meu comentário
Paulo Roberto de Almeida
Recebi, de fonte idônea, o Manifesto dos
brasilianistas sobre a crise política brasileira, que já circulou amplamente, e
eu mesmo devo tê-lo postado aqui ou no Facebook quando de sua divulgação.
Mas agora disponho do texto "oficial", se se
pode dizer, do manifesto em questão, que em muito se parece com um grande
número de outros manifestos acadêmicos que já foram divulgados, a maior parte
por iniciativa de suas respectivas diretorias, que provavelmente atuaram em
petit comitê, no desconhecimento (possivelmente para evitar a oposição) de boa
parte de seus membros, talvez até a maioria, pelo menos daqueles que conhecem o
que efetivamente se passa no Brasil, e que não gostaria de estar em aliança com
bandidos da política, os mafiosos que assaltaram o Brasil.
O dos brasilianistas provocou crise, e os meios de
imprensa relataram inclusive o protesto e o desligamento do Prof. Anthony
Pereira, do King's College da Universidade de Londres, que se desligou do
Comitê Executivo da Brazilian Studies Association justamente em protesto pela
divulgação irregular, ou seja, forçada, desse manifesto. A ele manifesto minha
solidariedade e meus mais calorosos cumprimentos, pelo gesto corajoso. Eu
também já me desliguei de duas ou três associações profissionais pelos mesmos
motivos.
Como eu já antecipava, este manifesto, num tom
aparentemente neutro, fala em corrupção, mas genericamente, assim como ele fala
de políticos e partidos, mas também genericamente.
Os autores do manifesto não têm coragem, ou pretendem
deliberadamente permanecer coniventes com os corruptos e com o partido (não
preciso esconder o nome, o PT) que organizou, deliberadamente, metodicamente,
incessantemente, o maior assalto ao país, ao Estado, aos brasileiros, em toda a
nossa história, e possivelmente em toda a história do mundo, com exceção de
reinos bárbaros da antiguidade e da cleptocracia do Putin na atualidade.
O manifesto, como já afirmei sobre similares que
circularam no Brasil, um deles até em inglês, para consumo externo, é covarde,
enviesado, e se coloca objetivamente do lado dos corruptos e dos fraudadores da
vontade popular.
Lamento que acadêmicos em geral, brasilianistas em especial, tenham descido tão
baixo na escala da desonra e da cumplicidade no crime.
Agradeço a remessa do texto oficial a quem assim procedeu, mas não hesito, mais
uma vez, em denunciar essa vergonha feita em nome de estudiosos do Brasil no
exterior, pois me cabe, como cidadão brasileiro, defender os direitos da
cidadania em face de uma tropa de mafiosos disfarçados de políticos.
Acho que fui bastante claro, e dou divulgação a esta
minha denúncia contra acadêmicos que não honram a condição, constituindo, se
tanto, uma tropa da linha auxiliar de um partido mafioso.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 10 de abril de 2016
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Declaração dos brasilianistas
Since 1985, Brazil has
been enjoying the longest period of democratic stability in its history,
following a coup d’état in 1964 and a violent military dictatorship that lasted
twenty-one years. Under the aegis of the 1988 Constitution, which guarantees a
wide range of social and individual rights, Brazil has become a more democratic
society, with greater political participation, broader and more inclusive
notions of citizenship, and the strengthening public institutions.
In spite of these
advances, corruption remains endemic. A series of scandals involving
politicians of different party affiliations have outraged the public.
As a result, there have
been widespread mobilizations demanding an end to illicit practices. There have
also been bold actions by state institutions, such as the Federal Police, the
Federal Prosecutors Service, and the Judiciary.
The combat against
corruption is legitimate and necessary to improve the responsiveness of
Brazilian democracy. But in the current political climate, we find a serious
risk that the rhetoric of anti-corruption has been used to destabilize the
current democratically-elected government, further aggravating the serious
economic and political crisis that the country is facing.
Instead of retaining
political neutrality and respecting due process, sectors of the Judiciary, with
the support of major media interests, have become protagonists in undermining
the rule of law. During their investigations, some public officials have
violated basic rights of citizens, such as the presumption of innocence, the
assurance of an impartial judiciary, attorney-client privilege, and the
guarantee of the right to privacy.
The Lava Jato Operation,
led by the federal judge Sérgio Moro, has centralized the principal corruption
investigations over the last two years. These investigations have been marred
by repeated excesses and unjustified measures, such as arbitrary preventive
detentions, dubious and problematic plea-bargaining agreements, selective
leaking of information to the media for political purposes, and the illegal
wiretapping of both the current President of the Republic and the most recent
former president.
All of this has taken
place with the sustained support of powerful sectors of the media in an
unprecedented effort to influence public opinion for specific political ends.
The combat against corruption must be carried out within strict legal limits
that protect the basic rights of the accused.
The violation of
democratic procedure represents a serious threat to democracy. When the armed
forces overthrew the government of President João Goulart in 1964, they used
the combat against corruption as one of their justifications. Brazil paid a
high price for twenty-one years of military rule.
The fight for a
democratic country has been long and arduous. Today, all those who believe in a
democratic Brazil need to speak out against these arbitrary measures that
threaten to erode the progress made over the course of the last three decades.
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