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terça-feira, 15 de agosto de 2017

Presidencialismo vs. Parlamentarismo: notas impressionistas - Paulo Roberto de Almeida


Presidencialismo vs. Parlamentarismo: notas impressionistas
  
Paulo Roberto de Almeida
 [Considerações contextuais e históricas sobre regimes e sistemas de governo; esclarecimento pessoal em caráter preliminar, sem qualquer base empírica] 

Introdução
Qualquer debate sobre sistemas de governo necessita começar por uma definição dos termos, tendo em vista a complexidade do debate. Normalmente se considera haver uma oposição entre os sistemas de governo e seus respectivos regimes políticos, embora na realidade diversas combinações sejam possíveis. O presidencialismo, em sua forma moderna, é relativamente recente na história da humanidade, datando, para observar uma regra de quase consenso entre os historiadores políticos, da fundação do regime republicano dos Estados Unidos da América, tendo sido adotado quase unanimemente no resto do hemisfério (com a notável exceção do Brasil, por razões dinásticas). Mas o parlamentarismo tampouco é muito mais antigo, embora o princípio da representação seja mais velho que os regimes parlamentaristas modernos, contemporâneos, grosso modo, dos regimes monárquicos constitucionais. Uma regra simples de definição do presidencialismo é o de colocar a chefia do executivo sob o comando de um político eleito diretamente pelo povo, por regras distintas daquelas sob as quais se elege o parlamento, ao passo que este último detém praticamente o comando dos dois poderes no regime de gabinete parlamentarista, ou seja, de governo congressual. Adotaremos essa distinção básica, sabendo embora que regras eleitorais e modos de escrutínio também desempenham papeis relativamente importantes no que toca a forma de funcionamento de um ou outro regime e sistema de governo.

A questão histórica
Regimes de representação sempre existiram no caso de sociedades abertas, ou seja, não despóticas. Regimes com mandatos executivos também, inclusive no caso de formações despóticas, que podem ser equivalentes a monarquias absolutistas, ou ditaduras carismáticas. Ou seja, o presidencialismo não é necessariamente republicano, nem as repúblicas precisam ser todas presidencialistas, bem ao contrário. A democracia ateniense combinava um pouco dos dois regimes e o próprio Aristóteles refletia sobre as diferentes combinações de regimes, tomando inclusive o cuidado de não considerar a democracia de massa, ou seja, aquela derivada exclusivamente da vontade da maioria, como o regime mais adequado. Democracia de massa é uma realidade moderna.
No caso do Brasil, por exemplo, passamos por praticamente todos os regimes políticos e sistemas de governo, a saber: monarquia absoluta, monarquia constitucional com poder moderador (invenção de Benjamin Constant), monarquia parlamentarista com chefe de gabinete, governo republicano provisório de corte jacobino, governo presidencialista oligárquico, presidencialismo provisório seguido de presidencialismo com eleições indiretas e representação classista, ditadura republicana centralizadora, republicanismo federalista com eleições diretas para os executivos e representação proporcional nas assembleias, parlamentarismo improvisado para superar crise política, ditadura republicana com limitações de voto e de representação, retorno a um sistema republicano descentralizado, mas preservando deformações na proporcionalidade da representação e espírito parlamentar das atribuições legislativas, tentação parlamentar a cada crise política ou desarmonia entre os poderes; poder moderador informal exercido pelas forças armadas durante boa parte do regime republicano, substituído por forte preeminência do Judiciário e do Ministério Público na fase contemporânea. Ou seja, o Brasil sempre foi uma espécie de laboratório de arranjos político-eleitorais-partidários os mais diversos, sem que necessariamente eles observem coerência entre si, ou que esta exista entre os regimes políticos e os sistemas de governo sucessivos.
No caso dos Estados Unidos, o primeiro e mais estável sistema presidencialista da história, cabe registrar que a separação e o equilíbrio de poderes é relativamente consolidado, mas com gradações diferentes segundo as épocas. O regime sempre foi bastante descentralizado, com base em poderes locais e um sistema de democracia de base, o chamado grass-roots, mas o governo era basicamente congressual, ou seja, a maioria das atribuições de formulação de políticas tinham de passar pelo Congresso, embora o chefe do executivo as aplicasse depois. Depois da guerra civil, e dos dois grandes engajamentos bélicos externos, e também durante os embates da Guerra Fria, o presidente foi adquirindo (ou usurpando) mais poderes, o que também não deixa de gerar mini-crises entre os poderes (eventualmente resolvidas pelo recurso à punição do impeachment). O respeito ao Estado de direito, à Constituição, é um valor em si.
Na experiência europeia, depois da dissolução do império romano do Ocidente, o caos mais absoluto reinou, com regimes os mais diversos em pequenos e grandes Estados, de caráter republicano oligárquico, de absolutismo monárquico fragmentado, de monarquia absoluta centralizadora, de ampliação das franquias eleitorais no quadro de um parlamentarismo evolutivo, com diferentes sistemas eleitorais, chegando a sistemas parlamentares consolidados no quadro de repúblicas “presidencialistas”, de monarquias constitucionais (inclusive não unitárias, ou seja federalistas) com parlamentarismo estabilizado, o que tampouco impediu a tentação bonapartista ou cesarista, quando não ditaduras despóticas.
Em resumo, as combinações as mais diversas são encontradas nos regimes presidencialistas ou parlamentaristas oficiais, com sistemas eleitorais e partidários que respondem pela maior ou menor estabilidade desses regimes, o que tampouco impede tentações populistas ocasionais, o que pode representar a preeminência do executivo em determinadas circunstâncias. O que é o Brasil, também em resumo? Um sistema dito presidencialista, por vezes temperado por um parlamento atuante, mas na maior parte do tempo um regime quase imperial na preeminência que o executivo exerce sobre o poder legislativo, este fragmentado por um sistema partidário permissivo e uma legislação eleitoral que redundou num desequilíbrio profundo da proporcionalidade.

Parlamentarismo vs presidencialismo: o que seria melhor para o Brasil?
Não existe uma resposta simples a esta questão, pois regimes políticos e sistemas de governo não existem no vácuo, ou são determinados idealmente, e sim são o resultado de forças sociais e movimentos políticos que evoluem historicamente e podem acabar sendo inclusive estáveis na sua disfuncionalidade. O Brasil, por exemplo, convive com uma tensão constante e com conflitos potenciais entre o poder do chefe de Estado e de governo que resulta de uma maioria presidencial eleita diretamente e o poder do parlamento, que padece de sério desequilíbrio de proporcionalidade, mas cuja fragmentação dificulta a formação de uma maioria legislativa estável. Essas diferenças de maiorias – direta ou representativa – constituem a fonte de tensões políticas e de crises de estabilidade (ou de instabilidade) que são recorrentes em nossa história.
A trajetória do nosso presidencialismo, relativamente errática, também depende da personalidade do chefe de governo e de Estado eleito diretamente pelo povo. Não surpreende, assim, que depois de uma relativa estabilidade sob o regime parlamentar monárquico (mas com frequentes intervenções do poder moderador para mudar as chefias de gabinete), passamos por não menos de sete constituições republicanas, com intervenções militares no quadro de crises políticas graves a cada vez, e com uma crise política atual na qual avulta um papel “moderador” do judiciário, mas também com um inédito ativismo de um “quarto poder”, o ministério público, um novo ator político.
Como o presidencialismo é fonte de tensões constantes entre os atores políticos e de conflitos com o poder legislativo, um critério de racionalidade recomendaria a adoção de um regime de tipo parlamentar, com pequena fragmentação partidária e um sistema eleitoral que reduzisse ao mínimo as assimetrias de proporcionalidade entre eleitorado e representação parlamentar. Esse tipo de regime permite acomodar pequenas ou grandes mudanças nos humores do eleitorado – e na eficácia maior ou menor das políticas públicas colocadas em vigor pelo executivo – com um mínimo de desgaste sistêmico, pois que contornadas crises e tensões com um simples voto de desconfiança ou a dissolução do parlamento pelo “poder moderador” de um presidente dotado de poucos poderes executivos, simplesmente pela mudança da chefia (e da maioria) do gabinete de base parlamentar.
É factível a adoção desse “tipo ideal” de governo no caso do Brasil? Estimo ser muito difícil a passagem a um regime desse tipo, pois teriam de ocorrer mudanças simultâneas nas legislações eleitoral e partidária sem que se constate a existência de qualquer tipo de consenso entre forças políticas dispersas num grande território e numa população também considerável caracterizados por grandes diferenças regionais e muitas desigualdades sociais (ou seja, assimetrias de situação econômica e de renda). Vícios herdados de velhas tradições históricas (o patrimonialismo, por exemplo) e de deformações políticas mais recentes (a hipertrofia do estatismo, o distanciamento do corpo político da base do eleitorado, a extensão e a profundidade do corporatismo, etc.), ademais da promiscuidade quase genética entre poder econômico e poder político tornam muito difícil o estabelecimento de um sistema político representativo mais racional, sujeito a regras de responsabilização (accountability), ou mais simplesmente a observância de regras impessoais, o que é vulgarmente conhecido como rule of Law.
O presidente tomou o lugar do antigo imperador, e reina quase absoluto ao dispor, na verdade, de mais poder do que o velho sistema oligárquico-monárquico, este temperado justamente pelo funcionamento do regime de gabinetes parlamentares que seriam, teoricamente, formados a partir de maiorias eleitorais (mas com escrutínios que podiam ser perfeitamente fraudados pelo velho sistema do coronelismo). Atualmente, o coronelismo tornou-se eletrônico, e pode ser manipulado diretamente a partir do poder executivo, que dispõe de responsabilidade e de recursos de tal monta que lhe permite submeter (ou comprar, literalmente) o parlamento. Este também exerce certo poder de chantagem sobre o executivo, o que se agrega à tensão natural entre as fontes diferenciadas de maioria política dos dois poderes.
A adoção de um regime parlamentarista mais ou menos funcional passaria pela adoção de um sistema eleitoral distrital, a diminuição da fragmentação partidária – que não precisa necessariamente passar pela adoção de cláusulas de barreira, podendo ser mais rapidamente obtido pela extinção completa de qualquer recurso coletivo para o funcionamento dos partidos e para a realização de campanhas eleitorais – e a contenção do patrimonialismo, que tampouco precisaria passar por maiores poderes de fiscalização ao Estado, podendo ser obtido pela diminuição drástica de responsabilidade por serviços coletivos atribuídos ao Estado, ou seja, diminuindo drasticamente a intermediação estatal no provimento da maior parte de serviços ditos coletivos (que podem ser obtidos via diferentes esquemas de mercado).
Esta mudança significativa do regime de governo e do sistema político no Brasil depende, é claro, da pressão da sociedade sobre o corpo legislativo, desde que exista certo consenso na sociedade em favor dessas medidas saneadoras de nosso sistema político. Dadas a atomização congressual atualmente existente – em função justamente do acúmulo de distorções ao longo do tempo – e as desigualdades regionais persistentes é difícil que tal consenso possa emergir rapidamente, pois mudanças de mentalidades são lentas e graduais. O corpo político – que se tornou relativamente independente da sociedade, vivendo em si e para si, numa redoma autista que controla a maior parte das instituições – não parece propenso a adotar mecanismos menos patrimonialistas, menos prebendalistas, nepotistas e fisiológicos de exercício do poder, preferindo continuar com as distorções atuais, o que lhe permite preservar comportamentos rentistas e extratores que garante o acumular de riqueza e de prestígio social de maneira quase indefinida.
Existe solução para um impasse que prolonga a anomia do sistema político e que preserva a maior parte da disfuncionalidade sistêmica já examinada neste texto? Não a curto prazo, pois a adoção de um sistema de governança mais racional depende de uma maior educação política por parte do eleitorado, ou simplesmente de uma melhor qualidade da educação tout court da população. A fração da cidadania consciente deve, portanto, continuar com um trabalho didático de educação e de convencimento da população de que muita coisa precisa mudar para que o Brasil seja um país “normal” do ponto de vista político, menos estatizante e mais livre economicamente. Oxalá...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 7 de julho de 2017

The Non Proliferation Review tem número inteiro dedicado às políticas nucleares do Brasil 

Journal

The Nonproliferation Review 

Volume 23, 2016 - Issue 5-6: Special Section: Brazilian Nuclear Policy

Brazilian Nuclear Policy

The evolution of Brazil's nuclear intentions

Matias Spektor

Pages 635-652 | Published online: 09 Aug 2017

http://dx.doi.org/10.1080/10736700.2017.1345518   

ABSTRACT

Existing literature usually portrays Brazil as a country that set out to build nuclear weapons but ended up “rolling back” its original plans while keeping a nuclear “hedge” for an uncertain future, evidenced by Brazil's investment in uranium enrichment and its commitment to building a nuclear-powered submarine. This article draws on the historical record to offer a more nuanced view of Brazil's nuclear intentions as they evolved. It also focuses on the role of external pressure—mostly from Argentina and the United States—in shaping those motivations.

KEYWORDS: Brazil, uranium enrichment, nuclear-powered submarine, Treaty on the Non-Proliferation of Nuclear Weapons, Argentina, South America


Article

The ABACC experience: continuity and credibility in the nuclear programs of Brazil and Argentina

Mariana Oliveira do Nascimento Plum et al.

The Nonproliferation Review

Published online: 9 Aug 2017

Article

Brazilian nuclear policy during the Workers' Party years

Mônica Herz et al.

The Nonproliferation Review

Published online: 9 Aug 2017

Article

External perceptions of Brazil's nuclear policy: views from Argentina and the United States

Togzhan Kassenova

The Nonproliferation Review

Published online: 9 Aug 2017

Article

Brazil and the nonproliferation regime: a historical perspective

Sergio de Queiroz Duarte

The Nonproliferation Review

Published online: 9 Aug 2017

Article

The Brazilian Navy's nuclear-powered submarine program

Antônio Ruy de Almeida Silva et al.

The Nonproliferation Review

Published online: 9 Aug 2017

Mercosul: ademais de ineficiente, imobilizado? Uruguai contesta reforma trabalhista no Brasil

O ministro do trabalho do Uruguai acha que nossa reforma laboral parcial, insuficiente como possa ser para padrões avançadas de liberdade contratual, significa um "retrocesso de dois ou três séculos".

Ele acha que contrato coletivo é preferível à liberdade individual, o que é compatível com a mentalidade socialista, na qual o indivíduo não vale nada, e só "direitos sociais" contam.

Não só no Brasil, no Mercosul também o atraso material não é tão grande quanto o atraso mental.

Paulo Roberto de Almeida 

Reforma trabalhista aprovada no governo Temer faz Uruguai acionar Mercosul

Por iG São Paulo | 14/08/2017 16:08 - Atualizada às 14/08/2017 16:12

Home iG › Último Segundo › Política

País teme que propostas da reforma atinjam trabalhadores e empresários uruguaios; "retrocedemos dois ou três séculos", disse ministro do Uruguai

 Uruguai pediu ao Brasil que convoque Mercosul para discutir e apresentar as preocupações sobre a reforma trabalhista

Uruguai pediu ao Brasil que convoque Mercosul para discutir e apresentar as preocupações sobre a reforma trabalhista

A aprovação da reforma trabalhista para os trabalhadores brasileiros fez o Uruguai apresentar, durante o último fim de semana, um pedido de consulta ao Mercosul.  

A intenção do Uruguai é forçar o governo federal a convocar os órgãos trabalhistas do Mercosul, para discutir e a apresentar as suas preocupações sobre a reforma trabalhista o governo está promovendo, anunciaram ministros uruguaios.

“O governo uruguaio enviou uma nota ao Brasil, que é o presidente (pró tempore) do Mercosul , pedindo que reúna os órgãos sociotrabalhistas do Mercosul porque queremos analisar que impacto a reforma trabalhista do Brasil pode ter [nos outros países] caso se concretize”, disse o ministro de Trabalho uruguaio, Ernesto Murro.

Para Murro, essa reforma, inclusive, pode atingir trabalhadores e empresários uruguaios.“Se vale mais um acordo individual entre um trabalhador e um empresário do que uma lei ou um convênio, retrocedemos dois ou três séculos”, advertiu Murro.

'Metendo o bedelho'

De acordo com a agência EFE . o ministro de Relações Exteriores uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, por sua vez, indicou que o seu governo não possui a intenção de se envolver na política local de outro país.

Na verdade, de acordo com Novoa, a intenção do país latino nesse pedido é de apresentar as suas preocupações sobre esta reforma trabalhista no marco do Mercosul.

“Nós não vamos nos envolver na legislação interna dos países, mas queremos discutir, trocar ideias, apresentar preocupações, porque assim vai ser muito difícil competir. O salário do trabalhador não pode ser a variável de ajuste para a concorrência”, explicou Nin Novoa.

Em julho deste ano, o presidente Michel Temer participou da cerimônia de sanção da reforma trabalhista, a chamada “Lei de modernização trabalhista”, ao lado de autoridades como o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o senador Romero Jucá, o deputado Rogério Marinho, e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Durante o período de análise da proposta da reforma, em nenhum momento, o governo Temer ou a oposição chegaram a comentar sobre o impacto da mudança nas leis trabalhistas brasileiras no Uruguai ou em qualquer outra nação que pertence ao Mercosul.

Fonte: Último Segundo - iG @ http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2017-08-14/uruguai-reforma-politica-mercosul.html

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Brasil e OCDE: uma interacao necessaria - tese de CAE (1996) - Paulo Roberto de Almeida

Esta postagem foi feita em meados de 2015, quando ainda parecia reinar soberano o "lulopetismo diplomático", um termo que cunhei para designar a política externa esquizofrênica dos companheiros, e que recusava, peremptoriamente, qualquer aproximação com o "clube de ricos", atitude mantida até o final do regime companheiro, em maio de 2016.
Como recentemente (junho de 2017), o governo brasileiro decidiu, finalmente, solicitar adesão à essa organização, que pode mais ser descrita como "um clube de boas práticas", creio ser importante refazer o trabalho, numa outra perspectiva. Não terei tempo de fazer isso agora, ou no curto prazo, razão pela qual coloco o texto novamente à disposição dos leitores, para que eles saibam o que eu pensava mais de vinte anos atrás. O que eu pensava? Eu achava que o Brasil já estava atrasado, pelo menos desde que saímos do regime militar, dez anos antes. Agora, o Brasil continua atrasado TRINTA ANOS, mas se espera que possamos recuperar o tempo perdido, imputável não apenas aos companheiros, mas sobretudo aos companheiros... Paulo Roberto de Almeida  Brasília, 14 de agosto de 2017

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terça-feira, 2 de junho de 2015


Brasil e OCDE: uma interacao necessaria - tese de CAE (1996) - Paulo Roberto de Almeida


Em julho de 1996, eu apresentei, no âmbito do Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco do Itamaraty, a tese cuja ficha segue abaixo, agora finalmente disponível na plataforma de Academia.edu (o segundo de três arquivos):
https://www.academia.edu/5659888/530_Brasil_e_OCDE_uma_interacao_necessaria_-_tese_CAE_1996_

530.Brasil e OCDE: uma interação necessária”, Brasília, 15 julho 1996, 290 p. (texto + anexos: notas, bibliografia, complementos informativos e apêndices estatísticos). Tese apresentada ao XXXII Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco. Depositada no IRBr em 15 de julho de 1996, aceita para arguição oral em 19 de setembro (Carta IRBr/457), com fixação da defesa para o período de 24 de outubro a 6 de novembro; defendida em 29 de outubro 1996 de 1996. Reprovada pela Banca; feito Memorial sobre o processo de avaliação (Trabalho n. 540).

Como relatado ao final da ficha, a tese foi reprovada pela Banca Examinadora, cujos integrantes não vem ao caso mencionar agora, inclusive porque um deles já morreu, e outros dois parecem ter sido induzidos por outra figura do processo de avaliação, a reprovar a tese, não pelo seu conteúdo intrínseco, (embora este também levantasse alguns sobrolhos, como se dizia antigamente), mas mais provavelmente pela minha atitude desafiadora em relação à banca, ousando contestar direta e frontamente, alguns dos conceitos bases sobre as quais continuava a se assentar, a despeito de toda a aparente modernidade da era neoliberal, a nossa augusta política externa, com todo o seu cepalianismo e unctadianismo que eu  ousava desafiar.
Tanto foi problemático o processo, que houve recurso, rebatendo cada um dos pontos do relatório da banca, mas ainda assim confirmaram a recusa. O que estava em causa não era a tese, mas a minha atitude, provavelmente julgada arrogante demais.
Aqui abaixo as respectivas fichas dos dois textos de recurso:
540. “Memorial do candidato sobre o processo de avaliação da Tese”, Brasília, 9 novembro 1996, 14 p. Texto preparado para subsidiar argumento em favor da revisão da decisão da Banca que decidiu recusar a tese de CAE. Entregue em 11.11.96 ao Diretor do IRBr.

541. “Recurso em legítima defesa”, Brasília, 11 novembro 1996, 2 p. Carta ao Diretor do IRBR, com pedido de reconsideração da decisão da Banca que decidiu recusar a tese de CAE. Entregue em 11.11.96 ao Diretor do IRBr. Resposta comunicada em 10.12.96, por ofício 758 do Diretor do Instituto Rio Branco, confirmando a decisão negativa da Banca. 
 Transcrevo o sumário da tese: 

Brasil e OCDE: uma interação necessária
Índice:
À guisa de prefácio... , 5
I. Introdução: o Brasil e a OCDE no sistema econômico mundial  , 7
Esse obscuro objeto do desejo: a OCDE na agenda diplomática do Brasil , 7
A interdependência econômica e a inserção internacional do Brasil , 9
A história como instrumento de trabalho diplomático  , 13
A base do problema: definição de uma política oficial , 15
II. A construção da interdependência: uma perspectiva de meio século , 17
     1. Do Plano Marshall à OCDE  , 17
O contexto econômico e político do pós-guerra: a OECE  , 17
A OECE e a reconstrução da Europa ocidental , 21
A reconstituição da OECE e o estabelecimento da OCDE , 24
     2. Os países em desenvolvimento na economia global  , 30
Um Plano Marshall para a América Latina?  , 31
Comércio e pagamentos: OECE e América Latina  , 35
O comércio internacional e o problema do desenvolvimento , 38
Intercâmbio desigual e busca da não-reciprocidade  , 40
     3. Do desenvolvimentismo à aceitação da interdependência  ,   44
Ascensão e crise da ideologia desenvolvimentista  ,   46
A UNCTAD e o declínio do desenvolvimentismo   , 50
Fragmentação e diversificação do Terceiro Mundo , 54
A América Latina e o Brasil no contexto internacional , 59
A macroestrutura institucional da interdependência mundial , 62
III. A OCDE e o multilateralismo econômico  , 67
     1. O consenso liberal e a ortodoxia econômica: a agenda da OCDE  , 68
Estrutura e processo decisório na OCDE: flexibilidade e consenso , 70
O mandato da OCDE e a interdependência: sinfonia inacabada , 75
Templo da racionalidade econômica?: modesto poder de coerção , 76
Desafios ao consenso liberal: protecionismo e unilateralismo , 80
     2. A interdependência na prática: as relações externas da OCDE , 90
Das origens ao fim da guerra fria: os alunos modelos  , 91
A OCDE como padrão de cooperação interestatal  , 93
Dormindo com o inimigo: as relações com os socialistas  , 94
Uma OCDE asiática?: nas origens da APEC  , 96
A “política externa” da OCDE: relações com países não-membros  , 98
             Os parceiros da transição ao capitalismo bem comportado , 101
             O diálogo informal com asiáticos e latino-americanos  , 103
             Um dragão irrequieto: a China  ,     106
             As economias emergentes  , 107
     3. Requisitos do contrato global: processos de adesão à OCDE , 109
A marcha de adesões à OCDE: de moderato a fermo  , 110
Ainda a marcha da OCDE: de prestissimo a piano  , 113
Critérios de adesão e realismo pragmático: trade-offs  , 116
A marcha do capital: derrubando barreiras  , 117
Entrando no templo: México, República Tcheca e Hungria  , 122
IV. Brasil e OCDE: a dinâmica do relacionamento  , 127
     1. Histórico da política de aproximação , 129
Pré-história do relacionamento: comércio compensado , 130
A presença discreta da nova organização: a OCDE , 131
A divisão Norte-Sul e o “clube dos países ricos” , 132
Primeiros contatos estruturados: o Comitê do Aço  , 134
O “último dos desenvolvidos...”: a missão de 1991 à OCDE , 138
     2. Participação nas atividades do diálogo informal  , 147
O Brasil como major economy  , 147
Prosseguimento da política de diálogo  , 151
O Brasil e o futuro da relação OCDE/economias dinâmicas   , 158
     3. Bases de uma mudança de status , 168
O quadro geral da política econômica: culto à estabilidade , 170
Liberando os fluxos de bens, de serviços e de capitais  , 175
Políticas estruturais e setoriais: novas disciplinas , 183
     4. Impacto nas relações econômicas e na política externa  , 191
Relações econômicas internacionais: revisão de longo curso , 192
Efeitos sobre o Estado e o funcionamento do aparelho social  , 201
Um novo paradigma na política externa?: a perspectiva global  , 206
V. Conclusões: a OCDE e a nova inserção internacional do Brasil , 213
Uma balança do poder mundial: do G-7 ao G-10? , 214
Idealpolitk e realismo na política externa  , 218
Anexos:
Apêndices:  , 223
1. OCDE: Estrutura, órgãos subsidiários e agências especializadas , 225
2. Estrutura operacional de trabalho da OCDE , 227
3. O Secretariado da OCDE e como ele se vê a si mesmo  , 232
4. Composição e participação nas atividades da OCDE , 239
5. Centro de Desenvolvimento  , 240
6. Comitê do Aço da OCDE  , 241
7. As publicações da OCDE  , 242
8. Indicadores econômicos e sociais comparativos , 246
Bibliografia , 251
Nota final , 261
Nota em 2/06/2015: 
Talvez a tese esteja ultrapassada na sua informação puramente factual e momentânea, bem como nos links fornecidos para sites da OCDE, que melhorou muito seu webdesign e informações online, desde quando redigi a tese no começo de 1996.
Mas, as análises qualitativas sobre a relação entre o Brasil e a OCDE devem manter sua relativa atualidade, inclusive porque, sob o reino dos companheiros, o Brasil se atrasou 20 anos no seu processo de aggiornamento institucional e provalmente muito mais no que se refera ao seu quadro mental. Os companheiros levaram o Brasil de volta não aos anos 1990, mas aos anos 1950 e 60.
Bando de anacrônicos...
Paulo Roberto de Almeida 

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A geografia dos acessos a meus textos em Academia.edu - Paulo Roberto de Almeida


A geografia dos acessos a meus textos em Academia.edu

Paulo Roberto de Almeida
A partir do Anaytics da plataforma Academia.edu
Em 14/08/2017

            Aprecio esta plataforma porque ela me envia regularmente relatórios detalhados sobre de onde e quando meus trabalhos ali depositados foram acessados, o que me permite ter uma ideia sobre os temas mais requisitados pelos pesquisadores, estudantes, simples curiosos, serviços de informação (Unknown, etc.). Não só isso, é possível conformar o Analytics para diversos objetivos: trabalhos mais acessados, mais descarregados, localidades, etc. Realmente um bom instrumento. Abaixo, uma seleção puramente “geográfica” sobre a origem dos acessos, por trabalhos, em apenas dois dias (e provavelmente incompleta, pois não desdobrei os dois dias completos, 12 a 14/08). Nesses dois dias, o Brasil domina amplamente: numa amplitude temporal maior, a diversidade se impõe, com uma “pequena ONU” formada por mais de 120 países (na verdade, curiosos situados nos mais diversos cantos do mundo, em grande parte brasileiros espalhados por aí). Vamos continuar satisfazendo as curiosidades...


Hora e Data
Cidade
País
Trabalho
16:10 Aug 14
Petrópolis
Brazil
16:09 Aug 14
Fortaleza
Brazil
16:05 Aug 14
Petrópolis
Brazil
15:42 Aug 14
Foz Do Iguaçu
Brazil
14:57 Aug 14

Brazil
14:50 Aug 14
Brasília
Brazil
14:46 Aug 14
Brasília
Brazil
14:33 Aug 14

Brazil
14:08 Aug 14
Montes Claros
Brazil
14:02 Aug 14
Rio De Janeiro
Brazil
13:51 Aug 14

Brazil
13:26 Aug 14
Curitiba
Brazil
13:19 Aug 14
Recife
Brazil
13:06 Aug 14
Guanambi
Brazil
13:00 Aug 14
Brasília
Brazil
12:04 Aug 14

Unknown
12:01 Aug 14
Presidente Prudente
Brazil
12:00 Aug 14

Brazil
11:55 Aug 14
Belo Horizonte
Brazil
11:55 Aug 14
Belo Horizonte
Brazil
11:54 Aug 14
Presidente Prudente
Brazil
11:47 Aug 14
Porto Alegre
Brazil
11:46 Aug 14
Porto Alegre
Brazil
11:45 Aug 14
Porto Alegre
Brazil
11:15 Aug 14
Salvador
Brazil
11:15 Aug 14
Salvador
Brazil
10:39 Aug 14
Indaial
Brazil
10:14 Aug 14
Curitiba
Brazil
9:30 Aug 14
São Carlos
Brazil
9:27 Aug 14
Natal
Brazil
9:11 Aug 14
São Paulo
Brazil
6:56 Aug 14

Brazil
5:35 Aug 14
Camabatela
Angola
4:00 Aug 14
Teresina
Brazil
4:00 Aug 14
Teresina
Brazil
3:41 Aug 14
São Paulo
Brazil
2:17 Aug 14

Brazil
2:05 Aug 14

Brazil
0:15 Aug 14

Brazil
0:12 Aug 14
Santos
Brazil
0:03 Aug 14
São Luís
Brazil
23:32 Aug 13
Presidente Prudente
Brazil
22:43 Aug 13
Rio Das Ostras
Brazil
22:12 Aug 13
Camaçari
Brazil
21:26 Aug 13
Rio De Janeiro
Brazil
21:23 Aug 13

Unknown
20:51 Aug 13
Salvador
Brazil
20:03 Aug 13

Unknown
19:32 Aug 13
Salvador
Brazil
19:32 Aug 13
Salvador
Brazil
19:32 Aug 13
Salvador
Brazil
19:32 Aug 13
Salvador
Brazil
19:32 Aug 13
Salvador
Brazil
18:56 Aug 13
Manaus
Brazil
18:37 Aug 13
Porto Alegre
Brazil
17:55 Aug 13
Brasília
Brazil
16:50 Aug 13

Brazil
16:32 Aug 13
Teresina
Brazil
15:20 Aug 13
São Paulo
Brazil
14:13 Aug 13
Odivelas
Portugal
13:38 Aug 13

Brazil
13:38 Aug 13

Brazil
13:06 Aug 13

Brazil
13:06 Aug 13

Brazil
11:08 Aug 13
Buenos Aires
Argentina
10:58 Aug 13
Divinópolis
Brazil
9:46 Aug 13
Porto Alegre
Brazil
9:45 Aug 13
Porto Alegre
Brazil
9:39 Aug 13
Porto Alegre
Brazil
8:44 Aug 13

Unknown
3:10 Aug 13
Recife
Brazil
2:06 Aug 13
Mexico
Mexico
0:54 Aug 13
Rio De Janeiro
Brazil
23:41 Aug 12
Rio De Janeiro
Brazil
23:36 Aug 12
Rio De Janeiro
Brazil
23:14 Aug 12
Praia Grande
Brazil
21:54 Aug 12
Porto Alegre
Brazil
21:16 Aug 12
Rio De Janeiro
Brazil
19:59 Aug 12
Santana de Parnaíba
Brazil
19:38 Aug 12
Paiçandu
Brazil
17:58 Aug 12
Brasília
Brazil
17:32 Aug 12
Goio-erê
Brazil
17:30 Aug 12

Brazil
16:15 Aug 12
Machado
Brazil
16:11 Aug 12
Caxias Do Sul
Brazil
16:08 Aug 12
Caxias Do Sul
Brazil
15:40 Aug 12

Brazil
15:27 Aug 12
Cabo Frio
Brazil
14:37 Aug 12

Unknown

 Vamos continuar seguindo as curiosidades alheias...
Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 14/08/2017, 16h37