O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Governo: errando sem parar - Augusto de Franco

DAGOBAH

NL 0033 - 23/11/2016


Dagobah.com.br


Errando sem parar

Augusto de Franco

O governo Michel Temer começou a errar. E agora erra sem parar. Um errador serial. A tarefa de Temer era difícil, por certo, mas não impossível. Fazer a transição democrática pós-PT. Bastaria, em linhas gerais, não tentar barrar a Lava Jato e manter as coisas sob algum controle. 

Temer, entretanto, fez a única coisa que não poderia fazer: deixou os corruptos da sua base fisiológica (que era a mesma base do governo do PT, acrescida de uns gatos pingados da antiga "oposição") agirem corporativamente, tanto para escapar da lei, quanto para atacar a Lava Jato. 

Há um caso simbólico. A transformação de Geddel em inimputável sob a alegação da sua utilidade para o governo. É escandaloso. A cidadania se revolta, mas o governo - apoiado em sua maioria congressual - faz ouvidos moucos. Que se dane o povo. Com esse comportamento reprovável, o palácio acha que pode seguir em frente. Não pode, como verá em breve. Neste caso já conseguiu o que parecia impossível. Colocou no mesmo campo o PT e as ruas que pediram o fim do PT. E agora corre o sério risco de ressuscitar o PT e se suicidar. 

De transição democrática mesmo, não temos nada. O mínimo que se esperaria de um governo de transição pós-PT seria um relatório dos malfeitos petistas na última década. Onde está este relatório? Quem está fazendo o levantamento? Ninguém sabe. Ninguém viu. 

Agora Renan Calheiros - que divide o comando da República com Temer (que tomou como refém) - fez aprovar no Senado regime de urgência para punir abuso de autoridade. Há quem diga que o texto do projeto de lei é bom. Mas não importa o que diz o texto. Aprovar com urgência uma lei (seja qual for) para punir abuso de autoridade é - neste exato momento - um ataque político à Lava Jato. Querem aprovar uma lei contra o abuso de autoridade de juízes e procuradores? Ótimo! Comecem a discutir esse projeto com a sociedade, como foi feito com as 10 medidas contra a corrupção. Pedir regime de urgência para aprovar um projeto de lei que ficou mofando na gaveta tantos anos - ainda que fosse o projeto mais justo e perfeito do mundo - é, claramente, uma manobra de luta política para refrear o ímpeto investigativo da força tarefa. Colunistas políticos conservadores e legalistas - como Reinaldo - se assanharam para justificar o projeto. Não por acaso esses também estão em campanha contra a Lava Jato. 

É um desafio para a análise política desvendar os motivos de tantos e seguidos erros. Alguns poderão dizer que isso se deve à impotência de um governo que não foi eleito para conter o corporativismo do velho sistema político. Em parte, parece verdade. Mas se Temer quisesse mesmo entrar para a história como alguém que cumpriu um papel relevante, não poderia ter ficado surdo para a voz das ruas. Pois se não fossem as ruas ele jamais estaria sentado na cadeira presidencial, ainda que a sociedade não o tenha escolhido para nada (sua posse ocorreu estritamente em razão do que reza a Constituição). 

O governo Temer poderia ser medíocre. Ninguém iria lhe cobrar não ter feito, em dois anos, a reforma da humanidade. Mas não poderia ser um governo fraco, com um presidente refém de bandidos com mandato. 

Já se ouve de uma parte dos defensores do impeachment o grito "Fora Temer". Melhor seria focalizar em Renan, o principal agente do retrocesso no momento. Mas essas coisas não são muito racionais. O "Fora Temer" corre o risco de pegar, tendo como seus principais protagonistas os autores originais do lema: os petistas que foram defenestrados do governo pelas ruas de 2015 e 2016 e escorraçados das instituições há poucos meses pelas urnas. 

E agora? Os que pediam o fim do PT vão ser colocados na embaraçosa situação de ter de marchar ombro a ombro com o PT nas manifestações de rua e disputar com uma esquerda que enveredou para o crime a hegemonia sobre a justa movimentação social em defesa da Lava Jato e contra a manutenção de um sistema político que apodreceu?

ESTE ARTIGO É PARTE DE UMA ANÁLISE PROFUNDA DISPONÍVEL AOS ASSINANTES. PARA RECEBER O ARTIGO COMPLETO E OS COMENTÁRIOS DE AUGUSTO DE FRANCO EM VÍDEO, 
ASSINE DAGOBAH - INTELIGÊNCIA DEMOCRÁTICA
.


VEJA NOSSOS DESTAQUES


Lula não é Cabral: entenda a diferença

O esquema de Sérgio Cabral revela - pelo avesso - a estratégia do PT. Formalmente, ele fez a mesma coisa [...]

O Berlusconi aterrissou em Brasília

Nada melhor do que aprender com ele os métodos e os meios de destruir a Lava Jato Modesto Carvalhosa, O [...]

TEXTOS TEÓRICOS

INAUGURAMOS UMA NOVA ÁREA EM DAGOBAH 
COM TEXTOS TEÓRICOS SOBRE DEMOCRACIA. 
ACOMPANHE AQUI
.

A leitura de todos os artigos é gratuita. As newsletters semanais também são gratuitas. Mas como não temos nenhum tipo de financiamento, há um conteúdo exclusivo que é pago, composto por análises-resumo da conjuntura e vídeos semanais. Quem puder assinar, vai ajudar muito a gente continuar trabalhando. Para assinar clique no botão abaixo:

 

Newsletter enviada por DAGOBAH - Inteligência Democrática.

 

Não quero receber mais estas mensagens. 

 Email enviado de     , São Paulo    Brazil

 

Nenhum comentário: