O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Post-Western World: um livro e um debate com Oliver Stuenkel (IPRI, 13/12/2016)

Com a presença do autor, e uma audiência composta de diplomatas, professores e estudantes, o IPRI e a Funag realizaram nesta terça--feira 13/12/2016, no auditório do Anexo II do Itamaraty, um debate-apresentação em torno deste livro: 

Oliver Stuenkel
Post-Western World: How Emerging Powers Are Remaking Global Order
(Malden, MA: Polity Press, 2016, 252 p.; ISBN: 978-1-5095-0457-2)

Oliver Stuenkel é Professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo, onde coordena a Escola de Ciências Sociais e o MBA em Relações Internacionais. Tem graduação pela Universidade de Valência, na Espanha, Mestrado em Políticas Públicas pela Kennedy School of Government de Harvard University, e Doutorado em Ciência Política pela Universidade de Duisburg-Essen, na Alemanha. É colunista da revista Americas Quarterly e autor de outros livros, entre eles este anterior:


O índice do livro Post-Western World é o seguinte: 

Introduction, 1
1. The Birth of Western-Centrism, 29
2. Power Shifts and the Rise of the Rest, 63
3. The Future of Soft Power, 97
4. Toward a Parallel Order: Finance, Trade, and Investment, 120
5. Toward a Parallel  Order: Security, Diplomacy, and Infrastructure, 154
6. Post-Western World, 181
Conclusion, 195
Notes, 206

Sua apresentação, intitulada "Rumo ao mundo sinocêntrico?: as transformações globais e suas implicações para o Brasil", consistiu num resumo geral das principais teses do livro, entre elas a visão ainda enviesada, construída pelo mundo ocidental, da ordem global, que vem sendo transformada significativamente ao longo dos séculos, e especialmente nas últimas décadas de retomada do processo de globalização e de ascensão de novas potências emergentes, entre elas, com destaque, a China, que já foi a maior economia do planeta até o final do século 18. 

A ascensão da China não se faz apenas com soft power, mas também  com base em fatores reais de poder, ou seja, crescimento econômico, expansão comercial, domínio de finanças e construção de novos vetores de poder real, que conformam o que ele chamou de "ordem paralela" expressa em novas instituições nas financas (Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, e Novo Banco de Desenvolvimento, dos Brics), comércio (explosão de acordos de liberalização e de livre comércio e de preferências em diversos esquemas regionais e mais além), investimentos (grandes obras e cooperação com um grande número de países, não só em desenvolvimento, mas também em países desenvolvidos), segurança (esquemas negociados com vizinhos e países selecionados, medidas de construção de confiança), diplomacia (ofensiva de charme e de realpolitik em formatos diversos, entre eles o Brics) e infraestrutura (nova rota da seda, grandes obras em outos continentes, como um canal na Nicarágua).
Essa "ordem paralela" não pretende substituir as instituições existentes, mas complementar os arranjos que resultaram da ordem anterior, com uma abordagem adaptada aos requerimentos dos emergenes, e com isso a ordem global se aproximaria do cenário do mundo pós-ocidental.  

Eis a apresentação sumária do livro "Post-Western World" e link na Amazon: 


With the United States’ superpower status rivalled by a rising China and emerging powers like India and Brazil playing a growing role in international affairs, the global balance of power is shifting. But what does this mean for the future of the international order? Will China dominate the 21st Century? Will the so–called BRICS prove to be a disruptive force in global affairs? Are we headed towards a world marked by frequent strife, or will the end of Western dominance make the world more peaceful?

In this provocative new book, Oliver Stuenkel argues that our understanding of global order and predictions about its future are limited because we seek to imagine the post–Western world from a parochial Western–centric perspective. Such a view is increasingly inadequate in a world where a billions of people regard Western rule as a temporary aberration, and the rise of Asia as a return to normalcy. In reality, China and other rising powers that elude the simplistic extremes of either confronting or joining existing order are quietly building a "parallel order" which complements today’s international institutions and increases rising powers′ autonomy. Combining accessibility with expert sensitivity to the complexities of the global shift of power, Stuenkel’s vision of a post–Western world will be core reading for students and scholars of contemporary international affairs, as well as anyone interested in the future of global politics.

Eu teria várias observações a fazer  às teses e argumentos do livro de Oliver Stuenkel, mas ainda tenho de ler o livro atentamente para comentar seus elementos mais importantes. Não que eu discorde do sentido geral da tese principal, ou seja, a de que estamos caminhando para uma ordem global, não só no terreno econômico, mas também no político, estratégico e militar, bastante diferente daquela ordem implementada na imediata sequência da Segunda Guerra Mundial, ou seja, Bretton Woods, Gatt-OMC, OCDE, e uma governança consolidada no G7 a partir dos anos 1970, mas que veio a termo nos anos 1990-2000, em especial com a ascensão da China e da Índia.
Existem vários desafios ao Brasil nesse novo cenário, e este é um debate que teremos de fazer novamente com Oliver Stuenkel, na primeira oportunidade que tivermos em 2017.

Creio que esse debate, que foi transmitido online e registrado em vídeo (que estará disponível no canal YouTube da Funag, dentro de algum tempo), constituiu uma excelente oportunidade para que Oliver Stuenkel apresentasse a um público seleto (e a todos os que assistiram, e os que ainda vão assistir, ao vídeo) suas principais teses sobre o mundo pós-ocidental. 

Na sequência, mantive um diálogo de 20 minutos aproximadamente com Oliver Stuenkel em torno dessas teses, e algumas outras questões, para a série "Relações Internacionais em Pauta", entrevistas em vídeo que vem sendo acumuladas no canal YouTube do site do IPRI, e que editaremos para fazer um próximo upload. Aguardem.
Nos agradecimentos prévios ao livro, Oliver agradece à sua esposa, Beatriz, em que reconhece trabalho extra, entre o ativismo político e a dedicação acadêmica, assim como a seus três filhos: Anna, Jan e Carlinha, que ele acredita crescerão num mundo pós-ocidental. 
Acredito que sim, mas seus filhos vão continuar bebendo Coca-Cola, mascando chiclete -- que são velhas contribuições da civilização ocidental, neste caso americana, ao mundo, assim como vão usar algum sucedâneo do iPhone e sucessores do iPad, até que os chineses ofereçam os seus equivalentes, provavelmente de performance maior, e custo menor, mais ainda assim baseados num conceito ocidental do mundo e das comunicações, que o mundo emergente ainda imita, sem verdadeiramente superar, até o momento. Vamos ver o que os pós-ocidentais oferecem de produtos e gadgets tão revolucionários quanto estes.
Vamos continuar esse debate de alto nível nos próximos meses, talvez anos, com a participação de todos os diplomatas e acadêmicos engajados em temas de política mundial e relações econômicas internacionais.

Os interessados em adquirir o livro de Oliver Stuenkel, podem encontrá-lo aqui:
https://www.amazon.com/Oliver-Stuenkel/e/B00P1ZSQP0

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 13 de dezembro de 2016
(Fotos de  Carmen Lícia Palazzo, a quem agradeço a cessão)

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Carta Capital e o Departamento de Propinas da Odebrecht - Alguma explicacao Mino Carta?

Um jornal, uma revista, um periódico, dedicado ao grande público, vive normalmente de publicidade, de assinaturas, de venda no varejo para simpatizantes e curiosos, ou de doações de ricos mecenas, que gostam de se promover, ou até fazer benfeitorias não identificadas.
Uma outra categoria, revistas científicas, ou publicações acadêmicas, podem receber verbas públicas ou apoio de entidades de fomento, mas esse tipo de ajuda raramente se traduz em propaganda do ou para o apoiador, ou submissão a interesses que não a do conselho editorial do veículo, e de toda forma cada colaboração publicada submete-se à revisão crítica de pareceristas anônimos, que julgam e avaliam a qualidade do material.
Em qual categoria entrariam as matérias da Carta Capital, beneficiadas por essas "doações" do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, ou seja, do Departamento de Propinas, como é vulgarmente conhecido esse "serviço" de boas intenções e de operações paralelas da companhia mais corrupta do Brasil? Como Mister Capital, aliás Mino Carta, explicaria que o seu jornal, manifesta e visivelmente empenhado na defesa e na promoção do governo companheiro se revela agora um recipiendário de dinheiro roubado do povo brasileiro, através de fraudes, fralcatruas, superfaturamento, desvios, roubos deliberados, enfim, ações criminosas?
Os editores, segundo a matéria do Globo, "negam a participação de Mantega na operação e dizem que não sabiam que o dinheiro havia saído do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht."
Ingênuos inocentes, trapalhões ignorantes, ou indivíduos de má-fé?
Paulo Roberto de Almeida

Odebrecht emprestou verba à ‘Carta Capital’ a pedido de Mantega
Financiamentos no valor de R$ 3,5 milhões foram feitos pelo departamento de propinas da empreiteira
por Guilherme Amado
O Globo, 13/12/2016 

O jornalista Mino Carta no Sem Censura, da TV Brasil

BRASÍLIA — A Construtora Norberto Odebrecht fez dois empréstimos para a Editora Confiança, responsável pela revista “Carta Capital”, no valor total de R$ 3,5 milhões, entre 2007 e 2009, a pedido do então ministro da Fazenda, Guido Mantega. A operação foi feita pelo Setor de Operações Estruturadas, o departamento da empreiteira que geria as propinas pagas. As informações constam de um dos anexos da delação premiada do executivo Paulo Cesena, que presidia até o mês passado a Odebrecht Transport, mas foi, antes disso, diretor financeiro da construtora.

Cerca de 85% do empréstimo já teriam sido quitados pela editora, de acordo com Cesena, por meio de eventos que tiveram o patrocínio da Odebrecht.

Cesena disse que recebeu a ordem de fazer um aporte de recursos para a Editora Confiança, em 2007, diretamente de Marcelo Odebrecht, então presidente da holding e atualmente preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba e também delator da Lava-Jato

“Marcelo Odebrecht me chamou para uma reunião em sua sala, no escritório em São Paulo, e me informou que a companhia faria um aporte de recursos para apoiar financeiramente a revista ‘Carta Capital’, a qual passava por dificuldades financeiras. Marcelo me narrou que esse apoio era um pedido de Guido Mantega, então ministro da Fazenda”, afirmou Cesena à Lava-Jato.

Em seguida, o delator disse ter entendido que se tratava de algo de interesse do PT.

“Entendi que esse aporte financeiro tinha por finalidade atender a uma solicitação do governo federal/Partido dos Trabalhadores, pois essa revista era editada por pessoas ligadas ao partido”, afirmou.

Marcelo Odebrecht também pediu a Cesena que contribuísse com a revista para que eles organizassem suas finanças e concebessem um plano de negócios sustentável. Marcelo temia que pudessem vir novos pedidos de dinheiro.

O presidente da holding teria orientado Cesena a procurar o jornalista Mino Carta, diretor de redação da publicação, e o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, consultor editorial da “Carta”, para que fosse negociado o apoio financeiro.

A primeira reunião, no segundo semestre de 2007, ocorreu na sede da editora, na capital paulista. Cesena disse terem participado do encontro Mino Carta, Belluzzo e a diretora administrativa da editora, Manuela Carta. Nessa conversa, Cesena afirmou terem sido mencionados apenas pontos relacionados ao plano de negócios da revista e iniciativas para aumentar as vendas.

Nos encontros posteriores, apenas com Manuela, Cesena comunicou-lhe que o empréstimo seria de R$ 3 milhões, por meio de um mútuo (empréstimo feito entre duas pessoas jurídicas), a ser pago em três anos, e que seriam cobrados juros à taxa de Certificado de Depósito Interbancário (CDI), acrescidos de 2% ao ano.

Cesena afirmou que a operação foi feita por meio do Setor de Operações Estruturadas, comandado por Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, também delator na Lava-Jato. Embora tenha afirmado que não saberia detalhar, Cesena disse ter a informação de que “a operação e o pagamento à ‘Carta Capital’ se deu na forma de mútuo oriundo do caixa dois da Construtora Norberto Odebrecht”.

O segundo empréstimo teria ocorrido em 2009, solicitado por Belluzzo, desta vez no valor de R$ 500 mil. Novamente, após receber autorização de Marcelo Odebrecht, o apoio financeiro foi feito por meio do departamento da propina.

A Editora Confiança já teria honrado R$ 3 milhões da dívida, por meio de patrocínios que a Odebrecht deu a eventos da “Carta Capital” de 2010 a 2012.

“Em uma das reuniões que tive com Manuela Carta, a mesma apresentou-me o planejamento de eventos que a editora iria promover e questionou-me acerca do interesse em patrociná-los e que usaria esses recursos para amortizar o mútuo”.

Entre as provas, Cesena entregou e-mails, planilhas demonstrando a alocação de recursos e notas fiscais mostrando o patrocínio aos eventos da “Carta”.

Manuela Carta diz que o delator se expressou mal e que não houve empréstimo, mas um acordo de publicidade que previa um adiantamento de verbas. Segundo ela, tudo já foi quitado, com páginas de publicidade e o patrocínio da Odebrecht a eventos. Ela citou o apoio da empreiteira aos encontros chamados “Diálogos Capitais” e “Fórum Brasil”, e a um encontro com a presença do economista Paul Krugman.

— Temos tudo contabilizado — disse Manuela.

Belluzzo diz que procurou Marcelo Odebrecht e que foi firmado um acordo financeiro:

— Estávamos numa situação difícil e fizemos um mútuo que carregamos no nosso balanço por muito tempo, porque a revista estava precisando de financiamento. Está tudo no balanço da empresa, não tem nada escondido — disse ele.

Depois, segundo ele, foi negociado que o pagamento seria feito por meio de páginas de publicidade na revista. Manuela e Beluzzo negam a participação de Mantega na operação e dizem que não sabiam que o dinheiro havia saído do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.
http://oglobo.globo.com/brasil/odebrecht-emprestou-verba-carta-capital-pedido-de-mantega-20635961#ixzz4SkYbo2dI

Revista Brasileira de Politica Internacional - novo conselho editorial

Comunicação recebida da RBPI:

We´re proud to announce the new members of the Revista Brasileira de Política Internacional´ Editorial Board (https://goo.gl/rlLPm8):

Andrés Malamud (Universidade de Lisboa, Portugal);
Ann Towns (University of Gothenburg, Sweden;)
Amitav Acharya (American University, United States);
Amy Niang (University of the Witwatersrand, South Africa);
Arlene Beth Tickner (Universidad del Rosario, Colombia);
Detlef Nolte (German Institute of Global and Area Studies, Germany);
Jerry Dávila (University of Illinois at Urbana-Champaign, United States);
Kathy Hochstetler  (London School of Economics and Political Science, United Kingdom);
Kathryn Sikkink (Harvard University, United States);
Lene Hansen  (University of Copenhagen, Danmark);
Navnita Chadha Behera (University of Delhi, India);
Paulo Luiz Moreaux Lavigne Esteves (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brazil);
Pınar Bilgin (Bilkent University, Turkey);
Rafael Duarte Villa (Universidade de São Paulo, Brazil);
Roland Paris (University of Ottawa, Canada);
Scott Mainwaring  (University of Notre Dame, United States);
Thomas Zeiller (University of Colorado Boulder, United States).

Our new fellows joined the Editorial Board teaming with some of the scholars that were reappointed to a new term:

Andrew Hurrell (University of Oxford, United Kingdom);
Antônio Augusto Cançado Trindade (International Court of Justice, the Netherlands);
Amado Luiz Cervo (Universidade de Brasília, Brazil);
Eduardo Viola (Universidade de Brasília, Brazil);
José Flávio Sombra Saraiva (Universidade de Brasília, Brazil);
Henrique Altemani de Oliveira (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brazil);
Tullo Vigevani (Universidade Estadual Paulista, Brazil).

Besides  Cristina Inoue, who joined recently our team as an associate editor, we are also pleased to announce two new editorial assistants, who will help us run the Journal:

Niels Soendergaard (Universidade de Brasília, Brazil);
Tiago Gabriel Tasca (Universidade de Brasília, Brazil).

You can see this e-mail in html - http://www.ibri-rbpi.org/?p=15447

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Rubens Barbosa: Rumo a um Brasil moderno (OESP, 13/12/2016)

AGENDA PARA UM BRASIL MODERNO
Rubens Barbosa
O Estado de São Paulo, 13 de dezembro de 2016
 
            A Sociedade Civil, desde 2013, tem-se manifestado por mudanças profundas no modo de operar da classe politica.
            Nos últimos meses, em consequência da sobreposição das crises econômica, politica e ética, a situação se agravou. A crise política desaguou no impeachment da Presidente e na substituição do governo anterior e do partido que tantas expectativas havia criado. A crise na economia colocou o Brasil na recessão mais grave de sua história. A crise ética revelou uma corrupção sistêmica em nível jamais visto com a cumplicidade (exposta mais uma vez pela Odebrecht) entre uma classe politica alheia aos anseios da população e um setor empresarial, onde grandes empresas, acomodadas às benesses do Estado, se dispuseram juntos a sugar os recursos públicos por meio de uma assombrosa e despudorada ação ilícita.
            A paciência de homens e mulheres em todo o país está chegando perigosamente ao seu limite. A qualidade do serviço público, sobretudo em saúde, educação e segurança, agravada com a crise econômica e com a má gestão de muitos governantes, aumenta a frustração e a indignação da população. A voz da maioria silenciosa começa a manifestar-se de forma quase anárquica, como ocorreu na ocupação recente do plenário da Câmara dos Deputados e na violência das recentes manifestações em Brasília.
            O clamor pela reconstrução do Brasil cresce, mas ainda não se vê o aparecimento de lideranças com sensibilidade para assumir uma agenda clara e contundente que de fato proponha passar o Brasil a limpo. As discussões em Brasília mostram o descolamento dos interesses corporativos e dos congressistas da verdadeira realidade da sociedade brasileira.
A incompetência e os privilégios, em muito setores, estão por demais arraigados e certamente haverá forte reação a qualquer mudança que afete seus interesses. Os movimentos ideológicos, que se recusam a aceitar os custos das políticas equivocadas dos últimos anos, procurarão incendiar o pais na pretensa defesa dos mais pobres, que hoje estão pagando pelo abismo em que se encontra o pais.
            Se nada for feito, o Brasil em poucos anos, será uma imensa Grécia, sem recursos para pagar o salario dos funcionários (como já ocorre no Rio) e a pensão dos aposentados, sem falar na impossibilidade de o governo fazer os investimentos necessários para melhorar os serviços públicos, manter os programas sociais e mesmo defender o território nacional das novas ameaças que o crime transnacional (armas e drogas) representa, como já estamos vendo em alguns estados.
            A sociedade brasileira vai ter de enfrentar, mais cedo ou mais tarde, o debate democrático para a transformação de toda uma cultura: hábitos e costumes, práticas e políticas questionadas no mundo de hoje. Estamos vendo a reação em diversos países pela ação politica de parcela da população frustrada e desiludida com a classe politica e pelo esquecimento de seus anseios e frustrações pelas elites dirigentes.
            Além da melhoria dos serviços públicos já referida, torna-se urgente uma ampla reforma politica que corrija a proliferação de partidos, trate do financiamento das campanhas reduzindo os interesses especiais e a corrupção. Mudanças que simplifiquem a vida dos cidadãos, restrinjam os interesses corporativos, inclusive no funcionalismo público, melhorem a gestão governamental e as boas praticas éticas, reduzam significativamente o custo para o setor produtivo dos impostos, da legislação trabalhista, da deficiente e precária infraestrutura e da burocracia excessiva. E que melhorem a gestão dos programas sociais para permitir a mobilidade ascendente dos menos favorecidos por meio de estímulos para sua entrada no mercado de trabalho. O ambiente de negócios tem de ser mais estável e transparente, inclusive pela redução do protecionismo e de práticas que beneficiem interesses particulares. Nesse sentido, temos de começar discutir temas tabus, como o grau de abertura da economia para incluir o Brasil nas cadeias produtivas de valor agregado e nos fluxos dinâmicos de comércio para estimular a re-industrialização o país.
            O debate sobre as reformas estruturais (teto para os gastos públicos, previdência social e trabalhista), apresentadas pelo atual governo ao Congresso, é apenas o começo de um processo que deverá ser aprofundado em 2017 e discutido na eleição de 2018.
O IRICE (Instituto de Relações Internacionais e de Comércio Exterior) teve a iniciativa de buscar apoio para organizar um amplo debate público a ser realizado ao longo dos próximos doze meses com uma série de cinco encontros sobre as reformas necessárias para que o Brasil volte a crescer e se modernize. É preciso que o Congresso Nacional ouça a voz da sociedade civil de modo a que essas reformas sejam aprovadas. Para debater a agenda de reformas, estão sendo convidados representantes de diferentes think thanks e movimentos de mobilização social que surgiram no país nos últimos tempos, entre eles, o Movimento Brasil Eficiente, o Movimento Brasil Competitivo, o Humanitas 360, o Centro de Liderança Pública, o Movimento Vem Pra Rua e o Movimento Brasil Livre. 
O primeiro encontro aconteceu no dia 25 de novembro e teve como temas a reforma política, as reformas estruturais, em especial a fixação do teto dos gastos públicos, e a legislação sobre corrupção.
A partir de março de 2017, a cada três meses o debate, com visão de futuro,  vai continuar a focalizar o aprofundamento dessas reformas. A importância dessa agenda vai além das considerações macroeconômicas. O debate, sempre colocando o Brasil em primeiro lugar, pretende evidenciar como essas reformas podem afetar  a vida das pessoas, das empresas e qual o prejuízo para o país caso elas não sejam aprovadas e implementadas.


Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE)

Ainda nao entenderam que o governo atrapalha a economia - Rodrigo Constantino

Realmente, quando um político -- aliás, candidato a comandar a Câmara -- anunciou um "pacote de estímulo à economia, de criação de empregos", eu pensei imediatamente: "Xiiii, lá vem bobagem mais uma vez: cada vez que o governo pensa em fazer alguma coisa, vamos ficar piores do qu já estamos. Melhor seria se o governo não pensasse, não fizesse nada, apenas saísse do caminho, não atrapalhasse os empresários, ou melho, que reduzisse impostos, eliminasse legislações anacrônicas (como a do trabalho), diminuísse regulações intrusivas, enfim, deixasse de atrapalhar".
Foi isso que pensei quando anunciaram mais um pacote.
Por isso concordo em gênero, número e grau com o artigo abaixo, introduzido por Ricardo Bergamini.
Paulo Roberto de Almeida 

Prezados Senhores

O que mais admiro nas pessoas racionais e lógicas são os seus textos “curtos e grossos” como esse do nosso amigo pensador Rodrigo Constantino. 

Taxa de crescimento, de câmbio, de juros, de inflação, de desemprego, Carga Tributária, Política Fiscal e Política Tributária são termômetros, não febre. Febre é a orgia de gastos públicos, “sem pé e sem cabeça”.

Não podemos cansar de repetir que o Brasil gasta quase 50% da sua carga tributária com 6,39% de sua população, conforme abaixo:

Um grupo de trabalhadores de primeira classe (servidores públicos) composto por 13,2 milhões de brasileiros (ativos, inativos, civis e militares) que representam apenas 6,39% da população brasileira, sendo 2,2 milhões federais, 4,5 milhões estaduais e 6,5 milhões de municipais gastaram em 2015 o correspondente a 14,98% do PIB. Esse percentual representou 46,18% da carga tributária que foi de 32,44% do PIB em 2015.


Bala de prata

Rodrigo Constantino

Brasileiro realmente adora atacar os sintomas, nunca as causas dos problemas. Somos como aquele marido traído que pega a esposa no sofá com um amante e decide se livrar do móvel para combater o adultério. Pouco racional, para dizer o mínimo. Lembrei da analogia quando vi que o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central estão sendo “fritados”, sob pressão de todo lado. Meirelles e Ilan Goldfajn não mostraram serviço, alegam seus críticos, e a taxa de juros poderia ter caído em ritmo mais forte. Como resposta, fala-se em um novo “pacote”, ou em medidas pontuais microeconômicas para ajudar a destravar os investimentos. Tudo muito desejável, claro. Mas que tal a gente não fugir do cerne da questão dessa vez, para variar um pouco? Vejamos o caso dos juros, um dos mais impactantes no orçamento. Como ser contra uma redução maior? Mas alguém acha mesmo que basta voluntarismo aqui? Não foi exatamente o que fez o governo Dilma, com consequências terríveis?

Estamos como o cachorro que corre atrás do próprio rabo. Precisamos cortar os gastos com juros e aliviar o custo dos investimentos, mas ao mesmo tempo não podemos fazer isso sem antes cortar os gastos públicos, caso contrário teremos mais inflação. A sensação que dá é a de que muitos estão esperando um milagre. Compreende-se a impaciência: a devastação econômica foi brutal, e o PT nos legou 12 milhões de desempregados. Não há tempo a perder.

Mas sem acertar o foco, teremos apenas frustrações, buscando bodes expiatórios no processo. Culpa do Meirelles! Culpa do Bacen! Se ao menos colocássemos alguém mais ousado no comando da economia…

Sinto muito, mas não funciona assim. Não há bala de prata. Eis o verdadeiro problema: o governo quebrou, faliu o estado. Os investimentos não vão retomar enquanto a situação macroeconômica continuar assim. E são os investimentos produtivos que puxam a economia de forma sustentável.

Quem culpa um suposto arrocho fiscal pela contínua queda da atividade o faz ou por ignorância ou por má-fé. Os gastos públicos estão estáveis, não houve queda, e foi justamente o seu crescimento descontrolado na era petista que nos trouxe a esse caos. Querem mais veneno para curar a doença? Seria como tratar da leucemia com sanguessugas. O grande mal a ser combatido é exatamente o excesso de governo. Por isso a importância da PEC do teto. Por isso a necessidade da reforma previdenciária. O governo deveria cortar na carne, eliminar privilégios do setor público. O resto é distração. E como o leitor mais atento terá percebido, tais medidas não dependem do ministro ou do presidente do Bacen, e sim do Congresso – que parece mais preocupado em salvar a própria pele da Lava Jato do que em salvar o País. Aí complica…

Os investimentos não vão retomar com a macroeconomia assim. E são os investimentos produtivos que puxam a economia de forma sustentável

 Sobre o autor

Rodrigo Constantino é economista, escritor e um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”

 

Ricardo Bergamini

www.ricardobergamini.com.br

 

A politica da China para a America Latina - visao positivo do documento

Documento de China para América Latina servirá para fortalecer relaciones, enfatizan analistas argentinas
Observatorio da Politica China, 07/12/2016
 
BUENOS AIRES, 6 dic (Xinhua) -- El documento que China presentó en noviembre sobre sus vínculos con América Latina y el Caribe (ALC) es "un instrumento para la mejora, profundización y generación de una estrategia para las relaciones conjuntas", enfatizaron hoy, martes, las expertas argentinas Nadia Radulovich y Cecilia Peralta.
BUENOS AIRES, 6 dic (Xinhua) -- El documento que China presentó en noviembre sobre sus vínculos con América Latina y el Caribe (ALC) es "un instrumento para la mejora, profundización y generación de una estrategia para las relaciones conjuntas", enfatizaron hoy, martes, las expertas argentinas Nadia Radulovich y Cecilia Peralta.
"Este nuevo documento busca un mayor compromiso a través de la 'persistencia' y 'cooperación' en varias áreas y sectores económicos, productivos, científico-tecnológico, informático, de inversiones, de comercio exterior, para llevar a una 'nueva altura' la asociación de cooperación integral China-ALC", dijeron en entrevista con Xinhua.
A su juicio, "las posibilidades de intercambios y cooperación entre las partes son muchísimas, al igual que las oportunidades de esta asociación de cooperación integral pueden significar para la región latinoamericana y el Caribe".
Las analistas, titulares del grupo de especialistas Asia Viewers e integrantes del Grupo China del Consejo Argentino para las Relaciones Internacionales (CARI), se referían así al texto que Beijing dio a conocer el 24 de noviembre.
El texto resalta que "pese a la distancia geográfica entre China y ALC, la amistad entre sus pueblos data de tiempos remotos. A raíz de la fundación de la Nueva China en 1949, y gracias a los esfuerzos mancomunados de varias generaciones, las relaciones chino-latinoamericanas y caribeñas han venido avanzando a pasos firmes por una trayectoria extraordinaria".
"En 2008 China tuvo la incitativa de publicar su Libro Blanco hacia ALC cuyo objetivo era establecer la asociación China-ALC. Desde el año 2013 los dirigentes chinos han planteado una serie de iniciativas y medidas de importancia con miras a robustecer las relaciones y la cooperación en diversas áreas", ponderaron.
En 2015, el volumen comercial entre China y América Latina alcanzó 236.500 millones de dólares, multiplicándose por 20 en la pasada década, según estadísticas oficiales de China.
En 2016, las relaciones entre China y América Latina han avanzado con el establecimiento de las nuevas plataformas tales como el Año de Intercambio Cultural China-América Latina y el foro de cooperación China-América Latina entre los gobiernos locales.
China ha firmado tratados de libre comercio (TLC) con varios países latinoamericanos. Con Chile, en noviembre de 2005, con Perú, en abril de 2009, y con Costa Rica, en 2010.
En la actualidad, China es el segundo mayor socio comercial y la tercera fuente de inversión de América Latina, mientras que América Latina es el séptimo mayor socio comercial de China, e importante destino de su inversión extranjera.
"Las áreas de cooperación en el ámbito de gobierno, cultura y educación son vastas y dejan en relieve temas como el intercambio de conocimiento así como también temas de medidas conjuntas en un tema tan complejo como la reducción de la pobreza", sostuvieron las observadoras.
También, añadieron, "desarrolla una sección muy detallada acerca de la coordinación internacional en temas como asuntos internacionales políticos, gobernanza económica global, implementación de la Agenda 2030 para el Desarrollo Sostenible y el cambio climático".
"La cooperación financiera en el desarrollo de infraestructura, en temas energéticos y temas de comercio, sobre todo en temas agrícolas, para fomentar conjuntamente la seguridad alimentaria son y serán los ejes de las relaciones entre China y América Latina para los próximos años", consideraron.
Subrayaron "la importancia de estudiar y analizar el documento con el fin de que nuestra región pueda también unirse al muevo compromiso chino y aprovechar de las posibilidades que puedan generarse de esta nueva fase de relacionamiento".

War by Other Means: Geoeconomics and Statecraft - Robert D. Blackwill, Jennifer M. Harris (book review)

Creio já ter exposto minha "tese", mais anunciada do que explicada até aqui -- ainda que eu tenha um pequeno trabalho sobre ela -- segundo a qual a longa Guerra Fria, que durou aproximadamente de 1946-47 até 1989-91, que era um enfrentamento disfarçado entre os dois grandes império geopolíticos do pós-guerra, EUA e URSS, está sendo substituída, ou melhor, sucedida por uma longa guerra fria econômica, ou geoeconômica, na qual os EUA já entram perdedores.
Atenção, não foram os EUA que sairam vencedores da primeira guerra fria, a geopolítica, foi a URSS que desapareceu por total ineficiência econômica, ela se auto-implodiu, porque não soube combinar a tradicional equação econômica entre manteiga e canhões: ela fez muitos canhões e esqueceu a manteiga, ou seja, em lugar de oferecer meias de nylon para suas mulheres, só tinha mísseis balísticos a oferecer.
Agora, os EUA, como talvez o livro abaixo (que ainda não conheço) revele, vão ser "implodidos" por sua ineficiência relativa em vários setores, e a China vai vencer essa "guerra fria econômica" pois aplica a "tecnologia correta" adaptada à nova geoeconomia.
Atenção: a China não vai ser vencedora absoluta: ela apenas vai prosperar durante algum tempo, mais para o seu próprio povo do que propriamente para o mundo, mas creio que seu papel vai ser positivo no plano econômico, ainda que seja detestável no plano moral, democrático, de direitos humanos.
Pois bem, vou desenvolver a minha tese depois.
Por enquanto fiquem com esta resenha.
Paulo Roberto de Almeida

H-Net
Greetings Paulo Almeida,
New items have been posted in H-Diplo.

Table of Contents

Fettweis on Blackwill and Harris, 'War by Other Means: Geoeconomics and Statecraft' [review]
by System Administrator

Robert D. Blackwill, Jennifer M. Harris. War by Other Means: Geoeconomics and Statecraft. Belknap Press, 2016. viii + 366 pages. $29.95 (cloth), ISBN 978-0-674-73721-1.

Reviewed by Christopher J. Fettweis (Tulane University)
Published on H-Diplo (December, 2016)
Commissioned by Seth Offenbach

The United States is falling behind, warn Robert Blackwill and Jennifer Harris in War by Other Means: Geoeconomics and Statecraft. For more than a generation, America has paid insufficient attention to its potential economic advantages as it formulated its foreign policy. While its chief rivals deploy new economic tools in innovative ways, the United States continues to rely far too heavily on military and diplomatic powers of persuasion.

War by Other Means is a discussion of the evolution of “geoeconomics,” or the use of economic tools in pursuit of political objectives. The overall message of their book is that the United States trails its potential competitors in the use of such tools, and will be at a substantial geopolitical disadvantage until its geoeconomic thinking is adjusted. If its theme can be summarized in one sentence, it would be this: “U.S. foreign policy must be reshaped to address a world in which economic concerns often outweigh traditional military imperatives and where geoeconomic approaches are often the surest means of advancing American national interests” (p. 226).

The book reviews a wide range of geoeconomic tools, some of which are not typically included in works on the subject. More traditional instruments are there, including sanctions and aid, but the authors also include monetary policy, the “cybersphere,” investment policy, trade and--perhaps most interestingly--energy policy as well. With the recent rise in US fossil-fuel supply due to the shale and fracking revolutions, “the United States will be uniquely positioned among the major powers to define and benefit from these developments” (p. 214). If we can update our thinking to match new realities, that is.

The topic has taken on an entirely new importance in the twenty-first century, for several reasons. First, the authors suggest that many other countries, including some of the chief rivals of the United States, have integrated geoeconomics into their foreign policy, often as a “tool of first resort” (p. 128). Second, a host of new (or newly significant) geoeconomic tools are available to states today, including state-owned enterprises (SOEs), sovereign wealth funds (SWFs), and so-called smart sanctions. The book contains some mind-boggling statistics about SWFs in particular: current estimates suggest that these funds manage somewhere between three and six trillion dollars, which is about twice as much as is contained in all the world’s hedge funds (pp. 54-55). And they are almost exclusively operated by countries outside of the West. Only Norway has a SWF that is among the world’s ten largest.

The third reason for the rise of geoeconomics is the effect that globalization has had on international economics. Today’s highly integrated, interdependent markets provide new opportunities for states to engage in manipulation and statecraft. Finally, the rising economic clout of China in particular has increased the salience of geoeconomics. Not only are some of America’s rivals inclined to employ their economic power in the service of the state, they are more capable of doing so thanks to years of sustained growth. As a result, their efforts to integrate geoeconomics into statecraft are, on balance, finding success.

All this adds up to problems for Washington. For a variety of reasons, the authors argue, the United States has been reluctant to deploy geoeconomic instruments of persuasion. Policymakers and economists in the United States still tend to perceive the world through rather antiquated, positive-sum frameworks. Additionally, a consistent lack of post-Cold War presidential leadership, alongside bureaucratic inertia and inefficiency, has hampered Washington’s ability to employ geoeconomic tools. Other countries make no effort to hide their mercantilist tendencies, and since many of them are far more autocratic than the United States, they need not worry about popular or bureaucratic interference with their decisions. They are able to put geoeconomics to work efficiently, consistently and--in some instances--quite brazenly. Furthermore, when State Department and other officials contemplate using economic tools, they almost always turn toward sanctions, and overlook the other potential options. Washington lacks imagination, in other words, at least when compared to the Chinese and the Russians.

The book contains many examples of modern geoeconomics in action. For instance, it points out that the Chinese have invested an enormous amount of time and effort to refine their cyber capabilities, which they often employ in a directly geoeconomic fashion. While a great deal of traditional espionage occurs in the cybersphere, Beijing has also supported efforts to steal civilian technology and business secrets, in ways that would be unimaginable for a Western country. The scale of the problem is staggering: by one estimate, cyber attacks account for 15 percent of global internet traffic. Over Chinese holidays, that number drops to 6.5 percent (p. 60). The cost of protecting against, and then responding to, such attacks is reckoned to be around $400 billion annually, a quarter of which is borne by the United States (p. 64). “It is difficult to imagine,” Blackwill and Harris write, “that Washington could ever replicate in peacetime the cyber instruments so pervasively used by other countries” (p. 192).

Why, then, does the United States lag behind so many of its competitors in geoeconomic statecraft? Although the authors explain that there are some arenas in which the United States does engage well, such as with the relatively new smart sanctions, in general Washington rarely considers putting its economy in the service of its national interests. Here the book is less convincing, and does not take into account some of the reasons why the United States might be reluctant to engage in geoeconomic competition, and why this reluctance might be justified.

First, perhaps policymakers in Washington are a bit more concerned with the potential costs of geoeconomic tools. While China and Russia might be able to use their economic clout to pursue rather narrow interests, the United States has a far larger stake in the open economic system it had a large hand in creating. Although Blackwill and Harris claim that their recommendations are consistent with liberal economic theory, and note that classical liberals like Adam Smith and Richard Cobden were not in favor of a complete lasses-faire approach (pp. 30-32), many applications of geoeconomics amount to exercises in pure economic nationalism. Such a shift would not come without cost. Prosperity is after all one of the very few uncontroversial national interests of the United States, and to the extent that geoeconomic approaches put that prosperity at risk in pursuit of other interests, their wisdom can be called into question.

For example, the authors lament Washington’s reluctance to manipulate its fiscal and monetary policy for its own ends. Nowhere is the gap between it and its rivals larger, they argue. They assume that the geopolitical advantages that could accrue from nationalized financial statecraft--to further weaken Iran during a currency crisis in 2013, for example--would outweigh the damage that could be done if global markets lost faith in the financial acumen of the Treasury Department and the Federal Reserve. Perhaps policymakers in Washington are not naïve to prefer erring on the side of caution, deciding that potential negative ramifications for the world economy--which is something that US policymakers have to take into account far more than those of other countries--outweigh whatever geopolitical benefits might accrue from tinkering with monetary policy.

The authors anticipate this critique. “Criticisms of geoeconomic approaches,” they argue, “often fall into the trap of judging geoeconomic outcomes by economic ends rather than geopolitical ones” (p. 190). The Trans-Pacific Partnership ought to be judged on its geopolitical as well as economic merits, for instance. It needs to be passed not so much for its potential benefits for the US economy, but because it might cost China upwards of $100 billion a year (p. 190). But should economics be seen as, first and foremost, an arena of great-power competition? What are the costs to national prosperity that employing its tools can produce, and are they outweighed by the benefits to national security? Throughout the book the authors assert that economics should not be interpreted as a positive-sum game where all actors can benefit, but as a zero-sum one with only winners and losers. They often borrow the rhetoric of security competition, referring at times to “geoeconomic throw weight” (p. 149) and asserting that geoeconomics  is emerging as a “favored form of geopolitical combat” (p. 18). What Blackwill and Harris are essentially recommending--although they deny it--is that United States should be willing to abandon its commitment to liberal economics when appropriate, and exert national control over various aspects of the economy. The suggestion that our commitment to open markets and free trade should be interpreted through the frame of national interest assumes that open markets and free trade are not in themselves a national interest. So while their recommendations to think more strategically about economic tools are often sensible and wise, they are a bit glib about the risks of geoeconomic statecraft, and the potential unintended consequences of its application.

The authors also tend to overstate their case a bit when it comes to the unwillingness of the United States to employ geoeconomic tools. They remark over and over that although presidents Harry Truman and Dwight Eisenhower were able to use economic power to their advantage at times--by formulating the Marshall Plan, for instance, and during the Suez crisis--such efforts essentially ended with the war in Vietnam. The last twenty years of the Cold War, in their telling, were a creative wasteland, where US leaders seemed to forget economic means altogether. “It is noteworthy,” they explain, “that Western grand strategy toward the Soviet Union had virtually no serious geoeconomic element in the years following the Gulf of Tonkin incident in 1964 and America’s subsequent involvement in the Vietnam War” (p. 253). This is a rather puzzling conclusion to reach, especially given the central place that the Reagan administration gave to economic aspects of its competition with the Soviets. One need not be convinced by Peter Schweizer’s Victory (1994) to come away persuaded that many officials in the administration believed that the Cold War would be won with a plan to outspend the Soviets, encouraging them to keep up in ways that would ultimately cause their collapse. The military build-up of the 1980s had what Blackwill and Harris would consider a geoeconomic component to it which they completely overlook, skipping the Reagan years altogether in their historical narrative. They would have made a much better case by saying that the de-emphasis of geoeconomics began with the collapse of the Soviet Union, not South Vietnam, because it is not the case that geoeconomic statecraft was ever absent from US Cold War grand strategy.

Finally, as always, it is worth remembering the insights of Robert Jervis. Forty years ago, he argued that one of the most common misperceptions in international politics is the tendency to see the behavior of others as “more centralized, planned, and coordinated than it is.”[1] The assertions in War by Other Means regarding the organizational advantages of authoritarian rivals over the democratic United States echo those made during the Cold War, when the Soviets were thought by many to have the advantage of being able to operate more freely, unburdened by internal checks and balances or public opinion. So while this is not to say that such arguments are wrong, since surely some central control does make geoeconomic policymaking easier, there are also dangers in assuming that the other side is monolithic and strategic. What Blackwill and Harris see as carefully planned geoeconomics could very well be the outcome of internal dissent, disagreement, and satisficing. It is natural, according to Jervis, for decision makers to “overestimate the degree to which their opposite numbers have the information and power to impose their desires on all parts of their own governments.”[2] It is natural for analysts to do so as well.

The book ends with a series of rather vapid “policy prescriptions.” Although none is unwise a priori, they all are underexplained, and are a lot easier to write than to put into practice. “Funds should be shifted from the Pentagon to be used to promote U.S. national interests through geoeconomic instruments,” the authors suggest, without explanation (p. 228). Other puzzling recommendations are to “reinforce economic foundations for democracy and peace in the Middle East and North Africa,” “meet the test of climate change,” “blunt the threat of state-sponsored cyberattacks,” “adopt new rules of engagement with Congress” and--most puzzlingly--“increase university teaching around geoeconomics” (pp. 239, 237, 237, 249). But these vague and unhelpful recommendations do not detract from the book’s importance. It is meant to be a warning, a tocsin, rather than a solution. Blackwill and Harris aim to point out problems, leaving their solutions largely to others. And they largely succeed in doing so.

War by Other Means is an important and interesting contribution to US statecraft in the unipolar world. Geoeconomics is in large part the tool of the weak, who have limited geopolitical and military alternatives. It is natural for the strong to believe that they have little reason to turn to what they see as lesser forms of persuasion. Unipolar powers in particular can be expected to grow overreliant on geopolitical tools, and might easily overlook evolutions in other forms of power. Blackwill and Harris make a good case that this in fact is what has happened in the United States. Surely it would behoove US policymakers to consider more deeply the efforts of their rivals to achieve their goals using economic means, and to determine when those tools are appropriate for their use as well. Geoeconomic statecraft could certainly be better employed to help the United States achieve its goals, as long as its attendant costs and risks are kept firmly in mind.

Notes

[1]. Robert Jervis, Perception and Misperception in International Politics (Princeton, NJ:  Princeton University Press, 1976), 319.

[2]. Ibid., 324.

Printable Version: http://www.h-net.org/reviews/showpdf.php?id=47497

Citation: Christopher J. Fettweis. Review of Blackwill, Robert D.; Harris, Jennifer M., War by Other Means: Geoeconomics and Statecraft. H-Diplo, H-Net Reviews. December, 2016.
URL: http://www.h-net.org/reviews/showrev.php?id=47497

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-Noncommercial-No Derivative Works 3.0 United States License.

domingo, 11 de dezembro de 2016

Defesa e MRE organizam Seminario de Coordenacao Tematica (7/12/2016)

Defesa e MRE organizam Seminário de Coordenação Temática
Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
Ministério da Defesa


Brasília, 8/12/2016 – Com o propósito de buscar convergências entre as agendas dos Ministérios da Defesa (MD) e das Relações Exteriores (MRE), realizou-se, no último dia 7, o 1º Seminário de Coordenação MD-MRE, organizado pelo Instituto Brasileiro de Estudos de Defesa Pandiá Calógeras (IBED-MD) e o Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI-FUNAG-MRE).

  O ministro da Defesa, Raul Jungmann, comentou: “considero esta reunião, em sequência da outra [realizada com o Ministro José Serra], das mais importantes, estratégicas, históricas para o Brasil. Não é para Relações Exteriores, não é para a Defesa, é para o Brasil, porque aqui podemos clarear e contribuir muito para nossos conceitos, nossas abordagens, nossas convergências e divergências”.


Fotos: Ten Maurílio Kelly/EMCFA

No evento, realizado no auditório do MD, embaixadores e autoridades militares abordaram assuntos como cenário internacional – visões e perspectivas; fronteiras – vias de aproximação e áreas problemas; adidos de defesa e seu apoio à diplomacia e às relações internacionais; operações de Paz; e Base Industrial de Defesa.

A mesa inicial contou com a presença do diretor do Instituto de Pesquisas em Relações Internacionais da Fundação Alexandre de Gusmão, ministro Paulo Roberto de Almeida; do diretor do Pandiá Calógeras, Demétrio Carneiro da Cunha Oliveira; e do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), almirante Ademir Sobrinho.

Na abertura do encontro, o almirante Ademir Sobrinho (CEMCFA) apresentou a visão da Defesa sobre o mundo atual. Citou a intensificação dos conflitos étnicos e religiosos; o incremento do tráfico de drogas, do contrabando, do crime organizado; o crescimento do terrorismo internacional; a falência de Estados; a ampliação da possibilidade de acesso de criminosos e terroristas às chamadas “armas sujas” (biológicas e radiológicas); o emprego de redes sociais para ativação de grupos terroristas e simpatizantes; as alterações climáticas no mundo; e a crise de refugiados.



Segundo o almirante, no caso do Brasil, na área de defesa, temos que equacionar políticas e estratégias que se adequem aos interesses do País, nesse ambiente tão permeado de ameaças e incertezas. “Podemos afirmar, com tranquilidade, que a parceria entre a diplomacia e a defesa brasileira será um importante catalisador da cooperação em todos os continentes, e vai continuar contribuindo, significativamente, para prevenção de conflitos, para consolidação da paz e para estabilidade internacional. Vai cooperar para que o Brasil defina seu rumo no conserto das nações”, afirmou.

Busca de convergências
Os painéis do seminário foram resultado do encontro de alto nível entre o Ministro da Defesa, Raul Jungmann, e o Ministro das Relações Exteriores, José Serra, ocorrido no mês passado. “Essa aproximação é fato novo e deve ser considerada como extremamente relevante por se tratar de dois ministérios tipicamente de Estado. Essa busca de convergências só tem ganhadores, em especial o maior ganhador será o povo brasileiro, a quem servimos com orgulho”, explicou o diretor do Pandiá Calógeras, Demétrio Carneiro da Cunha Oliveira.

Durante as exposições, os debates transcorreram em torno do envolvimento do País no cenário internacional. O secretário de Planejamento Diplomático, ministro Braz Baracuhy, citou a relação Estados Unidos e China, que poderá definir uma dinâmica preponderante no sistema internacional nos próximos anos, com consequências importantes para o entorno estratégico do Brasil.

Embora grande parte dos problemas internacionais não estejam na América do Sul, seus reflexos geram incerteza nos países da região em matéria de segurança e defesa. “Isso contribui para exacerbar tensões, para rearmar, para adquirir maior capacidade militar, porque a incerteza está associada à sensação de falta de segurança, gerando reações”, disse o vice-chefe de Assuntos Estratégicos do MD, general Fernando Rodrigues Goulart, em sua apresentação.

A última discussão apresentada foi a do secretario de Produtos de Defesa, Flávio Basílio, sobre a inclusão do Ministério da Defesa no Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX).

Participaram, ainda, dos painéis, pelo MRE: o diretor do Departamento de Assuntos de Defesa e Segurança, embaixador Nelson Antonio Tabajara de Oliveira; a diretora do Departamento da América do Sul Meridional, embaixadora Eugênia Barthelmess; o diretor do Departamento da América do Sul Setentrional e Ocidental, embaixador Tarcísio de Lima Costa; a diretora do Departamento de Organismos Internacionais, ministra Maria Luiza Escorel; o coordenador geral de Mecanismos Regionais, conselheiro Arnaldo de Baena Fernandes; o subchefe da Divisão de Operações de Promoção Comercial, secretário José Renato Ferreira.

Pelo MD, também participaram o subchefe de Logística Operacional, brigadeiro Tarcisio Aquino Brito Veloso; o gerente da Seção de Assuntos Setoriais da SCOA, coronel Amaro Soares de Oliveira; e o gerente da Seção de Adidos de Defesa, coronel Igor Sidhartha Boechat.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Militares no Brasil: as distorções nos gastos com pessoal

A estrutura dos gastos dos militares é altamente distorcida, e eles agora acabam de se converter em "mais iguais" na questão da Previdência, quando se pretende deixá-los num regime ainda privilegiado.
Os dados abaixo, totalmente oficiais, foram compilados pelo economista Ricardo Bergamini.

Por diversas vezes já informei que as informações são divulgadas pelo Ministério do Planejamento no seu Boletim Estatístico de Pessoal, conforme links abaixo:

Clique aqui http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/servidor/publicacoes/boletim_estatistico_pessoal/2016/160614_bol237_jan2016_parte_i.pdf

Vide página número 26 – Tabela 1.1 – Apresenta os gastos com pessoal (civis e militares) no ano de 2015, tendo sido os gastos com militares de R$ 51,4 bilhões.

 

Vide página 67 - Tabela 2.2 – Aparece o quantitativo de pessoal (civis e militares), sendo o efetivo dos militares de 662.958 membros em dezembro de 2015, conforme abaixo: 

 

Gastos com Pessoal Militar das Forças Armadas – Fonte: MP

 

Base: Ano de 2015

 

Itens

Quantitativo

R$ Bilhões

%

Ativos

363.914

20,3

39,50

Reserva e Reforma

151.022

18,2

35,40

Pensionistas

148.022

12,9

25,10

Total Pessoal Militar

662.958

51,4

100,00

 

O quadro demonstrativo acima demonstra de forma clara e indiscutível a distorção causada pela pensão das filhas de militares nas contas nacionais, gerando uma aberração econômica onde se gasta 39,50% com pessoal ativo e 60,50% com pessoal inativo (reserva, reforma e pensões).

Essa anomalia econômica foi encerrada em 2001, mas em função do maldito direito adquirido existente para os trabalhadores de primeira classe (servidores públicos) seus efeitos financeiros somente ocorrerão em torno do ano de 2036.

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.