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segunda-feira, 22 de julho de 2019

Um pouco de autoindulgência - texto de Carmen Lícia Palazzo

Copio e colo, sem comentários (PRA):

Faço o registro porque o Paulo Roberto de... - Carmen Lícia Palazzo

Faço o registro porque o Paulo Roberto de Almeida é do tipo discreto e não fala sobre seu prestígio. Já eu sou espalhafatosa mesmo, assumida! Antes do Bolsonaro assumir, o Paulo foi sondado para ser CHANCELER. Havia muitas pessoas próximas do Bolso que o queriam como tal mas ele deixou SEMPRE claro que não aceitaria porque já sabia que não teria afinidades com o presidente. Não se aceita um cargo destes em tal situação. E já era evidente que rumo o Bolsonaro daria ao seu governo!
Depois, quando o novo chanceler mandou ignorar e, em certos casos, até apagar TODOS os excelentes trabalhos que estavam sendo feitos no IPRI/FUNAG, exercendo CENSURA explícita em atividades puramente de pesquisa e sem nenhuma conotação partidária, ficou óbvio que o Paulo não continuaria lá.
Ora, o que eu quero registrar é que com a sua saída, tornou-se ainda mais evidente o seu prestígio acadêmico, no Brasil e no exterior. Haja tempo para que ele atenda a todos os pedidos de PALESTRAS, participação em EVENTOS, CURSOS, etc etc. E eu estou achando ÓTIMO! 
Não sou cordata como ele e nem "calminha". CONTO MESMO como são as coisas sem o menor problema. E soube, através de um amigo, que tem gente por aí que já comentou que "não foi boa idéia dar tanta visibillidade ao embaixador Paulo Roberto, pois ele acabou ficando por cima"... Que bela frase, heim? E que vergonha para os sabujos que estão se contorcendo para ter um lugar ao sol no segundo escalão...
Espero que o maridão não me esgane por este post!!! 🤣😀😂😅😜

Um embaixador profissional e um de mentirinha (pior: submisso) - Demetrio Magnoli


A nomeação de Eduardo Bolsonaro equivaleria a transferir as chaves da embaixada brasileira ao próprio Trump

Escrevi, para o Itamaraty, décadas atrás, um manual de Relações Internacionais destinado ao exame de ingresso na carreira diplomática.

O primeiro capítulo aborda as origens da diplomacia e as funções do diplomata. Se fosse reescrevê-lo, hoje, missão para a qual certamente não serei convidado, eu organizaria o texto em torno de Kim Darroch e Eduardo Bolsonaro.

O contraste entre as duas figuras esclarece a cisão conceitual que inaugurou a diplomacia contemporânea. Já a queda do primeiro e a ascensão do segundo iluminam o impacto do populismo sobre os corpos diplomáticos.

“O Estado sou eu” —nas antigas monarquias absolutas, o diplomata era um representante pessoal do soberano. Nessa condição, sua única qualificação indispensável era a fidelidade ao soberano. O círculo familiar do rei e a corte funcionavam como instâncias privilegiadas de recrutamento. O enviado era uma ponte entre duas cortes. Por isso, para sua escolha, pesavam positivamente eventuais relações de amizade estabelecidas por ele com os cortesãos estrangeiros.

A indicação de Eduardo obedece ao figurino do Antigo Regime. Candidamente, seu pai e ele mesmo explicaram que, na desolada planície de seu currículo, mais que o hambúrguer, destaca-se a amizade recente travada com o clã familiar de Donald Trump.

Darroch simboliza o oposto disso: representa uma nação, não um soberano. O embaixador britânico nos EUA, diplomata profissional culto e experiente, serviu a governos trabalhistas e conservadores, ocupando inúmeros cargos de alta responsabilidade. Paradoxalmente, na fonte do escândalo que provocou sua renúncia encontram-se os sinais distintivos da diplomacia do Estado-Nação.

Darroch foi atingido por três raios sucessivos. Um: o vazamento de mensagens sigilosas que enviou ao seu governo com avaliações negativas sobre a Casa Branca de Trump e a política externa americana.

Dois: a reação furiosa de Trump, vetando contatos de seu governo com o embaixador. Três: o desamparo a que foi relegado por Boris Johnson, candidato favorito à chefia do governo britânico.

As mensagens vazadas classificam o governo Trump como “singularmente disfuncional” e a política dos EUA para o Irã como “incoerente e caótica”.

Uma das funções do diplomata é conduzir atividades de inteligência, oferecendo a seu governo diagnósticos sobre o país estrangeiro. Darroch apenas cumpria o dever de transmitir a Londres suas apreciações políticas, certas ou erradas. Foi, porém, colhido pelo vendaval do populismo.

Trump extrapolou os limites diplomáticos normais das relações entre aliados, aproveitando-se do vazamento para humilhar os britânicos e ganhar aplausos de sua base eleitoral. Johnson, por sua vez, preferiu lambuzar-se em elogios a Trump, colocando suas convicções ideológicas acima da obrigação de proteger a diplomacia de seu país. Darroch foi traído pelos poderosos de uma nação à deriva, ferida pelo plebiscito do brexit, que já não sabe separar o interesse nacional das conveniências da ala reacionária do Partido Conservador.

A tragédia brasileira é, sob esse aspecto, um tanto parecida com a britânica. Uma prova disso emerge na indicação de Eduardo para a embaixada em Washington, posto estratégico ocupado originalmente por Joaquim Nabuco.

O filho 03 jamais enviaria avaliações críticas como fez Darroch, pois não é capaz de distinguir o interesse nacional brasileiro dos interesses dos EUA —e nem os interesses legítimos americanos das conveniências ideológicas de Trump ou de Steve Bannon.

A sua nomeação, mais que um novo ultraje ao pobre Itamaraty, equivaleria a transferir as chaves da embaixada brasileira ao próprio Trump.

A palavra final cabe ao Senado. Otimista, acalento a esperança de que os senadores decidam declarar o Brasil um Estado-Nação, não uma monarquia absoluta.

Demétrio Magnoli
Sociólogo, autor de “Uma Gota de Sangue: História do Pensamento Racial”. É doutor em geografia humana pela USP

O Itamaraty saqueado, esquartejado - Mathias Alencastro (FSP)


Indicação de Eduardo Bolsonaro leva Itamaraty a risco de implosão

A indicação de embaixadores de fora da carreira diplomática não é apenas moralmente aceitável como também é perfeitamente banal nas democracias ocidentais.

As coisas se complicam quando motivações espúrias estão por trás das escolhas e os indicados demonstram absoluta falta de experiência para o cargo.

Um terço dos embaixadores indicados por Donald Trump contribuíram financeiramente para a sua vitoriosa campanha presidencial de 2016. Somente 5% possuíam algum tipo de conhecimento prévio da região onde servem atualmente. Os restantes tinham apenas fritado hambúrgueres.

Na era Obama, o finado senador republicano John McCain se indignou com a escolha de Colleen Bell para chefiar a embaixada na Hungria. A produtora do melodrama "Paixão e Ódio" tinha zero experiência internacional, mas era um importante cabo eleitoral do presidente democrata na Califórnia.

Imune a esse tipo de intervenção presidencial, o Brasil está prestes a entrar numa nova era com a indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada em Washington.

Manifestamente antirrepublicana, ela abre um precedente irreversível, que expõe a política externa a todo tipo de absurdo.

Depois de o Senado aprovar a nomeação de Eduardo, o que impedirá Jair de indicar Marco Feliciano para Tel Aviv, algum ideólogo das redes sociais para Roma, e, por que não, Luciano Hang para Tóquio?

A mais grave consequência desse processo seria a implosão do Itamaraty. A liga dos embaixadores amadores trataria diretamente com quem os designou —o presidente— , esvaziando a instituição dos seus poderes discricionários.

Outro efeito perverso seria a exposição do Brasil aos erros crassos dos seus deslumbrados, facilmente manipuláveis por diplomatas mais experientes de outros países.

Por fim, nada garante que essas manobras surtam o efeito esperado. Theresa May e Emmanuel Macron fizeram de tudo para estabelecer uma relação de confiança com Trump. Os seus respectivos embaixadores acabaram regressando com o rabo entre as pernas.

Mas o mal já está feito. Se Bolsonaro recuar, ele pode seguir os passos de Trump, que também enfrentou resistência no Senado, e vetar a indicação de novos embaixadores. Por esse motivo, postos relevantes para a diplomacia americana, como México e Austrália, permanecem desocupados.

O impasse se deve, em parte, à corajosa reação do corpo diplomático americano às intervenções de Trump. Embaixadores entregaram os seus cargos, funcionários se demitiram.

No Brasil, tem sido o contrário.

Servil, Ernesto Araújo, um diplomata de carreira, vem ratificando alegremente a devassa, consolidando a ruptura com a ideia centenária de que o Itamaraty era uma instituição imune à politicagem do Alvorada.

Frequentemente apresentado pela imprensa como um desequilibrado, ele tem se revelado ser um zeloso ajudante de obras do presidente.

Resta saber se os restantes diplomatas vão continuar tolerando por muito tempo o saque do Palácio.

Mathias Alencastro
Pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento e doutor em ciência política pela Universidade de Oxford (Inglaterra).

Pos-graduacao em economia na UniCamp: por que o sectarismo numa aparente heterodoxia?

Poucas vezes em minha carreira acadêmica eu me deparei com cenas explícitas de miopia intelectual, neste caso de sectarismo puro, ao pretender "dialogar" única e exclusivamente com representantes da mesma seita.
Normalmente se espera de estudantes de pós-graduação, até por requerimentos metodológicos, que eles se abasteçam de todas as correntes teóricas e de todas as pesquisas empíricas que possam ser feitas em sua área de estudo e futura atuação. Fechar o grupo numa redoma, especialmente em economia, onde são tão diversas as experiências práticas de políticas econômicas, derivadas de escolas diferentes de pensamento, me parece um cegueira autoinduzida particularmente nefasta para o exercício de qualidades  intelectuais e pontos de vista diversos do que os selecionados restritivamente.
Se eu quisesse colaborar com essa edição especial das "Leituras de Economia Política" da UniCamp de um ponto de vista do pensamento liberal eu não poderia, como aliás já ocorreu anteriormente, quando eu enviei um artigo sobre o pensamento econômica de Roberto Campos.
O sectarismo da recusa me surpreendeu, e me entristeceu.
Parece que viseiras voluntárias são aplicadas aos alunos desse curso de pós-graduação em Economia. Seria requerimento dos professores, ou o sectarismo é próprio dos alunos?
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 22 de julho de 2019


Chamada pública
Perspectivas heterodoxas do crescimento econômico e do desenvolvimento econômico
A revista Leituras de Economia Política, gerida por estudantes da pós-graduação do Instituto de Economia da Unicamp, convida a comunidade acadêmica a enviar trabalhos com os temas de crescimento econômico e de desenvolvimento econômico em perspectivas heterodoxas de pensamento econômico, a fim de publicar um número especial.
Promover o crescimento econômico e o desenvolvimento econômico é um dos grandes desafios contemporâneos. No entanto, como alcançá-los é objeto de debate entre as diversas vertentes do pensamento econômico. No cerne deste debate está a divergência quanto ao papel da moeda, que dá origem a recomendações de políticas econômicas distintas e a atribuições dessemelhantes ao papel do Estado na economia. Dada a relevância deste tema, esta chamada busca estimular a submissão de trabalhos que abordem o crescimento econômico e o desenvolvimento econômico por meio de um referencial teórico heterodoxo, inspirados em autores como Karl Marx, John Maynard Keynes, Michael Kalecki, Joseph Schumpeter, Albert Hirschman e Celso Furtado, entre outros.
Os trabalhos devem ser enviados para o e-mail: lep.unicamp@gmail.com até o dia 31/08/2019. Ressaltamos que a revista continua recebendo trabalhos para sessões de artigos livres nas seguintes áreas: Teoria Econômica, Economia Internacional, Economia Brasileira, História Econômica, História do Pensamento Econômico, Economia Política, Economia Social e do Trabalho, Economia Regional e Urbana, Economia Agrícola e do Meio Ambiente, Economia Latino-americana, Metodologia Econômica e Economia Industrial.
Equipe Editorial
Leituras de Economia Política
Instituto de Economia – UNICAMP

Bolsonaro: cenas de servilismo explícito em relação a Trump


Irã: Bolsonaro fala grosso com governadores da “Paraíba” e fino com Trump

Reinaldo Azevedo
22/07/2019 06h17 
O navio iraniano Bavand próximo ao porto de Paranaguá, no Paraná (Foto: João Andrade/Reuters)

"Existe esse problema, os EUA, de forma unilateral, têm embargos levantados contra o Irã. As empresas brasileiras foram avisadas por nós desse problema e estão correndo risco nesse sentido. Eu, particularmente, estou me aproximando cada vez mais do [presidente dos EUA, Donald] Trump."
Essa soma de anacolutos só compreensível com alguma boa-vontade saiu da mente divinal do presidente Jair Bolsonaro. É um espanto. Navios iranianos que trouxeram ureia ao Brasil e voltariam a seu país carregados de milho estão impedidos de partir porque sem combustível. A Petrobras se nega a lhes fornecer o produto em razão de embargos impostos pelos EUA ao Irã.
É uma piada. As medidas não alcançam a venda de alimentos e remédios. Assim, o Brasil está sendo mais trumpista do que o próprio Donald Trump.
A empresa Eleva, responsável pela carga dos navios, recorreu à Justiça para tenta obrigar o abastecimento. Perdeu em primeira instância, venceu em segunda, mas a União recorreu. E o caso foi parar no Supremo. Raquel Dodge, procuradora-geral da República, em manifestação enviada ao tribunal, defendeu o não-abastecimento.
É impressionante! As sanções americanas atingem o setor de petróleo. É uma estupidez que a medida alcance a venda de combustíveis para navios que transportam alimentos. Se estes não se incluem entre os itens sancionados, de algum modo precisam chegam àquele país. Sem combustível, como seria possível?
A coisa é de tal sorte ridícula que países como China, Índia, Itália, Japão, Turquia, Coreia do Sul e Índia, que compram petróleo iraniano, podem continuar a fazê-lo para não criar um impacto nos preços internacionais. Mas o Brasil, que vende milho, soja e ração animal ao Irã, estará proibido, então, de exportar commodities agrícolas.
Entenderam? Donald Trump é agora quem decide com quem o Brasil pode fazer comércio. E assim é porque Bolsonaro "está se aproximado cada vez mais" e "particularmente" do presidente norte-americano, segundo a voz do mandatário brasileiro.
Eis aí evidenciada a diferença entre um país aliado e outro que se coloca como mero sabujo dos interesses do "sinhozinho".
Cadê a chamada "bancada ruralista" para protestar? Se o Brasil não pode vender seu milho para o Irã, um dos principais destino do que produzimos aqui, vai vender para quem?
Bolsonaro fala grosso com governadores da "Paraíba" e fino com Trump.
Aliás, na presença daquele a quem trata como chefe, mal consegue esconder o ar de encantamento basbaque e a cara de aliado servil.
E quem vai pagar a conta é o Brasil.
E olhem que o fritador de hambúrguer ainda nem é o nosso embaixador…

Política externa: o servilismo aos EUA, em sua forma mais sabuja

‘Estamos alinhados à política dos EUA’, diz Bolsonaro sobre navios iranianos

Duas embarcações estão no Paraná 
Aguardam abastecimento da Petrobras
Jair Bolsonaro disse nesse domingo que o Brasil está alinhado às políticas do governo dos Estados Unidos Sérgio Lima/Poder360 – 4.jul.2019
Poder 360, 22.jul.2019 (segunda-feira) - 7h34
O presidente Jair Bolsonaro disse no domingo (21.jul.2019) que o Brasil está alinhado à política dos EUA de sanção econômica contra o Irã. Bolsonaro foi questionado por jornalistas sobre duas embarcações iranianas que estão no porto de Paranaguá (PR) e que aguardam abastecimento da Petrobras.
“Sabe que nós estamos alinhados à política deles. Então, fazemos o que tem de fazer”, disse o presidente.
Os navios Bavand e Termeh estão parados desde o início de junho, aguardando abastecimento. As embarcações vieram ao Brasil carregadas de ureia e deveriam retornar ao Irã carregando milho brasileiro.
Por temer represália dos Estados Unidos, a Petrobras não abasteceu as embarcações.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, deu parecer favorável à Petrobras na última semana. Dodge argumenta que a empresa pode obter o produto de outra forma.