extending some credit to the same banks, afterwards introduced old sorts of sectoral policies, such as one for automotive sector and so on.

Is there a lack of confidence in Brazil? Not exactly, but entrepreneurs took already a big surprise by the reverse behavior of the dollar at the reversal of exchange markets, last October.

So, the government tried everything:
1) Enlarging the provision of capital (compulsory, credits by Central Bank and so on…
2) Direct Injections of Capital (BC, to foreign trade companies and banks dealing with foreign trade, extending money for non renewed borrowings by Brazilian companies)
3) Direct credit from government banks (BB, BNDES)

(to be continued...)

Urbana (freezing), April 7th, 2009.

terça-feira, 7 de abril de 2009

1056) Turismo academico (10): instalado em Urbana, e ja viajando

Estava em falta com os seguidores habituais desta série dedicada a meu "turismo acadêmico", depois de mais de uma semana em silêncio. Aliás, nem tão turismo e nem tão acadêmico, assim, pois que tenho alternado providências práticas e atividades acadêmicas diversas.

Desde que cheguei em Urbana, cidade universitária conectada a Champaign, no Illinois (cerca de 180 km ao sul de Chicado), em 1. de abril (bela data para enganar incautos), tive de tomar diversas providências para minha instalação. Recebi um bom apartamento mobiliado da Universidade, mas vazio de comida e outras pequenas comodidades da vida diária. Assim, passei o primeiro dia circulando pelos centros comerciais da cidade (que nos EUA são sempre nos subúrbios, bastante espalhados) para abastacer a geladeira e também para nos precavermos contra o frio implacável que se abateu sobre toda a região nem bem chegamos nestas planicies geladas do meio oeste. Blusas, casacos, pijamas, meias (me está faltando uma par de luvas para dirigir), até sapato mais reforçado para enfrentar a neve, esta voltando de maneira triunfante em plena primavera. Eu estava preparado apenas para a primavera, com camisas de mangas curtas e nenhum casaco, não para temperaturas invernais...
Mas, a primeira providência foi comprar dois telefones celulares, já que o meu brasileiro perdeu qualquer conexão assim que atravessei os limites de Indiana para Illinois. Comprei o mais barato que havia, já que não servirá para mais nada depois de abril. Aos muito necessitados de me contatarem, recomendo o envio de uma mensagem para meu e-mail (ou pelo contato da minha página na internet), para comunicação direta do número. Acho que vai ser bom ficar sem muita chamada telefônica...

Depois, fui fazer uma identidade da Universidade, sem a qual eu simplesmente não existiria: ela me permite me conectar na rede da Universidade, retirar livros na biblioteca, enfim, existir, como qualquer ser vivo... Isso implicou em registro, foto, cadastro no sistema de conexão por rede. Mas, tudo muito simples, desburocratizado: as pessoas acreditam em você, basta declarar nome, algum telefone, e-mail e pronto...
Depois recebi um escritório na universidade, onde vou poder ler, receber visitas, enfim, cumprir meus compromissos acadêmicos. Falta decoração na parede, mas tem mesa, cadeira, estante, conexão e uma janela, nada mais, além do meu nome na porta e uma chave...

Depois, como ninguém é de ferro e já era sexta-feira, fui com o Professor Werner Baer e com Carmen Lícia, assitir Der Rosenkavalier, ópera de Richard Strauss (libreto de Hugo von Hoffmansthal), no centro de Performing Arts da Universidade do Illinois, um impressionante edifício de espetáculos, no coração da Universidade. Como diversos outros prédios, bibliotecas e facilidades diversas, foi financiado por um generoso dom de muitos milhões de dólares de um desses benefactors, que por vezes nem estudantes da Universidade foram: apenas pretendem perpetuar os seus nomes no solido granito (mármore italiano, no caso do prédio da Ópera) dos prédios que financiam tão prodigamente. Provavelmente metade da Universidade, e sobretudo suas várias bibliotecas, cada uma melhor do que a outra, foram dons de capitalistas beneficientes.

Bem, no sábado, como todo fim de semana, urge sair, passear. Fomos a Chicago, o que há de mais refinado em todo o meio Oeste: uma cidade impressionante pela sua arquitetura, riqueza em museus, diversidade consumista. Certas coisas marcam mais do que outras. Por exemplo: devo ter gasto mais em estacionamentos do que em comida, tanto porque não tivemos tempo de frequentar grandes restaurantes, porque aproveitamos a maior parte do tempo para passeios culturais, sobretudo o imenso Field Museum de Natural History, que eu já conhecia de outras visitas. Desta vez, fomos a duas exposições especiais, com entradas separadas; uma sobre o antigo mundo azteca, com peças vindas de vários museus mexicanos e diversos americanos -- algumas inclusive eu já tinha visto nos Smithsonian de Washington, no Dumbarton Oaks --, e outra sobre "real Pirates", ainda que em versão um pouco edulcorada. Na verdade, se tratava da reconstituição perfeita do Widah, um navio negreiro inglês, capturado por piratas e convertido ao banditismo de alto mar, entre 1620 e 1630, e que naufragou nas costas na Terra Nova, perto do Canadá. Ele foi quase todo recuperado em seu conteúdo por um desses caçadores de tesouros, que encontrou, de fato, um cofre inteiro com moedas de prata que seria, supostamente, dividido com os "empregados" da empresa de pirataria, numa trajetória bem documentada em documentos e em relatos de sobreviventes (todos os seis enforcados, com a única exceção do mestre de bordo, engajado à força e libertado no julgamento). Extremamente instrutiva essa aula sobre um microempresário da pirataria independente -- já que também havia corsários trabalhando oficialmente para soberanos, na mesma época--, que subsistiu enquanto as nações não se organizaram para combatê-los, um pouco como se faz hoje nas costas da Somália. Enfim, piratas são nossos companheiros constantes, nas esquinas das cidades brasileiras, ou até nos escritórios de lobbies de Brasília.
Também compramos livros (como parece inevitável) e passeamos de carro (já que a pé seria impossível, nesta windy city de ventos uivantes e gelados) por Chicago, realmente muito bonita (se não fosse por esse clima miserável).
Na volta deixamos de visitar o Oriental Institute da Universidade de Chicago, pois ele estará inaugurando, justamente nesta segunda-feira 6 de abril, novas coleções, que vamos visitar no dia 18 de abril, quando pretendemos retornar à cidade. Voltamos mais cedo do que o pretendido, pois estava anunciada uma nevasca para ninguém botar defeito. De fato, na estrada pegamos um pouco de neve-granizo, e depois muita chuva gelada pelo caminho. Abasteci na saída e não fizemos nenhuma parada até chegar em casa (com uma passada pelo supermercado para comprar um vinho)...

Segunda-feira, 6 de abril: comprei um novo MacBookPro, poderosíssimo, que estou instalando agora, e me apresentei na Biblioteca para verificar as condicoes de pesquisa e retirada de livros. Não poderiam ser melhores. Conversei com a chefe da Biblioteca Latino-Americana, mas não vai ser preciso nenhum favor especial: tudo é extremamente facilitado para qualquer um, pesquisador, estudante, curioso de passagem, não existe melhor lugar no mundo para quem gosta de livros do que uma biblioteca universitária americana. Eu seria capaz de morar dentro de uma delas, se não existissem objeções familiares e provavelmente institucionais. Mas, um dia ainda vou tentar.

Ainda estou aguardando me chamarem para alguma palestra, do contrário vou ficar lendo e escrevendo. Claro, planejando viagens também: na Páscoa, que já é na próxima sexta-feira, vamos voltar a Indiana, visitar Terre Haute e outras localidades de antiga ocupação francesa na região.
Por enquanto, vou continuar lendo e pesquisando (e bebendo vinho e tomando café, um de cada vez)...

1055) Um mito a ser desmontado: o golpe de 1964

Acabo de publicar mais um texto da série "Falácias Acadêmicas", desta vez sobre os mitos históricos em torno do governo Goulart e do golpe militar de 1964.
Leiam aqui:

Falácias acadêmicas, 7: os mitos em torno do movimento militar de 1964
Brasília-Rio de Janeiro, 20 março 2009, 23 p.
Continuidade do exercício, tocando no maniqueísmo construído em torno do golpe ou da revolução de 1964, condenando a historiografia simplista que converteu-se em referencia nos manuais didáticos e paradidáticos.
Espaço Acadêmico (ano 9, n. 95, abril 2009; link; pdf).

quinta-feira, 2 de abril de 2009

1054) Um candidato à carreira altamente motivado

Segue abaixo uma correspondência de um leitor de meus textos, no site ou nos blogs, que corresponde exatamente àquilo que eu mesmo espero encontrar -- e ajudar a 'produzir' -- através destes meus meios eletrônicos de interação indireta com os jovens candidatos à carreira, ou a qualquer outra atividade profissional.
Permito-me transcrever sua carta, omitindo nome e local, pois se trata de um exemplo relevante de consciência elevada e alto sentido vocacional.

Primeiro a correspondência que me chegou:

On 02/04/2009, at 00:00, Xxxxxxx Zzzzzzzz wrote:

Caro Professor Paulo,

Primeiramente, solicito imensas desculpas em adentrar no seu email sem a devida permissão, mas diante da oportunidade que apareceu, numa forma de adequar o útil ao agradável, tomei essa liberdade.
Acredito que trarei para esse texto frases óbvias, mas mesmo nesta singela mensagem eletrônica, queria transparecer o quanto sinto orgulho por saber que teremos um representante do nosso povo nas terrasyankes e que essa pessoa seja o senhor, Professor Paulo.
Apresentando-me. Sou acadêmico do último ano do curso de Direito da Universidade de Xxxxxx Xxxxxx (uma cidade incrustada no interior do Norte de [estado]) e descobri, meio por acaso, o seu blog e com ele os meios necessários para o ingresso na carreira de diplomata.
Não adentrarei nas vicissitudes que me trouxeram a baila do Itamaraty, mas se hoje posso me orgulhar de estar trilhando esse caminho árduo, que é a fase de admissão ao Instituto Rio Branco, devo creditá-lo ao senhor.
O seu blog, principalmente sua sugestão de bibliografia necessária para a famigerada prova e outras dicas, foi o primeiro contato no âmbito diplomático e depois seus textos, com seus nuances e conselhos sensatos, foram de uma utilidade tamanha, que não trarei exemplos de situações em que elas foram úteis, porque encheria esse texto de assuntos dos mais diversos, mas conseguiu despertar o método de estudo numa forma macro, não praticada, infelizmente, pelo resto dos “estudantes”. Este método, fazendo clara alusão às recomendações de Sir Karl Popper, que afirma que “a [...] tarefa mais importante é escapar da visão estreita de uma especialização excessiva, interessando-se ativamente por outros campos em busca do aperfeiçoamento pelo saber que é a missão cultural da ciência” conseguiu transformar-me, ser diferente dos demais.
E assim, sabendo que hoje, não sou um “peixe fora d’água” (mesmo ainda tendo problemas em explicar para a minha familia que pretendo algo que foge das carreiras comuns do meu curso), mas que somente tenho uma visão diferente das coisas que cercam esse mundo.
E imbuído de uma necessidade de ser útil, aliado a uma forma romântica de representar e mostrar o que nosso país pode ser maravilhoso aos demais entes do cenário internacional, irei tentar (como estive tentando) ingressar na carreira de diplomata.
Portanto, mesmo tão distante, mesmo sem nos conhecermos, quero que saiba Professor, que possui um grande admirador, e que os obstáculos são muitos, mas este que te escreve, irá num futuro te agradecer pessoalmente nas dependências do Ministério de Relações Exteriores, mas além da eterna condição de aluno, como um colega de trabalho.

Respeitosamente,
Xxxxxxxx Zzzzzzzz

Agora minha resposta:

Meu caro Xxxxxxxx,
Muito grato por suas palavras, que muito me sensibilizaram. Todo o meu trabalho academico, e o que faço em carater voluntario em outras areas tambem, está justamente voltado para a formação de jovens como você, que pretendem ir um pouco além do normalmente esperado pela familia ou sociedade, ou seja, romper as barreiras do meio de origem, alçar-se a um conhecimento mais elevado e enriquecer-se intelectualmente, contribuindo também para a elevação moral da sociedade.
Espero que voce persista nesta trilha e consiga realizar os seus objetivos de vida, o que deverá ocorrer com essa tremenda força de vontade que você demonstra. Os requerimentos são sem dúvida excessivamente duros, mas não impossíveis para quem possui essa força interior e, sobretudo, essa consciência clara das relações entre fins e meios.
Meus parabéns, acima de tudo, pela sua linguagem cristalinamente clara, elegante, perfeita, o que prova que você é um grande leitor e um redator impecável. Ou seja, você já tem uma parte do caminho feita e poderá mais facilmente percorrer o que falta.
O abraço do
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Paulo Roberto de Almeida

1053) Sorry folks: o convite irrecusavel de Harvard vai ter de esperar mais um pouco

Bem, faz parte da tradição, mas gostaria de me desculpar sinceramente com todos os true believers em minha palavra aparentemente séria, quanto ao convite feito pela Universidade de Harvard, para me integrar como seu professor de história latino-americana (ver post abaixo).

Vou ter de esperar mais um pouco pelo convite de Harvard...
Os mais atilados, ou desconfiados, ou aqueles que simplesmente olharam o calendário, logo perceberam a embromação, e m'o fizeram (com desculpas pelo pernosticismo linguístico) saber, alguns em paralelo, outros publicamente, o que retirou-me o prazer de receber outros cumprimentos tão sinceros quanto a minha mentira.
Não foi ainda desta vez, mas pode ser que venha, algum dia. De fato, alguns julgaram plausível (eu entre eles) essa nova guinada profissional, já que acredito, sinceramente mais uma vez, estar em condições de ser selecionado e de exercer atividades docentes naquela universidade americana. Pode ser que venha um dia, e não deixarei de anunciar publicamente, esperando que me creiam, de fato, e não façam como aquela história do menino e o lobo...
Bem, mil desculpas a todos os que se sentiram lesados intelectualmente por minha pequena fraude de ocasião, mas isso talvez os incite a preparar uma boa mentira pessoal para o próximo primeiro de abril...

PAULO ROBERTO DE ALMEIDA (Urbana-Champaign, Illinois, 2 de abril de 2009)

quarta-feira, 1 de abril de 2009

1052) Convite irrecusavel: Harvard University

Acabo de receber um convite para dar aulas de história latino-americana na Universidade de Harvard, em programa administrado pelo David Rockefeller Center for Latin American Studies.
Como se trata, simplesmente, da melhor universidade dos EUA, e possivelmente do mundo, achei que não devia recusar esse convite, que me obrigará a mudar-me, de armas e bagagens, para os EUA, mais especificamente para Boston, ou Cambridge.
Vou tratar da mudança agora mesmo...

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...