Brasil perde oito posições em ranking de competitividade
O Globo, 4 de setembro de 2013
País está na 56ª posição, contra 48ª no levantamento anterior, e foi ultrapassado por países como México, Costa Rica, África do Sul e até Portugal
O Brasil perdeu oito posições no ranking global de competitividade, segundo o Relatório Global de Competitividade do Fórum Econômico Mundial. Na edição de 2013/2014 do ranking, o país aparece na 56ª posição entre 148 nações, contra a 48ª posição em 2012. Na prática, o país voltou para a colocação que exibia em 2009 e foi ultrapassado por países como México (55º agora, contra 53º em 2012), Costa Rica (que subiu da 57ª para a 54ª posição), África do Sul (que subiu da 53ª para a 52ª posição)e Portugal, que apesar da crise europeia caiu menos que o Brasil, da 49ª para a 51ª posição.
De acordo com Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral que coordena a pesquisa no Brasil, feita em parceria com o Movimento Brasil Competitivo (MBC), o resultado brasileiro é decorrente da deterioração das condições macroeconômicas — com aumento da inflação, baixo crescimento, alta do endividamento bruto e déficit externo —, falta de avanços significativos nos investimentos em infraestrutura e na simplificação dos marcos regulatórios e tributários. De acordo com ele, o desempenho do país não está condizente com o esperado por uma grande nação emergente:
— O Brasil ainda tem potencial de um Brics (grupo de nações emergentes formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), mas se comporta muito mais como uma nação do Mercosul — afirmou o professor, lembrando que todos os demais parceiros do bloco comercial do continente caíram no ranking neste ano: Uruguai (de 83º para 86º), Argentina (de 94º para 104º), Paraguai (de 116º para 119º) e Venezuela (de 126º para 134º, entre os 20 últimos da lista global).
O professor acredita que a situação do Brasil não é animadora. Ele acredita que a tendência é o país continuar perdendo posições no ranking global no próximo ano, ainda mais porque, lembra, 2014 é um ano eleitoral, o que dificulta reformas estruturais. Para Arruda, a chance do Brasil melhorar no levantamento – feito com base em dados estatísticos, expectativas e entrevistas com empresários – é manter o forte crescimento apresentado no segundo trimestre do ano (1,5% sobre os primeiros três meses do ano), algo mais difícil de ocorrer, e deslanchar investimentos em infraestrutura e petróleo, algo que ainda está em promessas.
Dos cinco países dos BRICs, a China (29ª) continua liderando o grupo, seguida pela África do Sul (53ª), Brasil (56ª), Índia (60ª) e Rússia (64ª). Nos BRICs, somente a Rússia melhorou sua posição no ranking, subindo três colocações. O Brasil teve a queda mais brusca, enquanto África do Sul e Índia caíram uma posição e a China manteve a mesma colocação de 2012.
— Em uma comparação com as demais economias incluídas nos chamados BRICS, o Brasil apresenta o maior declínio nos fatores macroeconômicos. A China continua muito bem na 10ª posição, e a Rússia vem acumulando ganhos consecutivos chegando à 19ª posição; apenas Índia (110º) e África do Sul (95º) seguem em trajetória de queda similar ao Brasil — avaliou o professor.
— Em uma comparação com as demais economias incluídas nos chamados BRICS, o Brasil apresenta o maior declínio nos fatores macroeconômicos. A China continua muito bem na 10ª posição, e a Rússia vem acumulando ganhos consecutivos chegando à 19ª posição; apenas Índia (110º) e África do Sul (95º) seguem em trajetória de queda similar ao Brasil — avaliou o professor.
Pelo quinto ano consecutivo, a Suíça lidera a lista das economias mais competitivas, seguida por Cingapura, Finlândia, Alemanha e Estados Unidos. Todos os 10 países que estão liderando o ranking deste ano já estavam entre os “top ten” de 2012, apenas havendo algumas trocas de posições, como os estados Unidos pulando da sétima para a quinta posição e a Alemanha saltando da sexta para a quarta posição. Entre os países que mais subiram no ranking está a Indonésia, que passou da 50ª posição para a 38ª, e o Equador, que passou da 86ª posição em 2012 para a 71ª posição.
Na América Latina, os resultados mostram uma estagnação geral no desempenho da competitividade. O Chile (34ª) continua na liderança do ranking regional à frente do Panamá (40ª), Costa Rica (54ª) e México (55ª) – esses países permaneceram relativamente estáveis em relação à edição de 2012. A Argentina foi o país do hemisfério sul que teve a maior queda, 10 posições, ocupando a 104ª colocação; a Venezuela caiu para a posição 134. Segundo o professor, estes dois países apresentam um quadro crítico em seus fatores institucionais, macroeconômicos e, no caso da Argentina, uma queda significativa nas condições do país para gerar inovação e sustentar um ambiente de negócios sofisticado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.