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terça-feira, 16 de julho de 2019

Quando a diplomacia era diplomacia: um tempo que não volta mais?

Antigamente, nos tempos em que os animais falavam e que os diplomatas tinham certo conhecimento de política externa, de Direito Internacional e das mais comezinhas normas dos protocolos, escritos e usuais, que regulavam as relações diplomáticas entre Estados, designações de embaixadores - isto é, representantes de um chefe de Estado ou de Governo junto a outro, não necessariamente da casta dos diplomatas - eram objeto, primeiro de comunicação "secreto exclusivo", visando averiguar a aceitabilidade do nome do futuro enviado junto às autoridades da outra parte. Era o que se chamava de respeito mínimo pela soberania de Estado com o qual se mantinham relações diplomáticas regulares, pois a outra parte tinha o direito soberano de aceitar ou de recusar o nome indicado, sem ser confrontado com o anúncio público de uma simples intenção.
Naqueles tempos, aparentemente já passados e que não voltam mais, havia um mínimo de congruência entre assuntos de Estado e a interface externa do país, sem outras considerações de ordem pessoal ou familiar, prevalecendo a competência, a adequação, a preparação, e igualmente um respeito mínimo pelas prerrogativas de outros poderes, que em democracia são harmônicos mas independentes entre si.
Pois é, parece que esses tempos já não valem mais, pois não existe um mínimo respeito por instituições de Estado e pelo sentido habitual de políticas públicas.
Paulo Roberto de Almeida

Principal aliado de Eduardo viajou a Washington sem avisar embaixada brasileira
Visita de Filipe Martins gerou especulações sobre consultas para indicação de deputado para cargo de embaixador
Marina Dias, de Washington
Folha de S. Paulo, 12/07/2019

O assessor especial do governo Jair Bolsonaro para assuntos internacionais, Filipe Martins, viajou a Washington nesta semana sem comunicar a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos e levantou especulações sobre a virtual nomeação de Eduardo Bolsonaro para o posto de embaixador no país.
Martins é um dos principais aliados do deputado e foi quem o apresentou para os filhos de Donald Trump e para Steve Bannon, ex-estrategista do presidente americano.
Eduardo se tornou o líder na América do Sul do chamado "Movimento" —articulado por Bannon para apoiar políticos nacionalistas, populistas e de direita. Demitido em 2017, porém, o ex-auxiliar da Casa Branca não é mais próximo de Trump e sua relação com Bolsonaro, como mostrou a Folha em março, incomodou integrantes do governo americano.
A viagem de Martins nas vésperas do anúncio de Bolsonaro de que queria o filho embaixador levantou teses como a de que ele foi a Washington fazer consultas sobre a aceitação do nome de Eduardo para o posto.
É praxe que o governo brasileiro converse com autoridades do país receptor, neste caso os EUA, sobre quem será escolhido pelo presidente antes de uma indicação oficial para a embaixada.
Depois da escolha, o indicado ainda precisa passar pela chancela do Senado.
Aliados de Martins afirmam que ele foi à capital americana fazer apresentações para políticos e empresários, mas não deram mais detalhes sobre o roteiro.
Em novembro do ano passado, o hoje assessor presidencial organizou a viagem de Eduardo aos EUA — também sem articular com a embaixada brasileira no país — e advogou para que ele ficasse com a presidência da Comissão de Relações Exteriores, e não com o comando da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Diplomatas do Brasil em Washington foram surpreendidos com a notícia da virtual nomeação de Eduardo, mas reconhecem que, apesar de não ser funcionário de carreira do Itamaraty, o peso político que tem pelo fato de ser filho do presidente pode ajudar nas relações com os EUA.
Eduardo participou da reunião reservada entre Bolsonaro e Trump na Casa Branca em março e foi elogiado pelo presidente americano.
Nas últimas semanas, a embaixada do Brasil contava com a nomeação de Nestor Forster para o posto que está vago desde o início de junho, quando Sérgio Amaral, então embaixador, voltou ao Brasil.
Forster retornou de férias nesta quinta-feira (11) para assumir o cargo de encarregado de negócios da embaixada. Ele chegou a interromper o descanso para encontrar pessoalmente com Bolsonaro em uma parada do presidente em Seattle, nos EUA, na volta da comitiva brasileira da cúpula do G20, no Japão.
O gesto aumentou ainda mais a expectativa por sua nomeação.
Forster havia sido promovido à primeira classe da carreira diplomática no mês passado, o que foi visto entre integrantes do governo como a última medida burocrática antes de sua indicação a embaixador do Brasil nos EUA.
Mesmo assim, as relações pessoais e a imprevisibilidade de Bolsonaro eram destacadas com cautela ao longo do período por integrantes do Itamaraty.

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