No dia 7 de janeiro de 2021 completam-se 30 anos da morte precoce, inaceitável, de José Guilherme Merquior, uma perda terrível para a inteligência e para a cultura nacional. E no dia 22 de abril deste mesmo ano, ele estaria completando 80 anos, uma possibilidade perfeitamente normal nos nossos dias.
Ele foi o mais brilhante dos diplomatas de carreira, de uma inteligência fulgurante, como muitos falaram.
Eu fico pensando em tudo o que ele poderia ter escrito nestes 30 anos decorridos desde sua morte tragicamente ocorrida ANTES do tempo, com menos de 50 anos. Esse aspecto me causa mais pesar do que, por exemplo, a possibilidade de que ele tivesse sido designado chanceler em algum governo (certamente não na bizarra era lulopetista e especialmente NÃO nos atuais tempos esquizofrênicos).
Como homenagem a este grande intelectual – um aspecto que me toca mais do que o fato dele ter sido colega de carreira –, vou começar a postar aqui diversos materiais, de e sobre José Guilherme Merquior, acredito que para gáudio dos estudantes, que podem conhecer pouco sobre a sua obra, e para satisfação dos muitos acadêmicos que já leram muito dele e sobre ele (nem sempre favoravelmente, pois os petistas lhe moveram um combate idiota, apenas porque ele revelou uma fraude de uma conhecida professora da USP, próxima da tribo). Mas ele foi amigo de marxistas, como Leandro Konder, a quem dedicou, justamente, seu livro sobre o marxismo ocidental. Estruturalistas e foucaultianos talvez não o admirem muito, tampouco, pelas críticas sempre bem informadas que ele moveu a seus principais arautos.
Vou começar por uma informação institucional, a nota sobre ele na Academia Brasileira de Letras, e que remete a outros links dele ou sobre ele.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4 de janeiro de 2021
Biografia no site da Academia Brasileira de Letras
Quarto ocupante da Cadeira 36, eleito em 11 de março de 1982, na sucessão de Paulo Carneiro e recebido pelo Acadêmico Josué Montello em 11 de março de 1983.
José Guilherme Merquior nasceu na cidade do Rio de Janeiro, RJ, a 22 de abril de 1941 e faleceu na mesma capital em 7 de janeiro de 1991. Era filho de Danilo Merquior e de Maria Alves Merquior.
Diplomata, filósofo, sociólogo, crítico, escritor e bacharel em Direito. A formação universitária de Merquior foi das mais brilhantes e completas, tendo juntado os títulos mais diversificados, a começar pelo licenciamento em Filosofia (Rio de Janeiro, 1962); bacharel em Direito (1963); diploma do curso de preparação à carreira diplomática (1963); aluno titular do Seminário de Antropologia do College de France (1966 a 1970); Doutor em Letras pela Universidade de Paris (1972); PhD em sociologia pela London School of Economics and Political Science (1978) e Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco (1979).
Como professor ministrou cursos nas seguintes instituições: Instituto de Belas Artes do Rio de Janeiro (1963); curso de História da Literatura Brasileira, na Universidade do Ar; curso de pós-graduação sobre o modernismo brasileiro (Universidade Nova de Lisboa, 1976); curso de Estética Contemporânea, (Montevidéu - julho de 1981).
Ministrou conferências sobre Arte, Literatura, Filosofia, Sociologia, Semiologia e História da Civilização em várias universidades brasileiras. Participou de vários eventos de natureza cultural em nosso país e no exterior.
Como diplomata exerceu suas funções, a partir de sua nomeação para o cargo de terceiro secretário (7 de novembro de 1963), nos seguintes locais: Ministério das Relações Exteriores; Divisão de Cooperação Intelectual; Oficial de Gabinete do Ministro de Estado; Secretário da Delegação Brasileira à II Conferência Interamericana Extraordinária; Terceiro Secretário na Embaixada do Brasil em Paris, 1966, e Segundo Secretário no ano seguinte; Primeiro Secretário em Bonn (1973); Primeiro Secretário em Londres (1975-1979); Conselheiro, em Montevidéu (1980-1981); Ministro de segunda classe em Montevidéu (1982) e Ministro-conselheiro na Embaxada do Brasil em Londres (1983).
Além de seus próprios livros, José Guilherme Merquior publicou vários outros trabalhos em colaboração com Manuel Bandeira, Jacques Bergue, Eduardo Portella, Perry Anderson, Roberto Campos, Lucio Colletti, etc. Prefaciou igualmente algumas obras e colaborou com verbetes em enciclopédias, especialmente na Mirador, dirigida por Antonio Houaiss.
Atualizado em 24/11/2016.
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