MITOS
Ciência desmente 12 mitos populares
Crenças populares acabam se tornando verdade para uma parcela significativa da população
Opinião e Notícia, 25 fevereiro 2018
Essas falsas crenças sobre nutrição e hábitos de vida
surgem de lendas ou má interpretações (Foto: Pixabay)
Em rápidas pesquisas pela internet podemos encontrar
diferentes “dicas” de como se alimentar melhor. Por vezes, essas ajudas acabam
se contradizendo. Essas falsas crenças sobre nutrição, hábitos de vida e saúde
surgem de lendas ou má interpretações, ignorando os avanços científicos. Por
isso, separamos 12 mitos que já foram desmentidos pela medicina.
1 – Usar micro-ondas dá câncer
O micro-ondas não tem a capacidade de causar câncer
nas pessoas, assim como celulares e computadores também não. Além disso, o
aparelho também não destrói os nutrientes dos alimentos, sendo ainda um método
melhor do que outros métodos de cozimento.
“A comida em um forno de micro-ondas esquenta graças à
agitação que as ondas produzem nas moléculas de água presentes em maior ou
menor medida nos alimentos. Não se trata de radiação ionizante, por isso não
tem um efeito capaz de provocar mutações no DNA celular”, explicou o médico
Manuel Castro, especialista em medicina preventiva e saúde pública do Complexo
Hospitalar Universitário de La Coruña, que fica na Espanha.
2 – A água oxigenada é boa para as feridas
A coceira gerada pela água oxigenada quando é jogada em
cima de uma ferida aberta é um sinal de que o produto danifica as células da
pele. Dessa forma, o Centro de Controle de Enfermidades dos Estados Unidos não
aconselha a molhar a pele e membranas mucosas com água oxigenada.
“A água oxigenada, na verdade, é menos eficaz que
outros antissépticos e pode ser agressiva para a pele. Embora ela seja
interessante em alguns casos, atualmente o antisséptico preferido para ter em
casa é a clorexidina”, afirmou a doutora em farmácia e nutricionista Marian
García.
3 – A gravidez dura nove meses
Apesar da generalização na utilização da cifra de nove
meses, a expressão está incorreta, pois, segundo a medicina, a gravidez costuma
durar entre 37 e 40 semanas, o que poderia corresponder a “nove meses e uma
semana”, conforme explicou o médico Manuel Castro, especialista em medicina
preventiva e saúde pública do Complexo Hospitalar Universitário de La Coruña.
“Nem todas as semanas são realmente de gravidez,
porque se começa a contar antes que ocorra a fecundação. A data de início é o
primeiro dia da última menstruação da mãe. E − muito provavelmente − a
concepção terá ocorrido entre duas e três semanas depois atrás dessa data, e
isso sem considerar a regularidade dos ciclos de cada grávida”, apontou.
4 – Muito sal não é saudável
Estudos da Faculdade de Medicina da Universidade de
Boston, nos Estados Unidos, mostram que uma dieta com pouco sódio não é tão
benéfica para a saúde e nem auxilia na diminuição da pressão arterial. “A
chave está na ingestão de sódio, potássio e magnésio”, afirmou a
dietista-nutricionista Elisa Escorihuela.
Segundo as recomendações da Organização Mundial da
Saúde (OMS), o ideal é que seja consumido menos de cinco gramas de sal por dia.
Porém, Elisa Escorihuela também explica que não é o sal do saleiro o maior
malfeitor. “Se achamos que devemos reduzir o consumo de sal de nossos saleiros,
estamos enganados, o excesso que consumimos está nos alimentos pré-cozidos,
aperitivos industrializados e molhos que compramos. O aconselhável é reduzir a
zero os alimentos prontos e embalados”.
5 – Se você está acima do peso, não tem uma vida
saudável
O sobrepeso é o oposto de se ter uma vida saudável.
Porém, parte da população se exercita diariamente e mantém uma alimentação
regular e, mesmo assim, precisa lidar com o excesso de peso. Segundo o
dietista-nutricionista Àlex Pérez, do Centro de Atenção Primária de
Vallcarca-Sant Gervasi, em Barcelona, diferentes motivos podem causar esse leve
sobrepeso, desde um desajuste hormonal até a genética.
“Por isso também não podemos parar de pensar no fato
de que realmente existe uma relação entre nosso peso e nosso estado de saúde. É
preciso manter um peso adequado, comer de forma saudável e seguir um estilo de
vida saudável”, apontou Elisa Escorihuela.
6 – Temos cinco sentidos
Os cinco sentidos clássicos – visão, audição, tato,
olfato e paladar – já não são mais o suficiente para explicar a capacidade do
seu humano de entender e perceber sobre o ambiente no qual está inserido. De
acordo com o médico Manuel Castro, muitos outros sentidos podem ser adicionados
a essa lista.
“Hoje são acrescentados alguns outros. Entre os mais
claramente estabelecidos estão a termocepção ou termorrecepção (que é a
sensação de calor ou sua ausência), o sentido do equilíbrio (que permite
mover-se, acelerar ou frear sem perder nossa orgulhosa bipedestação), a
propiocepção (por exemplo, saber onde está situada neste momento sua mão
esquerda sem olhar para ela), a nocicepção ou sentido da dor. O próprio
conceito de sentido é difuso. Se o entendemos como um sistema para receber
informação sobre nosso próprio corpo e o mundo, poderíamos acrescentar o
sentido do tempo, uma espécie de cronorrecepção, para não falar de sensações
tão familiares como a fome ou a sede”.
7 – Fazer exames periódicos é bom para a saúde
Controlar a saúde através de exames médicos periódicos
é bom, mas não há evidência científica que prove que o seu organismo vá se
comportar melhor dessa forma, conforme explicou o médico de família Salvador
Casado.
“Muita gente desconhece que cada exame diagnóstico tem
efeitos colaterais ou indesejados, como ocorre com os remédios. Os exames são
úteis quando solicitados por um médico que suspeite da existência de uma
doença, mas quando são pedidos sem essa justificativa, são muito frequentes os
falsos positivos ou falsos negativos que depois podem desembocar em condutas
médicas que prejudicam a pessoa”, afirmou.
8 – O mel é um açúcar natural e melhor que o açúcar
processado
Segundo Àlex Pérez, o “açúcar sempre é açúcar”, com o
corpo não tendo a capacidade de distinguir a procedência da molécula. Por isso,
é incorreto afirmar que o açúcar natural é menos agressivo do que o açúcar
processado. “O abuso do mel pode ser tão prejudicial para nossa saúde quanto o
do açúcar refinado”.
“O açúcar branco que se põe no café contém 100% de
sacarose, enquanto o mel é uma mistura de frutose, glicose, sacarose e 18% de
água, juntamente com uma pequena quantidade de vitaminas e minerais”. Segundo a
OMS, os açúcares livres, que são aqueles presentes de forma natural, são alguns
dos principais fatores que estão causando o aumento da obesidade e diabetes no
mundo.
9 – Só ocorre a concussão cerebral quando há golpe
Quando recebemos um golpe na cabeça, o encéfalo pode
se chocar com o crânio, o que causa a concussão. No entanto, caso façamos algum
movimento muito brusco, o mesmo fenômeno pode ocorrer, pois a separação entre o
encéfalo e o crânio é feita apenas por meninges e pelo líquido
cefalorraquidiano.
“É uma alteração do estado mental após um trauma, que
pode ocorrer devido a golpes diretos ou movimentos rápidos da cabeça ou de
aceleração/desaceleração. Nesses casos, a proteção do liquido cefalorraquidiano
não é suficiente e o cérebro bate contra o crânio, levando à concussão e a
outras complicações sem que necessariamente tenha havido um golpe direto. Isto
é particularmente importante em pessoas mais velhas, nas quais a relação
continente-conteúdo (crânio-encéfalo) é maior por causa da a atrofia cerebral
que aparece com a idade”, explicou o neurologista Azuquahe Pérez, do Hospital
Geral de La Palma.
10 – Azeite é saudável e, por isso, não faz mal
exagerar
Mesmo sendo composto principalmente de 99% de gordura,
mesmo com ácidos graxos monoinsaturados que são saudáveis para o coração, não
se pode afirmar que o azeite, em exagero, não faça mal.
“Não se pode dizer que ajuda a baixar de peso, porque
essa ideia fica gravada na cabeça do consumidor e ele tende a abusar. Na
verdade, ocorre justamente o contrário. Começa-se a notar um aumento de peso ao
consumir de forma excessiva essa gordura, por mais saudável que seja”, afirmou
a nutricionista Luisa Solano.
11 – Usamos apenas 10% do nosso cérebro
Um mito já desmentido em diferentes oportunidades, mas
que sempre consegue ressurgir, se tornando verdade para algumas pessoas.
Segundo o doutor Castro, usamos todo o nosso cérebro a maior parte do tempo,
com uma porcentagem tão baixa só sendo registrada quando estamos em repouso
completo.
“Se nos dizem que só usamos 10% de nosso cérebro em
uma palestra motivacional, estão nos enganando. E se nos dizem isso em nosso
ambiente de trabalho e se trata de um superior, provavelmente querem nos
explorar”, destacou.
12 – Devemos dormir oito horas por dia
Na realidade, cada pessoa dorme horas diferentes sem
que isso cause qualquer tipo de problemas. Além disso, as características do
sono mudam com a idade. Porém, a ciência mostra que nos dias úteis acabamos
dormindo menos do que deveríamos, enquanto dormimos um pouco mais nos dias de
folga.
“Diversos estudos demonstraram que o tempo total do
sono, sua eficiência e o sono profundo diminuem com o envelhecimento, enquanto
o número de despertares noturnos e o tempo que se passa acordado durante a
noite aumentam. Essas mudanças estão associadas a mudanças nos processos
circadianos e homeostáticos que regulam o sono e também a mudanças fisiológicas
e psicossociais próprias da idade”, explicou Azuquahe Pérez.
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