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terça-feira, 11 de maio de 2010
Divida Bruta da Uniao - Ricardo Bergamini
Paulo Roberto de Almeida
Para melhor entendimento da matéria vamos analisar a dívida bruta da União:
Ricardo Bergamini
Fevereiro de 2010
1 _ Em 2002 a dívida externa bruta da União era de US$ 127,8 bilhões (25,32% do PIB), em 2009 era de US$ 287,9 bilhões (18,40% do PIB). Aumento nominal de 125,27% e queda real em relação ao PIB de 27,33 %.
2 – Em 2002 a dívida interna bruta da União (em poder do mercado e do Banco Central) era de R$ 841,0 bilhões (56,91% do PIB), em 2009 era de R$ 2.037,6 bilhões (65,20% do PIB). Aumento nominal de 142,28% do PIB e aumento real em relação ao PIB de 14,57%.
3 – Com base nos itens acima podemos concluir que a dívida bruta total da União (Interna e externa) era de 82,23% do PIB em 2002, aumentando para 83,60% do PIB em 2009. Aumento real em relação ao PIB de 1,67%.
4 – Em 2002 as reservas eram de US$ 37,8 bilhões (7,53% do PIB), em 2009 de US$ 238,5 bilhões (15,24% do PIB). Aumento nominal de 530,95% e aumento real em relação ao PIB de 102,39%. O volume das reservas fez com que o aumento real da dívida bruta de 1,67% do PIB se transformasse em redução real de 8,49% do PIB na dívida líquida.
Em vista do acima exposto o Brasil depende das reservas para aparentar ser uma nação com os fundamentos econômicos sólidos, para tanto pagou, no ano de 2009, juros reais médios em torno de 12,57% ao ano, enquanto todas as moedas do planeta pagaram juros reais negativos. Cabe lembrar que as nossas reservas (US$ 238,5 bilhões) foram remuneradas, no ano de 2009, com juros reais negativos de 4% ao ano nos Estados Unidos (Juros zero e inflação americana de 4 % ao ano).
Investimentos Externos Líquidos (Diretos e Indiretos)
Série histórica dos investimentos externos líquidos (diretos e indiretos) com base na média/ano foi como segue: 85/89 (negativo de US$ 6,3 bilhões = -2,14% do PIB); 90/94 (positivo de US$ 7,0 bilhões = 1,57% do PIB); 95/02 (positivo de US$ 24,3 bilhões = 3,46% do PIB). De janeiro de 2003 até dezembro de 2009 (positivo de US$ 28,3 bilhões = 2,59% do PIB).
O mercado financeiro internacional, por gratidão, deveria colocar um busto do Presidente Lula em cada agência bancária existente no planeta, e não apenas conceder o simbólico prêmio de Estadista Mundial inventado às pressas.
4 comentários:
LULA versus FHC
Aproveitando o clima de copa do mundo, vamos utilizar os dados divulgados por Bergamini para comparar os resultados econômicos dos dois presidentes num imaginário jogo de futebol:
I) A dívida externa bruta da União teve uma queda real em relação ao PIB de 27,33%. Lula 1 x FHC 0
II) A dívida interna bruta da União teve um aumento real de 14,57% em relação ao PIB. Lula 1 x FHC 1
III) Aumento real da dívida bruta total da União em relação ao PIB de 1,67%. Considerando o volume das reservas, o aumento real de 1,67% transforma-se em redução real de 8,49% do PIB na dívida líquida. Lula 2 x FHC 1. Gol polêmico, mas validado pela arbitragem...
IV) Aumento real das reservas em relação ao PIB de 102,39%. Esse foi um gol de placa, legítimo gol de craque!!! A torcida aplaude de pé: Lula 3 x FHC 1.
V) Brasil pagou em 2009 juros reais médios de 12,75% ao ano. Bergamini não forneceu os dados de FHC que, com certeza, foram bem maiores. Para não ser injusto, cartão amarelo para o Bacen. Continua o placar: Lula 3 x FHC 1.
VI) Reservas brasileiras remuneradas em 2009 com juros reais negativos. Cartão amarelo para o dólar dos Estados Unidos que invadiu o gramado. Continua o placar: Lula 3 x FHC 1.
VII) Investimentos externos líquidos de FHC: 3,46% do PIB. Investimentos externos líquidos de Lula: 2,59% do PIB. Bergamini foi injusto com FHC recomendando a colocação do busto de Lula e não do FHC nas sedes das agências bancárias do planeta. O juiz adverte o articulista. E mais outro gol polêmico. A torcida do Lula alega que FHC botou a mão na bola das estatais brasileiras para obter esse tento do investimento externo. O juiz alega que não viu nada de anormal. Final do jogo: Lula 3 x FHC 2.
POST SCRIPTUM
Esqueci de dizer que, tão logo o jogo acabou, mais de 80% dos torcedores invadiram o campo e carregaram o técnico do time nas costas. Deram uma volta olímpica. Os jogadores, aos prantos, beijavam comovidos a bandeira do país. Lembrei-me da euforia da copa do México de 1970.
E agora, José? A festa acabou, a conta chegou, o crescimento mingou. E agora, José?
Dados a serem novamente analisados e objeto decavaliacao qualitativa.
PRA
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