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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sábado, 14 de março de 2020

Dicas para o interessado ou candidato à carreira diplomática

Sem querer fazer propaganda de um curso específico, mas sem recusar o direito autoral da informação abaixo, transcrevo apenas informações úteis.
Paulo Roberto de Almeida


5 dicas para estudantes que desejam seguir a carreira diplomática

Saiba como funciona a carreira de diplomata, quais são as funções, os cargos e os salários

A possibilidade de seguir uma carreira internacional abre oportunidades únicas na vida de uma pessoa. Por isso, a carreira diplomática está no imaginário de muitos por todo o país.
Entre os diversos perfis que se interessam pela carreira, os mais jovens merecem um destaque especial. Atraídos por um ótimo salário e a oportunidade de vivenciar experiências pelo mundo, muitos iniciam a preparação para ingressar na diplomacia ainda na faculdade, ou até mesmo antes dela.
Se interessou pelo tema? Então conheça um pouco mais sobre a carreira diplomática e confira algumas dicas que separamos para você!

O que faz um diplomata?

É claro que a carreira oferece diversas possibilidades de atuação. Mas, em linhas gerais, o diplomata é um agente político, cuja função é a implementação de diretrizes de política externa.
Isso significa que o diplomata é um representante oficial do país junto à comunidade internacional. Entre suas atribuições, estão a negociação de tratados e acordos que vão de encontro aos interesses brasileiros. Além disso, o diplomata é uma fonte direta de informações para o governo sobre assuntos do seu interesse.
Muitos enxergam o diplomata de forma romantizada, imaginando que se trata de uma figura altamente elitizada cuja carreira se resume a puro glamour. A verdade é que este é apenas um estereótipo, inclusive muito simples de se derrubar.
Dentro das funções da carreira, o diplomata, que é um servidor público, pode exercer as mais diversas atividades, que estarão ligadas ao seu posto de trabalho, cargo, entre outros fatores.

Cargos e salários

Basicamente, o diplomata pode ocupar até 6 categorias que seguem uma linha hierárquica. O ingresso na carreira ocorre no cargo de Terceiro Secretário e a primeira promoção acontece num período mínimo de 3 anos para o cargo de Segundo Secretário.
O salário inicial é de R$19.199,06 no cargo de Terceiro Secretário, podendo chegar a R$27.368,67 para o Embaixador, categoria máxima atingida na carreira diplomática.
Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD)
O ingresso na carreira diplomática acontece por meio de um concurso, o CACD, que é realizado pelo Instituto Rio Branco (IRBr) e há mais de 20 anos acontece regularmente pelo menos uma vez ao ano.
Entre os requisitos básicos para prestar o CACD, podemos destacar:
  • Ter a idade mínima de 18 anos;
  • Estar em dia com as obrigações eleitorais e militares;
  • Ser brasileiro nato;
  • Ser graduado em curso superior por uma instituição reconhecida pelo MEC.
Muitos candidatos ficam em dúvida, por isso é importante reforçar: não é necessário ter um curso superior específico, qualquer formação é suficiente para habilitar o candidato ao concurso.
CACD é formado por duas fases. A primeira é uma prova objetiva, enquanto que segunda é formada por provas escritas. As duas fases possuem caráter eliminatório.
São bem abrangentes as áreas de conhecimento que devem ser dominadas pelo candidato ao CACD. De modo geral, essas são as disciplinas cobradas no concurso: Direito, Direito Internacional Público, Economia, Geografia, História Mundial, História do Brasil, Política Internacional e Línguas (Português, Inglês, Espanhol e Francês).
Se interessou pela carreira diplomática? Então confira essas 5 dicas!
Para estudantes que estão na faculdade ou para aqueles que ainda se preparam para iniciar a graduação, é importante ressaltar: a aprovação no CACD exige, na maioria dos casos, uma preparação a longo prazo.
Segundo o guia de estudos para o CACD de 2018, um documento tradicionalmente criado de forma colaborativa pelos aprovados no concurso, naquele ano “o tempo médio de estudo foi de 3,75 anos” para aqueles que conquistaram uma vaga. 
Pensando nisso, faz sentido dizer que iniciar a preparação para o CACD antes mesmo de se formar na faculdade é uma excelente estratégia.
É exatamente por isso que separamos algumas dicas que serão o diferencial para você que quer começar a se preparar para o CACD a partir de agora! Vamos a elas?

1. Crie um plano de estudos

Como falamos anteriormente, são várias as disciplinas cobradas no concurso. Por isso, naturalmente, a bibliografia do CACD é numerosa, o que exige uma carga extensa de estudos para cobrir todos os assuntos descritos no edital do concurso.
Se você estuda ou até mesmo trabalha, a primeira coisa a se fazer é compreender a fundo a sua rotina. Para isso, responda a essas perguntas:
  • Quantas horas por dia ou semana você tem disponíveis para se dedicar aos estudos para o CACD?
  • Você realmente consegue reservar essa carga horária sem comprometer os outros contextos que também exigem a sua dedicação?
Isso te ajudará a criar um plano de estudos bem adequado à sua rotina, evitando que você abandone ou prejudique os estudos por um excesso de tarefas que você não conseguirá sustentar no longo prazo.
Não importa se você possui 1, 2 ou 6 horas livres no seu dia neste momento. Ao entender a carga horária com a qual você pode se comprometer, fica muito mais simples criar um plano de estudos realista, no qual você poderá listar cada um dos tópicos das disciplinas a serem estudados e o tempo em que você pretende finalizar cada um deles.
Nessa linha, é interessante criar metas e realizar um acompanhamento entre o que foi planejado e o que está sendo cumprido, para que você seja capaz de realizar ajustes no seu plano de estudos em caso de necessidade.

2. Línguas

Pegando como parâmetro as últimas edições do CACD, para a primeira etapa foram cobradas questões de língua inglesa e portuguesa. Para a segunda etapa, além das duas primeiras, são aplicadas provas escritas de Francês e Espanhol.
Como o domínio de um novo idioma leva certo tempo, o ideal é que você comece a estudar aquelas que ainda não domina o quanto antes. O mais legal é que, independentemente de se estudar para o CACD ou não, falar outras línguas sem dúvida irá agregar à sua vida pessoal e profissional como um todo!
Uma dica interessante para acelerar o seu aprendizado uma vez que você já possui uma base gramatical em determinada língua: leia artigos no idioma estudado. Além de lhe ajudar a se familiarizar mais rapidamente com os idiomas, é uma forma de se preparar para as provas escritas do concurso.

3. Atualidades

Muita gente não sabe, mas estudar apenas a bibliografia do CACD não é o suficiente para passar no concurso. Diversas questões da prova são formuladas com base em fatos atuais, por isso, o acompanhamento periódico de notícias é essencial.
Veja um exemplo de uma questão sobre política internacional da prova do CACD de 2018:
O ideal é que você desenvolva desde já um acompanhamento periódico das principais notícias relacionadas a disciplinas como política internacional, economia e geografia.
Isso pode ser feito por conta própria, a partir do acompanhamento dos principais portais de notícias. Ainda assim, essa atividade pode levar muito tempo e atrapalhar o estudo de outras disciplinas, é por isso que muitos candidatos recorrem ao uso de uma ferramenta de clipping de notícias para o CACD, que ajuda a poupar bastante tempo nos estudos sobre atualidades.

4. Esteja familiarizado com os clássicos da literatura brasileira

Certos autores da literatura brasileira aparecem com grande frequência nas questões de língua portuguesa do CACD, tanto na primeira, como na segunda fase do concurso. O pensamento e o estilo de autores como Machado de Assis, Graciliano Ramos, entre outros, geralmente são utilizados na formulação de questões da disciplina.
Se você é fã da literatura brasileira, certamente tem nas mãos um diferencial para as provas do CACD. Ainda assim, é importante entender como são cobrados esses autores na prova, por isso, buscar exemplos de questões que caíram em outras edições do concurso é uma ótima forma de entender como direcionar os estudos.

5. Não deixe de praticar

Por fim, mas não menos importante, pratique! Isso mesmo, de nada adianta a leitura da bibliografia, o acompanhamento de atualidades ou o estudo de línguas se você não possui na sua rotina um momento reservado para praticar as questões da prova.
Você pode fazer isso por meio de simulados ou até mesmo a partir das provas anteriores do CACD. Além de lhe ajudar na fixação do conteúdo, você amplia a sua compreensão sobre como as questões do concurso são formuladas, algo que influencia diretamente na forma como você estuda.
Ainda que este seja apenas o início da sua trajetória de preparação para a carreira diplomática, é importante desde já não ficar só na teoria. Essa é uma excelente maneira de receber feedbacks rápidos sobre a sua evolução nos estudos para o CACD.

[EXTRA] Use este momento a seu favor!

Agora que você entende um pouco mais sobre a carreira diplomática, provavelmente irá concordar quando falamos que para vencer o primeiro desafio nessa trajetória, o CACD, é preciso muita dedicação e disciplina.
A necessidade de conciliar uma rotina preexistente com os estudos para o concurso não é tarefa fácil. Por isso, se você ainda está no início da sua carreira acadêmica, este é o melhor momento para criar hábitos que serão o diferencial para você no futuro.
Gostou do conteúdo? Deixe seu comentário e compartilhe com quem tem interesse nesse assunto. Ah, se quiser dar o próximo passo rumo à carreira diplomática, clique no link e veja mais detalhes sobre como começar a estudar para o CACD.
Este texto foi produzido com exclusividade pela equipe do Clipping CACD para o GUIA DO ESTUDANTE. O Clipping é uma plataforma completa de preparação para o Concurso de Diplomata. Saiba mais em clippingcacd.com.br.

Tolices e erros do Governo Bolsonaro (PRA) - Jorge Henrique Cartaxo (14/03/2019)

Um registro tardio, que eu não havia feito no momento em que foi publicado.
Um artigo do colunista Jorge Henrique Cartaxo, sobre minha exoneração do IPRI no Carnaval de 2019. Grato Cartaxo.
Paulo Roberto de Almeida

Tolices e erros

Jorge Henrique Cartaxo
Política Real, 14/03/2019
Avaliação semanal vê equívocos desnecessários

Embaixador Paulo Roberto Almeida( Foto: Exame)
A confusão por tolices no governo Bolsonaro é tamanha que já há quem a considere uma espécie de estratégia para desviar a população dos grandes e fundamentais temas como a previdência, os juros, a segurança, a prometida abertura dos mercados....etc.
Não faz sentido, por exemplo, nem a forma e menos ainda o conteúdo,  da presença do senhor Olavo de Carvalho – que mora nos Estados Unidos – nas questões internas de alguns ministérios da República, notadamente o da Educação e das Relações Exteriores. Ainda ontem o secretario do MEC, Luiz Antônio Tozi, foi afastado do cargo. Há rumores de que 20  outros técnicos serão exonerados e que até o ministro pode ser destituído. É fato que o senhor Ricardo Vélez Rodrigues não tem sido exatamente feliz nas suas raras manifestações. Percebe-se também que há uma certa paralisia na área da educação no País. Em principio, esse desconforto deveria ser tratado pelo Congresso, o mundo acadêmico, a mídia...enfim.  Mas jamais pelo senhor Carvalho e setores militares do governo.
Ainda no carnaval, mais uma vez por suposta ordem indireta do senhor Olavo de Carvalho, o ministro das Relações Exteriores, o bizarro Ernesto Araújo, afastou da direção do IPRI – Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais – o embaixador Paulo Roberto de Almeida, um dos melhores quadros da diplomacia brasileira. Paulo Roberto integra a mais nobre linhagem do Itamaraty do qual fazem parte Rubens Ricupero, Rubens Barbosa, José Guilherme Merquior, Gelson Fonseca dentre outros.  São diplomatas cultos, eruditos que pensam de forma refinado o País e o mundo.
Também no carnaval, o presidente Jair Bolsonaro republicou um vídeo indecente de dois homossexuais. A indignação do presidente é plenamente compreensível e justificável ao ver aquelas cenas, mas não cabia a ele divulga-las. O gesto não foi condizente com o cargo. O ruído foi enorme e absolutamente desnecessário. Seus desencontros com o vice-presidente Hamilton Mourão, de tão frequentes oscilam entre o desconforto e a piada. Não é razoável!
É natural e desejável que esses fatos sejam observados e devidamente tratados pela mídia e os brasileiros de um modo geral. Mas deve ser observável também o conteúdo e a tramitação da reforma da Previdência. A tramitação e o conteúdo do plano de segurança, já encaminhado ao Congresso pelo ministro Sérgio Moro. A caixa preta, de certa forma aberta, do BNDES. As suspensões de contratos suspeitos em vários órgãos do novo governo...acompanhar e vigiar!
  
Twiter: @JorgeCartaxo6 


sexta-feira, 13 de março de 2020

O Shanghai Daily deste sábado tem um único assunto: Coronavirus

Política real (todo o governo Bolsonaro) - Jorge Henrique Cartaxo

Um fino escritor, um excelente analista político, um conhecedor profundo do ambiente de Brasília, e do Brasil real, tratando da política real, desde o início do governo Bolsonaro, sem qualquer complacência com as mazelas e disfuncionalidades do nosso sistema político.
Paulo Roberto de Almeida

Jorge Henrique Cartaxo
https://politicareal.com.br/colunas/jorge-henrique-cartaxo

O primeiro bloco de seis: 




A diplomacia ideológica do governo Bolsonaro - Maristela Basso (Na Pauta online)


Os riscos da diplomacia do conflito


Sob Jair Bolsonaro, a diplomacia brasileira assumiu, sim, viés
ideológico. Do estilo “nunca antes visto no Brasil”, dos governos
petistas, passamos ao do “Brasil acima de tudo”, inclusive do
direito internacional e do multilateralismo pragmático alinhado e
bem arrumado da velha Academia de Rio Branco.
O Presidente Donald Trump, quando assumiu a presidência dos EUA, em 2017, trouxe de volta ao cenário internacional a já em desuso “diplomacia do conflito”, ou “do confronto”, intensificou a aplicação de sanções internacionais e passou a denunciar acordos importantes, dentre os quais, o de Paris sobre a mudança do clima, assim como o de não proliferação de armas nucleares.
O governante americano prefere o confronto à negociação e despreza a “diplomacia do consenso”. Ele não tolera o dissenso, não suporta o contraditório e tem a pretensão de rever a ordem internacional da “pax americana”, inaugurada no pós segunda guerra mundial.
No período de pouco mais de três anos no poder, as “negociações” iniciadas por Donald Trump tiveram pouco sucesso, exceto no que diz respeito ao Acordo Comercial com a Coreia do Norte, cujo presidente, Kim Jong-un, demonstra traços de personalidade e caráter semelhantes àqueles do presidente americano, associados aos mísseis intercontinentais capazes de incrementar qualquer entendimento diplomático. Trata-se da mais clara disputa pelo ultrapassado e conhecido “hard power”, ou “diplomacia dos canhões”. Nessa toada, também abriu flanco para a revisão do Tratado NAFTA[1] que precisava melhor se adequar aos interesses da nova ordem econômica americana pretendida por Trump.
Por outro lado, o Irã, embora presente na lista de prioridades do presidente Donald Trump, não representa uma ameaça militar efetiva aos EUA, e as relações entre esses dois países sempre foi de desconfiança, hostilidade e permeada de conflitos. Ambos vivem às turras em uma relação de represálias recíprocas.
A América Latina não existe para Donald Trump e sua proximidade com o presidente Jair Bolsonaro, se de fato existe mesmo, é de “intuitu personae” (personalíssima), e não se estende ao Brasil como tal.
Sob Jair Bolsonaro, a diplomacia brasileira assumiu, sim, viés ideológico. Do estilo “nunca antes visto no Brasil”, dos governos petistas, passamos ao do “Brasil acima de tudo”, inclusive do direito internacional e do multilateralismo pragmático alinhado e bem arrumado da velha Academia de Rio Branco.
Jair Bolsonaro reintroduziu no país práticas abandonadas há décadas pela nossa tradicional diplomacia, inclusive algumas já sepultadas no pós-regime militar brasileiro. Ademais, rejeita a independência que tínhamos conquistado dos EUA e recrudesceu a aproximação que vínhamos costurando de forma exitosa com os irmãos africanos. Não bastasse, o presidente Jair Bolsonaro deixou de observar o princípio da não intervenção nos assuntos internos dos nossos países vizinhos, as boas relações com os europeus e também nosso pragmatismo histórico.
Tudo isso porque Jair Bolsonaro prioriza, ingenuamente, as afinidades pessoais e ideológicas com certos governantes, em detrimento dos verdadeiros interesses do Brasil.
Dito de outra forma, Jair Bolsonaro decretou, no Brasil, o fim da ponderação, sensatez, circunspecção e proeminência do Itamaraty na condução da nossa politica externa e passou, ele mesmo, a traçar diretivas, criar agendas e construir e derrubar pontes. Com Bolsonaro, ou sob Bolsonaro, instaurou-se no país a “diplomacia do conflito e da surpresa”. Isto porque, nosso presidente está sempre pronto a brigar, discutir, contrariar e chocar. Não sabe governar para todos, pacificar, construir consensos, tanto no âmbito interno (nacional) quanto internacional.
Segundo afirmou nosso ex-Ministro Celso Lafer[2], a diplomacia do governo atual rompe a tradição do Itamaraty por ser de “enfrentamento”, que conduz a uma “diplomacia de combate”.
A tradição do Brasil sempre foi a da “diplomacia de cooperação”. Sempre primou pela solução pacífica das controvérsias, internas e internacionais, pela prevalência dos direitos humanos, do império do Direito e, em especial, pela elegância hermenêutica.
Em um mundo tensionado como o atual, com disputas importantes entre os EUA e a China e os renovados conflitos no Oriente Médio, o diálogo tornou-se fundamental e a diplomacia precisa ser construtiva.
A identificação de Jair Bolsonaro com Donald Trump, e outros líderes autoritários, não contribui para o fortalecimento do Brasil, nas suas esferas complementares interna e externa.
Jair Bolsonaro segue entrincheirado na zona de conflito, porque sabe fazer politica apenas por meio de altercações, brigas, escaramuças e ataques, foi assim que conduziu sua campanha eleitoral, com esse “modus operandi” se elegeu e com atritos exerce suas politicas, doméstica e externa, comunica-se com a imprensa e tenta desacreditar oponentes e dissidentes.
Como se vê, a diplomacia do “hard power” foi retomada pelo presidente Donald Trump. Já, no Brasil, nosso presidente inaugurou, no contexto da diplomacia internacional, o que pode ser chamado de “lost power”.
Porém, nem tudo está perdido.
A boa notícia para os brasileiros é que alguns de nossos governadores estão assumindo papel importante no cenário internacional, ocupando espaço na condução de políticas (regionais) internacionais. Passaram a celebrar, diretamente, acordos internacionais de cooperação em múltiplas áreas, trazendo, assim, investimentos estrangeiros para as suas regiões, e construindo parcerias com importantes players internacionais, servindo-se do que se chama de “sharp power”. Isto é, penetrando e perfurando o ambiente político e informativo dos países que mais interessam, desenvolvendo habilidades e ferramentas próprias com o intuito deliberado de influenciar e atrair politicamente nações estratégicas, seus governantes e investidores.
[1] Acordo de Livre Comércio Entre Canadá, Estados Unidos e México.
[2] Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/02/06/O-que-%C3%A9-sharp-power.-E-como-ele-pode-minar-governos

O nacionalismo tacanho de Trump não vai evitar a doença global do Coronavirus - Ishaan Tharoor (WP)

Como é seu costume, Trump adora isolar os EUA do resto do mundo, e de classificar de maléfico tudo o que é estrangeiro. Ele não conseguirá, no entanto, deportar o virus Covid-19 como faz com os imigrantes.
Esse nacionalismo míope não ajuda em nada no combate a uma enfermidade global. Apenas o globalismo vai resolver um problema global.
Paulo Roberto de Almeida

 By Ishaan Tharoor
with Benjamin Soloway
 Email The Washington Post, March 13, 2020

Trump’s nationalism can’t fix a global crisis

President Trump delivers remarks during a meeting with bankers on the U.S. response to the coronavirus, in the White House on March 11. (Tom Brenner/Reuters)
President Trump delivers remarks during a meeting with bankers on the U.S. response to the coronavirus, in the White House on March 11. (Tom Brenner/Reuters)
Diseases know no borders, but President Trump seems to think otherwise. In an address to the nation Wednesday, he called the coronavirus spreading around the world a “foreign virus,” an external menace that originated in China and was handled improperly by the United States’ European allies. He slapped a 30-day travel ban on most of Europe, much to the bemusement of officials in Brussels, and he tried to spin an earlier decision to block travel from China as a prescient measure.
Trump also hailed his administration’s mobilization of federal resources to combat the spread of the disease. “The virus will not have a chance against us,” he said. “No nation is more prepared or more resilient than the United States.” 
But that bravado, which preceded the worst day for U.S. stocks since 1987, appeared to backfire. “From the misstatements to the omissions to his labored demeanor, the president sent a message that shook financial markets, disrupted relations with European allies, confused his many viewers and undermined the most precious commodity of any president, his credibility,” wrote The Post’s Dan Balz.
Trump also seemed to buck the expert consensus. The initial weeks of the outbreak in China were met by a lack of urgency from the president, who downplayed the perils associated with the virus and fretted more about outbreak-related jitters hurting the stock market. Some reports suggest that U.S. officials did not test aggressively earlier out of fear of offending Trump with higher numbers of confirmed cases.
 
 
On Thursday, Trump flummoxed onlookers when he told reporters that the United States had “a tremendous testing set up” despite widespread complaints from across the country that medical facilities aren’t providing tests or taking too long to provide results. The inability to carry out coronavirus tests with the same efficacy as many other countries has led to a state of affairs in which far more Americans are potentially carrying the disease than have yet been confirmed.
The situation is grim in Europe. On Thursday, the coronavirus-related death toll in Italy, the locus of the pandemic on the continent, surpassed 1,000, with more than 15,000 cases confirmed. Hospitals and medical facilities in some of the country’s most prosperous regions are buckling under the strain of the caseload, while infections in other parts of Europe continue to Mount.
But, in the view of many European officials, Trump’s rhetoric and travel ban smacked of naked ideology, not sound public health policy. After all, quite a few countries from within Europe’s Schengen zone — targeted by the U.S. ban because of the open borders policy inside it — had reported smaller numbers of coronavirus cases than Britain, which was exempt from the restrictions. This is hardly the first time Trump has tried to score a political point against the European Union, a supranational bloc the very existence of which Trump has fulminated against.
“The Coronavirus is a global crisis, not limited to any continent and it requires cooperation rather than unilateral action,” read a curt statement co-signed by European Commission President Ursula von der Leyen and European Council President Charles Michel, which indicated they were blindsided by the decision. “The European Union disapproves of the fact that the U.S. decision to impose a travel ban was taken unilaterally and without consultation.” 
Analysts warned of the long-term political damage of Trump’s actions. “This uncoordinated and unilateral response to a global crisis, one more example of ‘America First’ policy, risks aggravating the crisis and will have lasting consequences on American leadership and America’s alliance system,” wrote Benjamin Haddad, director of the Future Europe Initiative at the Atlantic Council. “Wednesday’s speech will resonate in European minds for a long time, echoing previous unilateral decisions, such as the abandonment of Kurdish partners in Syria late last year.”
“Trump needed a narrative to exonerate his administration from any responsibility in the crisis. The foreigner is always a good scapegoat. The Chinese has already been used. So, let’s take the European, not any Europe, the EU-one,” said Gérard Araud, France’s former ambassador to the United States, in a statement posted on Twitter. “Doesn’t make sense but [it is] ideologically healthy.” 
 
Contrast Trump’s premature triumphalism and finger-pointing with statements this week by French President Emmanuel Macron and German Chancellor Angela Merkel. Macron announced Thursday his government would “use all the financial means necessary to save lives, whatever the cost,” while chiding Trump, saying that “division won’t allow us to tackle what today is a global crisis.” The previous day, Merkel warned with grim solemnity that, if current conditions continued to prevail, up to 70 percent of the country could be infected. She promised significant stimulus funding in the months ahead.
Trump’s main opponents for the White House — former vice president Joe Biden and Sen. Bernie Sanders (I-Vt.), who are vying for the Democratic nomination — delivered their own speeches on Thursday, bemoaning what they described as the administration’s failure of leadership and urging sweeping bipartisan action to contain the virus.
Sanders echoed Merkel’s fears, suggesting that the U.S. death toll could ultimately “be even higher than what the Armed Forces experienced in World War II.” Biden scoffed at Trump’s empty nationalism. “The coronavirus does not have a political affiliation,” he said.
Trump finds himself in altogether different company. “The same denigration of science and urge to block outsiders has characterized leaders from China to Iran, as well as right-wing populists in Europe, which is sowing cynicism and leaving people uncertain of whom to believe,” wrote Mark Landler of the New York Times. “Far from trying to stamp out the virus, strongmen like President Vladimir V. Putin of Russia and Crown Prince Mohammed bin Salman of Saudi Arabia have seized on the upheaval it is causing as cover for steps to consolidate their power.”