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domingo, 21 de fevereiro de 2021

O Brasil de volta ao passado - Ricardo Bergamini, Paulo Uebel, Josias de Souza

 Reconheço os esforços dos bolsonaristas em tentar provar que o governo não é “um museu de grandes novidades” (Ricardo Bergamini).

 

O Brasil de volta ao passado

 

O que voltou em 2019/2020/2021 para o debate? 

 

O PIB de 2020 voltando para o PIB do ano de 2007, o PAC, Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família, CPMF, desoneração da folha de pagamento, a inflação, o AI5, a intervenção militar, o voto impresso, mudança da política de preços da Petrobras, a volta dos ministérios, o mensalão e o petrolão, com as ressurreições de Rodrigo Pacheco, Eduardo Cunha, Arthur Lira, Ricardo Barros, Gilberto Kassab, Ciro Nogueira, Roberto Jefferson e Valdemar Costa Neto. Pesquisem as “capivaras” (fichas criminais) desses ilustres senhores.

 

 

Ex-membro da equipe econômica iguala Bolsonaro a Dilma e Guedes a Mantega


Josias de Souza

 

Colunista do UOL, 21/02/2021

 

A intervenção militar que Jair Bolsonaro promoveu na Petrobras destravou a língua de ex-auxiliares de Paulo Guedes que haviam desembarcado do Ministério da Economia silenciando os seus rancores. Ex-secretário de Desburocratização, o economista Paulo Uebel igualou Bolsonaro a Dilma Rousseff. E equiparou Guedes ao antecessor petista Guido Mantega.

 

"Nunca o governo Bolsonaro foi tão parecido com o governo Dilma como hoje", escreveu Uebel numa rede social. "Nesse momento, Guido Mantega faria absolutamente o mesmo que Paulo Guedes está fazendo. Essa similaridade deve arrepiar qualquer cidadão de bem! Não podemos desistir do Brasil."

 

Uebel desistiu do governo há seis meses. Era responsável pela reforma administrativa, que permaneceu na gaveta de Bolsonaro por um ano antes de ser enviada ao Congresso. Bateu em retirada junto com o empresário Salim Mattar, o ex-secretário de Desestatização que se frustrou por não conseguir vender estatais.

 

A exemplo de Uebel, Salim também expôs numa rede social sua indignação com a troca de comando na Petrobras. Sai Roberto Castello Branco —homem de Guedes—, entra o general Joaquim Silva e Luna —que segue o modelo Pazuello de administração: "Um manda, o outro obedece".


"Mais um dia acordo inconformado e indignado com o rumo do Brasil", escreveu Salim. "Esta nova interferência na Petrobras só confirma que é preciso privatizar TODAS as estatais e, assim, reduzir o tamanho do estado."

 

Na ponta do lápis, Guedes perdeu algo como 15 auxiliares. Em agosto do ano passado, quando Uebel e Salim chamaram o caminhão de mudança, o ministro foi compelido a reconhecer que sua pasta convivia com uma "debandada".

 

Tomados pelas palavras, outros integrantes da equipe econômica podem deixar o governo. A única diferença entre os economistas que desertaram e os que permanecem na trincheira de Guedes é que os desertores não precisam fingir que confiam na conversão de Bolsonaro ao liberalismo.

 

Sem travas na língua, Paulo Uebel identifica um quê de populismo eleitoral na aversão de Bolsonaro à política de preços da Petrobras. "As empresas estatais não devem ser usadas para gerar votos. Isso viola os princípios da administração pública e contraria as boas práticas de governança. Lamentável esse episódio!"

 

Para Uebel, Castello Branco caiu em desgraça junto a Bolsonaro "por estar fazendo o trabalho certo: blindar uma empresa estatal contra o uso político, contra o populismo."

 

A evocação de Dilma e Mantega dá uma ideia do nível da frustração dos economistas que Guedes recrutou para sua equipe. Produziu-se sob Dilma uma ruína econômica em que a inépcia misturou-se à ausência de governo.

 

Nessa época, a pasta da Economia chamava-se Ministério da Fazenda. Mantega apenas enfeitava a poltrona. Dilma foi a ministra. Quando Bolsonaro declarou que havia encontrado um Posto Ipiranga para abastecer sua ignorância econômica, imaginou-se que o presidente daria mão forte ao seu ministro.

 

Ao comparar seu ex-chefe a Mantega, Paulo Uebel diz em voz alta o que os sobreviventes da equipe econômica sussurram entre quatro paredes: Paulo Guedes leva longe demais sua crença na fábula do superministro.

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

 

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