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sábado, 18 de setembro de 2021

Ariel Palacios sobre a herança nazista de Bolsonaro

  

O revival tropical de expressões fascistas e nazistas

Nos últimos anos, o presidente Jair Bolsonaro, seus ministros e militantes fizeram deslanchar o uso de uma série de expressões e termos originários do fascismo de Benito Mussolini e do nazismo de Adolf Hitler, além de outras típicas do líder totalitário português Antônio de Oliveira Salazar e do espanhol Francisco Franco. Não existem precedentes para o uso desse tipo de vocabulário por parte de governos eleitos nas urnas no Ocidente desde o fim do regime salazarista em 1974. 

A seguir, uma antologia de algumas expressões utilizadas por Bolsonaro, seus ministros e seguidores na vida real e virtual:

Acordar

No período entre os últimos meses do governo da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, e a eleição de Bolsonaro, em 2018, centenas de manifestações foram realizadas nas cidades brasileiras com o slogan “Acorda Brasil”. Uma parte significativa dos integrantes dessas manifestações – tudo indica – seriam posteriormente eleitores e seguidores do militar que tomou posse em janeiro de 2019.

O slogan “Acorda Brasil!” é uma espécie de remake do lema que os nazistas utilizaram de forma intensa entre meados dos anos 1920 (quando os seguidores de Adolf Hitler cresciam em volume) e janeiro de 1933 (quando Hitler tomou posse como Reichskanzler, isto é, primeiro-ministro do presidente Paul von Hindenburg): “Deutschland erwache!” 

O lema que os nazistas utilizaram de forma intensa entre meados dos anos 1920.

Evidentemente, esse é o tipo de lema que deixa de ser usado quando a pessoa que lidera o movimento chega ao poder. É que continuar usando um lema de “país X, acorda!” seria contraproducente, pois indicaria que as pessoas deveriam continuar desconfiadas do governante de plantão.

LEIA TAMBÉM: Nos 30 anos do Mercosul, reunião de presidentes escancara divergências e fissuras no bloco

Acima de tudo

O slogan “Brasil acima de tudo”, usado como slogan da campanha presidencial de Bolsonaro (e que continua sendo usado como uma espécie de slogan de governo) é uma versão local do lema “Deutschland über alles” (Alemanha acima de tudo), usado pelos nazistas.

(Alemanha acima de tudo), usado pelos nazistas.

A frase é um verso de um poema, Das Lied der Deutschen (A canção dos alemães), criado em 1841 pelo poeta alemão August Heinrich Hoffmann von Fallersleben

A letra foi embalada por uma melodia criada meio século antes pelo compositor Joseph Haydn para homenagear o imperador Franz II do Sacro-Império Romano-Germânico. A letra de Fallersleben mesclada com a música de Haydn se transformou em hino nacional oficial em 1922.

Hitler, no entanto, usou o hino em grandes cerimônias, como referência de pretensões de supremacia germânica. O slogan também servia para indicar que seu país estava acima de qualquer individualidade.

Deus (e outros poderes celestiais)

O slogan de campanha (e de governo) de Bolsonaro é duplo, já que o “Brasilacima de tudo” se complementa com o “Deus acima de todos”. 

Ao longo da Segunda Guerra Mundial (1939-45), os soldados de Hitler tinham em suas fivelas do cinto a frase “Gott mit uns” (Deus conosco). Hitler acreditava que estava cumprindo uma missão divina – o que mostra o perigo desse tipo de lema. O ditador nazista afirmava: “Acredito que estou agindo em concordância com Deus todo poderoso. Quando combato os judeus, estou fazendo a obra do Senhor!!”.

Detalhe da fivela do cinto dos militares nazistas.

Frases afins também aparecem em obras de ficção sobre regimes totalitários ou distopias. Esse é o caso do comic (transformado em filme) V for vendetta, onde um imaginário regime fascista inglês tem o slogan “Strength through unity, unity through faith” (“Força pela unidade, unidade pela fé”).

Ao longo dos séculos diversos monarcas, ditadores e presidentes afirmaram que haviam sido protegidos por poderes celestiais. Vários desses afirmavam que tinham alguma espécie de missão divina – os líderes fascistas do século 20 fizeram o mesmo. Esse foi o caso do ditador português Antônio de Oliveira Salazar, cujo regime foi inspirado no de Mussolini (com algumas adaptações lusitanas). Entre Salazar e seu sucessor, Marcelo Caetano, o fascismo salazarista governou o país entre 1932 e 1974. Um de seus slogans era “Deus, Pátria e Família”.

Em 1938, para comemorar os 10 anos do regime de Salazar, uma série de sete cartazes intitulada “A Lição de Salazar” (“A Lição de Salazar”) foi distribuída a todas as escolas primárias do país. A imagem de abertura abraça a ideologia do Estado Novo – o slogan “Deus, Pátria, Família” (“Deus, pátria, família”) é reforçado tematicamente ao longo da série. Poster: Martin Barata.

Esse slogan foi copiado várias vezes no Brasil. Os primeiros foram os integrantes da Ação Integralista Brasileira, a versão local do fascismo europeu, que tinha leves adaptações. Os integralistas usaram exatamente o mesmo slogan de Salazar sem modificação alguma. Assim como Bolsonaro, em discurso durante as eleições municipais de 2020. O mesmo dístico estava planejado para ser usado como lema do partido que Bolsonaro pretendia criar, o Aliança pelo Brasil, que, por enquanto, não saiu do papel.

Ainda antes, em maio de 2019, Bolsonaro declarou que seu governo era “uma missão de Deus”. O presidente também admitiu que não era o mais preparado dos candidatos da eleição do ano anterior, mas afirmou que “vocês sabem que Ele não escolhe o mais capacitado, mas capacita os escolhidos”. Isto é, como se os poderes celestiais tivessem feito uma espécie de MBA às pressas com Bolsonaro.

LEIA TAMBÉM: Análise: troca no comando na Petrobras põe fim ao flerte de Bolsonaro com o mercado

Sempre tem razão

O slogan fascista “Mussolini ha sempre ragione!” foi também plagiado no Brasil. Essa frase era parte do Decálogo dos Jovens Fascistas, dos anos 20. Os “followers” de Mussolini (jovens e adultos) a usavam para encerrar qualquer discussão com críticos do regime. Era um apelo passional, na falta de um argumento lógico.

O slogan fascista “Mussolini ha sempre ragione!”.

Os militantes do presidente brasileiro utilizam o hashtag #BolsonaroTemSempreRazao. E com ela os militantes também interrompem qualquer espécie de diálogo lógico. Nos anos 1930, o slogan mussoliniano foi plagiado pelos nazistas alemães sem modificações. Os followers de Adolf Hitler estampavam em cartazes a frase Der Führer hat immer recht. A sentença também era usada nas conversas para sustentar que aquilo que o ditador dizia era uma verdade absoluta.

E daí? (e mais Mussolini)

Bolsonaro tornou a expressão “e daí?” um hit parade para indicar seu desprezo por diversos assuntos. Ela também tem precedentes no fascismo de Mussolini, já que o duce italiano costumava usar a grosseira frase “me ne frego”, equivalente a “e daí?” ou “não estou nem aí” como slogan para indicar que o fascismo e os fascistas não se importavam com nada. Uma espécie de aval do líder ao rompimento das leis para impor sua vontade (além de ser uma forma de expressar seu desprezo pelas formalidades democráticas).

Em maio de 2020, Bolsonaro compartilhou um vídeo no Facebook que ostentava a frase “Melhor um dia como leão do que 100 anos como ovelha!” Exatamente a mesma frase que Mussolini usava: “Meglio vivere un giorno da leone che cent’anni da pecora!

A frase debutou nos discursos de Mussolini no dia 20 de junho de 1928. Na ocasião, ele presidia uma homenagem ao falecido marechal Armando Vittorio Díaz, que ele considerava um “herói” da Primeira Guerra Mundial (1914-18). O ducetambém ordenou que essa frase fosse colocada nas moedas de 20 e 100 liras.

Em 2019, Bolsonaro já havia postado um vídeo na qual ele era representado como um leão que era atacado por um grupo de hienas (representando seus opositores).

Há poucas semanas, o então chanceler brasileiro Ernesto Araújo (filho de um juiz que em 1978 se recusou a extraditar o criminoso de guerra nazista Gustav Wagner pelo crime de genocídio durante a Segunda Guerra Mundial) utilizou a sigla SPQR em uma sessão no Senado em Brasília no meio de seu discurso.

LEIA TAMBÉM: Um mini-guia para entender os mega-imbróglios políticos da Bolívia

SPQR é a sigla de Senatus Populusque Romanus (O Senado e o Povo Romano), expressão usada durante a República Romana e o Império Romano há 2 mil anos. Durante o regime de Mussolini, no século 20, foi usada para exaltar as pretensões da supremacia fascista. Entre o fim do século 20 e o início do século 21, a sigla SPQR também foi utilizada por diversos movimentos neofascistas e neonazistas na Europa.

Cartaz de uma confederação de sindicatos de agricultores na época de Mussolini. 

A referência de Araújo causou um escândalo e teria sido a gota d’água para sua retirada do gabinete de Bolsonaro.

Dias antes, um outro escândalo sem precedentes ocorreu. O assessor da presidência para assuntos internacionais, Filipe Martins, foi filmado fazendo um gesto com os dedos igual ao sinal de OK, apropriado desde 2017 pelos Supremacistas Brancos para ilustrar seu slogan “White Power”. Martins afirmou que estava “arrumando a lapela” do paletó.

Captura de tela da TV Senado, e o gesto polêmico de Martins. 

O mesmo gesto foi usado por vários seguidores do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump na invasão do Capitólio, em Washington, no início deste ano. Trump é um ídolo dos militantes bolsonaristas.

Apelidos

Os militantes de líderes autoritários e afins costumam utilizar formas curtas e breves (quase sempre são duas sílabas) para chamá-los, especialmente em comícios e concentrações de massa, nas quais essas denominações são gritadas ad nauseam. Isso, por outro lado, não costuma ocorrer com líderes ostensivamente democráticos.

Hitler era chamado de Führer (líder, guia), Mussolini de Duce (líder, chefe), e Francisco Franco, El Caudillo (idem) – mas nas manifestações as massas gritavam seu sobrenome: “Fran-co, Fran-co!” 

O nome de Franco repetido não só pelas massas, mas nos monumentos.

Fidel Castro era chamado de El Comandante, mas nas concentrações populares as pessoas gritavam “Fi-del, Fi-del!”

O dominicano Leónidas Trujillo era El JefeJosef Stalin era o Vozhd (líder). As multidões chamam o norte-coreano Kim Jong-Un de Chongsu (líder supremo). 

E Bolsonaro, bom, é chamado, aos berros, de “Mito”.

Em 1998, em seu artigo Em torno do conceito de mito político, o professor Luis Felipe Miguel já dizia que o “mito” apresenta-se ao público como verdade incontestável, “acima da razão e dos fatos”.

E, é bom lembrar que o fascismo rejeita a tradição racionalista. O fascismo tem a postura de desconfiar da razão e, desta forma, exalta os elementos irracionais das pessoas. O fascismo seria como um parque de diversões dos sentimentos passionais e do fanatismo.

This post was last modified on abril 5, 2021 7:39 am

Ariel Palacios

Journalist and LABS' columnist Ariel Palacios is a correspondent in Buenos Aires for the news channel GloboNews, for which he covers South America. Previously, he worked as a correspondent for the newspaper O Estado de S.Paulo and CBN and Eldorado's radio networks. Ariel graduated in 1987 from the State University of Londrina, Parana State, Brazil, and did the El País' Masters in Journalism in 1993.

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

China, para o bem e para o mal, a obsessão de todo mundo - Notícias diversas

 A China é logo ali

Edson Rossi | 17/09/21 - 09h00

Enquanto a diplomacia nacional sob Bolsonaro decidiu transformar em saco de pancadas a China e o governo argentino de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, os dois países estreitam seus laços comerciais. No ano passado, os chineses alcançaram o Brasil como principais exportadores para os países vizinhos. Do total de importações da Argentina, Brasil e China respondem por 20,4% cada. Mas nos primeiros sete meses deste ano, Pequim já passou à dianteira: os argentinos compraram US$ 6,9 bilhões de produtos chineses contra US$ 6,8 bilhões dos brasileiros.

https://www.istoedinheiro.com.br/presentinho-para-flavio/

'Não vai ter invasão de produtos chineses no Brasil', afirma embaixador uruguaio sobre acordo comercial com China
Diplomata usa como exemplo a parceria entre Chile e o país asiático. Segundo ele, nada aconteceu de negativo nas economias da região
Eliane Oliveira | 17/09/2021 - 12:00 / Atualizado em 17/09/2021 - 13:03

Há um ano em Brasília, mas com a experiência de quem participou ativamente das negociações que deram origem ao Mercosul, o embaixador do Uruguai no Brasil, Guillermo Valles Galmés, garante que não há razão alguma para temer um acordo de livre comércio entre seu país e a China. Ele costuma comparar o que aconteceu com o Chile, que já tem um tratado comercial há cerca de 15 anos com os chineses.

Chile e China levaram de três a quatro anos para concluir as negociações. O acordo foi assinado em 2006. Em 2017, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet e o presidente chinês Xi Jinping assinaram um novo documento aprofundando os termos do tratado.

— O Chile não é vizinho como o Uruguai, mas é uma economia muito mais potente, tem interesses com o Brasil muito mais profundos e tem um acordo de livre comércio maduro, há muitos anos, com a China. O que aconteceu com o Brasil? Nada. E o que vai acontecer de negativo, se houver um acordo entre a China e o Uruguai? Nada. Não haverá invasão de produtos chineses no Brasil —  disse o embaixador ao GLOBO.

A decisão do Uruguai de buscar acordos em separado dos demais sócios do Mercosul, anunciada em julho deste ano, causou um impasse. Os argentinos protestaram e argumentaram que, pelas regras atuais, tratados de redução de tarifas precisam ser negociados em conjunto.

Mas o governo brasileiro apoia a iniciativa, por considerar que o bloco precisa de flexibilidade e que esse tipo de proibição não encontra respaldo legal. Porém, alguns setores da indústria nacional se mostraram preocupados em perder competitividade para produtos chineses.

Galmés ponderou que as conversas ainda estão no início. As negociações, enfatizou, dependem de um estudo sobre o impacto de um tratado do gênero nas duas economias.

— Ainda não estamos negociando e é uma negociação que é prolongada. Não podemos imaginar cenários catastróficos, nem cenários idílicos. Só agora começamos a conversar — disse o embaixador.

Além de aumentar as exportações de produtos uruguaios — de forma geral, alimentos — o Uruguai poderá receber investimentos chineses, inclusive a instalação de fábricas. Para o diplomata, esse aspecto deve ser visto de forma positiva por todos os sócios do Mercosul, inclusive pelas indústrias locais.

— Hoje, há fábricas chinesas no Brasil. Estão exportando para o Uruguai? Sim. Se estão exportando com tarifa zero, o produto é brasileiro, e não chinês — argumentou.

O embaixador também negou que, com o acordo com a China, o Uruguai passe a receber as chamadas 'maquiladoras' — empresas que importam peças e insumos, sem pagar taxas, para montá-los no país de destino e exportar para outros mercados. Ele enfatizou que há regras de origem no Mercosul, que permitem saber qual a composição do bem formada por partes produzidas exclusivamente pelos países do bloco.

— Com o Uruguai, isso não vai acontecer . Essa ideia de maquiladora não tem fundamento —afirmou.

Os uruguaios foram informados por Pequim, na semana passada,  que a China tem interesse em conversar sobre um acordo comercial. Outro alvo dos vizinhos é o Acordo de Associação Transpacífico (TPP), formado por países da Ásia, da Oceania e das Américas do Norte e do Sul.  Na última quinta-feira, os chineses demonstraram interesse em aderir ao TPP.

https://oglobo.globo.com/economia/nao-vai-ter-invasao-de-produtos-chineses-no-brasil-afirma-embaixador-uruguaio-sobre-acordo-comercial-com-china-25201413

Georgieva, do FMI, é acusada de favorecer China em relatório anual sobre negócios do Banco Mundial
Ela é suspeita de alterar posições do país do ranking do Doing Business. Episódio pode minar autoridade da atual diretora-gerente do Fundo, avaliam especialistas
Bloomberg | 17/09/2021 - 12:25

Kristalina Georgieva corre o risco de ver sua autoridade como diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) minada poucas semanas antes de uma reunião anual de autoridades de finanças globais. Ela foi acusada de favorecer a China no ranking anual de negócios do Banco Mundial (Bird), o Doing Business, quando ainda trabahava na instituição.

As denúncias se referem ao período em que Georgieva era executiva-chefe do banco e supervisionava campanhas para conseguir um aumento de capital para o órgão.

Georgieva disse discordar "fundamentalmente" da acusação, contida em um relatório encomendado pelo Banco Mundial ao escritório de advocacia WilmerHale, de que ela pressionou os funcionários do banco para ajustar a classificação da China no relatório econômico anual.

"Discordo fundamentalmente das conclusões e interpretações da Investigação de Irregularidades de Dados no que se refere à minha função no relatório Doing Business do Banco Mundial de 2018. Já tive um briefing inicial com o Conselho Executivo do FMI sobre este assunto",  disse Georgieva em comunicado.

Na reunião que teve com o conselho do Fundo na quinta-feira, antes de a notícia ser divulgada,  ela afirmou que  iria continuar seu trabalho como de costume, de acordo com fontes a par do assunto.

O relatório da empresa de advocacia concluiu que, na edição de 2018 do Doing Business, a classificação da China foi elevada artificialmente do 85º para o 78º lugar, a mesma do ano anterior, depois que autoridades do governo chinês procuraram o então presidente do Bird, Jim Young Kim, e outros diretores para expressar preocupações de que a classificação do país não refletia as reformas econômicas realizadas.

O documento foi apresentado internamente na quarta-feira e divulgado pelo Conselho do Banco Mundial na quinta.

“Para ser claro, nossa revisão não deve ser interpretada como uma sugestão de que houve qualquer conduta inadequada por parte de qualquer funcionário chinês ou de outro governo”, escreveram no relatório.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, disse em uma coletiva de imprensa na sexta-feira, em Pequim, que o Banco Mundial deveria “seguir os procedimentos internos de revisão para investigar a questão para melhor proteger o profissionalismo e a autoridade do relatório Doing Business e a reputação do Banco Mundial e seus membros. ”

O governo chinês “atribui grande importância à melhoria do ambiente de negócios e a conquista é testemunhada por todos”, acrescentou Zhao Lijian.

Doing Business: alvo de escândalos
A acusação contra Georgieva foi a última de uma série de escândalos que afetaram o conturbado relatório nos últimos anos. Tão acossada, subjetiva e polêmica é a metodologia do relatório, que mede a facilidade e a transparência de se operar em uma economia, que o Banco Mundial anunciou que vai deixar de publicá-lo. 

Mas, para Georgieva, o escrutínio pode estar apenas começando. O Tesouro dos Estados Unidos vê as acusações como graves e está "analisando o relatório", disse o departamento. Os EUA detêm poder de veto sobre as principais decisões do FMI e do Banco Mundial.

Os legisladores republicanos poderiam usar o caso para renovar as críticas à expansão dos recursos do FMI sob a liderança de Georgieva.

Paul Romer, o ganhador do Nobel que foi o economista-chefe do Banco Mundial até início de 2018, disse em uma entrevista que a China costumava pressionar os funcionários do banco para alterar os relatórios preliminares.

Foi sua crítica de despedida ao processo Doing Business, em entrevista ao Wall Street Journal, que levou à investigação do relatório e da política em torno dele.

Questões sérias
O deputado French Hill, um republicano do Arkansas e um dos maiores críticos da emissão de reservas do FMI no mês passado, disse que o relatório levanta sérias questões sobre as motivações de Georgieva durante seu tempo no Banco Mundial.

— Se essas alegações forem verdadeiras, o conselho do FMI deve avaliar prontamente seu serviço no cargo mais alto do fundo — disse ele.

Hill, membro do comitê de serviços financeiros da Câmara, disse que pediria à secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, que avaliasse o relatório e apresentasse essa opinião ao Congresso.

— Os mercados financeiros e os formuladores de políticas contam com a experiência dos credores multilaterais e essa reputação agora está manchada — acrescentou.

Justin Sandefur, pesquisador sênior e observador do Banco Mundial no Center for Global Development, disse que o relatório pode acabar afetando seu relacionamento com os membros do FMI.

— O FMI é responsável por garantir a integridade das estatísticas macroeconômicas internacionais e exigir que os países prestem contas da integridade de seus dados — disse Sandefur em uma entrevista. — Este relatório mostra Georgieva ativamente envolvida na manipulação de dados para fins geopolíticos. Isso parece bastante grave.

O episódio oferece uma rara visão de como a China exerceu influência sobre os líderes das instituições financeiras internacionais nos últimos anos e como esses altos funcionários foram reativos às sensibilidades em Pequim.

https://oglobo.globo.com/economia/georgieva-do-fmi-acusada-de-favorecer-china-em-relatorio-anual-sobre-negocios-do-banco-mundial-25201225


Brasil na ONU: a diplomacia se esforça, mas a política externa atrapalha - notícias diversas

 Bolsonaro diz que levará “verdades” sobre o Brasil em discurso na ONU

Ele só poderá ir ao evento porque a ONU mudou sua própria orientação e não exigirá mais comprovante de vacinação contra a covid-19 das autoridades que estarão presentes no evento
Por Matheus Schuch, Valor — Brasília | 17/09/2021 12h35

O presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje que levará “verdades” sobre o Brasil e o que o país representa para o mundo em seu discurso na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece na próxima semana.

“Na próxima terça-feira, estarei na ONU, participando no discurso inicial daquele evento. Podem ter certeza, lá teremos verdades, realidade do que é o nosso Brasil e do que nós representamos verdadeiramente para o mundo", disse Bolsonaro, ao encerrar discurso no interior de Minas Gerais, pela manhã.

A ONU confirmou ontem que mudou sua própria orientação e não exigirá mais comprovante de vacinação contra a covid-19 das autoridades que estarão presentes no evento. A medida beneficia Bolsonaro, que não se imunizou e frequentemente coloca em dúvida a segurança e eficácia das vacinas.

Judiciário
Após provocar uma crise institucional com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro defendeu que “tudo pode ser renovado” no país, inclusive o Judiciário. O discurso ocorreu após Bolsonaro dizer que é um que “soldado está na frente de batalha” e reclamar de ataques a membros de sua família.

“Nada me abala”, alegou ele. "Assim seja, nada devemos temer, nem mesmo a morte, a não ser a morte eterna. Vamos vencer essa batalha. Vamos aos poucos mudando o destino do Brasil. Tudo pode ser renovado. Como renova o Executivo, o Legislativo e também o Judiciário".

No caso do STF, os ministros podem ocupar o cargo até completarem 75 anos, limite para aposentadoria compulsória. Durante o atual mandato de Bolsonaro, dois ministros deixaram a Corte por alcançarem a idade. O ministro Celso de Mello foi substituído por Kássio Nunes Marques. Já o outro indicado por Bolsonaro, André Mendonça, que ele pretendia que ocupasse a vaga de Marco Aurélio Mello, tem enfrentado dificuldades para ter seu nome avalizado pelo Senado. A situação é provocada, em parte, pela crise institucional.

Sem citar nomes ou entrar em detalhes sobre o que estava defendendo, Bolsonaro emendou o discurso: "A minha função, chefe do Executivo da nação, é o local onde você passa a reconhecer a amizade, o apoio de boas pessoas, mas também passa a conhecer aqueles que não têm compromisso com a sua nação. Não vamos nominar. Vamos apenas trabalhar. Vamos renovar, vamos acreditar, vamos ter a certeza que nós temos tudo para sermos uma grande nação".

Após elevar a crise institucional ao ápice com discursos em tom golpista no 7 de Setembro, Bolsonaro aceitou a sugestão de conselheiros políticos sobre recuar, assinando uma carta em busca de pacificação. Nos últimos dias, ele havia evitado inflamar os ânimos com o Judiciário.

Bolsonaro cumpre agendas políticas hoje em Minas Gerais e Goiás. Mais cedo, participou do lançamento do projeto “Pró-Águas Urucuia”, em Arinos (MG), que prevê a revitalização de bacias hidrográficas da região.

https://valor.globo.com/politica/noticia/2021/09/17/bolsonaro-diz-que-levara-verdades-sobre-o-brasil-em-discurso-na-onu.ghtml

Bolsonaro faz mistério sobre discurso nas Nações Unidas: 'vão distorcer'
Redação Crusoé | 17.09.21 10:31

O presidente Jair Bolsonaro embarca para Nova York neste fim de semana para discursar na sessão de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, na próxima terça-feira, 21. Tradicionalmente, o Brasil inaugura os pronunciamentos de chefes de estado no evento, antecedendo os Estados Unidos.

Apoiadores de Bolsonaro questionaram o presidente nesta sexta-feira, 17, sobre o teor de seu discurso, mas ele preferiu fazer mistério sobre o pronunciamento. Diplomatas estão preocupados com o que Jair Bolsonaro falará diante dos chefes de Estado.

"Viajo domingo, vou fazer o discurso de abertura, é tradição o Brasil fazer. A imprensa quer saber o que vou falar lá. Que vejam na televisão na terça, agora que não vou mostrar, porque vão distorcer", disse Bolsonaro. 

O fato de o presidente brasileiro ter decidido não tomar a vacina contra a Covid-19 gera mal-estar no Itamaraty. Ainda que Nova York tenha estabelecido uma série de restrições para pessoas não imunizadas, diplomatas acreditam que é pouco provável que chefes de Estado tenham que mostrar comprovante de vacinação. Ainda assim, é grande o temor da repercussão negativa no exterior.

Na ONU, Bolsonaro poderá cruzar pessoalmente com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com quem tenta articular uma conversa desde o início do ano. O Itamaraty ainda tenta viabilizar um encontro formal de Bolsonaro com Biden - seria a primeira conversa entre os dois. O chefe do Planalto deve se encontrar ainda com Antonio Guterres, secretário-geral da ONU, e com Charles Michel, presidente do Conselho Europeu.

https://crusoe.com.br/diario/bolsonaro-faz-misterio-sobre-discurso-na-onu-senao-vao-distorcer

Joe Biden reúne líderes para debater mudança climática e redução de emissão de gases poluentes
Brasil não participou do encontro, que reuniu, entre os líderes latino-americanos, os presidentes da Argentina e do México. A intenção é impulsionar ações antes da COP26, reunião da ONU sobre o clima marcada para novembro. O tema da reunião foi a emissão de metano.
Por G1 | 17/09/2021 10h06  

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, organizou, nesta sexta-feira (17), o Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima (MEF, na sigla em inglês), on-line, para debater com líderes mundiais os esforços para combater a mudança climática.

A ideia do encontro é tentar criar ímpeto antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas deste ano, a COP26, marcada para 1º a 12 de novembro.

O Brasil não participou do encontro – que reuniu, entre os líderes latino-americanos, os presidentes da Argentina e do México (veja detalhes mais abaixo).

No discurso de abertura, Biden falou sobre as emissões de metano.

"Temos que nos comprometer a reduzir o gás metano, reduções em 30% abaixo de 2020 em 2030. Isso vai produzir efeito colateral de melhorar saúde pública e agricultura", afirmou.

Embora tenha vida mais curta e seja menos abundante que dióxido de carbono (CO2), o metano (CH₄) é muito mais poderoso na captura de calor e seu impacto sobre o aquecimento global é mais de 80 vezes maior (que o CO2) a curto prazo.

Os EUA e a União Europeia concordam em tentar cortar as emissões do gás em cerca de um terço até o final desta década e estão pressionando outras grandes economias a se unirem a eles, de acordo com documentos vistos pela Reuters.

Nesta semana, a Casa Branca anunciou que Biden espera usar o fórum de líderes depois da COP26 para continuar pressionando por medidas para combater as mudanças climáticas.

Sem Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro não participou do encontro, mas Alberto Fernández, da Argentina, e Andrés Manuel Lopez Obrador, do México, foram confirmados.

Veja a lista de participantes:
Alberto Fernández, da Argentina
Sheikh Hasina, de Bangladesh
Charles Michel, do Conselho Europeu
Ursula von der Leyen, da União Europeia
Joko Widodo, da Indonésia
Moon Jae-In, da Coreia do Sul
Andres Manuel Lopez Obrador, do México
Boris Johnson, do Reino Unido
António Guterres, da ONU

Países em desenvolvimento
No discurso de abertura, Biden citou duas vezes os países em desenvolvimento. "Estamos também comprometidos em ajudar países em desenvolvimento que querem melhorar o meio ambiente. Demos passos para melhorar empregos, abandonando poços de petróleo e gás" afirmou.

"Temos que apoiar países em desenvolvimento, queremos dobrar nosso financiamento de clima até 2024. Posso garantir que estamos avançando para mobilizar US$ 6 bilhões [cerca de R$ 32 bilhões] por ano para esses países", disse.

Preparação para COP26
A reunião organizada pelos EUA é uma preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas deste ano, a COP26. Marcada para novembro em Glasgow, na Escócia, a conferência reúne, anualmente, líderes do mundo inteiro para discutir as mudanças climáticas.

Nesta edição, os governantes vão avaliar os resultados previstos no Acordo de Paris, de 2015, um marco nas negociações internacionais sobre o clima. Isso porque, naquele ano, os países se comprometeram a manter o aumento de temperatura da Terra a no máximo 1,5ºC desde a era pré-industrial.

O progresso feito até agora deveria ter sido avaliado em 2020, mas, por causa da pandemia, a conferência foi adiada para este ano.

Até hoje, o planeta já aqueceu 1,2ºC. No ritmo em que está, o mundo não vai atingir a meta prevista no acordo. Na verdade, as metas anunciadas em Paris resultariam em um aquecimento bem acima de 3ºC até 2100 em comparação com os níveis pré-industriais.

Para conseguir cumprir o acordo, o mundo precisa reduzir as emissões pela metade na próxima década e atingir emissões líquidas zero de carbono até a metade do século se quiser limitar os aumentos da temperatura global a 1,5ºC.

Líderes em emissões
Como parte do Acordo de Paris, todos os países concordaram em comunicar ou atualizar suas metas de redução de emissões – sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês) – a cada cinco anos, para refletir sua ambição mais elevada possível e uma progressão ao longo do tempo.

O site da COP26 alerta que "é especialmente importante que os países desenvolvidos e os maiores emissores assumam a liderança".

Em 2019, o Global Carbon Atlas (Atlas Global de Carbono, em tradução livre) divulgou um ranking dos 20 maiores emissores de CO2 do mundo ao longo do tempo. O Brasil aparece em 13º lugar. Veja os outros:
  1. China
  2. EUA
  3. Índia
  4. Rússia
  5. Japão
  6. Irã
  7. Alemanha
  8. Indonésia
  9. Coreia do Sul
  10. Arábia Saudita
  11. Canadá
  12. África do Sul
  13. Brasil
  14. México
  15. Austrália
  16. Turquia
  17. Reino Unido
  18. Itália
  19. França
  20. Polônia
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2021/09/17/biden-reune-lideres-para-debater-mudanca-climatica-presidentes-da-argentina-e-mexico-participam-mas-bolsonaro-nao.ghtml

Movimento de peças no grande xadrez estratégico do Pacífico Sul: Australia faz roque com EUA - Damien Cave, Chris Buckley (NYT)

Não se trata de um simples acordo de segurança estratégica, e sim de uma aliança para a guerra...

Why Australia Bet the House on Lasting American Power in Asia

Less than three years ago, Australia’s leader said his country need not choose between the U.S. and China. A nuclear submarine deal shows that much has changed since then.

Damien Cave and Chris Buckley

 The New York Times – 17.9.2021

 

Sydney , Australia — When Scott Morrison became Australia’s prime minister three years ago, he insisted that the country could maintain close ties with China, its largest trading partner, while working with the United States, its main security ally.

“Australia doesn’t have to choose,” he said in one of his first foreign policy speeches.

On Thursday, Australia effectively chose. Following years of sharply deteriorating relations with Beijing, Australia announced a new defense agreement in which the United States and Britain would help it deploy nuclear-powered submarines, a major advance in Australian military strength.

With its move to acquire heavy weaponry and top-secret technology, Australia has thrown in its lot with the United States for generations to come — a “forever partnership,” in Mr. Morrison’s words. The agreement will open the way to deeper military ties and higher expectations that Australia would join any military conflict with Beijing.

It’s a big strategic bet that America will prevail in its great-power competition with China and continue to be a dominant and stabilizing force in the Pacific even as the costs increase.

 “It really is a watershed moment — a defining moment for Australia and the way it thinks about its future in the Indo-Pacific region,” said Richard Maude, a former Australian security official who is now a senior fellow at the Asia Society Policy Institute.

“It does represent really quite sharp concerns now in the Morrison government about a deteriorating security environment in the region, about China’s military buildup and about China’s willingness to use coercive power to pursue national interests,” he said.

Clearly, the United States also made a choice: that the need for a firm alliance to counter Beijing is so urgent that it would set aside longstanding reservations about sharing sensitive nuclear technology. Australia will become only the second country — after Britain in 1958 — to be given access to the American submarine technology, which allows for stealthier movement over longer distances.

Zhao Lijian, a spokesman for the Chinese Ministry of Foreign Affairs, said during a regular news briefing in Beijing that the submarine agreement would “seriously damage regional peace and stability, exacerbate an arms race and harm international nuclear nonproliferation efforts,” according to a transcript issued by the ministry.

“This is utterly irresponsible conduct,” Mr. Zhao said.

For the United States, the decision to bolster a close Asia-Pacific ally represents a tangible escalation of its efforts to answer China’s rapid military growth. The Defense Department said in its most recent report to Congress that China now had the largest navy in the world, measured in numbers of vessels, having built a fleet of approximately 350 ships by 2019, including a dozen nuclear submarines.

By comparison, the U.S. Navy has around 293 ships. While American vessels tend to be larger, China is also catching up with aircraft carriers while surpassing the United States with smaller, agile ships.

At the same time, China has moved aggressively to secure locations for outposts and missiles, building up its presence on islands that it constructed in the South China Sea. Security analysts believe that Australia would be likely to use nuclear-powered submarines to patrol the important shipping lanes there, in waters also claimed by Vietnam, the Philippines and Malaysia. The choice of vessel, they said, sends an unmistakable message.

“Nothing is more provocative to China than nuke stuff and submarine stuff,” said Oriana Skylar Mastro, who is a fellow at the Freeman Spogli Institute for International Studies at Stanford University and at the American Enterprise Institute. “China’s so weak in anti-submarine warfare in comparison to other capabilities.”

“To me,” said Ms. Mastro, a regular visitor to Australia, “it suggests that Australia is willing to take some real risks in its relationship to stand up to China.”

 

The U.S. Defense Department says China now has the largest naval fleet in the world. 

 

American and Australian officials, seeking to douse proliferation concerns, emphasized that the submarines were nuclear-powered but had nothing to do with nuclear weapons. The promise of eight American vessels coincided with Australia’s cancellation of a contract for 12 conventional French-designed submarines that had been delayed and running over budget. French officials reacted angrily, calling the abandonment of the deal a betrayal of trust.

Speaking Thursday, Mr. Morrison said the reinforced security alliance with the United States and Britain, which will include collaborations on artificial intelligence and other emerging technology, reflected the needs of a more dangerous dynamic in the Asia-Pacific region.

“The relatively benign environment we’ve enjoyed for many decades in our region is behind us,” he said, without directly mentioning China. “We have entered a new era with new challenges for Australia and our partners.”

Some security analysts argued that China’s recent retaliation against Australia over its harder line — slashing imports of coal, wine, beef, lobsters and barley, along with detaining at least two Australian citizens of Chinese descent — appeared to have pushed Australia in the Americans’ direction. In response, China may extend its campaign of economic sanctions. Australia seems to have calculated that Beijing has little interest in improving relations.

“I think the fear of doing this would have been much more palpable even three or four years ago, maybe even two years ago,” said Euan Graham, an Asia-Pacific security analyst at the International Institute for Strategic Studies who is based in Singapore. “But once your relationship is all about punishment and flinging of insults, frankly, then that’s already priced in. China doesn’t have the leverage of fear, of being angry, because it’s angry all the time.”

A looming question, according to critics of Australia’s steadfast faith in the United States, is whether Washington will measure up. Ever since President Barack Obama announced a “pivot to Asia,” speaking before Australia’s Parliament in 2011, America’s allies have been waiting for a decisive shift in resources and attention. For the most part, they have been disappointed.

Dr. Graham said that the submarine deal would temper some of that criticism. For other allies like Japan and South Korea, he said: “It answers that question that the U.S. is still engaging in its alliance network in this part of the world.”

Still, the agreement did not erase all doubts about America’s commitment to countering China and defending its role as the dominant power in a complex region far from Washington and much closer to Beijing.

Sam Roggeveen, director of the international security program at the Lowy Institute, a research center in Sydney, said that over the long term, the United States might decide that the contest with China is too costly, forcing some degree of power sharing and reduced influence.

“The U.S. has never faced a great power of China’s size in its history,” he said. “It has never faced down a challenger like this.”

An alternative risk is that the American pushback against China spirals into a conflict that Australia, because of its bolstered partnership, cannot avoid. The two superpowers have experienced deepening tensions over Taiwan, the self-ruled island that Beijing claims as Chinese territory. The United States says that using force to determine Taiwan’s fate would be of “grave concern,” leaving open the possibility of military intervention.

“As the U.S.-China rivalry escalates, the United States will expect Australia to do more,” said Hugh White, a defense analyst at the Australian National University and a former military official.

“If the U.S. is allowing Australia to have access to its nuclear technology,” he added, “it’s because the U.S. expects Australia to be deploying its forces in a potential war with China.”

For now, the Australian government appears to view even that risk as worth taking on. James Curran, a historian of Australian foreign relations at the University of Sydney, called the decision to double down on the United States “the biggest strategic gamble in Australian history.”

“Australia is betting its house,” he said, “on the U.S. maintaining its resolve and will.”

 

A divisão do mundo na grande competição estratégica - Thomas Wright (Foreign Affairs)

 Foreign Affairs, Nova York – 17.9.2021

The Center Cannot Hold

Will a Divided World Survive Common Threats?

Thomas Wright

 

Before the COVID-19 pandemic began, Washington was coalescing around a new bipartisan consensus: great-power competition, especially with China, ought to be the main organizing principle of U.S. foreign policy. For some, the pandemic called that notion into question by suggesting that transnational threats pose an even greater danger to the American public than ascendant rival powers. Skeptics of great-power competition, such as Senator Bernie Sanders, an independent from Vermont, argued that the United States should seek to de-escalate tensions with China so that the two countries can work together to manage borderless risks such as pandemics and climate change. 

But the debate over whether great-power competition or transnational threats pose the greater danger to the United States is a false one. Look back at strategic assessments from ten years ago on China and Russia, on the one hand, and those on pandemics and climate change, on the other, and it is clear that Washington is experiencing near-worst-case scenarios on both. Great-power rivalry has not yet sparked a hot war but appears to be on the brink of sparking a cold one. Meanwhile, the worst pandemic in a century is not yet over, and the climate crisis is only accelerating. 

What COVID-19 has made powerfully clear is that this is an age of transnational threats and great-power competition—one in which the two phenomena exacerbate each other. Since the beginning of the pandemic, the Chinese government has been obsessed with maintaining its grip on power and has refused to cooperate with the international community to fight the virus. For its part, the administration of U.S. President Donald Trump framed the international dimensions of its pandemic response almost exclusively in terms of competition with China, extinguishing any hope of a multilateral cooperationeven with other democracies. At the height of the pandemic, the World Health Organization (WHO) became an arena for U.S.-Chinese rivalry, leaving the rest of the world to fend for itself. 

Great-power rivalry and transnational threats will both shape U.S. foreign and national security policies in the years to come. Washington cannot downplay one in order to better deal with the other. Attempting to ease tensions with China to make cooperation on global public health possible won’t work, partly because Beijing cannot credibly commit to being more transparent and cooperative in the future. By the same token, ramping up competition with China without a plan to rally the world to deal with transnational threats (which can themselves fuel rivalry between great powers) would only guarantee future disasters. 

The United States needs a strategy to address transnational threats under the conditions of great-power competition. It must aim to cooperate with rivals, especially China, to prepare for future pandemics and to tackle climate change. But in case cooperation fails, it must have a backup plan to rally allies and partners to provide a much greater share of global public goods, even if that means shouldering more of the costs. None of this will be easy, but all of it is necessary. 

 

SECRECY AND SURVIVAL

 

Competition between the United States and China has made the pandemic worse, and the pandemic, in turn, has deepened U.S.-Chinese rivalry and inhibited international cooperation more generally. But the negative synergy between great-power rivalry and transnational threats was evident even before COVID-19. In the decade after the SARS epidemic of 2002–4, the United States and China had developed a working relationship on global public health. On the eve of the current pandemic, the United States had dozens of public health professionals stationed at the U.S. embassy in Beijing from the Centers for Disease Control and Prevention, the Department of Health and Human Services, the National Institutes of Health, and the Food and Drug Administration. Among them was a team of approximately 12 CDC officials working on infectious diseases and pandemic preparedness. (The Trump administration had redeployed a number of CDC officials working on AIDS funded through the President’s Emergency Plan for aids Relief to countries such as Uganda, but the embassy team working on pandemic preparedness remained in place.)

But as a number of U.S. embassy officials told the foreign policy analyst Colin Kahl and me for our book Aftershocks, this team’s cooperation with the Chinese government became more challenging as U.S.-Chinese rivalry intensified, largely because of China’s actions. In 2018 and 2019, for instance, Chinese officials refused to fully share samples of a strain of bird flu known as H7N9 with the WHO’s “collaborating centers” for influenza, frustrating their U.S. counterparts. At the time, public health experts believed that this form of influenza, or some variant of it, could potentially be the source of the next global pandemic. 

Chinese public health officials also grew more reluctant to engage with their U.S. counterparts. In 2019, the U.S. embassy in Beijing hosted an event to mark 40 years of U.S.-Chinese relations. U.S. officials had planned to highlight public health cooperation—widely regarded as a success story in a sometimes tumultuous bilateral relationship—and several Chinese public health officials were slated to speak. But 24 hours before the event, amid rising trade tensions, all the Chinese officials canceled. It was a harbinger of things to come.

When COVID-19 hit, the Chinese Communist Party (CCP) maintained near-absolute secrecy. All channels of communication between Beijing and Washington went silent, as they did between Beijing and other governments. Chinese leaders sought to conceal vital information about the emerging epidemic in China from the rest of the world, even attempting to prevent Chinese scientists from sharing the genetic sequence of the virus with scientists in other countries. (A Chinese scientist deliberately disobeyed the order and collaborated with an Australian counterpart.) Beijing also pushed the WHO not to declare the outbreak a “public health emergency of international concern,” an official designation that would have required a coordinated international response, and not to support or even remain neutral on placing travel restrictions on China. 

What COVID-19 has made powerfully clear is that this is an age of transnational threats and great-power competition.

The Chinese government’s actions put the WHO in a difficult position and constrained its choices. During the SARS epidemic, Gro Brundtland, the director general of the WHO, called out the Chinese government for covering up the outbreak and refusing to cooperate fully with the international community. The strategy helped persuade Beijing to shift course and eventually to engage with the WHO. The United States had hoped the WHO would use the same playbook with COVID-19 and publicly criticize—or at least refuse to praise—Beijing for withholding cooperation. 

But senior WHO officials believed that Chinese President Xi Jinping was more dictatorial and less susceptible to outside pressure than his predecessors. If they tried to call him out, he was likely to shut them out completely. WHO officials also believed that working with China offered the only hope of stopping the virus. If that required publicly flattering Beijing, then so be it—a calculation that put the WHO on a collision course with the United States. 

It is impossible to say for certain why the Chinese government behaved the way it did, but secrecy and control make sense in light of what the vast majority of China experts believe to be Xi’s top priority: regime survival. Xi did not want to facilitate an international response to COVID-19 that could have attributed blame to China or isolated it through travel restrictions, either of which might have damaged the regime’s domestic legitimacy. Instead, Xi leveraged the pandemic to his advantage: China’s suppression of the virus became a matter of national pride, held up by Beijing in sharp contrast to the experience of the United States. 

Once it had controlled the virus at home, China became more assertive in its foreign policy. It linked pandemic assistance and, later, access to its vaccine to public praise for China and to favorable policy choices, such as participation in the health component of its Belt and Road Initiative. It also retaliated against Australia for seeking an international investigation into the origins of COVID-19. As the world reeled from the pandemic, China imposed a draconian national security law on Hong Kong, provoked a deadly border spat with India, and engaged in combative “Wolf Warrior” diplomacy around the world—aggressively responding to criticism, including by peddling falsehoods and disinformation. For China’s leaders, the pandemic revealed the inexorable decline of the West, confirmed Beijing’s power and capabilities, and created more latitude for the CCP to do as it wished.

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THOMAS WRIGHT is Director of the Center on the United States and Europe at the Brookings Institution.

Para acessar a íntegra:

 

https://www.foreignaffairs.com/articles/united-states/2021-08-24/center-cannot-hold