Para aumentar a produtividade, o governo poderia começar fechando o MEC e deixar o setor privado cuidar da educação dos brasileiros.
Ipea: Produtividade da indústria diminuiu 0,8% ao ano de 2000 a 2009
Por Camilla Veras Mota e Lucas Marchesini
Valor Econômico, 5/09/2013
A agricultura foi o setor que mais ganhou produtividade nos últimos anos no Brasil. Entre 2000 e 2009, houve avanço médio anual de 3,8% na relação. Em contrapartida, no mesmo intervalo, a indústria de transformação perdeu 0,8% em produtividade anualmente. Os dados fazem parte da estudo sobre produtividade da 28ª edição do Boletim Radar, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta quinta-feira.
Ao desagregar os dados indústria por segmento no período entre 2007 e 2010, o estudo mostra que o segmento de óleo e gás foi o que mais avançou. Extração de petróleo e gás natural aumentou sua produtividade em 82,24% e fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis, em 157,4%. A produtividade da indústria extrativa, aliás, cresceu cerca de 20% no quadriênio, patamar bastante superior ao da indústria de transformação (6%).
Perderam produtividade fabricação de celulose, papel e produtos de papel (queda de 1,66%), fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (recuo de 2,65%), fabricação de produtos químicos (diminuição de 3,4%), metalurgia (baixa de 12,12%) .
Os setores de vestuário e de calçados, que enfrentam concorrência acirrada de importados no mercado interno e ambiente hostil no cenário externo, tiveram ganhos de produtividade médios de 3,7% no período.
A pesquisa chama atenção para o desempenho da variável antes e depois da crise financeira. Entre dezembro de 2000 e setembro de 2008, a produtividade da indústria geral, extrativa e de transformação cresceu 3,2%, 5% e 2,9%, respectivamente. No pós-crise, entre outubro de 2009 e janeiro de 2013, as variáveis retraíram 0,03%, 2,02%, e 0,04%.
PIB per capita
Aumentar a produtividade do trabalho brasileiro nos próximos anos é essencial para conquistar ritmo mais forte de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, concluiu o estudo “Evolução Recente dos Indicadores de Produtividade no Brasil do Ipea. Isso porque na última década, de quando datam os dados utilizados na pesquisa, o PIB per capita cresceu mais do que a produtividade, impulsionado pela diminuição do desemprego.
Entre 1992 e 2001, o PIB per capita cresceu em média por ano a uma taxa de 1,17%, enquanto a produtividade avançou ao ritmo de 1,09% ao ano. Entre 2001 e 2009, o desequilíbrio entre as duas relações cresceu e o PIB per capita passou a aumentar em média 2,29% ao ano, contra 1,17% da produtividade. Já a análise entre 2001 e 2011 mostra uma distância ligeiramente menor entre as taxas médias de crescimento, que ficaram em 2,63% e 1,85%, respectivamente.
De acordo com a pesquisa, “algo entre 30% e metade do crescimento do PIB per capita na última década pode ser creditado ao aumento das taxas de ocupação e de participação no mercado de trabalho”.
O dilema surge agora, quando o Brasil tem baixa taxa de desemprego e, por questões demográficas, as taxas de ocupação e participação não deverão variar de forma tão significativa nos próximos anos, a expansão mais forte da economia per capita está condicionada a um “crescimento representativo da produtividade do trabalho”.
A influência da redução do desemprego no avanço da economia fica mais clara quando são comparadas as contribuições da produtividade e da taxa de ocupação — relação entre a população ocupada e a população economicamente ativa — no crescimento do indicador.
Entre 1992 e 2001, a produtividade respondeu por quase todo o ganho no PIB per capita, 93,23%. Nos dez anos seguintes, a parcela caiu para 70,63% e, se tomado apenas o intervalo entre 2001 e 2009, ela recuou para 51,2%. Já a taxa de ocupação, que havia contribuído negativamente para o avanço do PIB per capita entre 1992 e 2001, com queda de 32,5%, respondeu, de 2001 a 2011, por 12,21% de seu aumento.
O Ipea afirma que o estudo faz parte de um “projeto mais amplo” da Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação, Regulação e Infraestrutura (Diset), que, nos próximos dois anos, analisará a trajetória da produtividade no país.
Os dados servirão de parâmetro para que o instituto, em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), sistematize informações que sirvam para o desenvolvimento de políticas públicas de estímulo à produtividade — projeto chamado de Política Industrial e Produtividade: Uma Análise do Plano Brasil Maior.
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