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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Crescimento do credito: quanto seria sustentavel? - alerta do BIS


BIS alerta Brasil por descompasso entre crédito e PIB

Reuters, 24/6/2012 16:36,  de Londres
BIS
Instituição faz alerta de perigo ao Brasil por descompasso de crédito e crescimento da economia e cita dívida de famílias e empresas no mercado imobiliário
As condições monetárias globais mais flexíveis, com crescimento do crédito e do preço de ativos em algumas economias emergentes, podem levar a uma nova crise financeira, alertou neste domingo o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês).
A instituição sustentou que o Brasil está na zona de perigo por considerar haver um descompasso entre o crescimento do crédito e da expansão da economia. Citou também preocupação com o nível de endividamento das famílias e das empresas brasileiras e com o forte crescimento dos preços do mercado imobiliário.
A instituição fez um apelo para que os bancos centrais prestem mais atenção às repercussões no mundo das suas políticas internas, em sintonia com as reclamações do Brasil e de outros de que um cenário monetário muito frouxo pode desestabilizar os fluxos de capitais para os mercados emergentes.
- Isso cria riscos de desequilíbrios financeiros similares aos vistos nas economias avançadas nos anos que precederam a crise – declarou o BIS.
O aumento do crédito muito acima do crescimento econômico é normalmente presságio de turbulência econômica. Esse é o caso quando tal descompasso supera os 6%, segundo o BIS.
Na Tailândia e na Turquia, esse descompasso é de pelo menos 15%. Brasil e Indonésia também estão na zona de perigo, com mais de 6%, de acordo com o BIS.
O aumento do crédito na Argentina e na China também ultrapassou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), mas o descompasso deles está bem abaixo da marca de 6%.
O preço de ativos também é um problema em muitas economias emergentes, afirmou o BIS. Em alguns mercados locais brasileiros, os preços de imóveis praticamente dobraram. Em algumas cidades chinesas, os preços subiram ainda mais rápido.
Outra preocupação é endividamento. O montante que lares e empresas no Brasil, China, Índia e Turquia destinam a dívidas está no seu nível mais alto desde o fim dos anos 1990, apesar das baixas taxas de juros.
O BIS sustentou que uma saída é adotar medidas macroprudenciais como ação para reduzir o crescimento do crédito.
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Paraguai-Brasil: diplomacia compreensiva?

Não se trata de generosidade, mas de compreensão.
Agora que o governo Lugo se foi, seria o caso de saber se continuaremos a ser compreensivos...



Governo Dilma ignora perseguição a brasileiros no Paraguai
Por Carolina Freitas
revista Veja, fevereiro de 2012

A neta do agricultor gaúcho Milton Seipel, de 54 anos, 34 vividos no Paraguai, pediu chorando ao avô para mudar de escola. Os colegas se uniram para, em meio a empurrões, dizer à menina de 11 anos que ela saísse do colégio. O motivo: ela não fala o guarani, idioma nativo do país. “Ela nasceu no Paraguai, como quatro de meus filhos, meus onze netos e minha bisneta”, diz Seipel. “As crianças disseram que ali não era lugar para brasileiros.” A menina trocou não só de escola como de cidade. Para o avô restou a saudade. Da neta e de tempos mais tranquilos.
Os 150 000 brasileiros proprietários de fazendas no estado do Alto Paraná, leste do Paraguai, estão sob ameaça. Aproximadamente 8 000 carperos - os sem-terra paraguaios - cercam as suas propriedades. Armados de facões e porretes de madeira, eles destroem plantações, agridem e ameaçam os produtores rurais. Seu discurso tem um claro componente nacionalista e, mais que isso, de estigmatização dos brasileiros, como mostra o episódio com a neta de Seipel. Também há indícios preocupantes de que as autoridades paraguaias se alinham com os carperos.
No entanto, fiel à diplomacia da condescendência adotada desde o governo Lula em relação aos vizinhos, o Itamaraty responde de maneira tímida aos abusos. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, conversou apenas uma vez com o chanceler paraguaio, Jorge Lara Castro, sobre os conflitos. Foi coletar informações. A ordem de Patriota para que o embaixador do Brasil no Paraguai, Eduardo Santos, visitasse a região só aconteceu um mês depois da primeira incursão dos carperos pelas terras de brasileiros. Só agora o Itamaraty estuda reforçar a estrutura consular no local, informou o embaixador Eduardo Santos. A reportagem do site de VEJA esteve na região e mostra quem são os protagonistas desse embate e os reflexos diplomáticos dele.
A tensão cresceu nas últimas semanas, quando o Exército paraguaio, acompanhado de falanges de carperos, iniciou uma demarcação de terras no Alto Paraná que ninguém no governo de Fernando Lugo conseguiu explicar até agora. Foram fincados no chão doze marcos de concreto em sete cidades, formando um perímetro que coincide com a área de 162 mil hectares reivindicada pelos sem-terra como terra pública a ser destinada para reforma agrária. Eles acusam os brasileiros de ter se apropriado dos terrenos. “Os invasores são os brasileiros”, afirma Victoriano Lopez, comandante do movimento. A maioria absoluta dos brasileiros que vivem no Alto Paraná, contudo, comprou fazendas de forma legal e tem título da propriedade. E o fato foi comprovado por sucessivas medições judiciais feitas nos últimos anos.
Por onde passaram durante a demarcação, militares e carperos deixaram um rastro de medo. Durante os nove dias da operação, de 12 a 21 de janeiro, foram registrados nas delegacias da região quinze boletins de ocorrência por invasão de propriedade privada, coação, ameaça, agressão e tentativa de homicídio. Os excessos foram tantos que, em 23 de janeiro, o governo suspendeu a ação. Dias depois, o ministro da Defesa, Catalino Ortiz, foi chamado ao Senado para se explicar e admitiu irregularidades na ação.
Um dos marcos, de concreto e pintado de laranja fluorescente, foi colocado na propriedade de Milton Seipel. Às 13 horas de 14 de janeiro, um sábado, apontou na porteira um grupo de quarenta carperos armados com facões e de quatro militares. “Os campesinos chegaram, gritaram para minha mulher prender o cachorro, abriram a porteira e entraram”, conta o produtor. “Perguntei se eles tinham documento. Eles não mostraram nada e mandaram que eu me calasse.”
Uma semana depois eles apareceram nas cercanias da fazenda do brasileiro Alexi Paulo Grutka, de 47 anos, há 20 no Paraguai. Por lá também colocaram um marco. O filho dele, Diego, paraguaio de 23 anos, dirigia pela região quando foi interceptado por duas caminhonetes de sem-terra. Com uma espingarda, um revólver e facões em punho, os carperos mandaram Diego descer do veículo e o revistaram, sob ameaças. Dispararam um tiro de espingarda e fizeram o rapaz correr. Depois, quebraram os vidros do carro e roubaram a carteira e o celular que Diego tinha deixado no carro.
Os dois casos, como o de dezenas de produtores, foram relatados pelos produtores ao cônsul do Brasil em Ciudad Del Este, Flávio Bonzanini, em uma reunião ainda em janeiro. Pouco foi feito desde então além de acompanhar a situação, em obsequioso silêncio. Na terça-feira da semana passada, mais um encontro, dessa vez com a presença do embaixador do Brasil no Paraguai, Eduardo Santos. “Eles prometeram que agiriam dentro das possibilidades deles. Não quiseram se comprometer com prazos ou ações”, relata Milton Abich, gerente da Coordenadoria Agrícola do Paraguai e filho de brasileiros.   Em entrevista ao site de VEJA, o embaixador Eduardo Santos disse que tem mantido diálogo permanente com os integrantes do governo Lugo e que solicitou reforço policial na região do conflito. “A tensão da comunidade brasileira é real, prática e permanente”, disse Santos. Ainda assim, o tom usado com as autoridades paraguaias deve se manter. “Temos um diálogo leal e amistoso com o governo paraguaio. Nossas relações com o Paraguai são muito próximas.”
A única medida concreta apresentada pelo Itamaraty ainda está em estudo e não tem data para sair do papel. A diplomacia avalia a possibilidade de criar um gabinete de crise na região de Ñacunday, na forma de um consulado itinerante. No local, agentes consulares ficariam disponíveis para prestar assistência direta aos brasileiros.
A diplomacia poderia fazer muito mais pelos brasileiros, sem qualquer desrespeito à soberania paraguaia, com um simples - porém firme - discurso do ministro Antonio Patriota ou da presidente Dilma Rousseff a favor dos compatriotas que lá vivem. Caso contrário, corre-se o risco de repetir no Paraguai a postura frouxa adotada em 2006 em relação à Bolívia. Na época, Luiz Inácio Lula da Silva tratou com brandura o programa de nacionalização na área do gás do presidente Evo Morales, apesar dos prejuízos causados pela política à Petrobras. Agora, estão em jogo a vida e o sustento de milhares de brasileiros que vivem no Paraguai.

Krugman: da economia para a fantasia delirante - Guy Sorman

Desde quando Paul Krugman começou a escrever para o New York Times, ele começou a delirar.
Sei disso, pois havia lido e apreciado alguns livros dele nos anos 1990, sobre comércio internacional, e até escrevi a resenha de um deles, com muito prazer, aliás.
Estava nos EUA, em 1999 ou 2000, quando ele se tornou colunista do NYT, e era o início do governo W. Bush, um idiota consumado, que converteu os superávits fiscais deixados por Clinton em déficits enormes, em menos de 2 anos.
Mas Krugman não criticava isso, e sim o corte de impostos.
Desde então, considerei que ele deixou de ser economista para ser converter em político. Pior: em panfletário.
Teve um de seus livros anteriores traduzido no Brasil como "A Consciência de um Liberal", assim, literalmente, quando o sentido, nos EUA, é completamente diferente do sentido que se dá no Brasil. Neste caso, são os editores brasileiros, e o tradutor, que são idiotas.
Mas ele não merece que seja chamado de economista, pelo menos enquanto continuar a delirar como faz ultimamente.
Abaixo a crítica de Sorman a seu mais recente livro, um apanhado de ideias delirantes, como não poderia deixar de ser...
Bastaria uma pequena pergunta para derrubar todo o seu edifício: se é para os governos gastarem mais, de onde é que eles vão tirar o dinheiro para gastar?
Durma-se com uma estupidez dessas...
Paulo Roberto de Almeida 

Paul Krugman’s Follies
The Nobel-winning economist embraces fantasy.
The City Journal, 24 June 2012
End This Depression Now!, by Paul Krugman (Norton, 272 pp., $24.95)
Paul Krugman’s new book should come with a disclaimer: there is no relation whatsoever between the ideological assertions of the New York Timescolumnist and bestselling author and the other Paul Krugman, who received a well-deserved Nobel Prize in 2002 for his scholarly research on international trade. Winning a Nobel Prize in economics doesn’t grant legitimacy to everything an economist writes, and Krugman’s book, like most of his newspaper columns, shows little connection with his past academic work.
To be fair, Krugman acknowledges that he has become a “pundit,” an implicit admission that his book is informed by his liberal views as much as by his economic knowledge. End This Depression Now! is essentially a pamphlet pretending to offer scientific answers to the U.S. economic slump. Its argument is easy to summarize: we have the knowledge and tools to revive the economy and provide jobs to millions of unemployed Americans. Consequently, those in positions of power who refuse to put Krugman’s advice into practice, themselves motivated by ideology, are the enemies of the unemployed. They want Americans to suffer for their past sins of excessive borrowing and spending. As if to emphasize that he sees the economic debate as a morality play, Krugman dedicates his book to the unemployed.
“Ending the depression should be incredibly easy,” Krugman asserts. The government must simply spend more, because the American consumer is spending less. Borrowing from Keynes, Krugman argues that the crisis, having been provoked by a decline in private demand, can only be solved by an increase in public demand. This is “a moral imperative” (the book constantly zigzags between ethics and economics). Public spending would be not only efficient, Krugman contends, but ethical.
This inflationary solution, which Krugman calls “a feel-good experience,” has been tried before. It worked, he claims, during World War II, when arms-building programs lifted the U.S. economy out of the Great Depression. Half-jokingly, Krugman says that the threat of an alien invasion should suffice to motivate more government spending. But he knows well—or should—that President Obama has already tried to rekindle growth this way. He admits that the results were not impressive, but only because public spending didn’t go far enough and wasn’t sustained.
The argument is dubious. All economies are built on confidence. An increase of the public debt now, as Krugman urges, would create a crisis of confidence, not a quicker recovery. Robert Lucas, the originator of rational-expectation theory, has shown how and why consumers and entrepreneurs reject Keynesian policies: in essence, the marketplace is wiser than the government. Entrepreneurs and consumers alike understand that an increase in public demand is artificial and short-term. Consequently, public demand leads not to increased consumption or investments but to price hikes. This unintended consequence of Keynesian demand has been repeatedly demonstrated in theory and practice. Milton Friedman and the late Anna Schwartz, in their Monetary History of the United States, showed that excessive money printing, which Krugman strongly recommends, always leads to inflation, not growth.
Krugman does not even mention these fellow economists, Nobel Prize winners all. He acts as if they did not exist, hardly a scientific attitude. Nor is it scientific to ignore that the only time Keynesian theory was truly applied—after the recession caused by the 1974 “oil shock,” when petroleum-producing countries formed the OPEC cartel and sent fuel prices soaring—it produced “stagflation,” a mix of inflation and economic stagnation. Krugman ignores this feel-bad experience, as well as the supply-side policies, based on monetary stability, that sparked the 1980s recovery. He hardly mentions the success of so-called austerity policies (which basically means balancing public accounts) in nations like Germany, which has seen strong economic growth. Krugman’s pithy dismissal: “It will not last.” His attitude calls to mind a quip from Paul Samuelson, a Keynesian himself, who observed that doomsday prophets could predict five crises for every three that actually happen.
Krugman also ignores the political consequences of the inflation he supports. Inflation may not create growth, but it does redistribute incomes. In an inflationary situation, one’s wealth depends less on what one does than on where one stands. Those able to cope with price hikes—a shopkeeper charging more, a banker raising interest rates—may become inflation’s beneficiaries. But wage earners and pensioners usually fall behind when prices rise, becoming poorer by the day. All those who lent their money at a fixed rate, usually by buying treasury bonds, are bankrupted in an inflationary era. This well-known pattern destroys all faith in government and leads to political upheaval. Throughout the twentieth century, inflation has been the death of democracy.
A modest knowledge of economics and of recent history, then, reveals that Krugman’s “feel-good experience” would not reduce America’s long-term unemployment: it would only cause more damage. With any luck, the cynical ideologues he vilifies will ensure that his solutions are not adopted. Common sense, which the author dismisses, rejects so simplistic a solution. An honest review of American history offers ample proof that economic growth does not obey government’s decrees, because the engine of growth has always been innovation and entrepreneurship. Stimulating the economy through the financing of “shovel-ready” projects and the like might sound attractive, but it has no record of success in the American experience. Paul Krugman lives in an unreal world: his book could even qualify him for another Nobel Prize—in literature.

domingo, 24 de junho de 2012

Argentina: um pais sem moeda, e sem confianca na sua...


Cristina "pesificada": el efecto boomerang y la verdadera batalla cultural a ganar
Por Fernando Gutierrez
iProfesional.com, 21/06/2012 
Los funcionarios sacan cuentas de cuánto les costará en plata el gesto político de pasar sus ahorros dolarizados a moneda local. Pero si todos los particulares hiciesen lo mismo, esto traería dos consecuencias negativas. Aun así, la verdadera victoria del "relato" no sería ésa sino otra

El "relato" kirchnerista alcanzó uno de sus momentos de mayor intensidad con el llamado a que todos los que están dolarizados demuestren su adhesión a la "causa nacional" por la vía de pesificar sus depósitos.
Es todo un desafío para los militantes K, mucho más de lo que representó en su momento larenuncia voluntaria a los subsidios de la factura energética. Es que, ahora, la demostración de lealtad al "proyecto nacional y popular" tiene un costo de 25% de los ahorros personales.
Tal vez muchos de los funcionarios que semanas atrás aplaudieron el anuncio de la Presidenta sobre la pesificación de sus ahorros, hacían calladamente las cuentas sobre cuánto les costaráeste gesto político.
Porque lo grave no es tener que ahorrar en pesos, sino que los dólares sean convertidos a la paridad oficial de 4,50 en vez de los casi 6 pesos a los que cotiza el "blue".
Hablando en plata, a Aníbal Fernández, que había encendido la polémica al reconocer que tenía ahorros por u$s24.000 dólares, su verborragia le cuesta $36.000 (que es lo que se pierde por cambiar al tipo de cambio oficial en vez de venderlo en el mercado paralelo).
En el caso de Cristina, al hacerlo a $4,50 el monto que resignará será de $4,5 millones. 
Sin dudas, será interesante comprobar, con el correr del tiempo, cuántos de los funcionarios K, intelectuales de Carta Abierta, periodistas defensores del "modelo" y otros adherentestomarán la decisión de seguir el camino propuesto por Víctor Hugo Morales y apoyado por la Presidenta.
Es claro el objetivo perseguido con el anuncio de pesificar su plazo fijo: por un lado, era unimperativo de la coherencia. Hasta para los kirchneristas más fanáticos se hacía difícil de justificar y defender un llamamiento a librar la "batalla cultural" en contra de la dolarizacióncuando los propios funcionarios declaraban tener sus ahorros en moneda estadounidense.
"Ante todo, al dar el ejemplo, igual que en sus discursos pero con más fuerza -pues se trata ahora de la vida real y concreta- la Presidenta y su gente se desprenden de su rol de funcionarios y de los signos de su poder para presentarse como personas iguales al resto, o mejor aún, personas ejemplares, mejores. Porque se sacrifican y defienden a los débiles frente a los poderosos", analiza Marcos Novaro, director del Centro de Investigaciones Políticas (Cipol).
Por otra parte, el otro objetivo de la jefa de Estado con su gesto tiene una lógica económica: pretende diluir los rumores sobre una inexorable devaluación brusca del peso.
Y, como prueba de esa confianza, pone su propio dinero en moneda nacional. En los últimos días han arreciado los informes y diagnósticos de los principales economistas, en el sentido de que el atraso cambiario es agudo y que la paridad tendría que estar en no menos de 5 pesos por dólar.
El riesgo del efecto boomerang
Los analistas manifiestan sus dudas respecto de que este tipo de estrategia de comunicación dé resultado.
Es más, hasta se vislumbra el riesgo de un "efecto boomerang", porque los ahorristas que tienen dólares en el sistema bancario vienen haciendo retiros a un ritmo cercano a los u$s80 millones diarios, asustados por los rumores sobre medidas intervencionistas.
Ahora, con la Presidenta anunciando que pesifica su plazo fijo y llamando a todos los argentinos a imitar su ejemplo, estos ahorristas cuentan con un motivo adicional para sospechar que sus dólares podrían no estar seguros en los bancos.
Y esto ocurre cuando, según el consenso de todos los economistas, no hay motivos para pensar que el sistema financiero pueda quedarse sin divisas ante un eventual retiro de los ahorristas.
En otras palabras, que la crisis de confianza tiene más fundamento político que económico.
Un informe de Analytica, la consultora que dirige Ricardo Delgado, destaca que no se ha podido evitar "importantes retiros de depósitos en dólares y baja en las cotizaciones de títulos públicos por el riesgo, a todas luces infundado, de que se pesifiquen esas acreencias".
En tanto, Jorge Vasconcelos, desde la Fundación Mediterránea, advierte que la pérdida de depósitos en el sistema tiene su razón de ser en que "las medidas implementadas generaronmayor nivel de incertidumbre".
Sus dichos quedan ratificados por el propio informe del Banco Central. En efecto, la entidad señalóque desde que se implementara el cepo cambiario los ahorristas se llevaron u$s4.400 millones del sistema.
De este total, u$s1.600 millones fueron retirados en mayo y -a su vez- casi el 40% de ese monto se extrajo en la última semana de ese mes, cifras que dan una idea del "efecto aceleración" ocurrido.
Lo curioso del caso es que los dólares que están en el sistema (10.000 millones) son una parte ínfima de los que los argentinos tienen en el "colchón", que según estiman los economistas asciende a u$s190.000 millones, lo que equivale a un 40% del PBI nacional.
Es decir, en el anuncio de Cristina sobre su propia pesificación hay un castigo implícito, no hacia quienes están fuera del sistema financiero, sino hacia los pocos ahorristas de dólares que están en los bancos (de los cuales, además, menos de la mitad está en plazos fijos), que son los que le han creído al gobierno su versión de que no habrá una pesificación compulsiva.
De manera que el llamado de Cristina implica dos riesgos:
1. El primero es que los ahorristas en dólares se asusten más de lo que están y siguan retirando sus depósitos, lo cual engrosaría el monto de billetes verdes bajo el colchón y dejaría sin divisas a los bancos.
2. El otro riesgo, paradójicamente, es que todo el mundo le haga caso, con lo cual aumentarían las colocaciones a plazo fijo en pesos, pero también el sistema se quedaría sin dólares. Y esto trae consecuencias. Ocurre que, a diferencia de lo que sucedía durante la convertibilidad, esos billetes son usados para apoyar las exportaciones y no para préstamos al consumo.
Así lo admite incluso el exviceministro de economía, Roberto Feletti, quien afirma: "Los dólares que ingresaron a los bancos o están en el Banco Central o fueron prestados a exportadores a 180 días".
Es decir, si esas divisas salieran del sistema, quedaría sólo el Central con la responsabilidad de financiar a quienes venden al mundo.
"Los préstamos en dólares exhiben un descenso, lo que significa menor financiamiento a las exportaciones, en un momento en que, a la inversa, habría que estimularlas", advierte Jorge Todesca, titular de la consultora Finsoport.
Hay más contradicciones en un eventual éxito pesificador del Gobierno: si todo el mundo teme por lo que pueda suceder con el destino de la divisa estadounidense, ¿quién comprará los bonos argentinos destinados a oxigenar las arcas fiscales? ¿Y quién pondrá su dinero entítulos en dólares que está preparando la "recuperada" YPF para llevar adelante su plan de incremento de la producción petrolera?
La gran paradoja de la Argentina es que tiene vedado el acceso al mercado internacional de crédito y no puede hacerse de dólares internamente, aun cuando éstos son, precisamente, algo escaso en el país.
"Acá no es que faltan billetes verdes. Por el contrario, son más abundantes que los pesos. Elproblema es que nadie los quiere vender", sostiene el consultor Pablo Rojo, poniendo el dedo en la llaga del problema.
La situación es reconocida hasta por Aldo Ferrer, principal defensor de la teoría del "vivir con lo nuestro" y frecuentemente elogiado por la Presidenta.
"La Argentina tiene una considerable capacidad de ahorro, próxima al 30% del PBI, pero carece deun sistema financiero y de un mercado de capitales capaces de canalizar ese ahorro hacia la inversión productiva y el desarrollo social. El prolongado período de inestabilidad en la economía argentina erosionó la confianza en la moneda nacional y promovió la fuga de capitales" señala.

Cristina se pesifica ¿pero piensa en pesos o en dólares?
Tal vez haya quienes se entusiasmen ante la perspectiva de que, con un sistema financiero completamente pesificado, pueda finalmente darse ese cambio que propone Ferrer para que los recursos propios del país puedan ser el catalizador del desarrollo.
Sin embargo, hay también allí componentes contradictorios. Porque una cosa es tener pesos en el banco y otra cosa muy distinta es pensar en pesos.
Nadie lo dejó más claro que la propia Cristina Kirchner. Porque es necesario tener la mente dolarizada, pero muy dolarizada, para sostener que es más rentable tener un plazo fijo en moneda local que en la divisa estadounidense.
La Presidenta argumentó que su anterior decisión de mantener ahorros en billetes verdesobedecía más a una cuestión de costumbre y tradición que a una conveniencia financiera, porque los plazos fijos en pesos rinden más interés. Pero existe una contradicción involuntaria en tal planteo.
Ocurre que las tasas de plazos fijos son fuertemente negativas si se las compara con la inflación. Los bancos líderes del mercado pagan 11% anual en un país que espera una suba de precios del 25%. De manera que para quien sólo piense en pesos, no hay incentivo para elegir esta alternativa.
Por el contrario, sólo avanzan en esta opción quienes miden su patrimonio en dólares.
¿Por qué? Porque comparan la tasa del plazo fijo (en moneda local) con la suba esperada para el billete verde. Entonces deducen que es buen negocio recibir un 11% porque la divisa estadounidense se movió un 7%.
Contra la inflación perdieron, pero su patrimonio medido en dólares ganó.
Resta saber si ahora, que el tipo de cambio oficial se está moviendo más rápido y podría tener un deslizamiento de 15% en el año, las tasas de los plazos fijos también se moverán en consecuencia, y saltarán hasta un nivel que vuelva a hacer rentables las colocaciones.
Con gran cantidad de pesos que hay ahora en el sistema bancario, una suba en los tipos de interés no parece probable en el corto plazo. Y esto es algo que pone nerviosos a los analistas.
"La pregunta clave es qué van a hacer particulares y empresas con toda la liquidez en pesos disponible que se está acumulando", observa Delgado, de Analytica.
"Más allá de las señales que pueda dar Cristina Kirchner y algunos funcionarios con la pesificación de sus depósitos en dólares, lo cierto es que los pesos -lamentablemente- no constituyen reserva de valor. Todos saben que el poder adquisitivo de la moneda nacional se deteriorafrente a todos los activos de la economía y buscarán hacer algo para proteger su capital", agrega.
No obstante, según Novaro, de Cipol, la Presidenta es plenamente consciente de que su gesto es apenas simbólico, pero de todas formas le jugará a favor en el plano político: "Lo que el Gobierno podrá decir cuando se lo reprochen es que Cristina quiso convencer a los ricos de comportarse solidariamente y no le hicieron caso".
De todos modos, por más que el 100% de los fondos depositados en los bancos en moneda extranjera se conviertan a pesos no significa que el Gobierno se alce con una victoria en haber convertido una crisis cambiaria en una epopeya épica. Por el contrario, puede ser incluso hasta contraproducente.
La verdadera victoria en la "batalla cultural" no es que los argentinos conviertan sus tenencias de una moneda a otra, sino convencerlos de que saquen los dólares del colchón para que estos multimillonarios fondos vayan al sistema financiero. Pero, tal como están dadas las cosas, esto por ahora parece ciencia ficción.

Ironias da historia: mensalao punido na Fazenda, ainda nao no Supremo...

Parece que o Banco Central e o Ministério da Fazenda são um pouco mais rápidos do que o Supremo Tribunal Federal: depois de mais de seis anos dos crimes financeiros, finalmente alguém é punido.
Vai ser no mínimo estranho se o STF concluir, como querem os companheiros, que não houve mensalão.
Paulo Roberto de Almeida 



Flávio Ferreira
Folha de S.Paulo, 24/06/2012

O Ministério da Fazenda manteve uma multa de R$ 1,6 milhão aplicada ao Banco Rural por ocultar as evidências de lavagem de dinheiro nas transações do mensalão. A condenação administrativa, imposta em primeira instância pelo Banco Central, atingiu ainda dois ex-diretores do banco que são réus no processo do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal). Os ex-dirigentes José Roberto Salgado e Ayanna Tenório Tôrres de Jesus foram multados e proibidos de ocupar cargos de direção em instituições financeiras.
A prática de crime de lavagem de dinheiro é uma das principais acusações do Ministério Público no processo criminal do mensalão. As punições administrativas do BC foram aplicadas em 2007, no desfecho das investigações iniciadas no Rural por conta do escândalo da compra de apoio político. Em seguida, os punidos apresentaram recursos ao ministro da Fazenda. Em 28 de março, o ministro Guido Mantega rejeitou as alegações e manteve as penas com base em parecer da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. As punições foram aplicadas a partir das regras da Lei de Lavagem de Dinheiro.
Segundo o BC, o Banco Rural deixou de comunicar as autoridades sobre as transações com fortes indícios de lavagem de dinheiro que envolveram as agências de publicidade do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. De acordo com as investigações, o banco e os dirigentes também não tomaram as medidas necessárias para identificar as pessoas que sacaram na boca do caixa as quantias destinadas aos beneficiários do esquema. Esse grupo de sacadores foi composto principalmente por funcionários e emissários de deputados federais.


Paraguai: sem prejuizos ao povo... - Declaracao do MRE

Bem, se o governo brasileiro ressalta que nada sera' feito para prejudicar o povo paraguaio, entao o Paraguai nao pode ser suspenso do Mercosul, nem ser vitima de sancoes. Supoe-se que o mesmo governo vai opor-se 'as medidas de retorsao que pretendem aplicar a Argentina, no Mercosul, e o Equador, a Bolivia e a Venezuela, no ambito desse gigante politico que e' a Unasul, agora comandada por um venezuelano. Paulo Roberto de Almeida Ministério das Relações Exteriores Assessoria de Imprensa do Gabinete Nota à Imprensa nº 155 23 de junho de 2012 Situação no Paraguai O Governo brasileiro condena o rito sumário de destituição do mandatário do Paraguai, decidido em 22 de junho último, em que não foi adequadamente assegurado o amplo direito de defesa. O Brasil considera que o procedimento adotado compromete pilar fundamental da democracia, condição essencial para a integração regional. Medidas a serem aplicadas em decorrência da ruptura da ordem democrática no Paraguai estão sendo avaliadas com os parceiros do MERCOSUL e da UNASUL, à luz de compromissos no âmbito regional com a democracia.  O Governo brasileiro ressalta que não tomará medidas que prejudiquem o povo irmão do Paraguai. O Brasil reafirma que a democracia foi conquistada com esforço e sacrifício pelos países da região e deve ser defendida sem hesitação. O Embaixador do Brasil em Assunção está sendo chamado a Brasília para consultas

sábado, 23 de junho de 2012

Ipea: uma triste historia a caminho da decadencia institucional

Seria excelente se um órgão de pesquisa aplicada fizesse pesquisa aplicada, com base no mérito individual dos pesquisadores, e com base em rigorosa aferição da qualidade dessas pesquisas por avaliadores independentes, não vinculados à instituição.
Seria excelente se um órgão de pesquisa aplicada, no Brasil, funcionasse como o NBER americano, o National Bureau of Economic Research, que funciona com muito poucos funcionários permanentes, tem uma verba enxutíssima de funcionamento, e no entanto produz trabalhos estupendos, que só são divulgados depois de intenso, extenso, profundo e implacável processo de avaliação (blind-review) por pares independentes e autônomos, e depois de uma discussão aberta, rigorosa, também implacável por outros economistas especializados no tema.
Assim trabalha o NBER.
O IPEA é patético perto disso: publica o que vem na cabeça do seu presidente maoista, e promove os assuntos que se alinham politicamente com a sua linha esclerosada de pensamento.
Convido os interessados a visitar a página do NBER, verificar o seu orçamento, constatar o seu modo de funcionamento, os seus poucos funcionários e depois comparar isso com o ineficiente IPEA da atualidade. É de chorar...
Enfim, no Brasil não existe esse tipo de rigor acadêmico-científico, o que joga o IPEA atual na vala da mediocridade, a despeito de todos os bons valores individuais ali existentes, tanto entre a turmos dos "velhos", como entre os "novos" (embora alguns dos diretores não deveriam ser convidados nem para gerenciar time de futebol da quarta divisão).
Abaixo as duas únicas matérias que detectei sobre o processo de sucessão na instituição, como sempre ocorre em se tratando de companheiros, esquizofrênico no mais alto grau.
Em todo caso, o selecionado indicado é um quadro competente e não é da "tchurma". Talvez por isso esteja sendo recebido com tanta raiva pelos companheiros, alguns aloprados "pesquisadores".
Paulo Roberto de Almeida 



Intelectuais do PT criticam economista indicado para o IPEA
Dilma e Mantega apoiam Marcelo Neri, que enfrenta resistência de desenvolvimentistas
NATUZA NERY, DE BRASÍLIA
Folha de S.Paulo, 23/06/2012

Indicado para dirigir o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o economista Marcelo Neri é hoje o nome preferido da presidente Dilma Rousseff ao posto, mas enfrenta resistência da ala desenvolvimentista do governo.
Sugerido ao cargo pelo ministro Moreira Franco (Secretaria de Assuntos Estratégicos), Neri tem o aval do ministro Guido Mantega (Fazenda), egresso da Fundação Getúlio Vargas, tal como Neri.
Apesar do apoio robusto, a reação a ele cresce à medida que a definição do futuro presidente do órgão é protelada.
Economistas do Ipea tradicionalmente ligados ao PT torcem o nariz para a indicação, apesar de Neri, colunista da Folha, ter feito repetidos elogios à política de inclusão social de Lula.
Nos últimos dias, a economista Maria da Conceição Tavares, uma das gurus do pensamento petista, passou a liderar um movimento para emplacar outro titular.
Uma das alternativas é José Carlos Miranda, ex-representante do Brasil no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), mas sem amplo apoio nos bastidores.
Dilma busca um nome de "peso" para comandar o instituto e, segundo interlocutores, vê esse perfil em Marcelo Neri. A expectativa é que a decisão seja tomada a partir da semana que vem.
Por trás da resistência a Neri está uma tradicional rivalidade no mundo acadêmico: o antagonismo entre os economistas da PUC-Rio, liberais, e os da Unicamp, desenvolvimentistas -defensores de uma maior intervenção do Estado na economia.
Do ponto de vista político, o PSDB é adepto da primeira escola, e o PT, da segunda.
Também está no páreo Vanessa Petrelli, presidente interina do Ipea, mas com chances consideradas pequenas.

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A presidência do IPEA e os Departamentos de Economia
Mansueto Almeida, 23/06/2012

Estou assustado com a briga pela presidência do IPEA, por um motivo simples. O IPEA está longe de ser “uma jóia da coroa” como é a Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, Eletrobrás, etc. Nessas empresas, faz todo sentido a briga política por nomeações devido ao volume de recursos que essas instituições controlam.
Um simples contrato com algumas dessas empresas pode ser uma benção para o fornecedor. Mas e o IPEA? Por que tem sido tão difícil para o governo nomear o presidente do IPEA? Acho que é fácil explicar essa briga.
Como já destaquei acima, o IPEA não é uma instituição rica como as demais empresas mistas ou estatais, mas comparando com o orçamento de qualquer departamento de economia, o IPEA é sem dúvida uma jóia da coroa no mundo acadêmico.
Em 2011, o orçamento da instituição foi de R$ 301 milhões. Mais ou menos um terço desse valor, R$ 105 milhões, foi direcionado para o pagamento de aposentados, R$ 122,9 milhões para o pagamento de funcionários ativos, R$ 50 milhões para custeio (aqui entra o custo das pesquisas), R$ 19 milhões para investimento (o IPEA está construindo uma sede propria nova) e o que resta (R$ 3 milhões) vai para reserva de contingência.
Bom, R$ 50 milhões  para pesquisa (e para cobrir os custos administrativos associados à pesquisa) é um cifra invejável no mundo acadêmico. Ademais, como o IPEA é um órgão do governo, ele consegue aumentar ainda mais o orçamento por meio de convênios com Ministérios e tem ainda um empréstimo anual do BID para mais pesquisas e contratação de bolsistas. É uma facilidade que não existe no mundo acadêmico.
Se eu fosse político, jamais perderia meu sono tentando influenciar nomeações para o IPEA. Seria muito mais interessante concentrar esforços para nomear diretores de estatais ou  mesmo tentar nomear o ministro das cidades, esporte, turismo, integração nacional ou saúde – ministérios nos quais a execução do orçamento de investimentos se dá, preponderantemente, por meio de transferências voluntárias para estados e municípios.
Mas R$ 50-60 milhões por ano para pesquisa é muito dinheiro na realidade do mundo acadêmico – que nem sempre consegue recursos para pesquisa por mérito e tem dificuldade de conversar com o setor privado.  A direção de uma instituição como o IPEA, implica, algum espaço para definir temas de pesquisa e, assim indiretamente (ou diretamente) beneficiar alguns pesquisadores e departamentos de algumas universidades mais do que outros.
E isso é relativamente fácil. Basta abrir o chamado para uma pesquisa de acordo com o perfil técnico do departamento de uma universidade ou do pesquisador que se quer contratar –os órgãos de controle têm muito pouco controle sobre isso ou nenhum, mas isso é comum com quase todas as instituições de pesquisa do mundo.
Assim, a briga pela presidência do IPEA é, na verdade, a briga de alguns pesquisadores por dinheiro para pesquisa, financiamento para viagens e  patrocínio de congressos. Sinceramente, seria melhor que essa briga fosse resolvida no âmbito do Ministério da Educação e do MCT, os dois ministérios que tratam de recursos para pesquisa das universidades.
Assim, seria ótimo, para o IPEA e para o próprio governo, que a Presidenta Dilma e o Ministro Moreira Franco pudessem tomar a decisão de nomeação do novo presidente (ou presidenta) do IPEA fora do jogo político por “verbas de pesquisa” de alguns departamentos de economia, que têm o péssimo hábito de dividir a pesquisa entre “aqueles do nosso lado” e “os outros que não são do nosso lado”.