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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Uma ameaça de tonalidades wagnerianas - Paulo Roberto de Almeida

Uma ameaça de tonalidades wagnerianas 

Paulo Roberto de Almeida


 Esse cara, o da “esquerda” — como diria o patético chanceler acidental — começou prometendo salvar o povo alemão das agruras de sua derrota na Grande Guerra — “apunhalado nas costas” por uma conspiração de judeus, comunistas e até do “grande capital” —, das misérias do desemprego, da inflação, da humilhação de Versalhes, e da ameaça bolchevique, que estaria supostamente ocupando “espaços vitais” para a sobrevivência da “raça germânica”.

Terminou arrasando completamente o país e boa parte da Europa, trucidou dezenas de milhões de alemães e europeus em geral, produziu o mais horrendo crime contra a Humanidade, ao determinar a extinção de todo um povo, estraçalhou a cultura refinada de uma nação avançadíssima na filosofia, na história e na tecnologia e produziu, finalmente, uma enorme horda de fanáticos fundamentalistas perversos, que ainda hoje percorre várias sociedades até organizadas como uma legião em geral dispersa de zumbis destruidores, que de vez em quando são novamente arregimentados e mobilizados para continuar seu itinerário de catástrofes humanitárias. 

Em dois grandes países do hemisfério ocidental, os êmulos de Hitler conseguiram a proeza de juntar e de organizar os “novos bárbaros”, que lhes são fieis e devotados. 

Nos EUA, Trump retomou uma perversidade que não se via desde o nazismo: separar crianças pequenas de seus pais e trancafiá-las em prisões. 

No Brasil, o degenerado dirigente se empenha todos os dias em destruir a cultura e em demolir as instituições que existem, e não só para proteger a família miliciana dos crimes que já cometeu; também porque, finalmente, possui o mesmo DNA político do que o psicopata nazista.

Estamos no limiar de um desastre nacional que ameaça os próprios fundamentos de uma sociedade normal.

A República Federal Alemã parece ter se recuperado do horrível período da tirania nazista, mas os zumbis hitleristas continuam existindo. O Brasil ainda os está criando e alimentando. 

Exagero, talvez?

Pode ser, mas tenho a nítida impressão de que estamos caminhando para uma psicopatologia coletiva, que leva as digitais de uma classe política exclusivamente focada nos seus ganhos imediatos e mesquinhos. O preço a ser pago será bastante alto para a sociedade brasileira.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3/02/2021


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