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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

How insensitive? - Paulo Roberto de Almeida

 How insensitive? 

Paulo Roberto de Almeida


As “notícias” (ou o que passa por) da mídia (hostilizada a partir de cima, por quem quer que se julgue poderoso o suficiente para tanto) sobre os comportamentos individuais nas esferas “superiores” dos TRÊS poderes no Brasil são, a cada dia, tão deprimentes e tão depressivas que eu me pergunto como é possível a um observador isento — um simples cidadão bem informado, como este escrevinhador — continuar contemplando tranquilamente um país que se afunda voluntariamente no lodo, na decadência, sempre mais e mais?


Como tolerar o constante rebaixamento de padrões de conduta ética por parte daqueles que foram eleitos pelo povo, ou que foram indicados e aprovados por esses representantes, para defender interessses coletivos da sociedade, mas que se empenham, de modo contínuo, em promover seus próprios privilégios de casta, de estamento, de corporação?


Como conviver com tais manifestações de soberba, arrogância, indiferença, ambições insaciáveis e mesquinhez por parte desses senhores de baraço e cutelo, por parte desses defensores do patrimonialismo mais descarado?


Desculpem usar o título de uma das canções mais famosas da Bossa Nova — imortalizada internacionalmente na voz de Astrud Gilberto — para uma nota de pura desesperança na possibilidade de que o país possa escapar do fatídico itinerário de declínio incontornável, que já vitimou outras sociedades fracassadas — pelo menos durante algum tempo — ao redor do mundo, no registro histórico.


Tudo isso me parece insuportável. E no entanto temos de continuar suportando esse cenário execrável, sabendo que temos a obrigação moral, para com nossos familiares da geração mais jovem, para com toda a comunidade que nos cerca, para com a nação em seu conjunto, de fazermos tudo o que é humanamente possível de ser feito para deixar um legado positivo para todos aqueles que nos cercam e que nos sucederão, deixar um país e uma sociedade melhores, para nossos filhos e netos, melhores do que o mundo que recebemos de nossos pais e avós. 


Todo o sentido da comunidade da espécie humana deveria ter essas marcas da bondade, da solidariedade, da fraternidade ou da simples humanidade para com nossos semelhantes, independentemente de raça, cor, nacionalidade, crenças políticas ou credos religiosos.


Nem sempre foi assim, evidentemente, pois ódios, vinganças, guerras, violência, discriminação, indiferença ao sofrimento dos mais humildes sempre acompanharam a trajetória de diversas comunidades ao redor do mundo, em quaisquer épocas e lugares. A miséria humana, a degradação dos sentimentos mais elementares e o desprezo pela vida e situação de outros também andaram de par com exemplos magníficos de desprendimento e amor ao próximo. 


Uma pequena reflexão matinal sobre a infinita escala da grandeza e da miséria humana talvez não ajude a começar o dia num tom otimista, mas como evitar tais sentimentos ao ser bombardeado ao início da manhã por notícias tão deprimentes que nos chegam pela mídia, no mais perfeito cumprimento de seu dever em nos manter bem informados?


Como ser tão insensível a tanta insensatez? Mil desculpas por esta pílula de amargor, mas é a sensação que tenho ao ler tanta notícia, como canta outro famoso compositor. 

Queixar-me às rosas?

Mas as rosas definitivamente não falam!

Ah, insensatez, que nos oferecem, todos os dias, os poderosos do momento, de todos os momentos que nos é dado contemplar no miserável noticiário de todos os dias. Estamos numa trajetória de self-destruction?

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 11/02/2021

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