Síndromes diplomáticas no Cone Sul
Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.
Nota sobre as inclinações ideológicas das diplomacias do Brasil e da Argentina.
A política externa do peronismo era em grande medida ideológica. Mas a de Milei é muito mais, excessivamente ideológica, apesar de uma sensata chanceler.
A diplomacia petista também é tristemente ideológica, ao preferir alianças com ditaduras antiocidentais, nessa miopia da “nova ordem global”, ao ingresso na OCDE, cujos propósitos têm muito mais a ver com a nossa trajetória de desenvolvimento econômico e político: economia de mercado e democracia.
Quando Brasil e Argentina vão deixar essas errâncias ideológicas de lado e passar a ter diplomacias normalmente pragmáticas e universalistas na política externa? Parece que não é para já.
O alinhamento de Milei aos EUA e Israel, suas críticas ao “comunismo” chinês, são novamente ridículos, como eram as antigas “relações carnais” com os EUA.
A simpatia de Lula por certas ditaduras na região e fora dela é mais do que ridícula, é totalmente contraproducente para a própria inserção global do Brasil e para sua participação equilibrada na agenda global. A visão de que duas grandes autocracias focadas num projeto antiocidental são aliadas naturais de um mirífico “Sul Global” não é apenas equivocada; é também ridícula e contrária a nossos interesses.
Brasil e Argentina se perdem em pequenas confusões ideológicas, que são puramente retóricas. Até quando?
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4537, 30 dezembro 2023, 1 p.
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