Historiadores contextualizam as origens do atraso no desenvolvimento econômico do país
"A Passos Lentos" revisita políticas econômicas adotadas no Brasil Império e explora consequências do escravagismo e de governos deficitários
Resultado da reunião de historiadores renomados, o livro “A Passos Lentos – Uma História Econômica do Brasil Império”, pode ser definido como uma nova referência para estudiosos e curiosos. A leitura é indicada para aqueles que desejam entender a dinâmica de desenvolvimento do país ao longo dos séculos a partir das políticas econômicas adotadas durante o domínio da monarquia.
A Passos Lentos aborda as dinâmicas econômicas da época, baseadas sumariamente no escravagismo, o PIB das regiões habitadas, os dilemas que envolviam a posse e divisão de terras, as relações trabalhistas e como a capital se mantinha. Os historiadores também apresentam a relação entre o Brasil Império e a Economia mundial, destrinchando as políticas de comércio exterior, exportações, importações e dívida externa.
O programa Ponto de Encontro abordou os assuntos do livro em entrevista com um dos autores, o doutor em Economia Luiz Aranha Correa do Lago. Ouça na íntegra:
“Basicamente, a escravidão determinava alguns aspectos que eram elementos de atraso. Um deles, muito claro, é que, obviamente, você tendo uma população escravizada, ela não era uma população que era consumidora importante. Segundo no ponto de vista de mão de obra, no longo prazo, a mão de obra livre é mais produtiva que a mão de obra escravizada. Então aqui temos já um elemento de atraso importante”, comentou Lago.
O especialista explica que a transição para o trabalho livre foi se dando mais facilmente nas regiões do Sul, onde não se havia o predomínio do latifúndio. Nas regiões cafeeiras, por exemplo, de acordo com o censo de 1872, cerca de 15% da população eram pessoas escravizadas, enquanto no Paraná eram 8% e Santa Catarina 9%. Nesses estados do Sul, foi se percebendo que as atividades foram ficando diversificadas por conta da chegada de imigrantes, enquanto nas regiões cafeeiras o trabalho escravo prevaleceu até 1880.
Sinopse
Estagnação econômica, dependência exclusiva da exportação de matérias primas agrícolas, uma vasta plantation escravista, governos irremediavelmente deficitários. Estes são alguns dos fatos estilizados que vêm à mente quando se pensa na história econômica do Brasil Império. Com base em ampla evidência estatística e em diálogo permanente com a historiografia clássica e a produção acadêmica contemporânea, este livro confirma que tal espécie de “fatos” costuma ser apenas parcialmente verdadeira. A economia do Império não era imóvel – movia-se, ainda que a passos lentos.
Marcelo de Paiva Abreu, doutor em Economia pela Universidade de Cambridge e professor titular emérito do Departamento de Economia da PUC-Rio, Luiz Aranha Correa do Lago, doutor em Economia pela Universidade Harvard, professor do Departamento de Economia da PUC-Rio e ex-diretor do Banco Central (1987-1988), e André Arruda Villela, doutor em História Econômica pela Universidade de Londres e professor adjunto da FGV EPGE, assinam esta obra que nasce como fonte essencial de conhecimento.
Colaboração: Dielin da Silva / LC – Agência De Comunicação
https://radiomarconi.net/2022/05/12/historiadores-contextualizam-as-origens-do-atraso-no-desenvolvimento-economico-do-pais/https://radiomarconi.net/2022/05/12/historiadores-contextualizam-as-origens-do-atraso-no-desenvolvimento-economico-do-pais/
ResponderExcluirFor me, sadly, the link doesn't work. But I've ordered a copy of the book.
Dave Denslow, economics emeritus, University of Florida denslow@ufl.edu