Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
domingo, 29 de novembro de 2009
1554) Voyage au bout de la Terre (sort of...)
Desta vez eu tentava embarcar para Paris, para uma missão a trabalho, com destino a Shanghai, onde vou pela primeira vez.
Logo no sábado pela manha, quando eu ainda dormia um sono reparador, tendo voltado já na madrugada do próprio sábado de uma viagem ao Rio de Janeiro, um funcionário da Air France me ligou de Paris, para dizer que o vôo que pretendia embarcar em SP, estava atrasado, o que impossibilitaria o vôo de conexão em Paris (onde estou neste exato momento) para Shanghai.
Começou aí uma corrida contra o tempo, para tomar um vôo anterior, saindo de SP (mas que era impossível alcançar a partir de Brasília, em função do avançado da hora), ou então embarcar para o Rio, para um outro vôo da Air France.
Ufa: depois de corridas para cá e para lá, consegui pegar os dois vôos, sempre no último minuto de embarque.
Em Setembro último eu tive de pagar de meu próprio bolso o trajeto Lisboa-Paris, em função de greve dos pilotos da TAP (ah, esse sindicalismo combativo...). Agora, tive mais sorte: a despeito dos tropeços da TAM, a Air France foi muito eficiente.
Meu problema no intervalo era o de avisar o cônsul brasileiro em Shanghai, Embaixador Marcos Caramuru, que deveria partir comigo, e que tentei colocar no vôo anterior, sem dispor de seu celular ou outros contatos. Três telefonemas -- a Shanghai, ao Rio e a SP -- talvez tenham resolvido o impasse, mas o fato é que em Paris, ainda não tive notícias dele...
Deveríamos ter, em princípio, uma reunião no Consulado em Shanghai -- desculpem, prefiro esta fórmula, ao Xangai brasileiro -- na tarde da segunda-feira, 30/11, precedida de uma reunião da delegação brasileira no próprio Hotel, mas parece que os integrantes da delegação também foram vítimas dessas turbulências aéreas...
Enfim, a corrida foi tamanha, que nem pude desfrutar das benesses da sala VIP da Air France no Galeão, o Salon Icare, um nome que já frequentou uma das minhas crônicas relacionais, que caberia reler agora. Na mesma ocasião, eu também fiz uma outra crônica em torno de Ulisses, em sua busca interminável por um porto, mais exatamente a sua ilha de Itaca, onde o esperava uma Penélope muito paciente...
Não posso reclamar do serviço da Classe Affaires da Air France, ao contrário: todos os jornais e revistas que me atraem, inclusive a Harvard Business Review (um número especial sobre Peter Drucker), e comidas e distração (filmes, musica) para todos os gostos.
Vejamos: comecei com champagne (Lawson Black Label Brut, na verdade um mélange de varietais da região, e não um brut légitime), salgadinhos refinados, seguido de um Hors d'Oeuvre com Foie Gras com chutney de manga, acompanhado de um vinho do Porto Tawny, dez anos (uma pedrinha de gelo, comme il faut).
Para jantar Tournedos com crosta de ervas, sauce à la moutarde et miel, mandioca no vapor, batonets de carotte au beurre. Sim: um Bordeau rouge, Chateau Cantemerle Haut Médoc 2003 (pas mal), que também acompanhou os queijos (três variedades, inclusive um roquefort).
Sobremesa: sorbet de citron, seguido de cognac.
Fiquei lendo e escrevendo: terminei uma crítica (devastadora, ao que parece) da Estratégia Nacional de Defesa, que conforme escrevi não é bem uma estratégia, nem é de defesa, sendo apenas prosaicamente nacional (et encore). Completa um texto anterior que elaborei de comentários dissidentes a essa END (it's not the end...).
Agora estou no Salon da Air France em Charles De Gaulle, esperando a chamada para o meu vôo de Shangai, com todos os jornais disponíveis, em todas as línguas européias.
Encerro esta primeira crônica de viagem, antes de começar mais uma da série Shanghai, um capítulo à parte...
Paulo Roberto de Almeida
Paris, 29.11.2009
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