Como indiquei na postagem imediatamente anterior (neste link), fui aluno, talvez discípulo, certamente amigo do grande mestre Mauricio Tragtenberg.
A despeito da admiração que eu sinceramente sentia pelo grande professor e orientador que foi Tragtenberg, um exemplo para todos nós pela sua coragem e honestidade intelectual, nunca deixei de seguir suas recomendacões primárias: leiam, leiam, leiam, se informem, pensem, reflitam.
E nunca deixei de seguir suas outras recomendações: sempre leiam com espírito crítico, observem a realidade e tirem suas próprias conclusões.
Foi o que sempre fiz, inclusive com respeito ao pensamento do mestre.
Como muitos outros acadêmicos brasileiros, ou de qualquer parte, sobretudo os das humanidades, ele era um anticapitalista, um socialista, mas não da vertente stalinista, ou trotsquista (ainda que reconhecesse que os segundos eram mais inteligentes do que os primeiros), mas sim da vertente libertária, anarco-libertária, eu diria.
Ainda assim, ele tinha seus traços marxistas, que era o de acreditar numa economia planificada, na auto-organização dos trabalhadores, e na superação do capitalismo.
Com base em suas aulas, eu sai do Brasil, continuei a ler, mas sobretudo observei o mundo, e fui conhecer todos os socialismos, reais, surreais, esquizodrênicos.
E cheguei às minhas próprias conclusões, e elas eram simples, como eu disse ao mestre:
Eu conheci o socialismo e constatei que ele não funciona. E além do mais é um regime de opressão.
Simples assim.
Tragtenberg continuou socialista, ou melhor, anarco-libertário, até sua morte, pois reconheço que não é fácil se desvencilhar de determinadas ilusões, sobretudo essas que anunciam alternativas melhores do que o velho e duro capitalismo.
Enfim, independente disso, o mestre era um grande leitor, e fui educado, em certa medida, por ele. Pelo menos fui ler muitos dos livros ou autores que ele recomendava.
Por isso mesmo escrevi uma homenagem a ele neste meu artigo que pode ser lido como uma nota biográfica a dois.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 5 de novembro de 2016
910. “A educação de
Maurício Tragtenberg (depoimento pessoal sobre um método político-pedagógico)”,
Washington, 16 junho 2002, 22 p. Homenagem pessoal ao grande mestre e amigo.
Revisto com base em comentários de Antônio Ozaí da Silva, incorporados em
segunda versão de 10.07.02. Publicado na revista eletrônica Espaço Acadêmico (Maringá, a. II, n. 15,
agosto 2002, http://www.espacoacademico.com.br/015/15pra.htm). Disponível na plataforma Academia.edu (http://www.academia.edu/29679088/910_A_educacao_de_Mauricio_Tragtenberg_depoimento_pessoal_sobre_um_metodo_politico-pedagogico_2002_).
Relação de Publicados n. 351.
A editora da Unesp está publicando alguns de seus livros:
http://editoraunesp.com.br/blog/homenagem-a-mauricio-tragtenberg-
https://www.facebook.com/editoraunesp/posts/1463722260311364
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
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