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sexta-feira, 1 de julho de 2022

A ampliação do Brics e o interesse nacional - Paulo Roberto de Almeida

 Meu artigo mais recente: 

Meu artigo mais recente: 1460. “A ampliação do Brics e o interesse nacional”, revista Crusoé (1/07/2022; link: https://crusoe.uol.com.br/secao/reportagem/a-ampliacao-do-brics-e-o-interesse-nacional/). Relação de Originais n. 4188.

A ampliação do Brics e o interesse nacional

Grupo de países foi dominado pela China e poderá incluir novos membros para se contrapor à hegemonia americana, arrastando com ele a diplomacia brasileira

Paulo Roberto de Almeida, Revista Crusoé, 1/07/2022

A 14ª Reunião de Cúpula dos Brics, organizada por Pequim, marcou uma mudança importante na natureza e no funcionamento desse grupo de países. Em sua declaração final, com a data de 23 de junho, seus membros afirmaram que apoiavam a discussão para o seu processo de expansão. O efeito foi rápido. Esta semana, Irã e Argentina apresentaram formalmente seus pedidos de ingresso. Senegal, Nigéria, Arábia Saudita, Cazaquistão, Egito, Emirados Árabes Unidos, Indonésia e Tailândia podem aderir mais adiante. À falta de um acrônimo que possa incluir tantos integrantes, uma hipótese é de que a instituição ganhe o nome de Brics+. Mas o problema não é só de ordem alfabética. A ampliação em curso serve principalmente aos interesses da China e da Rússia, que buscam uma plataforma para se contrapor ao mundo dominado pelos Estados Unidos. Trata-se de um perfil muito diferente daquele de quando o grupo foi criado, em 2009, o que obrigará a diplomacia brasileira a tomar decisões cada dia mais delicadas. 

O Brics expandido é mais um sintoma de uma mudança geopolítica ampla em todo o planeta, que está revertendo a ordem criada logo no início da Guerra Fria. Em 1947, o Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos tomou uma decisão, que guiou a conduta desse país nos assuntos internacionais pelo meio século seguinte, e provavelmente até a atualidade: manter uma inquestionável supremacia estratégica em termos militares e geopolíticos. Isso se deu não apenas no confronto com possíveis adversários (a União Soviética era o único, na ocasião), mas também em relação aos seus próprios aliados. A postura foi mantida sob todas as circunstâncias nas décadas seguintes, atravessando desde a fundação da Otan, em 1949, a adoção da doutrina da destruição mutuamente assegurada (MAD), nos anos 1950, a negociação de acordos de limitação de proliferação atômica, a partir de 1968, e até a implosão do antigo inimigo de 45 anos, a União Soviética. Nos anos 1990, os Estados Unidos se encontravam no ápice de seu momento unipolar. O Muro de Berlim caiu, a URSS se dissolveu em mais de uma dúzia de repúblicas independentes e os americanos deram uma extraordinária demonstração de força na primeira guerra do Golfo, em 1991, expulsando as tropas iraquianas de Saddam Hussein do Kuwait. 

De quebra, os americanos ainda tinham obtido um feito extraordinário: separar a China da União Soviética. A visita do presidente americano Richard Nixon ao chinês Mao Tsé-Tung e a subsequente ascensão da China comunista à cadeira da República da China no Conselho de Segurança da ONU, em 1971, consolidaram a ruptura entre os dois grandes inimigos do capitalismo e das democracias de mercado: a China se tornou uma aliada estratégica, ainda que disfarçada, dos Estados Unidos, contra a União Soviética, contra a qual ela tinha várias diferenças antigas e recentes nos milhares de quilômetros de fronteiras e de terras roubadas em séculos passados. 

Essa conquista extremamente significativa no quadro do seu planejamento geoestratégico foi completamente perdida no curso dos mesmos anos 1990, quando os Estados Unidos, depois de terem patrocinado a incorporação da China à economia global, passaram a tratá-la como adversária estratégica. Essa inversão de política motivou uma pequena revolução na política externa e na postura global da China, que passou a encarar os Estados Unidos, não como um aliado, num eventual confronto com a confusa Rússia desse período, mas como uma potência hegemônica. Os americanos passaram a ser vistos como um obstáculo à irresistível ascensão econômica e política da China, o grande Império do Meio, temporiamente diminuído e humilhado pelas grandes potências ocidentais e pelo Japão. 

A China incorporou o Brics neste contexto. De início, havia a iniciativa de Rússia e Brasil de transformar um exercício intelectual articulado em torno do acrônimo BRIC — Brasil, Rússia, Índia e China — criado por um economista Jim O’Neill do banco Goldman Sachs, em um grupo diplomático com uma “carteira de negócios”. Assim, provavelmente, o Brics deve ter sido o primeiro grupo de países que não nasceu em torno de um projeto deliberado e racionalmente articulado pela vontade de seus membros constitutivos – com vistas a objetivos comumente determinados, em função dos interesses nacionais de cada um deles –, mas que foi induzido externamente, com base unicamente em projeções de retornos ampliados a partir de quatro economias então relativamente dinâmicas (Rússia e Brasil degringolaram em seguida). 

Não demorou para que a pegada chinesa fosse sentida. Desde o início do grupo, a China já representava mais da metade do seu peso total, em termos de PIB, comércio, finanças, capacidade de investimento, infraestrutura e demais indicadores econômicos. De certo modo, Pequim já podia determinar para que direção caminharia o novo grupo, muito artificial sob todos os demais aspectos políticos, diplomáticos, culturais e, sobretudo, geopolíticos. A oportunidade não foi desperdiçada. Na primeira reunião de cúpula dos quatro dirigentes, em Ecaterimburgo, em 2009, a China buscou uma aproximação com países africanos, pois que tinha enormes projetos de investimentos no continente. Em 2011, por sua influência, a África do Sul foi admitida no bloco, que se converteu em Brics. O acrônimo foi preservado, mas já indicava um grupo que pouco tinha a ver com o espírito inicial do seu “projetista” de investimentos, Jim O’Neill. 

A criação do New Development Bank, o banco dos Brics, e do mecanismo de empréstimos contingentes, na cúpula de Fortaleza, em 2014, pareciam sinalizar uma maior adequação dos Brics aos seus objetivos originais. Falava-se em promoção do crescimento econômico, em promover intercâmbios comerciais e financeiros e em incorporar os cinco países de maneira mais ou menos coordenada aos grandes circuitos da economia mundial. 

Essa tendência positiva e pró-globalização sofre uma quebra em 2014, quando a Rússia de Vladimir Putin invade a Ucrânia oriental e anexa a península da Crimeia. A Rússia passou a sofrer sanções dos países ocidentais, mas os demais membros do grupo permaneceram estranhamente silenciosos em face dessa violação flagrante da Carta da ONU e do direito internacional. Além disso, a China, totalmente empenhada na realização da sua nova Rota da Seda, trilhando caminhos nas antigas satrapias da URSS, começou a reforçar sua cooperação com a Rússia. Ao mesmo tempo, os chineses passaram a desenvolver novos caminhos para superar os obstáculos colocados pelos americanos para conter o que eles consideram uma ascensão irresistível. 

A ampliação dos Brics é parte desse esforço. A China quer articular uma coalizão suficiente de países para se contrapor às manobras americanas. Esse é o ponto fulcral. Por acaso, essa expansão também contempla os interesses da Rússia, que precisa escapar do isolamento conduzido pelas principais potências ocidentais após a invasão da Ucrânia. O Brics, portanto, passou a ser usado para fins diversos daqueles concebidos inicialmente. 

Não se sabe ainda como a futura diplomacia brasileira – a atual já quase não conta mais – vai reagir ante à incorporação de novos membros ao Brics. Outro ponto a acompanhar será se nossos representantes continuarão demonstrando a mesma indiferença em relação a uma guerra cruel na Ucrânia, que claramente afronta todos os valores e princípios da política externa e diversas cláusulas constitucionais das relações internacionais.

Esse é o quadro que se apresenta ao Brasil. Durante o governo de Lula, quando o Itamaraty era chefiado por Celso Amorim, o país patrocinou, como um aprendiz de feiticeiro, uma aventura diplomática, ao lado da Rússia de Vladimir Putin e Sergei Lavrov. A ideia foi aceita quase que de imediato pela China e pela Índia, cada um deles de acordo com suas próprias razões. A África do Sul entrou de arrasto, para atender aos desejos chineses, e outros países estão batendo à porta.  

O que o Brasil pode pretender no Brics agora, quando o grupo está sendo claramente manipulado pela China e pela Rússia, em função de interesses exclusivamente nacionais, tanto no plano estratégico, quanto nos seus objetivos táticos? Essa é uma pergunta que não terá resposta imediata, nem pode ter, em virtude da conjuntura eleitoral brasileira, mas que permanece como uma das definições de grande diplomacia a serem equacionadas no futuro de médio prazo.

O fato é que o Brics se tornou um animal muito grande para ser encabrestado por um país de recursos limitados como o Brasil. Nosso país claramente não tem como controlar a direção desse grupo para satisfazer objetivos puramente nacionais de crescimento econômico e de desenvolvimento social, os quais deveriam ser as molas básicas da nossa política externa. A questão de quem manda no Brics está posta. O Brasil saberá responder?

 

Paulo Roberto de Almeida é diplomata e autor do livro A grande ilusão do Brics: e o universo paralelo da diplomacia brasileira

 

Ukraine: The West Débuts a New Strategy to Confront a Historic “Inflection Point” - Robin Wright (The New Yorker)

The New Yorker

The West Débuts a New Strategy to Confront a Historic “Inflection Point”

In Madrid this week, NATO laid out a bold plan for military expansion in response to Putin’s war. But can its member states overcome political divisions at home?
Joe Biden walks offstage after addressing media representatives during a press conference at the NATO summit.
“Putin thought he could break the transatlantic alliance,” Joe Biden said. “He wanted the Finlandization of NATO. He got the NATO-ization of Finland.”Photograph by Brendan Smialowski / AFP / Getty

The last time NATO leaders hashed out a new global strategy, in 2010, the alliance officially embraced Russia. President Dmitry Medvedev, the puppet stand-in for Vladimir Putin, attended the summit, in Lisbon. “The period of distance in our relations and claims against each other is over,” Medvedev declared. The Western powers, in turn, announced “a true strategic partnership” with Russia to create “a common space of peace, stability, and security.” They promised political dialogue as well as practical coöperation on issues ranging from missile defense and counterterrorism to counter-narcotics.

Well, that’s over. At a summit this week in Madrid, the world’s mightiest military alliance grew both mightier and bolder in confronting Russia. NATO vowed to ramp up troop presence and war matériel to secure Europe against future Russian aggression and to aid Ukraine’s campaign, for “as long as it takes,” to win back the territory seized by Putin. The NATOSecretary-General Jens Stoltenberg described the new strategy as the “biggest overhaul of our collective defense deterrence since the end of the Cold War.” It includes a greater U.S. presence in Eastern nations close to Russia, such as Estonia and Romania, and a permanent U.S. deployment in Poland, on NATO’s eastern flank. The U.S. now has more than a hundred thousand military personnel across Europe. “We’re stepping up,” President Joe Biden said.

The new strategy reflects a dramatic shift in the West—from talk of Europe’s economic and security interdependence with Russia, in the post-Cold War era, to open confrontation with Moscow, Ivo Daalder, a former U.S. Ambassador to NATOwho now heads the Chicago Council on Global Affairs, told me. Stoltenberg called the summit “transformational.”

The NATO summit also marks a departure from the policies of Donald Trump, who said he “trusted” Putin, threatened to withdraw from NATO, and left his fellow-leaders shaken at every encounter. NATO’s reach is instead expanding. It had just twelve founding members in 1949. With the invitations extended this week to Sweden and Finland, it will soon include thirty-two countries, and its frontline with Russia will double. “Putin thought he could break the transatlantic alliance,” Biden said at a press conference on Thursday. “He wanted the Finlandization of NATO. He got the NATO-ization of Finland.” The new strategic concept for the first time cites the challenges posed by China and the need to build “resilience” against political meddling, disinformation, energy shortages, and food insecurity. In another first, it pledged to deepen ties with allies in the Indo-Pacific. The leaders of Japan and South Korea met with NATO members, including Biden, on the sidelines in Madrid.

The new strategy is muscular and sweeping in ways that could play out for years, even decades, Doug Lute, a former Ambassador to NATO and retired three-star general, told me. Putin’s war, and NATO’s response, represents a historic “inflection point,” like the fall of the Soviet Union or the 9/11 attacks, he said. The summit, however, did not address how NATO envisions ending the war or what it will do about membership for Ukraine. On Wednesday, the director of National Intelligence, Avril Haines, predicted that the war could grind on for an “extended” time. Putin intends to seize most of Ukraine, not just the eastern and southern regions he now controls, she said. In a speech to NATO leaders, the Ukrainian President, Volodymyr Zelensky, asked whether his nation had “not paid enough” to join NATO. More than ten thousand Ukrainians—up to two hundred a day—have been killed since Russia launched its invasion, in February. More than five million have fled the country; another seven million have been displaced inside it. More than a hundred billion dollars in civilian infrastructure has been destroyed, with the World Bank projecting that the Ukrainian economy will contract by up to forty-five per cent this year.

“Russia’s tactics are very simple. It destroys everything—houses, shopping malls, schools, hospitals,” Zelensky said. “Next year, the situation may be worse not only for Ukraine but also for several other countries, possibly NATO members, that may be under fire from Russia. Then it will be our common failure.” Under Article 10, NATO membership is open to any “European State in a position to further the principles of this Treaty and to contribute to the security of the North Atlantic area.” The military alliance, Zelensky pleaded, should “find a place for Ukraine in the common security space.”

For all their collective might, key NATO governments are individually weak, and facing electoral challenges. Biden’s political support has sunk in the run-up to midterm elections. “The domestic foundations of U.S. foreign policy are much more fragile than they once were,” Charles Kupchan noted in Foreign Affairs this week. A survey conducted by IPSOSand NPR near the first anniversary of the January 6th Capitol riot found that seven out of ten Americans—and a majority irrespective of party affiliation, age, gender, or region—believe the United States is at risk of failing altogether. In another poll this week, eighty-five per cent of American adults said the country was headed in the “wrong direction.”

In the United Kingdom, Boris Johnson’s numbers are tanking. Last month, he barely survived a mutinous no-confidence vote in which forty per cent of his own party voted against him. Scotland’s First Minister, Nicola Sturgeon, just announced plans for a referendum on its independence. The week before the NATO summit, France faced political paralysis after the centrist Ensemble coalition of President Emmanuel Macron lost majority control in legislative elections. Support for the far-right National Rally of Marine Le Pen, who likes Putin and wants to withdraw from NATO’s military command, surged more than tenfold—from eight to a record eight-nine seats. The upset, which created the first minority government in more than three decades, puts the nation at greater risk “in view of the challenges we have to face,” the Prime Minister, Élisabeth Borne, said.

Meanwhile, the German Chancellor, Olaf Scholz, who has only held power since December, faces an unprecedented energy crisis, as Russia cuts off the country’s supply of natural gas. (Russia has “weaponized energy” by cinching gas flows to twelve European nations, Frans Timmermans, the European Union climate chief, said last month.) Germany is divided politically, too, over how much weaponry to provide Ukraine.

In Italy, the Five Star Movement—the largest party in the national unity government of Prime Minister Mario Draghi—has split in two over Ukraine. Italy had a long history of warm relations with Russia, but Putin’s war triggered a political crisis in Rome. Draghi supports aid to Ukraine, sanctions on Russia, and increasing Italy’s defense budget, while the former Prime Minister Giuseppe Conte, a populist who leads the Five Star Movement and has previously befriended Putin, has opposed all three. Last month, Foreign Minister Luigi Di Maio, a co-founder of Five Star, walked away from it. He led more than sixty lawmakers to form a breakaway party to support Draghi’s policies, despite the escalating hits on Italy’s economy. And most NATO members face spiralling inflation, higher gas prices, and crises over food security and troubled supply lines.

One of the common challenges across NATO is the political drift from its core values, Lute said. NATO stipulates that its purpose is to “guarantee the freedom and security of its members through political and military means.” It’s a commitment to democracy. Seven decades later, member states such as Turkey and Hungary are under the thumb of increasingly autocratic leaders. The internal political divisions there and elsewhere open the way for Russian interference, Lute noted. “Russia doesn’t have to create the fissure. Russia only has to sort of try to enlarge and deepen the fissure.”

Any prospect of NATO fulfilling its new strategy has to begin with political unity at home. “It’s going to be an exceedingly tough challenge to actually do what NATO says it’s going to do, unless we can get past some of these divisions,” Lute said. Daalder countered that NATO’s widening agenda is sustainable because the alliance itself is not a political football in any member state. Even during the Trump years, the House and Senate passed bipartisan legislation to prevent a withdrawal from NATO. But it will take the better part of this decade, he acknowledged, to fulfill all the tangible pledges on defense budgets and troop commitments.

Away from the accelerating political drama back in Washington, the President had a good week overseas. But then he had to come home. ♦

Jerry Dávila fará conferência de abertura da Universidade de Verão da UFMG, dia 4/07, 9hs

Grandes nomes nesta série de conferências na UFMG Summer School on Brazilian Studies. A não perder.

Nova edição de curso sobre temas brasileiros reunirá estudantes de 26 países

Promovida pela DRI, 'Summer School' começa na segunda com conferência de estudioso das relações diplomáticas com a África; palestra terá transmissão pelo YouTube

https://ufmg.br/comunicacao/noticias/nova-edicao-de-curso-sobre-temas-brasileiros-reunira-estudantes-de-26-paises

Bandeiras de Minas Gerais, do Brasil e da UFMG hasteadas em frente ao prédio da Reitoria
Bandeiras de Minas Gerais, do Brasil e da UFMG hasteadas em frente ao prédio da Reitoria Lucas Braga | UFMG

O historiador brasilianista Jerry Dávila, da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, vai ministrar a conferência de abertura da UFMG Summer School on Brazilian Studies, nesta segunda-feira, 4, a partir das 9h. Dávila é autor de vários livros, entre eles Hotel Trópico: o Brasil e o desafio da decolonização africana, no qual analisa a diplomacia brasileira entre as décadas de 1950 e 1980, mostrando que o mito da democracia racial esbarra em fortes evidências sociais de preconceito e exclusão. A conferência será transmitida pelo canal da Diretoria de Relações Internacionais, promotora do curso, no YouTube

O evento, on-line, reunirá participantes previamente inscritos, com programação até 15 de julho. O principal objetivo é apresentar a UFMG e o Brasil ao público de universidades estrangeiras. “Essa visibilidade tem vários efeitos, inclusive o de melhorar a nossa posição em rankings internacionais, já que alguns deles levam em consideração uma espécie de ‘top of mind’ [instituições que são lembradas espontaneamente pelas pessoas]”, explica o professor Aziz Saliba, diretor de Relações Internacionais

As atividades reunirão 58 estudantes, previamente inscritos, de 34 instituições localizadas em países de todos os continentes: África do Sul, Argentina, Austrália, Bélgica, Canadá, Cazaquistão, China, Egito, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, França, Indonésia, Itália, Japão, México, Nigéria, Panamá, Paquistão, Peru, Quirguistão, Reino Unido, Rússia, Suíça e Tajiquistão. 
 
Participam também 38 estudantes da UFMG, dois deles do Colégio Técnico (Coltec). “Queremos nossos alunos participando da Summer School. Para eles, é uma experiência de convívio em um ambiente verdadeiramente diverso, cosmopolita”, afirma Saliba.

Jerry Dávila é professor da Universidade de Illinois
Jerry Dávila é professor da Universidade de Illinois (EUA)
Acervo pessoal 

 

País complexo
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida afirma que o Brasil é um país culturalmente complexo, que desperta curiosidade e interesse. Também por isso é suscetível a análises apressadas e preconceituosas. “Um dos brasileiros mais ilustres, o compositor Tom Jobim declarou certa vez que o Brasil não é para principiantes. Construímos uma identidade atravessada por fenômenos traumáticos, como a escravidão, abrigamos a maior floresta tropical do mundo e estamos no epicentro de disputas culturais e ideológicas que marcam tempos extremamente turbulentos. Compreender o Brasil não é tarefa simples, mas acreditamos que, com esse curso, a UFMG oferecerá aos estudantes estrangeiros um panorama realista de nossas potencialidades e fragilidades como nação”, resume a reitora.

Com esse propósito, a programação terá sessões temáticas conduzidas por professores da UFMG de diferentes áreas do conhecimento: História do Brasil (Rafael Scopacasa), Geologia do Brasil (Tiago Novo), Economia brasileira (Débora Freire), Política brasileira (Bruno Reis), Direito brasileiro (Juliana Cesario Alvim Gomes), Sociedade brasileira (Corinne Davis Rodrigues), Raça no Brasil (Cristiano dos Santos Rodrigues), Política externa do Brasil (Lucas Carlos Lima) e Cultura brasileira (Heloisa Faria Braga Feichas). 

No dia 6 de julho, às 14h, haverá uma sessão especial com o professor Guilherme Casarões, da Fundação Getúlio Vargas, pesquisador de temas como política externa brasileira, extrema direita e nacionalismo religioso, relações Brasil-Oriente Médio e Teoria das Relações Internacionais.
 
Estão previstas, ainda, aulas de português para estrangeiros e várias atividades culturais: a exibição do filme A última floresta (2021) ‒ ambientado em um território Yanomami na Amazônia ‒, com comentários do professor Ulysses Panisset, da Faculdade de Medicina da UFMG, tour virtual ao museu de arte contemporânea Inhotim, localizado em Brumadinho, e um luau.

Richard Morse: um americano intranquilo - Fernando José Coscioni resenha livro de Ana Claudia Veiga de Castro

 Sem ter conhecido pessoalmente Richard Morse, quando organizei encontros e uma obra sobre a tribo brasilianista enquanto estive em Washington— publiquei O Brasil dos Brasilianistas, 1945-2000 —, pois que Morse vivia no Haiti, ainda assim estive na missa post-mortem organizada em sua homenagem na catedral da Catholic University of America, pouco depois de sua morte. O livro está disponível em minha página de Academia.edu.

Paulo Roberto de Almeida 



O HISTORIADOR GRINGO FISSURADO PELA PAULICÉIA 

Fernando José Coscioni

Livro esplêndido, especialmente para quem gosta de história intelectual com abordagens comparadas entre países distintos. Fala sobre a trajetória de Richard Morse (1922-2001), importante historiador norte-americano, especialista em América Latina, que lecionou por décadas em Yale. 

A autora, Ana Claudia Veiga de Castro (professora da USP), elucida, com enorme riqueza de detalhes e rigor primoroso de pesquisa, as condições de produção, as influências intelectuais e a recepção da obra "Da comunidade à metrópole: biografia de São Paulo", que foi publicada, com suporte do aparato cultural da prefeitura, por Morse em 1954, na ocasião das comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo. 

O livro do historiador americano, que é, na realidade, uma adaptação da sua tese de doutorado defendida na Universidade de Columbia em 1952, até hoje é considerado uma espécie de marco inaugural da historiografia urbana da maior cidade brasileira. 

Morse fez, posteriormente, algumas modificações pontuais na obra e, à luz de considerações sobre o desenvolvimento do debate envolvendo a questão da especificidade da urbanização latino-americana, republicou o trabalho em 1970, na famosa coleção "Corpo e Alma do Brasil", com o título de Formação Histórica de São Paulo: de comunidade a metrópole".  

O ponto mais rico da obra de Ana Claudia é a reconstrução das redes de sociabilidade e das influências de Morse. 

A autora enfatiza a relação do norte-americano com o paradigma de pesquisa "ecológico" da Escola de Chicago (especialmente com Robert Park e Louis Wirth), com a sensibilidade etnográfica de seu orientador, o antropólogo Frank Tannenbaum (latino-americanista de mão cheia e grande estudioso da história mexicana), com as discussões da teoria da modernização, que vinham da sociologia do início do século (Simmel e Tönnies principalmente) e da obra de Robert Redfield (debates que, como sabemos, estavam centrados na reflexão sobre o impacto "desorganizador" e "anômico" que a urbanização trazia, ao fragilizar os vínculos "comunitários" e impor a impessoalidade e a aceleração de uma ordem social baseada nas operações "matemáticas" impessoais de uma economia monetária), com a preocupação com a "cultura" urbana e a personalidade das cidades, problemática herdada dos estudos seminais do polímata Lewis Mumford, e, sobretudo, com o meio intelectual e artístico paulistano dos anos 1940 e 1950, especialmente a partir de seu contato com o grupo uspiano formado por Antonio Candido, Sérgio Buarque de Holanda e Florestan Fernandes, e também com artistas modernistas e arquitetos. 

Morse construiu sua interpretação da evolução histórica paulistana a partir de uma preocupação com a delimitação do "ethos" que teria prevalecido na cidade nos momentos históricos que compreendem o período que vai do pós Independência política do Brasil até o meio do século XX. 

Para isso, em parte por influência de Antonio Candido (que falou em "momentos decisivos" e na "formação" da literatura brasileira), o historiador tomou como referência uma abordagem culturalista do desenvolvimento de São Paulo, que partia das análises das obras de Álvares de Azevedo e Mário de Andrade com o objetivo de enxergar nelas um retrato do "ethos" que teria marcado a cidade no início e no meio do século XIX, no caso de Azevedo, o "romântico", e no início do século XX, no caso de Andrade, o "modernista". 

Sem abrir mão da descrição dos aspectos sociais, econômicos e geográficos do desenvolvimento histórico da Paulicéia, Morse incorpora, segundo a autora, a oposição binária entre "romantismo" e "modernismo" como o principal polo organizador de sua leitura da evolução da metrópole. 

Um grande destaque dessa pesquisa é a maneira intrincada através da qual a autora articula uma série de movimentos da história intelectual brasileira e norte-americana com o contexto global do pós II Guerra, momento em que os EUA começavam a realizar, em grande medida por razões geopolíticas, uma série de investimentos em pesquisas acadêmicas e em redes de colaboração intelectual para compreender melhor a América Latina, dos quais o historiador se beneficiou amplamente para viabilizar a sua empreitada. 

A enorme região do continente americano exercia, nos anos 1940 e 1950, grande atração sobre jovens intelectuais como Morse, que queriam descobrir a "outra América", aquela não protestante, de matriz ibérica e católica, que gerou uma cultura híbrida e mestiça, e que, no entendimento do historiador, representava, à época, uma espécie de evidência da possibilidade de que haveria uma outra maneira de ser moderno, que combinasse modernidade e capitalismo com formas mais "flexíveis" de sociabilidade e de organização institucional que não fossem tão rígidas quanto as formas sociais modernas engendradas pelo desenvolvimento histórico dos países centrais (aqui, o historiador oferece claramente um contraponto à tese do déficit de modernidade do Brasil como um problema a ser superado, que marca a argumentação de Sérgio Buarque em "Raízes do Brasil"). 

Por fim, em meio a todo esse rico contexto histórico e intelectual de Brasil e EUA nas décadas de 1940 e 1950, São Paulo, no bojo do espírito de redescoberta do país e do lugar dos paulistas na história nacional, fomentado pelo modernismo (já não mais em sua fase pioneira, é verdade), vivia um período importantíssimo da sua história, caracterizado, entre outras coisas, pela sua consolidação definitiva como a cidade mais importante do Brasil, que culminou no febril ano de 1954, no qual ocorreram intensas comemorações do IV Centenário e foi inaugurado, junto com todo o complexo do Ibirapuera, o Monumento às Bandeiras, de Brecheret, que havia começado a ser construído décadas antes.

Itamaraty e postos no exterior entram em regime de "quarentena" eleitoral - Circular do MRE-Secom

Sem estar mais adstrito às normas de "hierarquia e disciplina" de nossa Santa Casa, ouso pronunciar-me num sentido contrário a esta circular relativa à quarentena eleitoral imposta ao Itamaraty por causa do período e da legislação eleitoral. Creio que a quase totalidade dos diplomatas, com pouquíssimas exceções por algum desarranjo mental, gostariam de se pronunciar, em suas redes pessoais ou nas ferramentas oficiais mais ou menos assim: 

CHEGA! Está quase na hora de nos livrarmos da vergonha dos últimos quatro anos, quanto tivemos de suportar um bando de lunáticos no comando da política externa, conspurcando valores e princípios da nossa diplomacia profissional. Em breve estaremos livres do desgoverno atual e do pária que nos envergonha.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 1o. de julho de 2022


Da SERE em 29/06/2022

Circular Telegráfica 

Defeso eleitoral. Publicidade institucional. 

"Website". Redes sociais. Instruções. 

RESUMO= Informo e rogo providências urgentíssimas. Em razão do início do período de defeso eleitoral (2 de julho próximo), as atividades de comunicação institucional do Ministério, inclusive da rede de Postos no exterior, deverão adequar-se às restrições impostas pela legislação em vigor. A Secretaria Especial de Comunicação Social do Ministério das Comunicações (SECOM) enviou os ofícios-circulares 205, 220, 257, 282, 283 e 287/2022/SEI-MCOM, em que faz referência a condutas vedadas a agentes públicos no período de defeso eleitoral, de 2 de julho a 2 de outubro próximos, ou 30 de outubro, caso haja segundo turno na eleição presidencial. 

I - Publicidade institucional e marcas do Governo Federal 

2. Dentre as orientações transmitidas pela SECOM, destacam-se a vedação à publicidade institucional e a suspensão de "toda e qualquer forma de divulgação da marca do Governo Federal, na publicidade ou em qualquer ação de comunicação para o período eleitoral" (art. 41 da Instrução Normativa SG/PR n.º 1, de 11 de abril de 2018). 

3. O art. 3º da Instrução Normativa nº 1, da Secretaria-Geral da Presidência da República, de 11 de abril de 2018, define publicidade institucional como postagens, vídeos, filmes, vinhetas, marcas, "slogans" e qualquer conteúdo de natureza similar, contratados ou orgânicos, "a que se destina a divulgar atos, ações, programas, obras, serviços, campanhas, metas e resultados dos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal, com o objetivo de atender ao princípio da publicidade, de valorizar e fortalecer as instituições públicas, de estimular a participação da sociedade no debate, no controle e na formulação de políticas públicas e de promover o Brasil no exterior.

4. Em decisões do Tribunal Superior Eleitoral, a simples permanência da publicidade institucional durante o período do defeso é considerada suficiente para configurar conduta vedada pela legislação eleitoral, independentemente do período em que a peça publicitária tenha sido autorizada e divulgada. Dessa forma, a permanência de placas ou objetos em que constem expressões ou imagens que possam identificar a marca do Governo federal, inclusive a marca "Pátria Amada Brasil", bem como autoridades, servidores ou administrações que estejam em disputa eleitoral constitui propaganda vedada. 

5. Nesse sentido, a marca do Governo Federal ("Pátria Amada Brasil"), quando impressa em meio físico, deve ser retirada ou coberta com tarja preta. Em ambiente digital, deve-se retirar a marca "Pátria Amada Brasil" e demais marcas identificadoras do Governo Federal em sítios de "internet", perfis em redes sociais e quaisquer outros meios digitais sob a administração do Posto. A assinatura oficial "MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES", que integra a logomarca do MRE, também será substituída por outra, de tipologia específica para o período eleitoral, a ser divulgada no endereço https://www.gov.br/mre/pt-br/centrais-de-conteudo/logomarcas-institucionais.

6. Nas ações de divulgação do Ministério, em ambientes físico e virtual, não pode haver citação ao Governo Federal, nem de forma escrita, nem em elementos visuais. Assim, imagens, fotos, vídeos, vinhetas e quaisquer elementos de identidade visual, estática ou dinâmica, que contenham referência ao Governo Federal, devem ser ocultados ou excluídos, tanto dos meios físicos, como dos endereços eletrônicos. 

 

II - Endereço eletrônico ("website") 

7. O seguinte conteúdo deve ser obrigatoriamente ocultado dos "websites": a) Conteúdos de publicidade institucional, nos termos dos parágrafos 2 a 6, acima; e b) Marcas, "slogans" e símbolos que remetam ao Governo Federal, nos termos dos parágrafos 4 a 6, acima. 

8. Conteúdo publicado anteriormente ao defeso eleitoral cuja permanência no "website" do Posto seja julgada imprescindível, durante o período de defeso eleitoral, deve ser adaptado, para que sejam respeitadas as diretrizes de publicação de conteúdo impessoal e noticioso. 

9. Para facilitar o controle sobre o conteúdo divulgado, as atuais páginas eletrônicas dos Postos serão migradas ao portal "gov.br", no dia 1º de julho de 2022. Nas novas páginas, constarão, inicialmente, apenas o endereço da repartição, os horários de atendimento ao público e as formas de contato e acesso a serviços consulares, quando cabível, durante o período do defeso. 

10. Os novos endereços eletrônicos devem ser divulgados, desde o dia de recebimento desta circular telegráfica, nas páginas atualmente existentes, com o seguinte aviso-padrão, em língua portuguesa e em outros idiomas, de acordo com as circunstâncias locais:

"EM RAZÃO DO INÍCIO DO PERÍODO DE DEFESO ELEITORAL, EM 2/7/2022, ESTA PÁGINA SERÁ TEMPORARIAMENTE DESATIVADA. INFORMAÇÕES SOBRE SERVIÇOS AOS CIDADÃOS PODEM SER ENCONTRADAS NO DIRETÓRIO DISPONÍVEL EM https://www.gov.br/mre/pt-br/assuntos/representacoes/representacoes-brasileiras-no-exterior".

Quando acessados por usuários externos, os endereços eletrônicos dos Postos hospedados fora do portal "gov.br" serão direcionados às novas páginas. 

11. O conteúdo das páginas que serão desativadas estará acessível a editores, tanto na Secretaria de Estado, como nos Postos integrados à Rede Mundial. Recomenda-se, contudo, que cada Posto faça, individualmente, "backup" do conteúdo até então publicado, para posterior utilização, após o fim do período de defeso eleitoral. 

12. Cada Posto deve, igualmente, enviar telegrama com distribuição DCIN/DINFOR, com os nomes de dois editores que serão habilitados a atualizar as informações de caráter exclusivamente consular ou compatível com as restrições impostas pela legislação eleitoral, com os seguintes dados: a) nome completo, conforme registrado no CPF; b) número do CPF (apenas números, sem pontos ou hífen) e c) endereço de "e-mail" funcional. Os editores serão capacitados, oportunamente, a incluírem, nas novas páginas, informações relativas à organização de consulados itinerantes e das eleições no exterior, bem como a quaisquer temas consulares que, por sua natureza, requeiram comunicação imediata ao público externo. Anúncios de interesse da comunidade devem ser mantidos, respeitadas as restrições decorrentes do período de defeso. 

III - Sistema "e-consular" 

13. As novas páginas de cada Posto, hospedadas no portal "gov.br", contarão com "link" para direcionamento ao sistema "e-consular". Na página inicial do sistema "e-consular" de cada Posto deve ser incluído o seguinte texto padronizado, de forma a se respeitar a legislação eleitoral em vigor, com versões equivalentes em outros idiomas, quando adequado às circunstâncias locais: 

ABREM-SE ASPAS 

Bem-vindo ao "e-consular", o sistema eletrônico de solicitação de serviços consulares da Embaixada / do Consulado-Geral / do Vice-Consulado em [NOME DO POSTO]. 

Antes de dar início à solicitação, leia com atenção todas as informações constantes em nossa página na "internet" sobre o serviço que pretende solicitar. Caso seja seu primeiro acesso, clique em: "cadastre-se para criar uma nova conta" e siga as instruções. 

Atenção: a senha que será enviada ao seu "e-mail" só deve ser utilizada para acessar o sistema pela primeira vez e não deve ser confundida com a senha pessoal de acesso que você criará e utilizará sempre que acessar o sistema. 

Após o "login", clique em "meus serviços consulares" e, na tela seguinte, em "novo serviço" para escolher, da lista de serviços que serão apresentados, o serviço que deseja solicitar. 

O "e-consular" não disponibiliza imediatamente datas para agendamento. Antes de ter acesso a dias e horários para agendar sua visita, é necessário enviar pelo sistema a documentação (fazer o "upload" das imagens) para cada serviço, quando solicitado. Somente após conferência e validação da documentação, o usuário receberá por "e-mail", opções de dias e horários para agendar sua vinda à Embaixada / ao Consulado / ao Vice-Consulado. No dia do atendimento, traga os documentos originais, cujas imagens foram enviadas por meio do sistema do e-consular. 

Em caso de dificuldade para operar o sistema, os dados de contato da Embaixada / do Consulado / do Vice-Consulado estão disponíveis no endereço eletrônico [INSERIR "WEBLINK" DA NOVA PÁGINA DO POSTO NO PORTAL "GOV.BR"] 

 FECHAM-SE ASPAS 

IV - Redes sociais 

14. Por instrução expressa da SECOM - e em cumprimento a jurisprudência recente e a orientação da Câmara Eleitoral da AGU -, as atuais contas de mídias sociais dos Postos devem ser suspensas, até o fim do período do defeso eleitoral. A orientação de como suspender contas nas redes "Facebook", "Instagram", "Twitter" e "YouTube" será publicada até o próximo dia 30, na Diplopédia, no seguinte endereço:https://diplopedia.itamaraty.gov.br/Departamento_de_Comunicação_Social. Caso o Posto disponha de conta em outras redes sociais, como "Flickr", "TikTok", "LinkedIn", "SoundCloud" e outras, deve também proceder à suspensão temporária de seus perfis.

15. As atuais contas deverão ser substituídas, até o dia 30 do corrente mês, por contas temporárias, durante o período do defeso eleitoral. Recomenda-se que as contas temporárias tenham endereço e título que reproduzam o endereço e título da conta original, com a adição de expressão que identifique que se trata de conta temporária, como @gov.BrazilBrussels. Os endereços e títulos das novas contas temporárias nas redes sociais devem ser informados por telegrama à Divisão de Comunicação Institucional (DCIN). 

16. Nas contas atualmente existentes, deve-se afixar publicação com aviso similar ao do parágrafo 10, acima, a partir da data de recebimento desta circular telegráfica. Em cada nova rede social temporária, deve-se destacar comunicado ao público que explique que a conta original está suspensa temporariamente, para cumprimento das exigências relacionadas ao período de defeso eleitoral. 

17. O conteúdo das postagens nas novas redes sociais temporárias deverá restringir-se a veicular apenas informações de interesse direto do cidadão, que se refiram à prestação de serviço oferecido pelo Posto. Deve-se observar o princípio da impessoalidade, bem como manter as publicações de forma objetiva e noticiosa, sem marcações de perfis pessoais, e sem adjetivações ou comparações entre gestões, a qualquer título. 

18. Repartições consulares devem, assim, em suas novas contas, limitar-se a publicar a natureza dos serviços oferecidos, o endereço da repartição e os horários de atendimento. Embaixadas e missões, quando julgarem imprescindíveis publicações de outro jaez, como o resultado de negociações multilaterais ou a assinatura de acordos, devem abster-se de nomear os titulares de cargos públicos, brasileiros ou estrangeiros, bem como evitar marcar páginas pessoais e ater-se ao resultado objetivo da reunião ou do evento. Por exemplo, deve-se publicar "Brasil e país X assinam acordo Y", em vez de "o Ministro @X da Pasta @Y assina acordo com seu homólogo do país Z", bem como se deve publicar "hoje foi aprovado o acordo X no âmbito da Organização Y", em vez de "Com o decisivo voto do Brasil, foi aprovado o acordo X no âmbito da Organização Y". 

19. Durante o defeso eleitoral, os campos para comentários e interatividade com o público devem ser suspensos. Dessa forma, as publicações em redes sociais devem estar sempre fechadas a comentários. A republicação de conteúdo de outros perfis em redes sociais ("retuítes" ou "repostagens") está vedada durante o período de defeso, em razão da impossibilidade de se moderarem os comentários na publicação original.

20. Fotos de eventos e material gráfico publicados em redes sociais devem também apresentar conteúdo noticioso e impessoal, que contextualizem os eventos, em vez de focarem nas autoridades presentes. Preferencialmente, deve-se optar por artes desenvolvidas com linguagem adequada ao período de defeso, em substituição ao emprego regular de fotografias. Em caso de dúvidas sobre a adequação do material gráfico às restrições impostas pela legislação eleitoral, deve-se optar por publicação apenas de texto. 

21. Perfis pessoais de chefes de Postos ou de servidores são de exclusiva responsabilidade dos titulares das contas. É recomendável que estas orientações sejam também replicadas na administração desses perfis.

 

V - Bicentenário da independência

22. Eventos alusivos à comemoração do bicentenário da independência devem limitar-se ao caráter cerimonial e de rememoração histórica dos fatos, sobretudo quando o público-alvo for composto de brasileiros. O uso do selo comemorativo ainda está pendente de autorização pela SECOM. VI - Consulta às normas aplicáveis ao período de defeso eleitoral 

23. A SECOM transmitiu as seguintes referências normativas e informativas a serem observadas durante o período em apreço: a) Lei n.º 9.504, de 30 de setembro de 1997 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9504.htm);

b) Instrução Normativa n.º 1 da secretaria-geral da presidência da República, de 11 de abril de 2018 (https://www.in.gov.br/web/dou/-/instrucao-normativa-n-1-de-11-de-abril-de-2018-10309707);

c) Resolução n.º 23.610 do Tribunal Superior Eleitoral, de 18 de dezembro de 2019 (https://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/res/2019/resolucao-no-23-610-de-18-de-dezembro-de-2019);

d) Resolução n.º 7 da Comissão de Ética Pública, de 14 de fevereiro de 2002 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/codigos/codi_Conduta/resolucao7.htm#:~:text=RESOLU%C3%87%C3%83O%20N%C2 %BA%207%2C%20DE%2014,atividades%20de%20natureza%20pol% C3%ADtico%2Deleitoral.);

e) Calendário eleitoral da SECOM (https://www.gov.br/secom/pt-br/acesso-a-informacao/manuais/copy2_of_Calendario_Eleitoral_Secom_v5.pdf);

f) Cartilha com condutas vedadas a agentes públicos federais em eleições (https: https://www.gov.br/agu/pt-br/comunicacao/noticias/Eleies2022_verso260122final.pdf);

g) Decreto n.º 1.171, de 22 de junho de 1994, que institui o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1171.htm); 

h) FAQ - eleições 2022 (https://www.gov.br/secom/pt-br/acesso-a-informacao/perguntas-frequentes/faq-eleicoes-2022).

i) Manual de diretrizes da SECOM (https://www.gov.br/secom/pt-br/acesso-a-informacao/manuais/gov_br_manual_de_diretrizes.pdf);

j) Manual de publicação da SECOM (https://www.gov.br/secom/pt-br/acesso-a-informacao/manuais/gov_br_manual_de_publicacao.pdf)

24. Questões relativas ao cumprimento das orientações em tela devem ser encaminhadas ao endereço eletrônico diplomacia.publica@itamaraty.gov.br, até o próximo dia 30 de junho, com o assunto "Defeso eleitoral. Consulta".

25. À luz das referências indicadas pela SECOM e da legislação vigente, muito agradeceria mandar adequar as ações de comunicação do Posto e de seus servidores às normas aplicáveis durante o período do defeso eleitoral, até o próximo dia 30. 

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