O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Academia.edu: os trabalhos mais vistos e acessados - Paulo Roberto de Almeida

Aqui estão (mas é acima de 50 visitas):




Title
All-Time Views
All-Time Downloads
4,570
939
4,172
416
983
270
515
158
810
110
984
103
883
99
464
96
333
93
927
91
268
90
163
88
298
88
1,906
85
497
84
589
83
355
80
600
79
150
75
383
75
163
73
399
72
150
72
497
66
567
66
207
64
365
59
233
58
146
55
204
55
358
55
332
55
207
53
188
50
198
50
188
50
403
50
163
49





Martinho Lutero, luzes e sombras, mais sombras do que luzes - María Elvira Rocha Barea (El Pais)

Igreja Luterana

Martinho Lutero como a escola nunca ensinou: antilatino e antissemita

Celebrações do 5º centenário do cisma luterano evitam aspectos obscuros do legado de Lutero.

O manto religioso encobre um conflito político e nacionalista


Diz a lenda que, em 31 de outubro de 1517, o monge agostiniano Martinho Lutero (1483-1546), escandalizado com o vergonhoso espetáculo que a Igreja Católica oferecia e indignado com a venda de indulgências, pregou nas portas da igreja de Wittenberg as 95 teses que desafiavam o poder de Roma. O aniversário de 500 anos desse gesto está sendo celebrado com pompa na Alemanha. Merkel e Obama prestaram homenagem a Lutero em 25 de maio no Portão de Brandemburgo e, por volta da mesma data, foi inaugurada uma espetacular exposição em Wittenberg. Esses são só alguns dos eventos mais destacados. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os aniversários luteranos (nascimento, morte, 95 teses, iluminação divina durante a tempestade de 1505…) quase não tinham relevância. Mas agora isso mudou. Por quê?

Igreja Luterana Martinho Lutero
Instalação do artista alemão Ottmar Hörl feita com 800 imagens de Martinho Lutero e exposta na cidade alemã de Wittenberg em agosto de 2010. AFP / Getty Images

O gesto descrito às portas da igreja de Wittenberg é a representação mítica e ritual do significado de Martinho Lutero para o chamado Sacro Império Romano-Germânico. Há muito se duvida que ele tenha mesmo pregado suas teses; as menções ao ato desafiador aparecem muito depois, conforme se vai adornando e mitificando a personagem Lutero e o cisma que ele trouxe consigo. Mas, se non è vero, è ben trovato (ainda que não seja verdade, é bem possível). Seria muito menos heroico mandar o texto de protesto pelo correio – que é o que provavelmente aconteceu – ao bispo de Mogúncia (Mainz). O gesto simbólico conserva hoje toda sua aura teatral, mas era muito mais épico naquele tempo, porque o homem do século XVI sabia que essa era a maneira de divulgar os chamados cartazes de desafio, em que um cavalheiro insultava publicamente outro e o desafiava a um duelo. E era preciso responder, quem não o fazia ficava desonrado para sempre. Há, na figura de Lutero, um componente de heroísmo a posteriori muito interessante para compreender seu significado na história da Alemanha e também, não se surpreenda o leitor, na da Espanha.


O cisma luterano é a manifestação de um problema político, mas o contexto religioso em que foi mantido turva completamente sua compreensão. Através dele se expressa o nacionalismo germânico primordial e, por isso, Martinho Lutero é celebrado e exaltado na Alemanha cada vez que esse nacionalismo ganha força. Desde a Segunda Guerra Mundial não se comemorava de maneira significativa nenhuma efeméride luterana. Em 1983 passou em branco na Alemanha Ocidental o quinto centenário do nascimento de Martinho Lutero, tão festejado nos tempos de Bismarck. Em 10 de novembro de 1883, por exemplo, o imperador Guilherme I liderou o desfile do quarto centenário de nascimento de Lutero em Eisleben.
Em Historia del año 1883 o intelectual e político espanhol Emilio Castelar escreve: “Os povos protestantes celebraram o quarto centenário de Lutero com júbilo universal” e ainda, embora “os católicos e os protestantes da Alemanha não tenham concordado em homenagear o religioso, concordaram em homenagear o patriota”. Mas o mais interessante é o expediente: “Nós, que não pertencemos à religião luterana nem à raça germânica, espanhóis e católicos de nascimento, podemos celebrar sem receio aquele que, iniciando as liberdades de pensamento e de exame, iniciou as revoluções modernas, por cuja virtude rompemos nossos grilhões de servos e proclamamos a universalidade da justiça e do direito”. Não precisamos, portanto, ir a Wittenberg para ler os textos que comentam a espetacular exposição. O que ali se conta é exatamente o mesmo que Castelar nos diz: Lutero, o pai da liberdade religiosa na Europa; Lutero, o herói por cujo esforço ímpar este continente se livrou das trevas e da escravidão. Castelar diz que “rompemos nossos grilhões”. A Lutero devemos nada menos que “a justiça e o direito”, porque é evidente que os espanhóis não tínhamos isso.

Lutero foi o grande protetor das oligarquias, o fiador religioso de um feudalismo tardio que manteve a Alemanha no atraso e na pobreza
E, claro, se Lutero rompe os grilhões é porque havia grilhões a romper e alguém os tinha colocado. Se traz a liberdade de pensamento é porque isso não existia, e quem impedia? Nem é preciso dizer com todas as letras, mas está aí, constantemente presente: o sombrio e sinistro Império espanhol e católico. Para que o herói Lutero exista é preciso haver um monstro que o antagonize. Sem monstro, não há herói. Quem visita Wittenberg ou qualquer das muitas exposições e celebrações na Alemanha hoje, mesmo sendo espanhol e católico – e especialmente se for espanhol e católico – não vê o cenário que torna possível o brilho germânico. Quando digo católico não quero dizer religioso. A fé é irrelevante neste contexto. Refiro-me a quem nasceu em um país de cultura católica. Porque esse fulgor germânico precisou, século após século, como condição sine qua non para sua exaltação, que o sul mediterrâneo fosse obscuro e atrasado, imoral e decadente, indolente e pouco confiável. Foi em tempos de Lutero que o adjetivo welsch – uma denominação geográfica pouco precisa para referir-se ao sul – passou a significar latino ou românico, e malvado e imoral ao mesmo tempo.
A “liberdade luterana” não resiste a um olhar próximo e livre de preconceitos. Começou provocando uma guerra espantosa que se chamou Guerra dos Camponeses e deixou mais de 100.000 mortos nos campos do Sacro Império. Porque os camponeses acreditaram de verdade naquelas exaltadas pregações da boca de Lutero e de outros que clamavam contra as riquezas acumuladas pelos poderosos da terra com Roma como fiadora de tais injustiças. Isso provocou uma convulsão social como nenhuma outra na Europa até a Revolução Francesa. Os príncipes alemães, cujo propósito era basicamente opor-se ao imperador, não pensaram que incentivar aquela efervescência antissistema (Carlos V e o catolicismo) poderia se voltar contra eles, mas tiveram que enfrentar uma revolta de proporções gigantescas. Alguns clérigos revolucionários como Müntzer, conhecido como o teólogo da revolução, mantiveram-se fiéis a seus princípios até o final e foram executados, mas Lutero decidiu sobreviver. Desde o início de 1525, depois da morte de Hutten e Sickingen, os dois líderes revolucionários que o tinham protegido, Lutero fica serviço dos príncipes alemães e incentiva a violência brutal com que os grandes senhores germânicos sufocaram as rebeliões campesinas: “Contra as hordas assassinas e saqueadoras molho minha pena em sangue, seus integrantes devem ser estrangulados, aniquilados, apunhalados, em segredo ou publicamente, como se matam os cães raivosos”.
A partir de então Lutero passa a ser o grande defensor das oligarquias senhoriais, o arrimo teológico de um feudalismo tardio que manteve a Alemanha em um estado de pobreza e atraso já superado na Espanha e na maior parte do sul. A estagnação dessas oligarquias pela via religiosa impediu a unificação da Alemanha e possibilitou uma sobrevivência anômala do sistema feudal nessa parte da Europa. Quase todo mundo sabe que a servidão na Rússia durou até o século XIX, mas se ignora que na Alemanha também, sobretudo nas regiões protestantes. Um dos primeiros estados a abolir as leis de servidão foi a católica Bavária em 1808, mas, na região oriental, o processo só foi concluído em meados do século. Bem. Isso no que diz respeito a Lutero como libertador social. Vejamos agora Lutero como libertador do pensamento.
Liberdade religiosa e livre exame são dois ícones linguísticos cunhados por Lutero que nunca tiveram um reflexo na realidade, como demonstram primeiro a lógica e depois a história.

Quase uma quarta parte das propriedades do Sacro Império mudaram de mãos. Não houve um latrocínio igual até a Revolução Russa
Supostamente o livre exame significa que o cristão deve se entender diretamente com Deus através dos textos sagrados, sem intermediários onerosos e imorais como “os romanos” (assim Lutero chamava o clero católico, embora fossem tão alemães como ele). Se for assim, há uma consequência imediata: o desaparecimento do clero, por desnecessário. Os fatos demonstram que isto jamais aconteceu, porque Lutero não operou a destruição das igrejas, apenas criou outra. Nem Lutero deixou de ser clérigo, nem o número deles no Sacro Império diminuiu. Simplesmente se formou um novo corpo sacerdotal que também guiou o rebanho aonde deveria ir. Só que agora esse corpo de pastores serve unicamente ao senhor do território (e não a um Papa estrangeiro e a um imperador aliado com o mundo welsch), que é quem lhe dá de comer. Se lhe servir bem, como fez Lutero, viverá bem. Viverá inclusive melhor que com os “romanos”, e assim Lutero recebeu do príncipe da Saxônia, como primeira prova de gratidão, aquele que havia sido o seu antigo convento em Wittenberg. É um belíssimo palácio, onde se instalou com sua nova esposa, seus parentes e seus criados. Tinha nascido no seio de uma família muito humilde e, como monge agostiniano, jamais teria podido se permitir esses luxos. E aqui não tocaremos mais no assunto das críticas ferozes aos luxos do clero “romano”.
A liberdade religiosa é provavelmente o totem linguístico mais afortunado de Martinho Lutero. Foi e é ininterruptamente debatido diante das trevas do catolicismo e da sua nação defensora por princípio, a Espanha. Nem é preciso pensar muito para ver aonde vai parar a liberdade luterana. Se ela tivesse existido alguma vez, mesmo que teoricamente, também os católicos e outras facções protestantes teriam tido direito a ela. Se o cristão é livre para interpretar os textos sagrados, então também a interpretação católica é possível e deve ser aceita. E deveria ter sido respeitada em consonância com a “liberdade religiosa” que Lutero e seus diáconos pregavam. Se a lógica humana não é um engodo desde a sua própria raiz, é porque é assim mesmo. Mas o fato é que o novo clero criou uma versão do cristianismo que foi a única aceitável, e todas as demais foram proscritas e perseguidas; a católica, obviamente, mas também os anabatistas, calvinistas, menonitas etcétera.

Ele é apresentado como o paladino da liberdade religiosa, mas o clero luterano perseguiu as demais versões do cristianismo
Entretanto, século após século, Lutero passeou pela história da Europa imune à verdade, aos fatos e à lógica. Basta o leitor digitar a sequência “Lutero liberdade religiosa” em algum buscador da Internet e verá. Se escrever em inglês e alemão, ficará pasmado. Poderíamos levar um pouco adiante este perverso jogo com as palavras e exasperar os argumentos históricos habitualmente aceitos. Porque aplicar a “liberdade religiosa” em sentido luterano é o que fizeram os Reis Católicos na Espanha, ou seja, que todos os súditos devem ter a mesma religião que seu senhor terreno. Este é o princípio conhecido como cuius regio, eius religio, e deu cobertura legal aos príncipes alemães para obrigarem as populações de seus territórios a se tornarem protestantes, quisessem ou não, e nem sempre graças a sermões persuasivos e pacíficos. Mas é evidente que os Reis Católicos não podem ser os pais da liberdade religiosa, embora tenham feito exatamente o mesmo, porque, como diz Castelar, nós não somos luteranos nem pertencemos à raça germânica.
A esta altura você já estará se perguntando: mas por que os príncipes alemães tinham tanto empenho em se tornarem protestantes? Não é difícil de explicar, mas para isso, como apontamos acima, é preciso sair do terreno religioso, da superioridade moral e das palavras totêmicas, onde todo o protestantismo diligentemente insistiu em situar aquele sangrento conflito. Quase uma quarta parte dos bens imóveis do Sacro Império mudaram de mãos, entre confiscos de propriedades eclesiásticas e de pessoas que abandonaram os territórios protestantes por se negarem a acatar a conversão forçosa. Até a Revolução Russa, não houve latrocínio comparável no Ocidente. Mas, claro, não chamamos assim, porque um tinha uma cobertura teológica, e o outro, uma cobertura ideológica. Definitivamente: uma justificativa moral. Isto naturalmente não será contado ao visitante na magna exposição de Wittenberg.

Foi furiosamente antissemita e prefigura o programa nazista. A Noite dos Cristais foi feita em homenagem aos seus 450 anos
Lutero foi não somente antilatino, mas também furiosamente antissemita. O filósofo alemão Karl Jaspers escreveu que o programa nazista está prefigurado em Martinho Lutero, que dedicou parágrafos horripilantes aos judeus: “Devemos primeiro atear fogo às suas sinagogas e escolas, sepultar e cobrir com lixo o que não incendiarmos, para que nenhum homem volte a ver deles pedra ou cinza”. O primeiro grande pogrom de 1938, a Noite dos Cristais, foi justificado como uma operação piedosa em homenagem a Martinho Lutero por seus 450 anos. Hitler disputou as eleições de 1933 com um soberbo cartaz no qual a imagem de Lutero e a cruz gamada aparecem juntas. As celebrações luteranas dos nazistas eram espetaculares. Com idêntica ferocidade Lutero estimulou e justificou a queima de bruxas, que deixou nada menos do que 25.000 vítimas na Alemanha, segundo Henningsen. Acumulamos tantos milhares, milhões de mortos com este assunto que é melhor nem fazer contas.
Mas não há do que se envergonhar. A Alemanha celebra ostensivamente Martinho Lutero porque se sente bem, porque Lutero é o pai do nacionalismo alemão e de sua Igreja, e tem, portanto… indulgência teológica. Desde a reunificação, e depois com a chegada do euro como elixir mágico, a Alemanha está em um tempo novo e encara às claras uma hegemonia europeia inconteste. A Grã-Bretanha desertou do barco da União, e a França não está em condições de confrontar a indiscutível supremacia germânica. Nem a Espanha nem a Itália parecem perceber muito bem como são necessárias para compensar esta hegemonia e como andam perdidas, sem conseguir superar o complexo de inferioridade que assumiram há séculos. Porque, com tudo isto, chegamos ao grande assunto do qual se trata aqui: o da superioridade moral frente ao suíno mundo não protestante no qual vivemos, a qual foi tão absolutamente assumida que muitos de nossos jornais, como nos tempos de Castelar, se somaram contentes à celebração luterana, tão cegos e tão perdidos hoje no labirinto da sua própria inferioridade como estavam há 100 anos.

*María Elvira Rocha Barea é filóloga e autora de ‘Imperiofobia e Lenda Negra’ (Siruela).


Declaracao Balfour sobre um lar judeu na Palestina: cem anos atras - Ishaan Tharoor (WP)

The Balfour Declaration still divides the Middle East 100 years later

Ishaan Tharoor

The Washington Post, November 2, 2017


In a year brimming with profoundly symbolic centennials, Thursday marks perhaps the most politically fraught one. Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu will appear in London alongside his British counterpart, Theresa May, to commemorate the 100th anniversary of the Balfour Declaration, a 67-word missive from Britain’s then-foreign secretary expressing his government's support for a Jewish homeland in Palestine.

The Nov. 2, 1917, public letter was written by Lord Arthur Balfour to Baron Walter Rothschild, the head of the British wing of the influential European Jewish banking family. Balfour articulated the British desire for the establishment of “a national home for the Jewish people” and promised that his government would “facilitate the achievement of this object.” It would take three further decades — and a great deal more politicking and bloodshed — before Israel declared independence in 1948.
But the Balfour Declaration is held up as a seminal event, the first formal utterance of the modern Israeli state’s right to exist (though some historians quibble that a “national home” is not the same thing as a state). For that reason, it is also bitterly regarded by many Palestinians as the first instrument of their dispossession. In 1917, Jews made up less than 10 percent of Palestine’s population — a century later, they are now the majority, while millions of Palestinians live in exile or in refugee camps. Protests are planned in the Palestinian territoriesto mark the centennial.
A photo taken in 1925 and obtained from the Israeli Government Press Office on Oct. 24, shows a copy of the Balfour Declaration. (Agence France-Presse/Getty Images)
A photo taken in 1925 and obtained from the Israeli Government Press Office on Oct. 24, shows a copy of the Balfour Declaration. (Agence France-Presse/Getty Images)
For many Israelis, the centennial is something to celebrate — especially on British soil. It was partially thanks to the efforts of a coterie of Britain-based Zionists, particularly Russian-born chemist Chaim Weizmann, that Balfour and his government were persuaded to eventually seek a colonial mandate for Palestine as Western powers carved up the crumbling Ottoman Empire. “I am proud of Britain’s part in creating Israel,” wrote British Foreign Secretary Boris Johnson in a column for the Sunday Telegraph.
But the occasion is a bit more awkward for the British prime minister, who is expected to spar with Netanyahu over the Israeli leader’s hawkish line on the Iran nuclear deal. Meanwhile, May’s chief opponent, Labour leader Jeremy Corbyn, is known for his pro-Palestinian sympathies and has opted against attending the Thursday dinner commemorating the Balfour Declaration. His hesitance is not unique: A recent survey found that only 17 percent of Britons hold favorable views of Israel.
Across Europe, there’s a great deal of support for the recognition of an independent Palestinian state amid anger at the policies of Netanyahu’s right-wing government, which is expanding Israeli settlements in the West Bank while maintaining a stifling military occupation over the Palestinian territories. Critics point to a line in Balfour’s letter that “nothing shall be done which may prejudice the civil and religious rights of existing non-Jewish communities in Palestine” — a stipulation that doesn’t seem to have been followed amid the conflicts and upheavals that came after.
“The Balfour declaration is not something to be celebrated — certainly not while one of the peoples affected continues to suffer such injustice,” wrote Palestinian Authority president Mahmoud Abbas in a column published this week in the Guardian. “The creation of a homeland for one people resulted in the dispossession and continuing persecution of another — now a deep imbalance between occupier and occupied. The balance must be redressed, and Britain bears a great deal of responsibility in leading the way. Celebrations must wait for the day when everyone in this land has freedom, dignity and equality.”
Palestinian protesters burn a banner of Balfour, British and Israeli flags during a protest in the city of Bethlehem on Nov. 1. (Abed Al Hashlamoun/European Pressphoto Agency-EFE)
Palestinian protesters burn a banner of Balfour, British and Israeli flags during a protest in the city of Bethlehem on Nov. 1. (Abed Al Hashlamoun/European Pressphoto Agency-EFE)
Israeli officials liken the Palestinian refusal to accept the declaration as evidence of their broader rejection of Israel. “The vehement Palestinian Arab opposition to the Balfour Declaration was and has remained rooted in the anti-historical view that Jews were aliens, with no connection to the land and no right of any kind to live there as a people,” wrote top Israeli diplomat Yuval Rotem. “This spawned an Arab exclusivism and sense of supremacy, which continues to drive the Arab-Israel conflict to this day.”
Of course, the motives driving Balfour, an influential Conservative statesman who briefly served as prime minister, had as much to do with geopolitics as any abiding sympathy for the Zionist plight. On an earlier visit to the region, he described Palestine as a “dolorous country on the whole” and Jerusalem as a “miserable ghetto, derelict and without dignity.”
Just days before issuing the declaration, Balfour said at a cabinet meeting that appealing to Jewish nationalism would serve as “extremely useful propaganda both in Russia and in America” — two countries with significant Jewish populations and whose contributions were necessary to winning World War I. After the declaration was announced, British leaflets were dropped over Jewish communities in German and Austrian territory pointing to the good deeds done for the “people of Israel.”
The Balfour Declaration was just one piece in a series of British diplomatic efforts that helped shape the map of the modern Middle East. In 1916, Britain had already agreed in secret with France and Russia to a division of the Ottoman possessions that saw Palestine designated under joint “international control.” A year later, with the Bolshevik Revolution upending some of these plans, Britain sought to consolidate a buffer between a French-dominated Levant and their colonial concerns in Egypt — and so a mandate for Palestine looked more and more appealing. Zionists, buoyed by the British support, lobbied for Palestine to be placed under British rule, which it eventually was.
As for Lord Roderick Balfour, the great-great-nephew of the declaration’s architect, he sees flaws still unaddressed in his ancestor’s famous act.
“I have major reservations,” he recently told reporters. “There is this sentence in the declaration, ‘Nothing shall be done which may prejudice the civil and religious rights of existing non-Jewish communities in Palestine.’ That’s pretty clear. Well, that’s not being adhered to. That has somehow got to be rectified.”