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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
PT = Patifes Totalitarios? - Milton Simon Pires
Milton Pires, 12/12/2013
Quando escreveu “Em Busca de Sentido”, Victor Frankl, lembrando de sua experiência no campo de concentração, descreveu situações em que alguns de seus colegas simplesmente desistiam de viver. Eles deixavam-se ficar nos alojamentos, deitados em suas camas...não buscavam mais por comida e finalmente, vagarosamente, morriam..
Duvido da existência de uma “teoria psicológica das sociedades”..Vejo com ressalvas a ideia de entender o coletivo como um organismo vivo em que imperam os impulsos de um inconsciente único capaz de ser estudado sob leis e princípios equivalentes aos da psicanálise.
Escrevo essas linhas com a intenção de pura especulação. Meu objetivo é tentar imaginar que efeito poderiam ter o caos e a corrupção..a sensação de desesperança ou de que “as coisas sempre foram assim” sobre o Brasil Petista. Uso essa expressão, Brasil Petista, no mesmo sentido em que os historiadores falam em Alemanha Nazista. Entendo perfeitamente as diferenças entre os dois regimes sem ser ingênuo para compará-los em termos do holocausto e do genocídio que um deles produziu, mas sempre lembrando que são os dois representantes inseparáveis da experiência totalitária do século XX. O PT, assim como o Partido Nacional Socialista, é um organização criminosa e totalitária. Já escrevi sobre isso antes e não vou voltar ao assunto aqui.
Retorno ao tema do texto colocando agora a o problema sob forma de pergunta: quais os efeitos sobre o povo brasileiro que o caos e a corrupção, continuamente noticiados, trazem para nossa capacidade de reagir?? Existirá na sociedade uma reação semelhante aquela descrita por Frankl para aqueles estavam no campo de concentração?
Afirmo aqui que existe um grau de corrupção, um nível de caos e de confusão dentro de uma sociedade onde toda esperança num futuro diferente desaparece..Um momento de sofrimento único cuja comparação que me ocorre fazer no momento é aquela do Camboja em 1973 quando os B-52 lançaram sobre o pequeno país uma quantidade de explosivos maior que tudo aquilo que os Estados Unidos usaram na Segunda Guerra Mundial. Os sobreviventes, muitas vezes cegos e surdos, saindo de suas seus abrigos (verdadeiras tocas no chão) encontravam-se perante uma paisagem quase lunar. Numa experiência única sentiam-se como que “fora do tempo”...esperando por alguém ou alguma coisa que pudesse lhes devolver o “sentido” da vida...momento perfeito para o surgimento do Khmer Vermelho e do seu regime genocida..
Novamente faço a ressalva de que sei muito bem que não estamos na Alemanha Nazista, que B-52 algum despejou bombas sobre o Brasil e que essas comparações (perigosas como qualquer comparação) tem por objetivo único estabelecer um paralelo..uma simples analogia em termos do grau de apatia..da sensação de desesperança entre os sobreviventes das grandes tragédias que eu relatei e dessas pequenas tragédias brasileiras...essas que, sem bombas e campos de concentração, nos vão matando aos poucos..nos reduzindo a seres fora do tempo e portanto a homens e mulheres sem esperança.
Cada vez que dizemos que as coisas “sempre foram assim” ou que “antes era muito pior” abdicamos da capacidade de imaginar um mundo diferente...nós nos anestesiamos..nos tornamos convictos de que todos os partidos são iguais, todos os políticos são iguais que todos NÓS somos iguais...Nós nos tornamos tão iguais, uns aos outros, que precisamos cada vez mais da noção de “minorias” para encontrar nelas aquilo que antes foi inerente a própria condição humana. Somente nos encontramos com força suficiente para termos piedade quando olhamos para “mulher espancada”..para o “negro despedido”...para “criança abusada”..Nós precisamos cada vez mais de subgrupos para depositar o que nos resta de compaixão e o que ainda nos identifica como humanos numa curiosa inversão de hierarquia em que só a condição de exclusão é capaz de justificar a caridade e o princípio de empatia.
Ai daquele que em sofrimento for só mais um ...um que não pode despertar piedade por pertencer a algum grupo minoritário..a uma parcela de excluídos..um que não seja refugiado de guerra ou perseguido político..que seja só mais um qualquer, quem sabe até nós mesmos..numa emergência imunda ou dormindo numa rua sem nome...Esse vai morrer sozinho..na condição de homem comum.
Em memória do amigo Oswaldo Flores
Porto Alegre, 12 de dezembro de 2013
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