quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A descoberta da semana (talvez do mes, ou do ano...)

‘La ONU está agotada’
Fidel Castro

El ex presidente cubano Fidel Castro consideró hoy que la Organización de las Naciones Unidas (ONU) "está ya agotada" y debe ser cambiada por un foro verdaderamente democrático y "no un feudo imperial"

PRA: O que será que a ONU acharia do regime cubano, aos 51 anos da "revolução libertadora"? Que está tinindo de novinho? Pronto para mais 50 anos?
Paulo Roberto de Almeida

Da inteligencia a estupidez, em um pequeno salto...

OK, OK, estou quase me rendendo ao ambiente nacional. Como sabem todos os que lêem este blog, ele vem encimado (palavra bonita esta) por esta expressão:

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes.

Pois bem, acho que, ao comentar a atualidade nacional e as propostas de políticos em geral, acabo invertendo a finalidade original e precípua (outra palavra bonita) deste blog e tratando sobretudo de ideias estupidas emitidas por pessoas idiotas, que ficam torrando a paciência de pessoas sensatas.
Estou quase me decidindo a trocar a expressão de abertura, por algo mais ou menos assim:

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Mas, de vez em quando, ou mais frequentemente que o desejável, ele é obrigado a tratar de ideias estúpidas emitidas por idiotas, com o que ele acaba aborrecendo as pessoas inteligentes que aqui comparecem...

Não sei se seria o caso, mas por vezes sou tentado seriamente a fazê-lo...

Paciência estratégica...

Meu proximo Mac, um Air, mas que Air...

Review: novo MacBook Air de 11,6 polegadas

por Autor Convidado | 02/11/2010 às 22:48 61 Comentários
por César Moniz
Acho que posso me considerar um cara de sorte, pois tenho novamente a possibilidade de testar em primeira mão um dos últimos lançamentos da Apple, e segundo as más línguas (e talvez as boas também), um dos produtos mais cobiçados e desejados do momento: o novo MacBook Air de 11,6 polegadas.
MacBook Air de 11,6 polegadas
Na qualidade de usuário antigo do mundo Apple devo dizer que, ao longo dos anos, não perdi a minha empolgação ao comprar um produto novo da marca e finalmente poder abrir sua a caixa pela primeira vez. Isso se amplifica ainda mais quando o produto é novidade para todos.
Essa máquina é o meu 17º Macintosh, de acordo com meus cálculos, isso sem contar iPhones, iPods e outras maravilhas. Mesmo assim, pouco mudou: abrir a caixa do novo MacBook Air é um prazer que me remete ao dia em que comprei o meu primeiro — um iMac colorido, em 1998.

Apresentação

A embalagem não reserva muitas novidades pra quem já é usuário de produtos Apple. A única coisa que mudou, desta vez, foi o meio que a Apple encontrou de fornecer o disco de instalação do Mac OS X e do iLife: ela abandonou o DVD que vem tradicionalmente em suas máquinas (inclusive no próprio modelo anterior do MacBook Air) e adotou um dongle USB de 8GB contendo tudo o que se precisa pra fazer uma nova instalação do sistema operacional e programas adicionais.
MacBook Air de 11,6 polegadas
O lado bom disso é que, principalmente no caso do MacBook Air, não se faz mais necessário “emprestar” o leitor de DVD de alguma outra máquina ou utilizar um leitor USB externo. Além dessa grande vantagem, a nova ideia abriu espaço para a possibilidade de a Apple fazer a mesma coisa nas próximas gerações de softwares que lançar, afinal de contas o Air já está aí com sua positiva ausência de drive óptico, e já é sabido que essas mídias estão fadadas ao desaparecimento mesmo. Pra que continuar vendendo-as, então?
MacBook Air de 11,6 polegadas MacBook Air de 11,6 polegadas
O design do novo MacBook Air de é muito mais uma evolução do que uma revolução. Digo isso pois ele é exatamente o que o usuário Apple espera de um Mac portátil em termos estéticos e construtivos.
MacBook Air de 11,6 polegadas
A máquina é bela e possui um conjunto extremamente robusto, proporcionado pelo processo produtivo conhecido como “unibody”. A maior diferença nesse âmbito é a tampa do Air, que é mais fina do que a de outros Macs portáteis. É realmente espantoso como a Apple conseguiu enxugar ainda mais na execução dessa máquina em relação ao Air de 13,3″ da geração passada, e isso eu gostaria de detalhar a seguir.

Tamanho e peso

A surpresa realmente fica reservada para o corpo da máquina em si, que é ridiculamente pequeno e leve. É difícil descrever em palavras o quanto essa máquina é portátil!
Eu tinha a impressão de que o MacBook Pro de 13,3” era pequeno e o MacBook Air anterior de 13,3” era leve, mas agora a coisa ganhou uma dimensão que não dá pra explicar muito bem num review.
MacBook Air de 11,6 polegadas
Se você já é um feliz proprietário de iPad, vai entender fácil o que eu quero dizer, pois o MacBook Air de 11,6” é muito próximo de um iPad em termos de dimensão e peso, sendo que seus milímetros e gramas extras em relação ao irmão que roda o iOS não são capazes de gerar um incômodo suficiente pra querer deixá-lo em casa.
No último final de semana eu fiz uma pequena viagem de 500km e, obviamente, levei meu novo brinquedo junto comigo. Ao colocar o pequeno prodígio na minha mochila, que tenho desde a época em que possuía um MacBook Pro de 17”, comecei a me dar conta do quanto essa máquina nasceu pra ser levada pra todo canto. Ela coube transversalmente onde o Pro de 17” ficava justo longitudinalmente!
Se já tinha espaço sobrando nessa bolsa ao transportar um MacBook Pro de 13,3”, agora ela ficou totalmente inviável! Como consequência terei que comprar uma bolsa nova, e o mais interessante é que não precisará ser um trambolho de mochila para laptop, pois o notebook cabe em qualquer bolsa de tamanho comum e não pesa mais do que um livro. Só é recomendável comprar uma luva protetora para que outros objetos não arranhem o Air caso entrem em contato com ele dentro da sacola.

Usando a máquina

Se a máquina é um sonho em termos de tamanho, a impressão ao usar não é muito diferente disso. Eu comprei o Air pensando em usá-la como máquina secundária. Tenho um iMac que uso para edição musical com Logic Studio e interface de áudio externa, e sempre gostei de ter uma segunda máquina pra poder levar pra onde eu quiser, usar no sofá, sacada ou na rua.
Minha segunda máquina até então era um MacBook Pro de 13,3”, que passei pra minha namorada. A minha intenção era adquirir um iPad, mas confesso que a ausência de algumas coisas nele contiveram meu impulso de comprá-lo. Algumas pendências certamente serão sanadas na próxima geração da tablet, mas o MacBook Air estava lá bonitão e disponível pra se comprar, com tudo que um usuário de Mac precisa numa máquina. Decidi que não precisava esperar o iPad de segunda geração.
O MacBook Air de 11,6” em questão é um BTO (built to order), adquirido pela Apple Store Online alemã, com 128GB de SSD, 4GB de RAM e 1,4Ghz de processador Intel Core 2 Duo.
Mas por que configurar a máquina dessa maneira e não comprar a versão de entrada, com seus 64GB de SSD e 2GB de RAM? A resposta pra isso é simples: essa máquina não possui a qualidade dos irmãos mais velhos no que tange a upgrades. Ela é inflexível nesse sentido, não permitindo upgrades posteriores sem o uso de poderes sobrenaturais. Resolvi adquirir a máquina com mais RAM e mais SSD logo de cara pra não me arrepender depois, principalmente quando o Mac OS X 10.7 Lion estiver saltitando nas prateleiras das lojas de eletrônicos.
O upgrade de processador não me convenceu a ponto de valer os euros extras. Minha experiência com Macs diz que 200MHz de clock adicional não farão a máquina rodar nada mais rápido na vida real. Não sou um crédulo em números de teste de benchmark nesse sentido, pois na prática os ganhos são desprezíveis com uma diferença de velocidade de processador dessa magnitude. Caso você esteja com dinheiro sobrando e não quiser gastar em cervejas e bolovos, talvez deva cogitar o processador levemente mais veloz.
Até agora tenho instalados o pacote iLife parcialmente (sem GarageBand, iWeb e iDVD), sendo que o iTunes possui uma versão enxuta da minha biblioteca real, pois só tenho 10GB de conteúdo nela. O iPhoto está com meros 4GB de fotos. Fora o iLife resolvi adicionar o Office 2011, que recebi gratuitamente da Microsoft ao adquirir a versão anterior numa promoção local. Usei o Word para escrever este texto e devo dizer que estou gostando da combinação.
Neste exato momento, estão rodando simultaneamente Word, Skype, Windows Messenger 8, iChat, Safari com cinco abas abertas, iTunes e Mail. O desempenho não deixa nada a desejar em relação ao MacBook Pro que eu usava anteriormente. A máquina trabalha de maneira ágil, responsiva e com a temperatura sempre mais baixa do que as outras máquinas portáteis que eu já tive.
Acho que isso serve para dar uma impressão melhor do que recitar números de benchmark que pouco fazem sentido para quem os lê. Quem tem hoje um MacBook ou um MacBook Pro de 13,3” e tem como uso principal alguma dessas coisas que eu mencionei, não notará diferença significativa de desempenho.
Falando um pouco mais sobre temperatura do processador, ela não passou dos 40ºC no indicador do iStat nano por aqui, mesmo quando tinha todas essas coisas rodando ao mesmo tempo. É o primeiro notebook que eu tenho em anos que realmente dá pra chamar de laptop sem queimar a língua (ou as coxas, no caso!). Talvez essa temperatura oscile um pouco pra cima com vídeos do YouTube ou similares, mas eu não uso tanto essas coisas pra falar a verdade. Para isso prefiro meu Mac mini com Plex ligado na televisão. ;-)
A bateria dele, segundo meus testes iniciais, atinge facilmente a promessa de cinco horas de uso anunciadas pela Apple nos dados técnicos. Em uso normal, com luminosidade do display no quarto quadradinho, navegação wireless e uso misto, inclusive transferindo alguns arquivos de outras máquinas para ela via wireless, consegui usar por mais de cinco horas e ainda tinha cerca de 15% de carga pra torrar. Acredito que a eficiência térmica tenha muito a ver com o baixo consumo desse Mac.
A inicialização leva cerca de 15 segundos e voltar do modo sleep ao abrir a tampa é praticamente instantâneo. Segundo a Apple, a carga da bateria pode durar cerca de 30 dias em sleep, o que é realmente muito bom. Lembro que os Macs com PowerPC eram bem mais eficientes do que os Macs Intel nesse sentido, mas com o MacBook Air tudo isso virou história, pois a Apple desenvolveu um sleep extremamente eficiente para esse Mac.
Em termos de hardware, o MacBook Air de 11,6” perdeu alguns mimos do modelo maior, como o leitor de cartões SD. As outras diferenças ficam restritas ao processador e armazenamento, cuja oferta não é tão generosa quanto a do irmão maior (até 256GB de SSD no modelo de 13,3”, por exemplo).
Em relação ao Air da geração passada, ele não mais possui o teclado retroiluminado, o que pode ser algo negativo para alguns usuários. Quem viu a máquina desmontada nas páginas do iFixit entende facilmente o porquê dessas limitações, afinal Steve Jobs e seu time de engenharia ainda não conseguiram reverter algumas leis da Física, como a de que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço.
Enfim, esse é o preço a se pagar por um laptop extremamente delgado e leve, mas que ainda possui um tempo de uso de bateria digno de respeito, e que eu particularmente acredito que o compromisso seja válido.
Esta máquina também não possui receptor infravermelho para controle remoto e nem a luz pulsante do sleep. Pra ser sincero não senti falta de nenhuma dessas ausências, mas talvez alguns sintam. No fundo é uma questão de prioridade, que varia de usuário para usuário.
O display de 11,6” é brilhante e possui uma resolução muito boa, inclusive para os que gostam de ver filmes quando viajam. O fato de a tela ser menor que a de 13,3” dos MacBooks anteriores é parcialmente compensada pela resolução maior. A dimensão vertical reduzida pode ser compensada posicionando o Dock lateralmente na interface, algo que faz a janela de alguns aplicativos como o próprio Word ganhar espaço vertical precioso.
Outras coisas merecem menção honrosa por aqui são o novo trackpad de vidro, que finalmente chegou ao Air depois de muita espera, a adição de uma porta USB e a eliminação daquela portinhola lateral no MacBook Air antigo, que era feinha e pouco prática.

Apanhado geral, pontos positivos e negativos

O MacBook Air é um campeão, não tem como negar. O preço dele é arrebatador para quem pensava em comprar um Air mas não tinha coragem de gastar o que ele custava. Ele não é barato, mas nessa faixa de preços tem definitivamente muitos compradores potenciais, que se empolgarão com as boas qualidades que o pequeno MacBook Air de 11,6” oferece.
MacBook Air de 11,6 polegadas
Se eu havia comprado esse Mac pensando em um segundo computador, a cada uso fico mais convencido de que ele pode vir a se tornar o computador principal, deixando o iMac como a máquina secundária. [Se eu tenho um carro, deixo o caminhão só pra cargas mais pesadas, rá! Valeu, Steve!]
O desempenho realmente surpreende positivamente, principalmente para quem acredita que uma máquina pequena dessas e com um processador de menos de 2GHz não dará conta do recado.
Se eu tinha dúvidas e até estava disposto a aceitar um desempenho inferior ao do MacBook Pro de 13,3” em detrimento do tamanho e peso reduzidos, agora não tenho mais: ele dá e sobra para os mortais que usarão a máquina com iLife, internet, Office e talvez até algum outro software mais exigente.
· · ·
Pontos positivos:
  • Desempenho comparável a laptops maiores;
  • Absurdamente leve, fino e elegantel
  • Qualidades do iPad (como boot rápido, retorno do modo sleep praticamente instantâneo) foram transplantadas para ele.

Pontos negativos:
  • Falta de backlit keyboard;
  • Falta de leitor de cartões SD;
  • Fiquei 1.240 euros mais pobre, graças a ele.


Leia mais: Review: novo MacBook Air de 11,6 polegadas | MacMagazine

Hayek e Keynes de volta ao palco: o debate continua (hasta la muerte?)...

Para quem gostou do primeiro video, Fear the Boom and Bust, visto por mais de um milhão de curiosos, e traduzido em dez línguas, aqui está a continuidade do debate mais relevante da atualidade:

Hayek vs. Keynes Sequel Sneak Peak at The Economist Buttonwood Gathering



Dentro em pouco, algum abnegado vai colocar legenda (!!), subtítulos, em Português...

Agregado em 30 de abril de 2011"

Saiu o segundo combate entre Keynes e Hayek. Recomendo.
No site econstories.tv

Secao: O seu, o meu, o nosso dinheiro...

Começou mais cedo do que se imaginava o esporte preferido de todo político brasileiro: arrancar dinheiro do seu bolso, caro leitor, e do caixa das empresas, para colocar no poço sem fundo do governo, sob alegação das boas causas e bons propósitos.
Alguém realmente acredita que o dinheiro da CPMF, se reintroduzida, vai efetivamente melhorar a saúde pública??? A alegação já era essa, em 1993, quando ela foi introduzida pela primeira vez (e se prolongou desde então, até ser politicamente interrompida, não pelas boas razões, pelo Senado).
Paulo Roberto de Almeida

Governador do PSB já mobiliza colegas para recriar a CPMF, o imposto do cheque

Realmente difícil crer que nem bem o governo Dilma Rousseff assumiu e já exista governador aliado querendo elevar a carga tributária. É o caso do governador reeleito do Piauí, Wilson Martins (PSB), que está mobilizando os governadores para recriar a CPMF. O discurso é o mesmo surrado de sempre: colocar mais dinheiro na saúde.

O problema da saúde no Brasil é de gestão e honestidade. O resto é conversa fiada para aumentar o poder dos maus gestores de fazer proselitismo com dinheiro da sociedade.

Wilson viaja nesta quarta a Brasília e terá reuniões em alguns ministérios, com o presidente Lula e com a presidente eleita Dilma Rousseff.

Wilson Martins está mobilizando os governadores do seu partido: de Pernambuco (Eduardo Campos), Ceará (Cid Gomes), Espírito Santo (Renato Casagrande), Paraíba (Ricardo Coutinho), Amapá (Camilo Capiberibe), e o petista baiano Jaques Wagner pela aprovação e regulamentação da Emenda Constitucional 29, que destina recursos do Orçamento especificamente para a saúde. E para lutar pela reedição da CPMF com verbas também voltadas para este setor.

Dois, alias tres primeiros testes para a presidenta: Cuba, Iran e China

Bem, vamos ver como se responderá a essas demandas contraditórias, uma pela abertura e democracia, outra pelo apoio nas suas virtudes, digamos, autoritárias, de não querer sequer discutir política cambial no G20. Bem, se o G20 não serve para isso, serve para quê, então: para tomar chá?
Duas correções de imediato a este despacho do correspondente do Estadão em Genebra:
1) Chamar ativistas pela democracia e pelos direitos humanos de "dissidentes" é um equívoco e uma indignidade, como se o Estado tivesse razão e os ativistas estivessem errados em fazer e demandar o que fazem e pedem. Se Cuba assinou protocolos em defesa dos direitos humanos, a começar pela Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, então é o Estado cubano que é dissidente, não o ativista. É o Estado que atua ilegalmente, de maneira criminosa e celerada.
2) Um erro monumental incorreu aqui o jornalista: "A [última] viagem [de Lula a Cuba], porém, ficou marcada pela morte do dissidente, Orlando Zapata. Lula preferiu não comentar a situação durante sua visita."
Não é verdade isso; Lula comentou, sim, e para horror nosso e de todos os que defendem os direitos humanos, criticou o uso da greve de fome como instrumento político, quando ele mesmo usou dessa "arma" no passado (embora burlada por ele mesmo, como já confessou, sem qualquer dignidade). Ele não só comentou, como criticou o prisioneiro, que se "deixou morrer", por certo por culpa dele mesmo. E comparou a situação dos prisioneiros de consciência em Cuba, na verdade condenados políticos, em total abuso da própria legislação cubana, a prisioneiros de direito comum, criminosos e assassinos da pior espécie. Uma ofensa indigna de alguém que preza mais a ditadura cubana que os direitos humanos.
Paulo Roberto de Almeida
Addendum: Em tempo: nossos amigos iranianos não poderiam ficar de fora, claro, dessa deixa. Já que o presidente "sainte" tinha um carinho especial por Ahmadinejad, quem sabe sua sucessora não poderá manter essas excelentes relações "anti-imperialistas"?

Dissidentes cubanos lançam apelo à Dilma

Jamil Chade, correspondente em Genebra
O Estado de S.Paulo, 2 de novembro de 2010

Objetivo é pressionar para que questão dos direitos humanos entre na agenda diplomática

 GENEBRA - Dissidentes cubanos pedem que a presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, modifique a forma pela qual o governo brasileiro tem lidado com o regime de Raul Castro e pressionam para que a questão dos direitos humanos entre na agenda entre Brasília e Havana.
"Não queremos nada de extraordinário. Apenas que a nova presidente do Brasil defenda ao povo cubano as mesmas liberdade que ela defenderia para sua própria população", afirmou Dagoberto Valdés, um dos dissidentes ainda mantido em liberdade em Cuba.
O dissidente é um dos responsáveis pelo movimento Convivência e foi em nome do grupo que fez a declaração à Dilma. Sem liberdade para publicar seu comunicado em Havana, o dissidente foi obrigado a usar "contatos" que tem na Espanha para tornar pública sua declaração.
"Em Cuba, a liberdade é um ingrediente raro", disse o dissidente ao Estado por telefone. "Felicitamos a nova presidente por sua eleição e queremos que o Brasil continue a manter sua relação com Havana. Mas insisto que temos esperanças de que suas relações com Cuba trabalhem pelos mesmos direitos que ela (Dilma) quer para os brasileiros", afirmou.
Durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil se transformou no segundo maior parceiro econômico e comercial de Cuba no Hemisfério Ocidental, superado apenas pela Venezuela. Entre 2003 e 2009, o comércio bilateral triplicou, chegando a quase US$ 600 milhões no ano passado.
Em sua última visita à ilha, Lula assinou dez acordos de cooperação e prometeu investimentos de US$ 300 milhões na ampliação do Porto de Mariel. A viagem, porém, ficou marcada pela morte do dissidente, Orlando Zapata. Lula preferiu não comentar a situação durante sua visita.
Na segunda-feira, o governo cubano havia já feito declarações de apoio à Dilma. "As relações com o Brasil são muito boas, tanto no aspecto político como econômico. Esperamos que essas relações continuem a se desenvolver com a presidente Dilma", afirmou o ministro de Comércio Exterior, Rodrigo Malmierca, que lembrou a presença do "capital brasileiro" na ilha.
Excluída
Nos últimos meses, Cuba tentou dar sinais de que poderia estar aceitando uma revisão de sua repressão e negociou com o Vaticano e com a Espanha a liberação de presos políticos. Mas, na ONU, as suspeitas em relação à Cuba são cada vez maiores. Em seu novo índice de desenvolvimento humano, a ONU optou neste ano por simplesmente excluir Cuba do ranking. O motivo: não tinha como confirmar se os dados enviados pelo governo de Havana sobre saúde, educação e outros índices sociais tinham alguma relação com a realidade.

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Dilma fortalece bloco antiamericano, diz Irã

Jamil Chade
O Estado de S.Paulo, 2 de novembro de 2010

País vê vitória da petista como ‘vistoso progresso’ nos laços de amizade e afirma que América Latina entrou em corrente de oposição aos EUA

GENEBRA - O Irã comemorou a vitória de Dilma Rousseff nas eleições no Brasil e destacou que o resultado "fortalece o bloco antiamericano". Ontem, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, deixou claro sua satisfação com a vitória da sucessora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na esperança de que sua política externa siga os mesmos passos da diplomacia do governo que terminará no final de dezembro.
Na ONU, países africanos e algumas das ditaduras mais criticadas do mundo também não disfarçaram a satisfação com o resultado das eleições.
Acusado de manter um sistema perverso de violações aos direitos das mulheres e de ainda manter leis como a do apedrejamento de adúlteras, Ahmadinejad fez questão de elogiar o fato de o Brasil ter escolhido sua primeira mulher presidente. Segundo o líder, isso vai impulsionar o "vistoso progresso" nos laços entre os dois países. Lula chegou a intervir no caso de uma iraniana condenada à pena de morte, sob a acusação de adultério.
"As relações entre Irã e Brasil se desenvolveram nos últimos anos e estou convencido de que sob vossa presidência estas relações continuarão se aprofundando", afirma Ahmadinejad em mensagem enviada a Dilma. "A relação entre o Irã e o Brasil continuará e será consolidada sob a liderança de Dilma", disse Ahmadinejad à agência de notícias estatal Irna.
Nos últimos anos, o governo Lula fez questão de se opor às sanções impostas contra o Irã e tentou intermediar um acordo para solucionar a questão nuclear em Teerã. O processo fracassou e a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, chegou a alertar o Brasil de que estava sendo usado por Ahmadinejad.
Uma nova negociação começa a ser organizada. Mas Teerã insiste que o Brasil deve fazer parte do processo. A Casa Branca não vê isso com bons olhos. "A cooperação entre a República Islâmica do Irã e o Brasil foi muito boa sob a presidência de Lula e trouxe benefícios apreciáveis a nível bilateral, regional e internacional", destacou Ahmadinejad.
O presidente da Comissão de Segurança Nacional e Relações Exteriores do Parlamento Iraniano, Alaedin Boroujerdi, foi além. "A vitória de Dilma Rousseff é uma boa notícia para o Iraque [SIC!; deve ter sido engano do debiloide do tradutor], já que fortalece o bloco antiamericano", disse. "A América Latina entrou em uma corrente de oposição aos Estados Unidos", afirmou à agência Irna. "O mundo será testemunha, em breve, de uma ampliação e expansão das relações entre o Irã e os estados da América Latina", disse.
Nos últimos anos, o governo brasileiro tem ampliado sua estratégia de impedir que países sejam isolados da comunidade internacional por conta de acusações de violações de direitos humanos.
Na ONU, delegações de países africanos e de outros em desenvolvimento não escondem o alívio com a vitória de Dilma. "A África está aberta a investimentos de todo o mundo. Mas a realidade é que o Brasil entende melhor como funciona nossa cultura, nossas realidades", afirmou ao Estado a ministra de Justiça da Libéria, Christiana Tah.
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Governo chinês espera que ‘parceria estratégica’ com o Brasil continue no governo Dilma

Cláudia Trevisan, correspondente do Estadão em Pequim
02.novembro.2010 14:19:52


O governo chinês afirmou ontem esperar que a “parceria estratégica” com o Brasil continue a se desenvolver sob o governo de Dilma Rousseff, a quem o presidente Hu Jintao cumprimentou pela eleição de domingo. “Atualmente, as relações sino-brasileiras mantêm uma boa dinâmica”, declarou ontem o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hong Lei, em briefing regular com a imprensa em Pequim. O cumprimento de Hu Jintao foi transmitido a Dilma por meio da embaixada chinesa em Brasília.
A China se transformou neste ano no principal parceiro comercial do Brasil, à frente dos Estados Unidos, e caminha para se tornar um dos principais investidores estrangeiros no país. Mas o maior peso econômico é acompanhado da preocupação de parte da indústria nacional, que vê no câmbio desvalorizado da China uma vantagem desleal na competição por mercados dentro e fora do Brasil.
A questão cambial ganhou peso adicional com a recente desvalorização do dólar, ao qual a moeda chinesa está atrelada. Depois de dois anos de “congelamento”, Pequim voltou a permitir a apreciação do yuan em junho, mas desde então o ganho foi inferior a 3%. Muitos economistas sustentam que seria necessária uma valorização de pelo menos 20% para levar a moeda chinesa ao patamar que deveria alcançar caso seu valor fosse definido por forças de mercado e não pela intervenção do banco central.
Dilma assumirá a Presidência em um momento de fortalecimento institucional da relação entre os dois países, que passou a ser moldada pelo Plano de Ação Conjunto assinado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hu Jintao em abril.
O documento traça as metas e princípios que vão reger a relação bilateral pelo período de 2010 a 2014. Entre os itens do programa está a necessidade de diversificação das exportações do Brasil para a China, formadas hoje principalmente por produtos primários – 80% das vendas são de soja, minério de ferro e petróleo. Porém não está claro no plano como esse objetivo poderá ser alcançado.

Delirios cambiais e as indefinicoes de sempre: o "primeiro" debate economico da era Dilma

Ainda ouviremos falar muito na tal de "guerra cambial" -- muito mais exercida, aliás, pelos EUA, com sua política de desvalorização controlada, do que pela China, com sua política de estabilidade na paridade com o dólar, mas moderadamente deslizante -- e dessas "manipulações" -- aqui a referência indireta é claramente a China, mas os dirigentes brasileiros têm medo de pronunciar o nome do país -- e ouviremos ainda mais reclamações desses empresários, mal acostumados durante muito tempo com a política de desvalorizações constantes, automáticas, que empobrecia o povo mas encobria todas as suas ineficiiencias competitivas.
Se o governo, ou suas mais altas autoridades quiserem mesmo cuidar da "defasagem" cambial, eles não precisam nem controlar os fluxos de capitais, nem passar a "manipular" o câmbio, o que eles não farão pois não têm NENHUMA política alternativa para colocar no lugar do câmbio flutuante. Se ele é flutuante, ele deve subir ou baixar, em função dos demais dados do cenário interno, entre eles o nível da taxa de juros.
Se o governo quiser mesmo combater o câmbio alto, só tem uma solução: controlar as despesas públicas, diminuir o nível de financiamento que o Estado "obtém" da sociedade -- e ele só consegue o dinheiro prometendo juros altos, justamente -- e entrar num regime de emagrecimento fiscal.
Qualquer outra solução "milagre" seria bobagem e de curto efeito, como esse aumento no IOF, que não serviu para absolutamente nada.
Acho que continuaremos ouvindo bobagens pelo futuro próximo...
Paulo Roberto de Almeida

Dilma e as batatadas sobre o câmbio no Jornal Nacional
Reinaldo Azevedo, 3.11.2010

O Jornal Nacional acaba de reapresentar, agora acompanhada da repercussão, a declaração de ontem de Dilma Rousseff sobre o câmbio, a saber:

Eu tenho um compromisso forte com a questão dos pilares da estabilidade macroeconômica, um câmbio flutuante. E nós temos hoje uma quantidade de reservas que permite que a gente inclusive se proteja em relação a qualquer tipo de guerra ou de manipulação internacional.

Bem, vamos ver. Não sou economista, claro!  Mas sou economista o bastante para tratar das bobagens múltiplas contidas em trecho tão curto;

1 - O nível de reservas do Brasil nada tem a ver com câmbio flutuante. Um país pode ter reservas altas ou baixas com câmbio flutuante ou fixo. Existe no máximo uma correlação entre elas porque, bem, nos dois casos, estamos falando sobre dólares.

2 - Segundo a presidente eleita, as reservas brasileiras nos protegem de ataques especulativos? É mesmo? Assim seria se o ataque se desse na forma de fuga de dólares. Só que o movimento, hoje, é contrário: o que se tem e uma entrada excessiva: com os juros americanos no chão, os investidores vêm aproveitar a nossa taxa, digamos, exuberante! Assim, as vistosas reservas, longe de uma garantia contra o problema em curso, são parte do problema.

3 - A China, cujo câmbio é flutuante só em teoria, é que mantém reservas altíssimas. Pra quê? Justamente para decidir artificialmente o valor da sua moeda, mantida desvalorizada porque isso lhe permite provocar os estragos que provoca nas economias mundo afora.

Eu não estou defendendo câmbio fixo, flutuante, mais ou menos fixo ou mais ou menos flutuante. Só estou deixando claro que a equação da presidente eleita está errada. Os “especialistas” que comentaram a questão preferiram ignorar a salada teórica e falar sobre a tal guerra cambial no mundo. Estamos na fase de preservar Dilma de si mesma.

[fim de transcrição]
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Termino por aqui [PRA]:
O que precisa ser dito, também, é que essa política insana de acumular reservas, em níveis exageradamente altos, muito mais altos do que a prudência com a balança de transações correntes recomendaria (três meses de importações, quando já estamos com mais de dois anos de importações de cobertura cambial), essa política nos leva a um CUSTO FISCAL ALTISSIMO, na faixa de 25 a 30 bilhões de dólares por ano, que é a diferença entre os juros internos (aos quais o governo remunera os títulos da dívida pública com cujos recursos ele compra dólares) e os juros externos, que remuneram nossas divisas (tipicamente, Treasury bonds americanos, que estão, como vocês sabem, com os juros no piso mínimo).

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...