quinta-feira, 2 de julho de 2009

1190) Livro: A Grande Mudança, PRA


Sim, o livro é meu, e de 2003, mas apenas hoje eu reparei que a Livraria Cultura fez um ficha completa, com resenha e tudo sobre este livro que foi preparado na campanha presidencial de 2002 e escrito quase inteiramente antes das eleições, mas já prevendo os seus resultados.
Como nos aproximamos de mais uma campanha eleitoral presidencial, que poderá representar, igualmente, certa mudança para o Brasil (o que finalmente não tivemos durante estes últimos anos, com a continuidade das mesmas práticas políticas de sempre, apesar das promessas), creio que é útil apresentar essa resenha da Livraria Cultura.

A Grande Mudança
resenha da Livraria Cultura

Grande Mudança, A
Autor: ALMEIDA, PAULO ROBERTO DE
Editora: CONEX
Assunto: ECONOMIA NACIONAL

ISBN: 8575940058
ISBN-13: 9788575940051
Livro em português
Brochura
1ª Edição - 2003
200 pág.

Sinopse:
Apesar da grande mudança, o Brasil precisa construir um quadro institucional e estruturas econômicas que estejam de acordo com as realidades políticas e sociais que vieram à tona a partir do processo eleitoral de 2002. Paulo Roberto de Almeida aponta quais são os componentes dessa agenda transformadora, chamando a atenção para algumas "inversões de prioridades''.

Sobre o autor:
ALMEIDA, PAULO ROBERTO DE
Paulo Roberto de Almeida, doutor em ciências sociais e diplomata de carreira, foi ministro-conselheiro na Embaixada do Brasil em Washington (1999-2003), é autor de diversos livros de história diplomática do Brasil e sobre as relações econômicas internacionais, com destaque para o comércio internacional e a integração regional.

Saiu na Imprensa:
Gazeta Mercantil / Data: 23/5/2003
As mudanças brasileiras
Maria Helena Tachinardi São Paulo, 23 de Maio de 2003
Diplomata, cientista social, historiador, pensador e escrevinhador. É dessa forma que Paulo Roberto de Almeida se autodefine no prefácio do seu mais recente livro - A Grande Mudança (conseqüências econômicas da transição política no Brasil). Isso ajuda a entender por que a obra, por exemplo, se estende sobre temas da transição política brasileira e não apenas sobre relações internacionais e diplomacia. A coleção de 12 ensaios, escritos em 2002, quase todos em Washington, onde Almeida é ministro-conselheiro na embaixada do Brasil, trata de assuntos como o neoliberalismo no País, "dez coisas que eu faria se tivesse poder", "carta aberta ao próximo presidente (qualquer que seja ele)" e princípios básicos da economia política dos partidos no sistema brasileiro. No final do ensaio sobre o que faria se tivesse poder, Almeida diz que sua lista de dez propostas é uma espécie de "planejamento utópico do futuro brasileiro". Ele propõe, por exemplo, mudar o Hino Nacional, "colocando ‘bem-estar e desenvolvimento’ em seu âmago", porque a maior parte dos hinos foi escrita com espírito militar e ufanista "patrioteiro", numa fase de lutas políticas "em prol da independência e da unidade nacional". Os hinos estariam ultrapassados "em face dos avanços da consciência cidadã e do direito internacional". Almeida sustenta uma tese polêmica em A Grande Mudança, relacionada ao processo de "abertura unilateral" da economia brasileira nos anos 90. Contrariando a opinião de muitos empresários e especialistas brasileiros, ele diz que a abertura "teve muito pouco de unilateral, já que coincide com o processo de implantação do Mercosul - fez muito mais para modernizar o sistema produtivo do que as décadas anteriores de proteção comercial e investimentos estatais". Diz também que a abertura não foi grande, pois o programa de reforma tarifária, iniciado em outubro de 1990 e terminado em julho de 1993, reduziu os direitos de importação de uma média de 43% em 1989 (mas com picos tarifários de 105%, em alguns casos de até 200%) para cerca de 14% em 1994. Almeida oferece sua visão dos principais temas da realidade internacional e nacional com explicações fundamentadas em conhecimento teórico e literário, o que torna agradável a linguagem, ao mesmo tempo que convida o leitor à reflexão. Ele comenta sobre a globalização, o socialismo, as relações econômicas internacionais do Brasil - Área de Livre Comércio das Américas (Alca), Organização Mundial de Comércio (OMC) e Mercosul - e as ameaças à democratização depois do 11 de setembro de 2001. Embora o livro tenha sido publicado em janeiro, poucas semanas antes da invasão do Iraque (que começou em 20 de março), Almeida diz que se trata da "clara vontade da superpotência de ‘liquidar uma hipoteca’ herdada da administração de Bush pai". Na opinião do autor, isso "pode levar a um novo agravamento das tensões no Oriente Médio e na própria coalizão de forças ocidentais. O caso do Iraque está, aliás, vinculado a outra demonstração de arrogância imperial, já materializada na pugna de Washington no afastamento ‘bem-sucedido’ do diretor-geral da organização para a eliminação de armas químicas, por sinal um diplomata brasileiro". A referência é ao embaixador José Maurício Bustani, hoje titular da embaixada do Brasil em Londres. É interessante a visão de Paulo Roberto de Almeida sobre os EUA e a guerra: "De fato, os EUA conceberam ‘um modo inventivo de produção’ - para usar um conceito de extração marxista - e o aplicaram com notável persistência e coerência em sua própria arte de fazer guerra. A guerra não é concebida como uma operação unicamente militar, e nisso os EUA também são o mais ‘aroniano’ dos poderes modernos, no sentido de que soldados e diplomatas trabalham de modo muito mais integrado do que nos demais países. Nessa unidade de estratégia e diplomacia reside o elemento decisivo da superioridade dos EUA em relação a outros poderes". O livro analisa os problemas reais ligados à "grande mudança" no Brasil: "No discurso das lideranças políticas, nas mentalidades, na agenda pública e sobretudo no terreno econômico e nos compromissos sociais".

Google pré-visualizacao
(40 páginas do livro, aproximadamente)

Para maiores informações sobre o livro e outras partes seleciondas para leitura, remeto a este link de meu site.

1189) Livro: O que mudou o seu pensamento e por que?

Tempos atrás, o site The Edge (www.edge.org), especializado em temas científicos, colocou a seguinte pergunta a seus associados:
"Em que você mudou de opinião? E por quê?"

A pesquisa resultou num livro, agora publicado:

WHAT HAVE YOU CHANGED YOUR MIND ABOUT
Edited by John Brockman With An Introduction By BRIAN ENO
Harper Perennial
http://www.amazon.com/What-Have-Changed-Your-About/dp/0061686549

Duas recomendações:
The world's finest minds have responded with some of the most insightful, humbling, fascinating confessions and anecdotes, an intellectual treasure trove. ... Best three or four hours of intense, enlightening reading you can do for the new year. Read it now." SAN FRANCISCO CHRONICLE

"The splendidly enlightened Edge website (www.edge.org) has rounded off each year of inter-disciplinary debate by asking its heavy- hitting contributors to answer one question. I strongly recommend a visit." THE INDEPENDENT

Na ocasião, eu também respondi à questão, escrevendo o seguinte trabalho:
Em que você mudou de opinião? E por quê? (17.02.2008)
Ele pode ser lido no seguinte link.

1188) Indice dos Estados Falidos 2009

A revista Foreign Policy e o Fund for Peace acabam de anunciar a divulgação do Indice dos Estados Falidos para 2009, neste link.

Ainda não tive tempo de examinar detalhadamente esse novo relatório, e de avaliar a posição do Brasil em seus diversos elementos de rankeamento. Quando o fizer, não deixarei de postar aqui minhas observações e comentários.

En attendant, permito-me relembrar que, quando da segunda edição desse importante esforço de análise qualitativa, em 2005, escrevi um trabalho comentando os resultados em geral, e os indicadores para o Brasil em particular, criticando inclusive sua metodologia pouco adequada à nossa realidade.

Esse trabalho foi publicado no boletim eletrdônico Via Política, e reproduzo aqui sua parte inicial.

O Brasil no índice dos Estados falidos
Uma reflexão sobre sua posição relativa aos critérios de “falência”
Por Paulo Roberto de Almeida

A revista Foreign Policy e The Fund for Peace (dos EUA) passaram a divulgar, a partir de 2005, um índice de “estados falidos”, ou seja, dos países incapazes de se manterem dentro da normalidade política, econômica ou social. Esse índice foi elaborado a partir de doze critérios sociais, econômicos, políticos e militares, ponderados em função de um sofisticado modelo quantitativo desenvolvido pelo Fundo para a Paz (ver o estudo neste link).

No plano mundial, os países que encabeçam o ranking dos Estados falidos são o Sudão, a República Democrática do Congo (antigo Zaire), a Costa do Marfim (que antigamente preferia ser chamada pelo seu nome francês de Côte d’Ivoire), o Iraque e o Zimbábue. Uma seleção desse estudo, restrita aos países latino-americanos, foi elaborada pelo boletim espanhol Red Electronica de Relaciones Internacionales, transcrita em meu blog “Diplomatizando”, que remete às fontes originais de informação.

Para ler a sequência deste meu trabalho, clique neste link.

Aguardem meus comentários sobre o novo Indice.

1187) Plano Real: 15 anos e novos desafios

Aniversário do plano
Quinze anos depois do Real, crédito, carga tributária e gastos públicos são os novos desafios
Nice de Paula
O Globo, 01/07/2009

RIO - Custo de crédito, carga tributária elevada, gastos públicos e eficácia da política monetária. Quinze anos depois do lançamento do bem-sucedido Plano Real, esses são os principais desafios do país na visão de economistas de diferentes áreas. A inflação, que era o grande terror até 1º de julho de 1994, já não assusta tanto.

- A inflação já foi derrubada, é um problema que o Brasil já superou há muito tempo. Mas a rigidez da política monetária permanece, encarece o consumo e a produção, porque o custo de financiar é muito elevado - diz Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.

" É necessário avançar na sofisticação do sistema de metas, olhando as variáveis condicionantes para dar mais dinamismo à política monetária "

Na avaliação de Agostini, o sistema de metas de inflação - que dá ao Banco Central a tarefa de utilizar a taxa de juros para manter a economia em patamares pré-determinados - é perfeito, mas depois de quase dez anos em vigor, é tempo de ser aperfeiçoado. Nesta terça-feira, o Conselho Monetário Nacional fixou em 4,5% a meta de inflação para 2010 e 2011.

- É necessário avançar na sofisticação do sistema de metas, olhando as variáveis condicionantes. Por exemplo, a estrutura de formação de tarifas remete à década de 90, quando o cenário era outro e foi preciso indexar preços para garantir investimentos no setor de serviços. Isso trouxe um problema, porque hoje um terço da inflação é rígida, contratada, imune à ação dos juros. É um exemplo do que precisa ser revisto para dar maior dinamismo à política monetária - diz Agostini.

" Passados 15 anos do lançamento do Plano Real, o que falta para o país é combater os custos elevados da economia, os spreads bancários e a tributação elevada. "

Para Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central, o principal desafio do país é garantir crescimento e baixar as taxas de juros reais (descontada a inflação), que, a seu ver, ainda estão muito altas.

- Já melhorou muito, mas juro real de 5% ao ano ainda é muito alto, precisa baixar para 3%. E não adianta só cortar a Selic, é preciso haver uma queda nos spreads bancários (diferença entre a taxa que o banco paga para captar dinheiro e aquela que cobra quando vai emprestar ao consumidor), o que pode acontecer por meio de aumento da concorrência e da liberação dos compulsórios - diz ele, referindo-se aos recursos que os bancos são obrigados a deixar depositados no BC, sem rentabilidade.

Os spreads bancários também estão entre os principais desafios do país, na visão de Miguel Ribeiro de Oliveira, economista que acompanha com rigor microscópico o impacto das medidas econômicas na vida prática das pessoas.

" O grande desafio no Brasil é se livrar do mito que a solução para os problemas está sempre em aumentar o gasto público "

- Passados 15 anos do lançamento do Plano Real, o que falta para o país é combater os custos elevados da economia, os spreads bancários e a tributação elevada. É o custo do crédito e a carga tributária - diz.

Raul Velloso, especialista em contas públicas, acredita que o desafio do país daqui para frente é conseguir recuperar os investimentos. Velloso ficou muito preocupado com as recentes afirmações do presidente Lula de que preferia dar o dinheiro aos pobres a aliviar a carga tributária das empresas.

- Se optar por deixar de usar recursos para estimular investimentos e dar para o pobre gastar, essa pessoa vai consumir, mas se a indústria não tiver o que entregar, não adianta, não move a economia. O grande desafio no Brasil é se livrar do mito de que a solução para os problemas está sempre em aumentar o gasto público - diz.

Estudioso de inflação, Luiz Roberto Cunha, da PUC-RJ, diz que o cenário atual incerto torna muito difícil prever como será o mundo nos próximos três ou quatro anos, mas também destaca a questão dos gastos públicos.

- Há uma preocupação latente no mundo inteiro com o risco de que o excesso de gastos públicos vá gerar inflação lá na frente, por isso é necessário uma certa cautela, porque um endividamento público brutal vai gerar problemas.

Sistema financeiro teve que se reestruturar.
Plano Real: estabilidade impôs profunda reestruturação ao sistema financeiro
Ronaldo D'Ercole

SÃO PAULO - A estabilidade monetária que se seguiu à implantação do real, em julho de 1994, impôs ao sistema financeiro brasileiro uma profunda reestruturação. A face mais visível desse processo foi o encolhimento do número de bancos em operação no país: de 245 para 156. Com o fim da ciranda inflacionária, um grande número de bancos viu cessar abruptamente sua principal fonte de receitas - a aplicação do dinheiro que os correntistas deixavam em suas contas para compra e venda diária de títulos públicos, o que gerou uma onda de insolvência. Situação que foi agravada pelo aumento brusco da inadimplência de correntistas, que correram para o consumo na esteira da estabilização dos preços.

No primeiro ano do Plano Real, até junho de 1995, o governo já havia gastado R$ 14 bilhões em ajuda a instituições privadas, que continuavam apresentando problemas. Isso levou o Banco Central a criar, em novembro do mesmo ano, o Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro Nacional (Proer).

- Quando assumi a presidência do BC, em maio de 1995, uma série de bancos já estava sob o Regime Especial de Administração Temporária (Raet), e havia muitos outros com problemas - lembra Gustavo Loyola, que estava à frente do BC no lançamento do Proer.

O Proer foi utilizado principalmente para evitar a quebra de grandes bancos, como o Nacional, o Econômico e o Bamerindus, que além de prejuízos a milhões de correntistas colocariam em risco a confiança em todo o sistema bancário nacional.

- A ideia não era recolocar esses bancos em pé, premiando seus acionistas, mas sim proteger seus clientes - diz Loyola.

Estima-se que o Proer tenha injetado cerca de R$ 30 bilhões para a venda dos ativos saudáveis (inclusive os clientes) desses bancos a outras instituições.

- O Proer teve papel fundamental no processo de saneamento dos bancos, evitando um crise sistêmica - observa Otto Nogami, economista do Insp (ex-Ibmec-SP).

Logo em seguida à entrada do real em circulação, o BC já havia editado a Resolução 2.099, que introduziu "espírito de Basileia" no país, estipulando exigências mínimas de capital (patrimônio líquido) para a exposição dos bancos nos diferentes tipos de operação.

- Desde o início, estava clara a ideia de que o plano teria efeitos sobre o sistema - lembra Loyola.

Um outro problema, ainda mais grave, teve que ser enfrentado: a precária situação dos bancos estaduais que, insolventes, para financiar os governos locais passsaram a fazer saques a descoberto das reservas do BC. Além de constranger o BC em sua função fiscalizadora junto aos bancos privados, tal prática comprometia a estabilidade monetária do Plano Real. A saída foi criar o Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária (Proes), destinado a sanear os bancos estaduais.

No âmbito do Proer, ainda, foi criado o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), constituído por recursos dos próprios bancos, que no caso de quebra ou liquidação de uma instituição garantia aos correntistas recuperar até R$ 20 mil dos seus recursos. Esse valor hoje é de R$ 60 mil.

Tanto quanto preservar os clientes das instituições, Loyola lembra que por trás de todo esse processso buscava-se construir um sistema capaz de evitar problemas daquele tipo no futuro.

- Foi uma aprendizagem, um trabalho construído ao longo do tempo, por várias gerações de funcionários do BC - diz Loyola.

Os avanços alcançados ao longo dos primeiros anos do Real foram postos à prova na crise cambial de 1999, que apesar da gravidade, observa Loyola, não redundou numa crise bancária.

Alberto Borges Matias, professor de finanças da Faculdade de Economia e Administração (FEA), da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, avalia que as crises têm função importantes para os avanços do sistema financeiro nacional. E reconhece que o sistema, leia-se bancos e mercado de capitais, desfruta de uma condição saudável por causa da regulação e da estrutura criada a partir da estabilização. Mas lembra que o fato de ser ainda pequeno - as operações de crédito no país representam 42% do PIB, muito menor que a de países desenvolvidos , e pouco exposto internacionalmente, tem preservado o sistema de crises como a atual.

- O Brasil tem um sistema financeiro sofisticado hoje, mas os valores operados aqui ainda são muito baixos - diz, notando que a recente liberação de parte dos elevados compulsórios recolhidos pelos bancos no BC apontam mais avanços no sistema adiante.

- O Brasil não é grande planejador. O Brasil age movido por crises, e age bem nas crises. Agora estamos em um novo momento. A crise foi ótima para o país.

1186) O começo do fim da ação afirmativa nos EUA?

Esta é a questão depois da decisão da Suprema Corte relatada e comentada extensivamente em um post da Century Foundation.
Recomendo ler o post original, pois ele contém dezenas de links para todos os temas importantes abordados no texto do autor.
Esse debate é importante para o Brasil, pois no mesmo momento em que os EUA estão se afastando de políticas de cunho racial, o Brasil está ativamente promovendo políticas de cunho racialista que podem criar no Brasil uma situação, ou pelo menos uma mentalidade, de Apartheid oficial.

The Beginning of the End of Racial Affirmative Action?
by Richard Kahlenberg - Century Foundation
Taking Note, June 30, 2009

quarta-feira, 1 de julho de 2009

1185) Integração sul-americana: continuando o debate

Apenas para facilitar a leitura e o seguimento, coloco logo mais abaixo um comentário e meu contra-comentário, que se seguiram a este meu post:

Domingo, Junho 28, 2009
1176) Integracao sul-americana: um dialogo (indireto) sobre os modelos

que por sinal recolhia material relativo a outro post anterior:

Domingo, Junho 21, 2009
1169) Integracao sul-americana: balanco das experiencias

A) Primeiro o comentário de minha semi-anônima, mas atenta (e cortês) leitora, feitos em 30.06;2009:

Anônimo Glaucia disse...
[a caracterização de 'Anônimo', como já disse, é dado pelo sistema, não por mim]

Bem, professor, não sabia que eu era "Anônimo Glaucia".
Quanto aos e-mails, não é exatamente o objetivo do blog criar um espaço publico? Gosto dele. Descerei sempre de volta para ler suas respostas, por isso não se preocupe com a minha leitura.
E entendo os esclarecimentos, concordo com vários deles. "Integração" se tornou um mero topos vazio de conteudo em nuestro continente.
Ainda assim, me parece que fica misturado o juizo de valor à avaliação objetiva. O CAFTA-DR dificilmente teria o mesmo tratamento ("entre os poucos paises membros"), embora também so haja uma economia "não-menor" - os EUA. Por outro lado, um eixo de oposição Russia-China-India no CS dificilmente seria chamado de "pequena coalizão de paises".
Por que esse tratamento quando a palavra nada acrescenta, e se afigura mesmo incorreta? Ou uma coalizão Brasil-Argentina-Venezuela, com pelo menos 65% da area, população e PIB da América do Sul, pode com propriedade ser chamada de pequena no contexto regional? Apenas se considerarmos que so existe um pais não-pequeno em todo o hemisfério...
Não me insurjo, como acho que compreende, contra o conteudo das opiniões do Professor. Apenas me incomoda que seja tão dificil no Brasil, mesmo entre pessoas lucidas, deixar de manchar a analise objetiva com ruidos ideologicos.
Temos assim a escolha entre uma Veja, que sempre opta pela piada em vez do argumento, e uma Caros Amigos, que parece estar em algum outro plano da existência. Não ha ninguém querendo compreender e transmitir, sem a priori, o que se passa; com um minimo não digo de imparcialidade mas de objetividade analitica.
No meio do seu pertinente, informado e instrutivo texto, é contra essas pulgas - que de resto infectam outros teoricos em nivel, claro, muito mais elevado - que praguejo. Se queremos elevar o nivel das ciências sociais no pais, antes de vigiar os inimigos é preciso vigiar os amigos.
Um abraço,
Glaucia

B) Agora, meus comentários em resposta, nesta data, 1.07.2009:

Glaucia,
Volto agora ao seu comentário feito em 30 de junho, que não pude responder por estar terminando um enorme trabalho que tinha como data terminal justamente esse dia.
Vou comentar primeiro topicamente, depois poderei fazer alguns comentários mais gerais.

1) ""Integração" se tornou um mero topos vazio de conteudo em nuestro continente."
PRA: De fato, é o que se pode constatar atualmente, pois a integração que realmente conta, feita de abertura econômica recíproca e de liberalização comercial, com interpenetração dos sistemas produtivos nacionais, essa não apenas não avançou como também recuou. Não se trata apenas de distinguir entre o que seria uma integração supostamente "pragmática", que seria aquela alegadamente praticada no Cone Sul, e uma outra, mais "alucinada", ou feita de muita retórica, muito comércio administrado e pouca integração efetica, praticada pelos soi-disant bolivarianos. No Cone Sul, o pragmatismo também recuou, e se passou a substitutivos pouco eficientes ao processo real, sob a forma de subterfugios sociais, educacionais, parlamentares, sindicais, enfim, qualquer coisa para manter a ilusão de que os países estão se integrando, quando o que se tem, de verdade, é muito turismo oficial em reuniões inúteis.
Eu insisto em que voce leia o tratado constitutivo da Alba: se não houver bons motivos para riso, haverá para chorar. Está no portal da Alba: http://www.alternativabolivariana.org/

2) "Ainda assim, me parece que fica misturado o juizo de valor à avaliação objetiva. O CAFTA-DR dificilmente teria o mesmo tratamento ("entre os poucos paises membros"), embora também so haja uma economia "não-menor" - os EUA. Por outro lado, um eixo de oposição Russia-China-India no CS dificilmente seria chamado de "pequena coalizão de paises"."
PRA: O Cafta-DR é um mero tratado assistencialista dos EUA, que consolida uma situacao pré-existente, sob a forma de SGPs nacionais, e dá abertura completa aos EUA nos mercados desses paises, além do requerido respeito às normas de propriedade intelectual. Universitários anti-imperialistas o enquadrariam na mesma categoria dos tratados desiguais do século XIX, mas na verdade é uma concessão que não custa nada aos EUA e lhes dá vantagens ao amarrar os interesses nacionais desses paises ao centro hegemônico ou imperial, como gostam de dizer os mesmos acima.
Não entendo o resto, pois India nao faz parte do CSNU, e nao vejo a China fazendo coalizão com ninguém apenas pelo desejo de fazer coalizões. A China cuida de seus interesses, ponto. São outros que precisam se legitimar entre os grandes por meio dessa grande potência que ficam fazendo concessão a interesses forâneos.

3) "Ou uma coalizão Brasil-Argentina-Venezuela, com pelo menos 65% da area, população e PIB da América do Sul, pode com propriedade ser chamada de pequena no contexto regional?"
PRA: Depende do que você chama de coalizão. Teoricamente, Brasil e Argentina são 'plenamente integrados' e não os vejo praticando as mesmas políticas sequer neste continente, quanto mais fora dele. Não creio que a Venezuela sob Chávez venha efetivamente a coordenar suas políticas com os outros dois: ela apenas faz o que passa pela cabeça esclarecida de seu comandante...

4) "Apenas me incomoda que seja tão dificil no Brasil, mesmo entre pessoas lucidas, deixar de manchar a analise objetiva com ruidos ideologicos."
PRA: Se isso lhe incomoda, você deveria ser mais explícita em esclarecer o que chama de 'ruidos ideológicos'. Seria apenas o que você não concorda, suponho, a menos que faça uma exposição clara de quais são esses ruidos e por que eles seriam ideológicos.

5)"Não ha ninguém querendo compreender e transmitir, sem a priori, o que se passa; com um minimo não digo de imparcialidade mas de objetividade analitica."
PRA: Pois não, sinta-se à vontade. Escreva o seu artigo rebatendo meus ruídos e eu terei prazer em publicá-lo, mesmo sob o relativo anonimato do seu nome. Ou então abra um blog e publique seus argumentos cheios de objetividade analítica. Se quiser eu também posso colocar numa revista de reputação nacional, depois de submeter ao Conselho Editorial.

6) "No meio do seu pertinente, informado e instrutivo texto, é contra essas pulgas - que de resto infectam outros teoricos em nivel, claro, muito mais elevado - que praguejo. Se queremos elevar o nivel das ciências sociais no pais, antes de vigiar os inimigos é preciso vigiar os amigos."
PRA: Não conheço coleira anti-pulgas que me faça identificar claramente quais seriam as minhas, e por isso mesmo peço o favor de me apontar claramente quais seriam as minhas simpáticas saltadoras.
Dentre os procedimentos mais utilizados no trabalho acadêmico, supostamente científico, está em identificar claramente o objeto a ser dissecado, analisado, eventualmente massacrado e rejeitado. Mas é preciso proceder a um cuidadoso trabaho de identificação do objeto antes de atacar com o bisturi.
Sou totalmente receptivo a essas aulas de anatomia, desde que me indiquem qual o cadáver a ser dissecado...
Até a próxima.
Paulo Roberto de Almeida

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PS.: Acho que a história vai longe, mas confesso que este formato me é insatisfatório, posto que raramente abordando problemas reais com toda a objetividade que eles merecem.

1184) Mont Pelerin Society: a little history

Sempre é bom lembrar como as coisas começaram:
Photos:
1) Friedrich von Hayek (far left) was the first President of the Mont Pelerin Society. George Stigler once quipped that the Society could be called “The Friends of F. A. Hayek.“ Hayek was one of the most influential and interesting thinkers of the 20th Century. His most famous book was his polemic against socialism, The Road to Serfdom (1944).











2) Karl Popper (back row), Ludwig von Mises (front row to the right) and other participants during a session at the first meeting of the Mont Pelerin Society in 1947.













3) Milton Friedman (in light coat and with hat, in the centre) with friends in an excursion at the first meeting of the Mont Pelerin Society in 1947.














History of the Mont Pelerin Society

After World War II, in 1947, when many of the values of Western civilization were imperiled, 36 scholars, mostly economists, with some historians and philosophers, were invited by Professor Friedrich von Hayek to meet at Mont Pelerin, near Montreux, Switzerland, to discuss the state and the possible fate of liberalism (in its classical sense) in thinking and practice.

The group described itself as the Mont Pelerin Society, after the place of the first meeting. It emphasised that it did not intend to create an orthodoxy, to form or align itself with any political party or parties, or to conduct propaganda. Its sole objective was to facilitate an exchange of ideas between like-minded scholars in the hope of strengthening the principles and practice of a free society and to study the workings, virtues, and defects of market-oriented economic systems.

Members who include high government officials, Nobel prize recipients, journalists, economic and financial experts, and legal scholars from all over the world, come regularly together to present the most current analysis of ideas, trends and events.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...