Paulo Roberto de Almeida
Intriga da oposição
Blog do Porfírio, 22/11/2014
Não acredito que a Dilma vá entregar o ouro aos bandidos, passando a perna em quem nela acreditou
Não acredito que a Dilma vá entregar o ouro aos bandidos, passando a perna em quem nela acreditou
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Pelas barbas do profeta (ou o bigode do Mercadante), com essas eu não contava. Aliás, na réstia de esperança que brota da minha santa ingenuidade ouso dizer que tudo o que estão noticiando é intriga da oposição. Não é possível que a elite reacionária tenha passado a perna na gente humilde de forma tão afrontosa e tão cara de pau.
Tá todo mundo na maior dúvida: não é possível que o novo ministro da Fazenda saia do saco de maldades da banca. Seja da mesma cepa do outro que cintilava na quermesse tucana. Nem que o Ministério da Agricultura caia no colo da rainha dos latifundiários. Não foi para isso que a massa emprestou seu dorso à querida do coração valente, que parecia jogada à fogueira pela própria plêiade. Não foi mesmo.
Fechamos os olhos pra um monte de coisas por que queríamos barrar o retrocesso representado por todos que não fossem ela. Queríamos oferecer nossas últimas gotas de sangue para o sonho possível. Era o seu retrato de corajosa resistente nos idos cinzas da ditadura que nos inspirava à liça. Não a imaginávamos jamais de joelhos diante de quem quer que fosse. Estávamos na sua tropa por ela e não por indicação doutro, como na primeira vez.
Sabíamos do desafio que pairava no ar, sinalizando ventos e trovoadas. Não seria fácil, por que a canalha privilegiada não ia saber perder; ia querer virar a mesa, ia mover Deus e o mundo para impedir qualquer passinho que significasse avanço, justiça social e todo o rosário de urgentes mudanças para melhor.
Mas não sabíamos que o diabo estava à espreita. Que sua voz tirana falasse mais alto. De fato, tão repugnante como não saber perder é não saber ganhar. É se render ao primeiro grito numa hora em que a faca e o queijo pintavam no tropel das investigações que deixaram no chilique os sócios afortunados do Estado, acuados pelas velhas práticas agora desnudadas.
Por enquanto, pelas horas ainda primaveris deste fim de semana, prefiro acreditar num pesadelo passageiro. Nada do que estão dizendo é real, consolo-me no do-re-mi da maior angústia. A gente não merece. Portanto, não será isso que o reincidente poder paralelo já celebra na afoiteza do domínio continuado.
Meu Deus. O que fizemos de pecaminoso aos céus que justificasse o castigo, aquele filho da puta olhando pra nossa cara e dizendo: bem feito, quem mandou?
Não. Por mais que a saúde esteja padecendo de um novo ataque do terrível tumor, não posso ficar prostrado, permitindo que nos façam de palhaços.
Se for para conviver com tanta perfídia, não vale nem sonhar com mais dias de vida. Viver pra que, patriotas apaixonados?
Pra deixar baterem nossas carteiras em plena luz do dia? Pra engolir toda a vileza arrivista de próceres covardes e inconfiáveis?
Não pode ser, não pode mesmo. Tudo o que estão dizendo é produto da maquinação diabólica, pra nos ferir de dolorosas amarguras.
Por hoje, pelo Sol que banha meu horizonte, prefiro esperar. A esperança é a última de morre.
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