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sábado, 22 de fevereiro de 2020

Um sistema tributário de "primeiro mundo"? -Deputado Alexis Fontayne (NOVO)

Eu também espero que seja um sistema tributário de qualidade, racional, neutro do ponto de vista das distorções normalmente associadas a quaisquer sistemas tributários – que por serem decisão solitária de um príncipe poderoso, ou de um colegiado de representantes que soem representar os mais poderosos, são sempre enviesadas para determinados setores –, mas eu não o classificaria como sendo de "primeiro mundo", uma vez que se sabe que esses países, por serem de alta renda, de alta produtividade, possuem uma carga fiscal maior, inclusive porque eles são menos corruptos e podem prover serviços coletivos com menos desvio de recursos públicos.
Eu apenas espero que o nosso novo sistema tributário contenha menos regressividade em detrimento dos mais pobres – o que é apenas justiça fiscal – e que ele seja compatível com o nosso nível de renda. Ora, tendo uma renda per capita que é quatro ou cinco vezes menor do que nos países do "primeiro mundo" – uma classificação que não faz, nunca fez, muito sentido para mim –, seria normal esperar do Brasil esperar uma carga fiscal em torno de 25% do PIB, não dez pontos acima disso como é o caso atualmente.
Como fazer para recuar a esse nível tendo já alcançado patamares tão altos quanto os atuais?  Ora, fazendo a classe média alta e os privilegiados  terem menos subsídios diretos e indiretos por parte do Estado, privatizando um maior volume de serviços coletivos, que deveriam entrar em regime de concorrência entre si, abrindo toda a economia ao setor privado, nacional E ESTRANGEIRO (sobretudo no setor bancário), de maneira a reduzir os custos para os pagantes, que somos nós, simplesmente tirando essas tarifas de empresas estatais que só servem para corrupção e apropriação indébita de capitalistas, mandarins do setor público e lobistas de todos os tipos. 
Espero que o deputado Alexis Fonteyne tenha sucesso no empreendimento, que não vai ser fácil...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 22 de fevereiro de 2020

Deputado do NOVO espera ‘sistema tributário de primeiro mundo’

Deputado federal Alexis Fonteyne (NOVO/SP) foi escolhido para representar o partido na comissão mista da reforma tributária que buscará unificar os textos que tramitam na Câmara e no Senado
Foto: Divulgação/Câmara
O deputado federal Alexis Fonteyne (NOVO/SP), confirmado ao longo da semana como o parlamentar que representará o Partido Novo na comissão mista da reforma tributária, está esperanço. Defensor de um regime baseado no imposto sobre valor agregado, Fonteyne escreveu nas redes sociais que “com muita responsabilidade e lucidez, entregaremos em 45 dias um sistema tributário de primeiro mundo”. [1]

O parlamentar acredita que esse modelo que deve ser aprovado na comissão também será “simples, intuitivo, inclusivo, em sintonia com as maiores economias do mundo e eliminando a segurança jurídica”. [2]
Foto: Reprodução/Twitter
Instalada na última quarta-feira (19), a comissão é composta por um colegiado de 25 senadores e 25 deputados federais. O objetivo é “produzir um texto único sobre o tema” tanto na Câmara quanto no Senado em um prazo de até 45 dias. Atualmente, os projetos mais fortes de reforma tributária são a PEC 110/2019 e a PEC 45/2019, ambas no sentido de criar um IVA.


A transição da reforma tributária e o risco de inflação

ALEXIS FONTEYNE*
Há duas formas para se fazer uma reforma, ou você faz “morando dentro da casa” ou você se muda e volta quando a reforma estiver concluída. Materializando esse mesmo conceito para a reforma tributária do Brasil, não é possível simplesmente “mudar de país” e voltar quando a reforma estiver concluída. É por isso que minimizar os ruídos da reforma será imprescindível para a população brasileira.
É fato que o sonho de qualquer empreendedor brasileiro é resolver rapidamente todos os problemas tributários de um dia para o outro, apenas “girando” a chave. Todavia, a realidade da complexidade e das distorções do atual sistema, não permitem que a reforma do sistema tributário brasileiro seja feita sem transição.
A transição do atual sistema tributário para o novo sistema tributário é um dos pontos mais estratégicos no sucesso da reforma, eu diria mesmo que, após aprovada, é o ponto mais delicado da reforma.
A transição é uma ferramenta temporária de concordância entre o atual sistema e o novo sistema. A transição pode ser mais longa e suave, pode ser mais curta e intensa ou finalmente, pode ser no estilo “Aprova, prepara, implanta e acompanha”, como ocorreu na Austrália, Índia e Canadá recentemente.
A transição tem que ser muito bem planejada, prevendo os problemas, simulando situações, a alteração da base de custos de bens e serviços, o comportamento das distorções a serem eliminadas, os riscos de colapso, o risco de geração de inflação, o risco de quebrar empresas, sem falar numa bela comunicação de conscientização do pagador de impostos.
O problema de uma transição mal planejada, mal implantada ou muito abrupta, é a desorganização da economia com um sério risco de um processo inflacionário. A reforma do sistema tributário vai mexer com a base de custos de bens e serviços e consequentemente vai impactar no preço ao consumidor, isto faz parte do combate às distorções e de uma maior equidade no sistema tributário.

O problema de uma transição mal planejada, mal implantada ou muito abrupta, é a desorganização da economia com um sério risco de um processo inflacionário.

O risco do processo inflacionário é normal uma vez que a natureza dos negócios é aumentar imediatamente os preços quando há aumento de custos ou de oportunidade e de reduzir os preços quando há uma real competição no livre mercado, ou seja, certamente os preços sobem mais rápido do que descem, como ocorre quando há alteração de preços nas refinarias no Brasil.
Por mais caótico, complexo e inseguro que seja o nosso atual sistema tributário, com a inflação controlada, há uma noção de valores dos produtos e serviços. A alteração pontual do preço do diesel ou da gasolina ou mesmo a escassez temporária de carne não são capazes de descontrolar a economia e provocar um círculo vicioso inflacionário mas, quando imaginamos que iremos mexer em todas as bases de custos de produtos e de serviços ao mesmo tempo, numa economia toda interligada, interdependente, há sim um sério risco de inflação, tanto que, nas mais recentes reformas tributárias, feitas na Austrália, Índia e Canadá, uma das preocupações era o acompanhamento dos preços e a criação de um órgão de acompanhamento e repreensão de eventuais abusos cometidos.
Há ainda o risco de uma transição mal planejada ou mal executada provocar a quebra de empresas, uma preocupação real que foi monitorada na Austrália, Índia e Canadá, e o que se verificou no fim, foi um processo de depuração das empresas ineficientes.
A PEC 45, ciente do risco e da importância da transição, prevê uma transição para o pagador de impostos de 10 anos, sendo 1 ano de regulamentação, 1 ano de calibragem e 8 anos de transição, prazo este seguro, pois permite que os mecanismos de mercado ajustem os preços sem grandes riscos de inflação e permite que as empresas possam ajustar eventuais deficiências ou distorções.

*Alexis Fonteyne é deputado federal por São Paulo pelo Partido Novo e membro titular da Comissão Especial da PEC 045/2019, da Reforma Tributária.

Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

A reconfiguração de forças no comando da política externa brasileira - Isabela Cruz (Nexo Jornal)

A reconfiguração de forças no comando da política externa brasileira

Funções que eram do assessor especial Filipe Martins, ligado a Olavo de Carvalho, passaram para a Secretaria de Assuntos Estratégicos, comandada por militar
Foto: Ricardo Padue/FUNAG - 9.5.2019
Filipe Martins ao microfone
Filipe Martins, assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, em palestra no Instituto Rio Branco
Um decreto do presidente Jair Bolsonaro, publicado em 14 de fevereiro, alterou a estrutura do poder Executivo na área da política externa. As principais funções do assessor especial Filipe Martins passaram a ser de responsabilidade da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, comandada pelo almirante Flávio Augusto Viana Rocha. 
Martins é um dos principais representantes das ideias de Olavo de Carvalho dentro do governo. A ala olavista é conhecida pela defesa do que chamam de “valores judaico-cristãos” e pela celebração do nacionalismo. Outro fator em comum é a frequente demonstração de admiração ao presidente americano, Donald Trump.
Rocha foi nomeado para a chefia da pasta de Assuntos Estratégicos também em 14 de fevereiro, na mesma semana em que outros movimentos ampliaram o poder dos militares dentro do governo Bolsonaro. Antes, a secretaria estava com o civil Bruno César Grossi de Souza. O almirante, por sua vez, estava à frente do 1º Distrito Naval (Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais).
Além disso, Rocha responderá diretamente ao presidente Bolsonaro. Seu antecessor respondia à Secretaria-Geral da Presidência. 
Ainda que permaneça responsável pelo assessoramento do presidente em assuntos internacionais, Filipe Martins agora terá, ao menos na hierarquia institucional, um almirante intermediando seu relacionamento com a Presidência.

O papel de assessor especial

Formado em 2015 no curso de Relações Internacionais da UnB (Universidade de Brasília), Filipe Martins se tornou em 2018 secretário de assuntos internacionais do PSL. Participou fervorosamente da campanha eleitoral de Bolsonaro à presidência, e levou Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente e deputado federal, ao jantar de aniversário de Steve Bannon, ex-estrategista político de Trump. 
Na Assessoria Especial da Presidência, Filipe Martins ganhou as funções de auxiliar o presidente Bolsonaro em Assuntos Internacionais. Isso inclui participar da organização de viagens presidenciais ao exterior, preparar materiais informativos e correspondências e dar andamento aos projetos da área diplomática.
Na gestão Bolsonaro, a Assessoria Especial abriga um gabinete de três assessores que ficou conhecido como “gabinete do ódio”. O grupo é acusado de ser responsável pela disseminação em massa de notícias falsas contra opositores do governo e está sendo investigado pela CPI mista das Fake News, no Congresso.
Na comissão, a deputada federal Joice Hasselmann acusou Filipe Martins de integrar o “gabinete do ódio”. Martins nega o envolvimento do governo com ataques virtuais a oponentes políticos. 

O poder de cada ala do governo

A nova distribuição de funções da política externa foi vista por analistas como um enfraquecimento da ala do governo ligada ao escritor Olavo de Carvalho.
Uma das razões dessa interpretação foi o fato de que o deslocamento de funções ocorreu dias depois de o general Walter Braga Netto ser anunciado como substituto de Onyx Lorenzoni na Casa Civil. 
Com as mudanças, portanto, o governo de Jair Bolsonaro, capitão do Exército, passa a ter todos os principais postos políticos do Palácio do Planalto ocupados por nomes de origem militar: 
  • Na Vice-Presidência, general Hamilton Mourão 
  • Na Casa Civil, general Walter Braga Netto 
  • No Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno
  • Na Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos
  • Na Secretaria-Geral, o major reformado da Polícia Militar do Distrito Federal, Jorge Oliveira
  • Na Secretaria de Assuntos Estratégicos, o almirante Flávio Augusto Viana Rocha
Na contramão do que buscam os nomes alinhados a Olavo, os militares costumam defender uma diplomacia mais pragmática, independente de valores religiosos. Exemplo disso foi a não aderência do vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), à ideia de transferir a embaixada brasileira em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém, que agrada evangélicos mas causaria grande indisposição com o enorme mercado dos países árabes. 
Segundo Filipe Martins, entretanto, seu poderes continuarão os mesmos na prática, apesar do rearranjo burocrático. “Os boatos sobre minha morte foram terrivelmente exagerados. No novo arranjo, eu e a equipe que me auxilia seguiremos prestando assessoramento direto ao PR [presidente da República], mas o faremos a partir da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos [...]”, disse ele no Twitter. 
Para o internacionalista Paulo Velasco, Filipe Martins perdeu poder, mas é prematuro dizer que o enfraquecimento do assessor representa o esvaziamento da ala olavista como um todo. Professor de Relações Internacionais da Uerj, Velasco conversou com o Nexo sobre as mudanças nos quadros do primeiro escalão da política externa brasileira.
Segundo ele, o novo arranjo institucional “é nitidamente uma tentativa de neutralizar os impulsos e os excessos do Filipe Martins. Pode até ser o início de uma estratégia mais ampla de neutralização da dimensão mais olavista da política externa, mas não podemos esquecer que Ernesto Araújo continua sendo o chanceler, e que Nestor Foster acaba de passar pela sabatina do Senado”. 
Nestor Foster foi indicado pelo presidente Bolsonaro para ocupar o cargo de embaixador do Brasil em Washington, considerado o posto mais importante da diplomacia brasileira. Foster também é entusiasta da agenda conservadora de costumes e, em janeiro de 2020, fez longo discurso elogioso a Olavo de Carvalho, na cerimônia que condecorou o escritor com o grau máximo da Ordem Nacional de Rio Branco, a Grã-Cruz. Aprovado na sabatina da Comissão de Relações Exteriores, o nome de Foster ainda passará por votação no plenário do Senado. 
Outro olavista à frente da política externa é o próprio filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), que preside a Comissão de Relações e de Defesa Nacional. De julho a outubro de 2019, Jair Bolsonaro defendeu que Eduardo se tornasse o embaixador do Brasil nos Estados Unidos. 
À época dos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016), o assessor especial para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, foi um importante formulador da política externa nacional. Perguntado sobre o desempenho no cargo de Filipe Martins, de 31 anos, em comparação com gestões anteriores, Velasco destacou a inexperiência do atual assessor. “Na verdade, o Filipe Martins não tem o menor reconhecimento na comunidade de política externa e até agora o que fez foi ganhar uma fila crescente de desafetos”, disse Velasco. 

A Secretaria de Assuntos Estratégicos

Criada originalmente no governo Fernando Collor de Mello em 1990, a Secretaria de Assuntos Estratégicos já foi dissolvida e retomada algumas vezes. Na última reestruturação ministerial antes do Governo Bolsonaro, foi recriada por Michel Temer (MDB). A secretaria tem status de ministério e é responsável por formular políticas públicas de longo prazo voltadas ao desenvolvimento econômico e social do país.
Não é a primeira vez que a pasta de Assuntos Estratégicos desempenha funções no âmbito da política externa. De outubro de 2009 a dezembro de 2010, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães assumiu o comando da secretaria depois de ter se aposentado do Itamaraty. No cargo, o diplomata elaborou o Plano Brasil 2022, incluindo temas internacionais, como meio ambiente e comércio exterior. 
No Itamaraty, Pinheiro Guimarães havia ocupado, de 2003 a 2008, outro cargo importante para a condução da política externa nacional: a secretária-geral das Relações Exteriores. A secretaria é responsável por assessorar o Ministro de Estado na direção da política externa e na supervisão dos serviços diplomático e consular.
Quanto à nomeação do almirante Rocha para a secretaria, Bolsonaro afirmou, na segunda-feira (17): “fala seis idiomas, foi assessor parlamentar, é muito querido. Pessoa adequada, conciliadora, inteligente para ajudar nessas questões estratégicas do Brasil.

Da mediocridade do crescimento brasileiro - Ricardo Bergamini e Marco Antonio Villa

O Brasil não corre nenhum risco de dar certo?

O Brasil não corre o menor risco de dar certo (Roberto Campos).

Prezados Senhores
1 - De 2011 até 2018 houve previsão orçamentária de crescimento econômico da ordem de 27,3%, e o resultado real foi de apenas 4,8%.
2 – Em 2019 a previsão orçamentária de crescimento foi de 2,5%, e a previsão real é em torno de 1,0%.
3- Pergunta para concorrer ao “Prêmio Nobel de Economia”:
- Apresentar uma única razão pela qual o ano de 2020 será um ponto fora da curva, da sequência histórica apresentada, sabendo que: No acumulado em doze meses até dezembro de 2018, registrou-se déficit fiscal primário de R$ 108,3 bilhões (1,57% do PIB), No acumulado em doze meses até dezembro de 2019 registrou-se déficit fiscal primário da ordem de R$ 61,9 bilhões (0,85% do PIB). Redução real em relação ao PIB de 45,85%, comparativamente ao acumulado em doze meses até dezembro de 2018. Nesse ritmo o Brasil vai levar, no mínimo, mais 1,2 anos para atingir resultado fiscal primário “zero”.

Se esse mágica fosse possível, o pensamento liberal seria desmoralizado no planeta.

Ricardo Bergamini transcreve 

Sobre o autor: Marco Antônio Villa é historiador, escritor e comentarista da Jovem Pan e TV Cultura. Professor da Universidade Federal de São Carlos (1993-2013) e da Universidade Federal de Ouro Preto (1985-1993). É Bacharel (USP) e Licenciado em História (USP), Mestre em Sociologia (USP) e Doutor em História (USP)

21/fev/20 - 09h30/ISTOÉ

Estagnação e a sucessão presidencial

O cenário construído na passagem do ano já se desfez. Tanto no campo político, como no campo econômico. Foi criado artificialmente um quadro de bonança econômica. Dava a impressão de que o mundo inteiro estava interessando em investir no Brasil. Mas já era evidente o distanciamento do discurso em relação à realidade econômica. Os dados da balança comercial de 2019 eram preocupantes. Mesmo mantendo superávit, o valor foi o menor desde 2015. E o mês de janeiro apresentou déficit, o primeiro desde fevereiro de 2015. Diversamente de janeiro de 2019, quando o saldo da balança foi de pouco mais de US$ 1,6 bilhão. A retirada de capital estrangeiro da bolsa é outro dado preocupante. No ano passado foram embora R$ 44,5 bilhões.

Mas, para piorar, só no último mês de janeiro e início de fevereiro, a fuga foi de R$ 23 bilhões. Caso se mantenha esta tendência, não vai causar admiração no primeiro semestre seja atingido o total do ano anterior. O dólar atingiu em fevereiro a maior cotação da história e o real foi a moeda que mais se desvalorizou neste ano, comparativamente com outras aqui da América Latina.

Assim, o crescimento do PIB para 2020 estará muito distante da meta inicial. O “mercado” e as autoridades do ministério da Economia propalavam aos quatro ventos que o Brasil cresceria 2,5%. Nada indica que vá ocorrer. Não custa recordar que no ano passado a estimativa inicial era de até 2,5%. Ao longo dos meses as projeções foram caindo. Hoje, pois, o dado final ainda não foi divulgado, espera-se uma taxa inferior a 1%, menos da metade da estimada em janeiro de 2019. E consultorias já, ainda em fevereiro, estão refazendo os cálculos para este ano. Algumas falam em 2%.

O curioso é que nenhum consultor fica sequer ruborizado. Os erros abissais são sistemáticos. A explosão do crescimento econômico iria só aumentar em 2021 e 2022. Desta forma estaria viabilizada uma reeleição tranquila de Jair Bolsonaro. Bastaria ao presidente melhorar a articulação política com o Congresso Nacional, ampliar a base de sustentação nas duas casas e aguardar o voto popular. Isto porque, naturalmente, os políticos iriam buscar o guarda chuva eleitoral do bolsonarismo em busca da popularidade e dos êxitos da sua gestão presidencial. Não foi nem necessário esperar o Carnaval chegar para que tudo isso ruísse – e antes da quarta-feira de Cinzas. A tendência é justamente oposta à desenhada pelas Polianas de plantão.

E quem diz que o rei está nu é chamado de “impatriótico.”

Os dois mitos da campanha presidencial americana- David Brooks (NYT)

Os dois mitos da campanha presidencial americana- David Brooks (NYT)

Opinion
Why Sanders Will Probably Win the Nomination
Democrats already see reality through the Bernie lens.

By David Brooks
Opinion Columnist
NYT, Feb. 20, 2020

Bernie Sanders is the only Democratic candidate telling a successful myth.
The New York Times

Successful presidential candidates are mythmakers. They don’t just tell a story. They tell a story that helps people make meaning out of the current moment; that divides people into heroes and villains; that names a central challenge and explains why they are the perfect person to meet it.
In 2016 Donald Trump told a successful myth: The coastal elites are greedy, stupid people who have mismanaged the country, undermined our values and changed the face of our society. This was not an original myth; it’s been around since at least the populist revolts of the 1890s. But it’s a powerful us vs. them worldview, which resonates with a lot of people.
Trump’s followers don’t merely believe that myth. They inhabit it. It shapes how they see the world, how they put people into this category or that category. Trump can get his facts wrong as long as he gets his myth right. He can commit a million scandals, but his followers don’t see them as long as they stay embedded within that myth.
Bernie Sanders is also telling a successful myth: The corporate and Wall Street elites are rapacious monsters who hoard the nation’s wealth and oppress working families. This is not an original myth, either. It’s been around since the class-conflict agitators of 1848. It is also a very compelling us vs. them worldview that resonates with a lot of people.
When you’re inside the Sanders myth, you see the world through the Bernie lens.
For example, if you look at Mike Bloomberg through a certain lens you see a successful entrepreneur who took his management skills into public service and then started giving his wealth away to reduce gun violence and climate change. If, on the other hand, you look at Bloomberg through the Bernie lens you see a rapacious billionaire who amassed a gross amount of wealth, who became an authoritarian mayor and targeted young black men and then tried to buy his way to power.
Same person through different lenses.
My takeaway from Wednesday’s hellaciously entertaining Democratic debate is that Sanders is the only candidate telling a successful myth. Bloomberg, Joe Biden, Pete Buttigieg, Amy Klobuchar all make good arguments, but they haven’t organized their worldview into a simple compelling myth. You may look at them, but you don’t see the world through their eyes.
Elizabeth Warren inhabits a myth without expressing it clearly. It just happens to be Sanders’s myth. I thought her performance Wednesday evening was tactically brilliant and strategically catastrophic. Her attack on Bloomberg was totally through the Bernie lens. Her attacks on Buttigieg and Klobuchar were also through the Bernie lens. (Through that lens a bigger spending proposal is always better than a less big spending proposal.)

Warren was a devastatingly effective surrogate for Sanders, but she reinforced his worldview rather than establishing one of her own.
Over the past five years Sanders and his fellow progressives have induced large parts of the Democratic Party to see through the Bernie lens. You can tell because every candidate on that stage has the categories and mental equipment to carve up a billionaire like Bloomberg. None have the categories or mental equipment to take down a socialist like Sanders.
Sanders goes untouched in these debates because the other candidates don’t have a mythic platform from which to launch an attack. Saying his plans cost too much is a pathetic response to a successful myth.
I’ve spent much of this election season away from the campaign rallies and interviewing voters embedded in their normal lives. This week, for example, I was in Compton and Watts in and around Los Angeles. The reality I encounter every day has little to do with the us vs. them stories Trump and Sanders are telling.
Everywhere I go I see systems that are struggling — school systems, housing systems, family structures, neighborhoods trying to bridge diversity. These problems aren’t caused by some group of intentionally evil people. They exist because living through a time of economic, technological, demographic and cultural transition is hard. Creating social trust across diversity is hard.
Everywhere I go I see a process that is the opposite of group vs. group war. It is gathering. It is people becoming extra active on the local level to repair the systems in their lives. I see a great yearning for solidarity, an eagerness to come together and make practical change.
These gathering efforts are hampered by rippers at the national level who stoke rage and fear and tell friend/enemy stories. These efforts are hampered by men like Sanders and Trump who have never worked within a party or subordinated themselves to a team — men who are one trick ponies. All they do is stand on a podium and bellow.
In the gathering myth, the heroes have traits Trump and Sanders lack: open-mindedness, flexibility, listening skills, team-building skills and basic human warmth. In this saga, leaders are measured by their ability to expand relationships, not wall them off.
The gathering myth is an alternative myth — one that has the advantage of being true.

David Brooks has been a columnist with The Times since 2003. He is the author of “The Road to Character” and, most recently, “The Second Mountain.” @nytdavidbrooks

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