sábado, 11 de abril de 2009

1061) Turismo academico (12): A crise e a morte do capitalismo (francamente exageradas)

Mesmo de férias (saí de Urbana, na Páscoa para visitar os museus de Indianapolis, uma antiga região de colonização francesa, em Terre Haute, sudoeste de Indiana, e até uma cidadezinha chamada Brazil, ali por perto), não deixo de atender alguns aluninhos que me procuram para resolver suas dúvidas existenciais, ou mais exatamente didáticas. Assim, passei parte da noite no hotel respondendo a perguntas sobre a crise e a morte do capitalismo.
Esse tipo de pergunta não deve só sair da cabeça dos próprios alunos, mas deve ter sido colocada por algum desses professores desejosos de enterrar o capitalismo, o que apenas reflete uma incompreensão magistral sobre como funciona o mundo real.
Em todo caso aqui vão minhas respostas:

A crise do capitalismo
Respostas a questionário de estudante de jornalismo da UNESP

1) Há a possibilidade de a atual crise econômica ser o início do colapso do sistema capitalista?
PRA: Não existe a menor possibilidade. Quem afirma uma coisa dessas não tem a menor idéia de como funciona uma economia de mercado ou de como funciona o sistema capitalista, que representa uma das muitas formas da economia de mercado. A atual crise econômica, que se desenvolveu a partir de uma bolha financeira, não é a primeira, nem será a última a afetar o sistema capitalista, por vezes de forma mais severa do que outras, como foi o caso 80 anos atrás, na crise das bolsas de 1929, na crise bancária de 1931 e na depressão que se seguiu durante a maior parte dos anos 1930. Para haver colapso do sistema capitalista teria de estar ocorrendo uma crise estrutural da economia de mercado, o que está longe de ser o caso.

2) Quais os fatores que apontam para que isso ocorra?
PRA: Isso não está ocorrendo, justamente, nem vai ocorrer. O que está havendo é mais uma crise recorrente, previsível, e até “normal” para as condições em que operam as economias de mercado e o próprio capitalismo. Toda economia de mercado é inerentemente instável, pelo próprio dinamismo econômico, que produz descompassos entre setores, assimetrias de informação, desequilíbrios entre oferta e demanda, busca incessante de retornos mais elevados, mesmo à custa de maior exposição ao risco, diferenças de mecanismos regulatórios entre as economias nacionais – na ausência de mecanismos supranacionais, ou internacionais, que possam monitorar todos os tipos de ativos transacionados – ainda mais num sistema capitalista que funciona, em larga medida, com base nas iniciativas individuais dos detentores de ativos e nos tomadores de créditos. Em algum momento, o desejo de ganhos extraordinários vai superar a propensão à cautela pelos agentes de mercado, e quando, por algum motivo sempre imprevisto, alguém desconfia que aqueles ganhos não vão se realizar, começa uma retirada maciça das aplicações naquele mercado. Como todo o sistema funciona com base na confiança, e como os agentes costumam ter o comportamento de manada, é óbvio que haverá um descompasso entre os ativos efetivamente existentes no mercado e aqueles valores transacionados no mercado de futuros com base numa valorização hipotética (por definição, sempre acima das possibilidades reais do mercado). Apenas para se ter uma idéia das dimensões envolvidas nesses vários mercados, considere-se que o PIB mundial – isto é, a soma dos valores agregados por todos os países, durante um ano, nos seus respectivos processos produtivos nacionais, situa-se ao redor de 50 trilhões de dólares; a soma dos ativos transacionados efetivamente nos mercados financeiros, sob diversas formas, aproximava-se, antes da crise, da casa dos 200 trilhões de dólares, ou seja, quatro vezes mais o valor da produção anual; já a soma de todos os ativos financeiros virtualmente existentes, ou mesmo realmente, incluindo dívidas dos governos, mercados futuros, valores patrimoniais de casas, ações, etc, alcançava a cifra de 500 ou 600 trilhões de dólares, ou seja, mais de dez vezes o valor do PIB mundial. Esses 400 trilhões de dólares acima das transações de mercado representam uma valorização hipotética, ou virtual, que poderia, ou não, ser realizada, se todas as transações fossem realizadas em algum momento em todos os mercados existentes no mundo, mas isso compreende muita riqueza artificial, ou seja, valorização indevida ou exagerada de ativos, como ocorre em toda bolha financeira (por exemplo, uma casa de 100 mil dólares, estar sendo estimada no mercado a 150 mil, e com base nesse valor, servir de lastro, ou aval, a uma outra operação de empréstimo de mais 50 ou 60 mil dólares, inflando artificialmente a carteira de ativos de um banco, sem que o detentor original do bem consiga realizar aquela venda hipotética). Em algum momento a bolha estoura e todos perdem, mas no momento do jogo, todos estão supostamente ganhando. Esse é o capitalismo, nem bom, nem mau, apenas permitindo a realização de muitos negócios com base na confiança, ou na expectativa, de que tudo corra bem.

3) O capitalismo se fortalece com a atual crise?
PRA: Certamente, posto que algumas regras serão criadas, para diminuir a possibilidade de repetição desse tipo de crise, o que evitará, de alguma maneira, o exagero da especulação nesse tipo de modalidade. Mas, como o capitalismo é muito criativo, outros instrumentos financeiros e outros mecanismos de transações serão criados, de maneira que a próxima crise ocorrerá, certamente, mas de maneira diferente da atual. Os que falam de enfraquecimento do capitalismo ou de sua crise estrutural não têm idéia de como funciona o sistema, justamente permitindo enorme expansão dos negócios, muita especulação – durante a qual muitos ficam ricos, pois alguns sempre arriscarão seu dinheiro com novos negócios – e uma circulação de riqueza de maneira muito dinâmica. As tentativas de controlar o sistema são não apenas inócuas, como contra-produtivas, pois diminuiriam o seu dinamismo natural.

4) Quais são as soluções para o atual panorama econômico?
PRA: As de sempre: regulação das transações com ativos, para evitar uma exposição ou alavancagem muita exagerada dos intermediários financeiros; maior transparência nas informações relativos a títulos transacionados; exigência de garantias quanto a depósitos, mas que não podem ser exageradas, pois isso diminuiria o poder da especulação, que é sempre positivo, pois ela permite negócios que normalmente não seriam feitos, na ausência de motivação para ganhos extraordinários.
Os que pedem um capitalismo sem riscos, sem especulação, sem crises, não sabem do que estão falando, pois todo e qualquer sistema de mercado está exposto aos riscos das assimetrias de informação nesses mercados. O sistema sem risco é aquele sem dinamismo, como eram os antigos sistemas socialistas. Eram tão “estáveis” que estagnaram e desapareceram, e suponho que ninguém – salvo alguns utópicos irrecuperáveis – esteja pedindo a volta do socialismo, de resto impossível, pouco prático e irrealizável.
Haverá, também, um pouco mais de sistemas de ajuda emergencial, com maiores volumes de recursos sendo disponibilizados para empréstimos a países em situações de desequilíbrio grave, como aliás já existe atualmente, mas com um volume financeiro não compatível com as eventuais necessidades de mercado.

5) Quem a crise econômica atinge diretamente no Brasil? Por quê?
PRA: Primeiro pelo canal do crédito, sobretudo comercial, pois sabemos que o comércio internacional se faz, em grande medida, com base em letras de câmbio e outros modos de financiamento de curto prazo. Depois pela própria ausência de recursos para investimentos ou empréstimos de maior prazo. Também pelo aumento dos juros internacionais, o que é um resultado da diminuição dos volumes globais de recursos transacionados no sistema financeiro. Isso acaba afetando a produção, gerando, em conseqüência, desemprego setorial, ausência de investimentos e eventualmente até inadimplência, de empresas ou até dos países, que não dispõem de recursos próprios. Como o Brasil não emite uma moeda de aceitação internacional, como o dólar, ele depende de divisas estrangeiras para se relacionar comercial e financeiramente com o mundo: na ausência desses dólares, ele tem de usar reservas próprias, o que ainda é o caso, mas isso um dia pode acabar.

6) O dólar continuará sendo moeda padrão, do comércio?
PRA: Sim, ainda que outras moedas possam ser usadas adicionalmente, complementarmente ou até em substituição ao dólar. Supondo-se que o dólar se desvalorize, o que não ocorreu até agora – mas pode vir a ocorrer – pessoas, empresas e países buscarão outras moedas, que preservem o seu poder de compra e o seu valor internacional – isto é, que não se desvalorizem – e que possam vir a fazer parte de suas poupanças, investimentos, transações. Pode ser o euro, pode ser o iene, o yuan chinês, o rublo russo, ou até o real brasileiro, dependendo das circunstâncias. Tudo é uma questão de confiança: se as pessoas acreditam naquela moeda, e sobretudo, naquela economia, elas continuarão a aceitar essa moeda e a investir naquela economia, do contrário ela será rejeitada por todos. Tudo depende do dinamismo e do vigor econômico de um país. Como a Europa cresce pouco, é uma economia pouco flexível, como o Japão é um país relativamente fechado, como a China ainda não inspira confiança no mundo, por se tratar de um regime ditatorial, sem muita transparência, e como o Brasil ainda é uma economia pequena, de baixo dinamismo e sem uma moeda conversível, é provável que o dólar continue exercendo seu papel de moeda de troca e de reserva internacional ainda durante algum tempo. Paulatinamente, outras moedas poderão se fortalecer e outras podem desaparecer...

7) Muitas empresas e grupos econômicos apontam a sustentabilidade como uma medida de sobrevivência para o futuro, No entanto, o que se avançou em termos práticos e como as empresas tem investido nessa questão?
PRA: Sustentabilidade é um conceito vago, que apenas quer dizer que devemos usar os recursos do planeta de maneira a não esgotá-los ou extingui-los. Mas não há muita clareza do que isso signifique no plano setorial: quanto petróleo, quanta energia renovável, quantas terras agrícolas, quanta produção biotecnológica, etc. A tecnologia e os mercados terão respostas para os desafios do futuro, mas nem sempre existe uma consciência clara que é possível, ou preciso fazer, de quais são os meios ou técnicas mais apropriados para o crescimento e a manutenção no bem estar das populações, e sobretudo de quais seriam as prioridades de investimentos em novas tecnologias – que têm custos muito diferenciados entre as várias possibilidades e alternativas – em face do chamado custo-oportunidade, ou seja, como utilizar os recursos (por definição escassos) em função das alternativas e dotações diferenciadas no plano prático. As empresas mais proclamam do que praticam, de fato, a sustentabilidade, porque se tornou politicamente correto, por uma questão de imagem pública e de pressão de grupos ambientalistas, dizer que seus processos produtivos são sustentáveis. Mas tudo isso pode mudar rapidamente, com descobertas nos terrenos dos novos materiais (nanotecnologia), da energia, da biotecnologia. De toda forma, melhor confiar na pesquisa científica e nas comprovações empíricas do que em crenças pouco fundamentadas no conhecimento pouco objetivo do mundo real, como fazem alguns grupos ambientalistas, que praticam terrorismo ecológico dotado de pouca base científica.

Paulo Roberto de Almeida
(Indianapolis, Indiana, EUA, 11.04.2009)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

1060) O Brasil e o G20 financeiro, Cristiano Romero (Valor)

O Brasil e o G-20
Cristiano Romero
Valor Econômico, 08/04/2009, p. A2

A principal vitória do Brasil e dos outros países emergentes na reunião de cúpula do G-20 foi a consolidação do grupo como o foro central de deliberação sobre temas econômicos e financeiros internacionais. O G-20, ao contrário do que ocorreu no passado, tomou decisões concretas, demarcando sua importância para o mundo num momento de crise aguda. Trata-se de um foro muito diferente daquele criado há dez anos, sob a inspiração e a liderança do então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton.

O G-20 original foi criado na esteira das crises asiática, russa e brasileira, com o propósito de dar lições aos países emergentes para que eles não entrassem novamente em enrascadas financeiras. Realizadas no nível dos ministros das Finanças, as reuniões eram sonolentas e improdutivas. Os países ricos fingiam que ensinavam alguma coisa e os emergentes fingiam que aprendiam. O resultado prático era algo próximo de zero.

Nos anos seguintes ao de criação do G-20, nações emergentes adotaram suas próprias estratégias para enfrentar possíveis crises. Puseram em prática políticas de austeridade fiscal, controlaram a inflação, estimularam exportações e acumularam reservas cambiais. Na prática, procuraram se ver livres das vulnerabilidades que fizeram suas economias irem a pique nos anos 90. No ano passado, com a falência do banco americano Lehman Brothers, o jogo mudou radicalmente. Dessa vez, não foram os países emergentes que se enroscaram numa crise financeira, mas as economias centrais do capitalismo.

Antes mesmo do início da fase mais aguda da crise atual, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, percebeu que o foro foi posto em situação marginal no processo decisório internacional. O ministro, e esse mérito deve ser creditado a ele, iniciou um esforço pessoal para mudar a natureza do G-20. Sua primeira tentativa fracassou - Mantega propôs a seus colegas, em meados do ano passado, que o G-20 realizasse uma reunião extraordinária para debater a crise dos preços dos alimentos e de energia.

O mundo precisou sentir o abalo do setembro negro de 2008 para que os líderes dos países mais ricos se sensibilizassem. Eles perceberam que, sem coordenação com os países emergentes, seria muito mais difícil sair desta crise. Em outubro, Mantega presidiu a reunião à qual o então presidente dos Estados Unidos George W. Bush decidiu comparecer, em Washington, mostrando à opinião pública internacional que, dali em diante, o G-20 passaria a ser um foro relevante.

Naquele encontro, Mantega criticou a falta de flexibilidade da organização, propôs a realização de mais encontros ministeriais e, o mais importante, defendeu que o foro passasse a ter reuniões de cúpula para, assim, exercer plenamente seu papel. A proposição foi aceita e, no mês seguinte, realizou-se, novamente em Washington, o primeiro foro de líderes do G-20, que, por sua vez, agendou o encontro de Londres, ocorrido semana passada. O esforço do ministro deu certo - só se consolida um grupo dessa natureza se ele se estabelece como parte do calendário das lideranças mundiais.

Na cúpula de Londres, a delegação brasileira trabalhou para que a próxima reunião de líderes constasse do comunicado, o que efetivamente aconteceu, embora sem a fixação de uma data - acertou-se apenas que ocorrerá antes do fim do ano. A questão agora é decidir o local. Como a primeira cúpula se deu nas Américas e a segunda na Europa, há um clamor para que a próxima seja realizada na Ásia (possivelmente, no Japão) ou na Oceania (Austrália).

Esta não é, definitivamente, uma luta vencida. Há no G-8, o grupo dos sete mais ricos acrescido da Rússia, países que se sentem mais confortáveis com o formato mais restrito. Daí, o interesse do Brasil em institucionalizar o G-20 no curto prazo. Reuniões bem-sucedidas como a de Londres cumprem esse papel, mas há desafios.

Houve avanços nos quatro principais temas da reunião do G-20 em Londres - incentivos econômicos para enfrentar a crise; fluxos financeiros para países emergentes e em desenvolvimento; regulação e supervisão do sistema financeiro; e reforma da governança mundial. Foi no quarto tema, no entanto, onde o ceticismo deu lugar a decisões concretas.

Consolidou-se, por exemplo, a data de abril de 2010 para a conclusão da reforma de voz e representação dos países no Banco Mundial, um objetivo pelo qual o Brasil sempre se bateu. Definiu-se janeiro de 2011 como o prazo limite para a conclusão da revisão de cotas, capital e voz no Fundo Monetário Internacional (FMI), outro objetivo perseguido desde sempre pelos brasileiros. Ampliou-se o "Financial Stability Forum", agora rebatizado para "board" (diretoria), com a inclusão de todos os integrantes do G-20, além da Espanha. O FSB, sua nova sigla, vai monitorar a economia mundial e recomendar medidas para enfrentar desequilíbrios.

Foram ampliados também o Comitê de Basiléia de Supervisão Bancária, do qual o Brasil passou a fazer parte, e o Comitê Técnico da Iosco, entidade que reúne os reguladores dos mercados de ações e títulos. Isto, sem falar no fortalecimento financeiro do FMI, uma medida importantíssima neste momento de crise de liquidez em vários países e mercados. Todas essas mudanças ocorreram tendo como referência temporal a reunião de cúpula do G-20, que, com isso, tende a se institucionalizar.

O dia em que o Brasil disse não ao FMI
Na véspera da decisão do governo mexicano de recorrer ao FMI, o governo brasileiro foi procurado por autoridades americanas, do Fundo e do México. Elas tentaram persuadir o presidente Lula a também recorrer à nova linha de financiamento do FMI, mais flexível e sem as inúmeras condicionalidades do passado. A ideia era mostrar que o país que buscasse a nova modalidade de crédito não seria ser malvisto pelo mercado. Lula rejeitou a "oferta". No passado, quem se fez de rogado à sedução (para usar a CCL, linha de crédito contingente) foi o México...

Cristiano Romero é repórter especial em Brasília e escreve às quartas-feiras

1059) Articulista do Wall Street Journal discorre sobre o IBAS

Um artigo de opinião, mas relativamente bem pesquisado, sobre o IBAS. O autor está relativamente equivocado quando diz que:
"IBSA announced its presence by convincing a group of 21 developing countries to block agreement at the World Trade Organization's Cancún summit that year over the issue of rich country agricultural subsidies."
É preciso registrar que desse G20 comercial fazem parte tanto a China, como outros exportadores agrícolas, mas o grupo é um pouco esquizofrênico no que se refere à liberalização agrícola, pois enquanto se posiciona claramente contrário ao protecionismo e ao subvencionismo explícitos dos países desenvolvidos no setor agrícola, argumenta que países em desenvolvimento -- entre eles, e sobretudo, a China e a India -- têm todo o direito de proteger e de subvencionar seus respectivos 'camponeses pobres', o que é claramente contrário aos interesses brasileiros no âmbito do comércio agrícola internacional, pois retira dois importantes mercados do alcance dos nossos exportadores competitivos.

Look to Brasilia, Not Beijing
Bruce Gilley
The Wall Street Journal Asia, 08/04/2009

The rising challenge to China's great power aspirations.

Threats to the global liberal order are usually identified with illiberal states. That's why China, with its repressive domestic regime and its see-no-evil (unless related to the United States) foreign policy attracts so much attention these days.

But a more compelling challenge to the current world order may be emerging from an unlikely trio of countries that boast both impeccable democratic credentials and serious global throw weight. They are India, Brazil and South Africa and their little-noticed experiment in foreign policy coordination since 2003 to promote subtle but potentially far-reaching changes to the international system has the potential to leave fears of a rising China in the dustbin of history.

The quasi-alliance of these three powers has serious implications for the international system, and its major underwriter, the U.S., depending on how the challenge is handled. But an equally important, and quite unintended implication, is the sabotage of China's great power ambitions. By robbing China of its claims to represent developing countries, this new cooperative trio could sideline China from the major debates in international affairs. That may be good news for domestic reform in China, which has long been stunted by the country's great power ambitions.

The origins of the India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) lie in South Africa's quest for a new allies more consonant with its interests and ideas following the end of apartheid in 1994. The immediate impetus came from Brazilian president Luiz Inácio Lula da Silva, who floated a formal cooperation scheme in early 2003. In June of that year, the foreign ministers of the three countries inaugurated the group in Brasilia, calling for a strengthening of international institutions to address the concerns of developing countries in areas like poverty, the environment and technology. Since then, according to Sarah-Lea John de Sousa of Madrid's FRIDE think tank, the trio has been gaining support as "spokesmen for developing countries at the global level."

IBSA announced its presence by convincing a group of 21 developing countries to block agreement at the World Trade Organization's Cancún summit that year over the issue of rich country agricultural subsidies. It also successfully lobbied for changes to WTO rules covering the production of generic versions of AIDS, malaria and tuberculosis drugs. Yet it quickly moved beyond trade to take stands on issues of international security and institutional reforms. In addition to trade, energy and development projects, IBSA has staked out joint positions on everything from U.N. Security Council reform to the International Criminal Court's prosecution of Sudanese President Omar Hassan Al-Bashir. They have also papered over differences on humanitarian intervention, human rights and nuclear nonproliferation to speak with a common voice. "Though conceived as a dialogue forum, IBSA is rapidly moving into becoming a strategic partnership," wrote Arvind Gupta of India's Institute for Defense Studies and Analyses in a September 2008 report.

China reluctantly joined the Cancún coalition. But since then it has remained on the outside of IBSA, looking in. For three main reasons, it is likely to stay there.

First, China is a U.N. Security Council permanent member which sets it on a collision course with the IBSA aspirations to expand that body to reflect the views of the world's poor countries. Brazil and India are explicit in wanting permanent seats while South Africa, which is barred by its African Union obligations from seeking a permanent seat, nonetheless sought and won a nonpermanent seat for the first time in 2007. China, torn between its rhetoric calling for the democratization of international affairs and the reality that it would be a loser from this process, has decided to steer the self-interested course, to the detriment of its claims to represent the world's vast unwashed.

China is also on the wrong side of IBSA in terms of its views of globalization. The Brasilia Declaration warned that "large parts of the world have not benefited from globalization" and demanded changes to keep more economic and regulatory power in the hands of states. Yet Beijing's leaders see themselves as beneficiaries of globalization and are loathe to embrace left-wing tantrums against "neoliberalism." Critiques of the market are a touchy subject in China, where a neo-Maoist movement is using them to attack the ruling regime. Still, China could soften its views on U.N. Security Council reform and globalization in the interests of developing country solidarity (and its interests in leading that movement).

The third reason it stands outside IBSA is one that it cannot change: It is not a democracy. IBSA members note that they are "vibrant democracies" and Daniel Flemes of Hamburg-based German Institute for Global and Area Studies noted in a 2007 paper that "IBSA's common identity is based on values such as democracy, personal freedoms and human rights." Human rights, civil society, social empowerment and "gender mainstreaming" are central to their moral capital.

Indian newspapers have reported that Iran and Egypt expressed interest in joining the group but were rebuffed, possibly because IBSA leaders are aware how much their group's international legitimacy depends upon its democratic credentials. The most logical candidate for admission, if the group expands, is Indonesia, another poor, populous and democratic country. Coupled with a Japan that is renewing its role in international affairs, this would also rob China of claims to represent Asia.

Democracy is not just about IBSA's membership requirements; it bears on the very purposes of IBSA. IBSA is not a security alliance -- Brazil and South Africa, after all, are harsh critics of India's nuclear program. What it is, rather, is an alliance that seeks to use democratic ideals to effectively reshape the U.N. and other international institutions to serve poor countries better. In a strange way, IBSA is a community of democracies from hell -- a group of countries with impeccable democratic credentials who are using that common identity to challenge rather than advance U.S. interests. International relations scholars call this "soft balancing" because rather than confronting the U.S., they are simply trying to restrain and reorient it. The reason this may work is that, as democracies, these countries have the moral stature in the international system to achieve those goals. Indian and Brazilian diplomats in particular, already among the world's best, can advance the IBSA agenda because they share common ideals.

Where does that leave China? Probably wondering why yet another century mooted to be its century has passed it by. That may be good news for domestic reformers in China who can point to democracy as a precondition for international respectability. IBSA leaders are due to meet again in Brazil in October. Those tracking shifts in world affairs should cancel their trips to Beijing and make arrangements to be in Brazil.

Mr. Gilley is assistant professor of political science in the Mark O. Hatfield School of Government at Portland State University and co-editor with Larry Diamond of "Political Change in China: Comparisons With Taiwan" (Lynne Rienner, 2008).

1058) Miseria da educacao no Brasil

Apenas um trecho de um trabalho acadêmico, por duas autoras que são provavelmente pedagogas, recolhido de um boletim de notícias, e que reflete o debate atualmente em curso no setor da educação da Prefeitura do Rio de Janeiro a propósito de metas e métodos para melhorar a educação naquele município:

"A TAYLORIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO"!
Trecho do artigo de Cecilia Goulart - Professora da Faculdade de Educação da UFF e Doutora em Letras - e Maria Luiza Oswald - Professora da Faculdade de Educação da UERJ e Doutora em Educação - analisando a política educacional introduzida na prefeitura do Rio em 2009.
"Propostas educacionais, como a atual da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro - SME-RJ, orientadas por sistemas de avaliação focados em resultados, vêm merecendo a crítica de professores e pesquisadores que trabalham há muito tempo por um país em que a justiça se sobreponha à ordem. A taylorização do trabalho pedagógico tem levado a avaliar o conhecimento de crianças e jovens como quem analisa o sistema de produção de uma fábrica. A garantia de manter a produtividade e a “máquina” é a prioridade".

Fim de transcrição, começa meu comentário:
Por este simples pequeno trecho se pode perceber que as duas autoras em questão se posicionam frontalmente contrárias a qualquer procedimento educativo que tenha por finalidade cobrar resultados, como se isto fosse um supremo absurdo. Para elas, educação tem a ver com 'justiça', seja qual for o significado desse conceito.
Quem pode ser contra a justiça, não é mesmo? Aquele que deseja resultados, só pode ser um capitalista enrustido, interessado em transformar os alunos em operários, submisso aos ditames do Banco Mundial e a uma visão comercial, ou produtiva, da educação. Que tragédia, não é mesmo?
Consequentemente, pedagogas como estas vão se opor, com todo o apoio da máquina sindical dos professores, a qualquer reforma, ou simples procedimento, que pretenda cobrar resultados dos professores, que seria simplesmente testar por meios objetivos se os alunos estão aprendendo realmente algum conteúdo didático. Mas na visão das pedagogas, que devem ter sido educadas na pedagogia rastaquera e intelectualmente capciosa de um Paulo Freira, e seus preceitos sobre a 'pedagogia do oprimido', isso é pecado, pior, isso é visão capitalita, e assim não pode.
Essa é a tragédia educacional do Brasil: um país no qual a educação vira um 'terreno de liberdade' para o professor, e uma miséria educacional para os formandos. Com essa visão predominante -- e não tenho a menor dúvida de que ela é predominante -- a tragédia está plenamente assegurada de continuar por muitos anos mais, ou talvez pelo futuro indefinível e imprevisível.
O que se pode augurar, talvez, seja o fracasso completo dos objetivos da Secretária Municipal de Educação do Rio de Janeiro, que por acaso já trabalhou no Banco Mundial. Isso a torna absolutamente condenável, do ponto de vista de pedagogas como essas, e provavelmente para todo o professorado, pelo menos aquele orientado pelo sindicato da categoria.
Para trás, Brasil!

1057) Turismo academico (11): Leituras sobre a crise

Em Urbana, na Universidade do Illinois.
Passei a terça-feira dia 7 de abril em pesquisas e leituras.

Pela manhã, retirei seis livros de duas bibliotecas para ler e retirar materiais para um livro que estou escrevendo sobre a diplomacia econômica do Brasil entre 1889 e 1945. Depois comento.
Pela tarde, passei boa parte do tempo, inclusive o começo da noite, numa livraria Barnes and Noble, lendo livros recentes sobre a crise econômica internacional, para preparar uma apresentação que vou fazer para os alunos de pós-graduação do Professor Werner Baer.
Para não ter de comentar cada um isoladamente, vou postar aqui abaixo minhas notas para essa apresentação, com o aviso de que as notas devem apenas servir de base, junto com gráficos e tabelas estatísticas, mais algumas ilustrações (como por exemplo capas dos livros citados), para uma apresentação em PowerPoint.
Aviso que a apresentação e as notas não estão ainda completas, pois falta toda a parte do Brasil.
Serve como um relatório de mid-term presentation and readings...

Brazil and the International Crisis: a personal approach
Paulo Roberto de Almeida
Presentation in April 2009 at the Center for Latin American Studies, University of Illinois, Urbana, by invitation of Professor Werner Baer.

The American or international aspects of the current crisis are already, if not well known, very well discussed and debated, as we can confirm by a bunch of books published lately:

The Gods That Failed: How Blind Faith in Markets Has Cost Us Our Future,
Larry Elliott and Dan Atkinson (New York: Nation Books, 2009)

BUT: It was just at one precise moment of 2008, say, between September and October 2008, that Gods failed and financial thunderstorm fell unto us? This is, perhaps, a conspiratorial view of the financial world, with a secret bunch of market speculators from Wall Street and the City taking control of the market leverages… (Sorry, they are just two English economists-journalists).

Or

Panic: The Story of Modern Financial Insanity, Michael Lewis (ed.)
(New York: Norton 2009)

BUT: It was just a Wall Street black hole that provoked the collapse of the markets? The man in the street also adopted the same behavior as speculators it seems… Why, so many people, during so long a period, trusted the Black-Scholes formula (portfolio insurance, and the short position assumption)?

Some books distribute the sins and responsibilities in an egalitarian way:

Every Man a Speculator: A History of Wall Street in American Life,
Steve Fraser (New York: Harper, 2006)

BUT: History repeats itself, in form of dreams and nightmares? Well, it seems part of American national character and the gospel that ‘greed is good’? That’s the inescapable fate of the ‘shareholder nation’?

Other analysts go direct to the point:

Getting Off Track: How Government Actions, and Interventions Caused, Prolonged, and Worsened the Financial Crisis, by Jeffrey Taylor (Stanford, CA: Hoover Institution, Press, 2009)
From which a synthesis can be read in this paper:
John B. Taylor, “The Financial Crisis and the Policies Responses: an Empirical Analysis of What Went Wrong” (National Bureau of Economic Research, January 2009; Working Paper 14631; available here).

BUT: Why the most brilliant economists did not alert the keepers of the Treasury and the Fed about the unsustainable interest levels?

Some try a more sophisticated approach:

Animal Spirits: How Human Psychology Drives the Economy, and Why It Matters for Global Capitalism, by George A. Akerlof and Robert J. Schiller (Princeton: Princeton University Press, 2009)

BUT: Why economists were not counting on psychological aspects of economic behavior all the time, and not just during moments of stress? And why the ‘animal spirits’ of the public at large should be driven by the visible hand of governments, as these two authors suggest in this book? And, would a more robust, and behaviorally informed, kind of Keynesianism suffice to counter such impending crises like this one?

Whereas other search for antecedents:

The Panic of 1907: Lessons Learned from the Market’s Perfect Storm, by Robert F. Bruner and Sean D. Carr (New Jersey: John Wiley, 2007)

BUT: It seems that the all the lessons were not very well learned at all… As William Bernstein recounts in his Preface, financial manipulators – be they English goldsmiths, treasury secretaries or central bankers – always print more money than they have in their vaults…


And one of the explicative variables is, of course,:

The Empire of Debt: The Rise of an Epic Financial Crisis, by William Bonner and Addison Wiggin (New Jersey: John Wiley, 2006)

AND that sound entirely true:
“The Entire homeland economy now depends on the savings of poor people on the periphery to keep it from falling apart. Americans consume more than they earn. The difference is made up by the kindness of strangers – thrifty Asians whose savings glut is recycled into granite countertop and flat-screen TVs all over the United States.” (p. 4).

According to some economic theorists (Hyman Minsky, for instance), all credit operations fell into three categories: hedging, speculative, and Ponzi. We have had allt three in the most recent times… And William Bernstein – from whom I have recently read the splendid A Splendid Exchange: How Trade Shaped the World – believes, as a trained neurologist, that we all have “greed centers” in our brains…


And here we are: Almost all, if not all, of the Brazilian crises of the past were provoked by external debt, huge amounts of debt, in every and each downturn of the international economy.

Even those crises not directly provoked by external constraints, such as the hyper-inflationary experiences of the 1980s and 1990s, are due, in last resort, to huge amounts of debt, either internal or external, which provoke mistrust, capital flight, insolvency of the State and some sort of default in government bonds.

When there is an external constraint, there is a lack of credit, say a credit crunch, and it is all: the economy stops, like today.
Today’s Brazil is not in crisis, but it is IN the crisis, for the first time.

Questions:

Does Brazil need stimulus? If so, what sort, exactly? Monetary stimulus, fiscal stimulus, what kind of it?
Government is trying every sort of government expenditures, to counter the credit crunch. It started by reducing the compulsory deposits in the banks, then extending some credit to the same banks, afterwards introduced old sorts of sectoral policies, such as one for automotive sector and so on.

Is there a lack of confidence in Brazil? Not exactly, but entrepreneurs took already a big surprise by the reverse behavior of the dollar at the reversal of exchange markets, last October.

So, the government tried everything:
1) Enlarging the provision of capital (compulsory, credits by Central Bank and so on…
2) Direct Injections of Capital (BC, to foreign trade companies and banks dealing with foreign trade, extending money for non renewed borrowings by Brazilian companies)
3) Direct credit from government banks (BB, BNDES)

(to be continued...)

Urbana (freezing), April 7th, 2009.

terça-feira, 7 de abril de 2009

1056) Turismo academico (10): instalado em Urbana, e ja viajando

Estava em falta com os seguidores habituais desta série dedicada a meu "turismo acadêmico", depois de mais de uma semana em silêncio. Aliás, nem tão turismo e nem tão acadêmico, assim, pois que tenho alternado providências práticas e atividades acadêmicas diversas.

Desde que cheguei em Urbana, cidade universitária conectada a Champaign, no Illinois (cerca de 180 km ao sul de Chicado), em 1. de abril (bela data para enganar incautos), tive de tomar diversas providências para minha instalação. Recebi um bom apartamento mobiliado da Universidade, mas vazio de comida e outras pequenas comodidades da vida diária. Assim, passei o primeiro dia circulando pelos centros comerciais da cidade (que nos EUA são sempre nos subúrbios, bastante espalhados) para abastacer a geladeira e também para nos precavermos contra o frio implacável que se abateu sobre toda a região nem bem chegamos nestas planicies geladas do meio oeste. Blusas, casacos, pijamas, meias (me está faltando uma par de luvas para dirigir), até sapato mais reforçado para enfrentar a neve, esta voltando de maneira triunfante em plena primavera. Eu estava preparado apenas para a primavera, com camisas de mangas curtas e nenhum casaco, não para temperaturas invernais...
Mas, a primeira providência foi comprar dois telefones celulares, já que o meu brasileiro perdeu qualquer conexão assim que atravessei os limites de Indiana para Illinois. Comprei o mais barato que havia, já que não servirá para mais nada depois de abril. Aos muito necessitados de me contatarem, recomendo o envio de uma mensagem para meu e-mail (ou pelo contato da minha página na internet), para comunicação direta do número. Acho que vai ser bom ficar sem muita chamada telefônica...

Depois, fui fazer uma identidade da Universidade, sem a qual eu simplesmente não existiria: ela me permite me conectar na rede da Universidade, retirar livros na biblioteca, enfim, existir, como qualquer ser vivo... Isso implicou em registro, foto, cadastro no sistema de conexão por rede. Mas, tudo muito simples, desburocratizado: as pessoas acreditam em você, basta declarar nome, algum telefone, e-mail e pronto...
Depois recebi um escritório na universidade, onde vou poder ler, receber visitas, enfim, cumprir meus compromissos acadêmicos. Falta decoração na parede, mas tem mesa, cadeira, estante, conexão e uma janela, nada mais, além do meu nome na porta e uma chave...

Depois, como ninguém é de ferro e já era sexta-feira, fui com o Professor Werner Baer e com Carmen Lícia, assitir Der Rosenkavalier, ópera de Richard Strauss (libreto de Hugo von Hoffmansthal), no centro de Performing Arts da Universidade do Illinois, um impressionante edifício de espetáculos, no coração da Universidade. Como diversos outros prédios, bibliotecas e facilidades diversas, foi financiado por um generoso dom de muitos milhões de dólares de um desses benefactors, que por vezes nem estudantes da Universidade foram: apenas pretendem perpetuar os seus nomes no solido granito (mármore italiano, no caso do prédio da Ópera) dos prédios que financiam tão prodigamente. Provavelmente metade da Universidade, e sobretudo suas várias bibliotecas, cada uma melhor do que a outra, foram dons de capitalistas beneficientes.

Bem, no sábado, como todo fim de semana, urge sair, passear. Fomos a Chicago, o que há de mais refinado em todo o meio Oeste: uma cidade impressionante pela sua arquitetura, riqueza em museus, diversidade consumista. Certas coisas marcam mais do que outras. Por exemplo: devo ter gasto mais em estacionamentos do que em comida, tanto porque não tivemos tempo de frequentar grandes restaurantes, porque aproveitamos a maior parte do tempo para passeios culturais, sobretudo o imenso Field Museum de Natural History, que eu já conhecia de outras visitas. Desta vez, fomos a duas exposições especiais, com entradas separadas; uma sobre o antigo mundo azteca, com peças vindas de vários museus mexicanos e diversos americanos -- algumas inclusive eu já tinha visto nos Smithsonian de Washington, no Dumbarton Oaks --, e outra sobre "real Pirates", ainda que em versão um pouco edulcorada. Na verdade, se tratava da reconstituição perfeita do Widah, um navio negreiro inglês, capturado por piratas e convertido ao banditismo de alto mar, entre 1620 e 1630, e que naufragou nas costas na Terra Nova, perto do Canadá. Ele foi quase todo recuperado em seu conteúdo por um desses caçadores de tesouros, que encontrou, de fato, um cofre inteiro com moedas de prata que seria, supostamente, dividido com os "empregados" da empresa de pirataria, numa trajetória bem documentada em documentos e em relatos de sobreviventes (todos os seis enforcados, com a única exceção do mestre de bordo, engajado à força e libertado no julgamento). Extremamente instrutiva essa aula sobre um microempresário da pirataria independente -- já que também havia corsários trabalhando oficialmente para soberanos, na mesma época--, que subsistiu enquanto as nações não se organizaram para combatê-los, um pouco como se faz hoje nas costas da Somália. Enfim, piratas são nossos companheiros constantes, nas esquinas das cidades brasileiras, ou até nos escritórios de lobbies de Brasília.
Também compramos livros (como parece inevitável) e passeamos de carro (já que a pé seria impossível, nesta windy city de ventos uivantes e gelados) por Chicago, realmente muito bonita (se não fosse por esse clima miserável).
Na volta deixamos de visitar o Oriental Institute da Universidade de Chicago, pois ele estará inaugurando, justamente nesta segunda-feira 6 de abril, novas coleções, que vamos visitar no dia 18 de abril, quando pretendemos retornar à cidade. Voltamos mais cedo do que o pretendido, pois estava anunciada uma nevasca para ninguém botar defeito. De fato, na estrada pegamos um pouco de neve-granizo, e depois muita chuva gelada pelo caminho. Abasteci na saída e não fizemos nenhuma parada até chegar em casa (com uma passada pelo supermercado para comprar um vinho)...

Segunda-feira, 6 de abril: comprei um novo MacBookPro, poderosíssimo, que estou instalando agora, e me apresentei na Biblioteca para verificar as condicoes de pesquisa e retirada de livros. Não poderiam ser melhores. Conversei com a chefe da Biblioteca Latino-Americana, mas não vai ser preciso nenhum favor especial: tudo é extremamente facilitado para qualquer um, pesquisador, estudante, curioso de passagem, não existe melhor lugar no mundo para quem gosta de livros do que uma biblioteca universitária americana. Eu seria capaz de morar dentro de uma delas, se não existissem objeções familiares e provavelmente institucionais. Mas, um dia ainda vou tentar.

Ainda estou aguardando me chamarem para alguma palestra, do contrário vou ficar lendo e escrevendo. Claro, planejando viagens também: na Páscoa, que já é na próxima sexta-feira, vamos voltar a Indiana, visitar Terre Haute e outras localidades de antiga ocupação francesa na região.
Por enquanto, vou continuar lendo e pesquisando (e bebendo vinho e tomando café, um de cada vez)...

1055) Um mito a ser desmontado: o golpe de 1964

Acabo de publicar mais um texto da série "Falácias Acadêmicas", desta vez sobre os mitos históricos em torno do governo Goulart e do golpe militar de 1964.
Leiam aqui:

Falácias acadêmicas, 7: os mitos em torno do movimento militar de 1964
Brasília-Rio de Janeiro, 20 março 2009, 23 p.
Continuidade do exercício, tocando no maniqueísmo construído em torno do golpe ou da revolução de 1964, condenando a historiografia simplista que converteu-se em referencia nos manuais didáticos e paradidáticos.
Espaço Acadêmico (ano 9, n. 95, abril 2009; link; pdf).

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