O fato é que ainda antes da posse, na campanha eleitoral, tanto o candidato quanto o assessor em assuntos internacionais diziam que eram contrários a diversas disposições do acordo assinado em 2019, e não apenas por causa de compras governamentais. Se isso era condição para o desenvolvimento do Brasil, o país já poderia ser um país desenvolvido há muitos anos, pois há décadas que protege os produtores nacionais da concorrência externa.
Vai demorar para o Brasil e a Argentina se abrirem de fato ao comércio internacional.
Paulo Roberto de Almeida
Lula diz que sonhava em anunciar conclusão de acordo Mercosul-EU Presidente afirmou que ainda mantém esperança de que as negociações prossigam e pediu ao presidente do Paraguai para “não desistir nunca”... Leia mais no texto original:
6) Mercosul-UE: Lula diz que pediu ajuda a Scholz para fechar acordo, mas alemão não conseguiu convencer Macron
7) Fiz um apelo ao Macron para deixar de ser tão protecionista', diz Lula sobre fracasso de acordo com a UE Presidente abriu a 63ª Cúpula do Mercosul defendendo permanência das negociações com Europa RIO DE JANEIRO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu nesta quinta-feira (7) o encontro dos chefes de Estado do Mercosul atribuindo às nações europeias o fracasso no acordo de livre comércio entre os dois blocos de nações. Lula afirmou haver um protecionismo do presidente francês, Emmanuel Macron, aos produtos agrícolas do país. O chefe do Planalto também ressaltou a necessidade de proteger as compras governamentais dos países do Mercosul "Fiz um apelo ao Macron para deixar de ser tão protecionista. Todos eles são protecionistas em relação ao mercado agrícola. Eles não levam em conta que podemos participar desse sol, de um mercado extraordinário", disse Lula. "A questão das compras governamentais é muito importante para um país se desenvolver. Não dava para a gente abrir do jeito que eles queriam que a gente abrisse." O debate sobre as compras governamentais é um dos principais entraves ao termo atual do acordo.
Uma reivindicação de Lula é impedir que empresas europeias possam concorrer em licitações brasileiras. Lula afirmou que o futuro acordo deve contribuir para a industrialização dos países do Mercosul. "Estranho a falta de flexibilidade deles de entender que nós ainda temos muita coisa para crescer, temos o dever de nos industrializar. E precisamos de flexibilizar, deles comprarem alguma coisa nossa com maior valor agregado. Mas eles não estão sensíveis para isso", afirmou. Havia a expectativa do governo brasileiro e da presidência da União Europeia de que fosse possível fechar os termos do acordo para anunciá-lo na Cúpula do Mercosul, nesta quinta (7).
No entanto, os últimos dias mostraram percalços maiores do que estavam sendo antecipados pelos negociadores. No último sábado (1°), Macron, afirmou que é contrário ao acordo por considerá-lo "antiquado". Um dia depois, o comissário do comércio da União Europeia, Valdis Dombrovskis, cancelou a viagem que faria ao Brasil para acompanhar a reunião do Mercosul. No discurso, Lula admitiu que não conseguiu chegar aos resultados concretos que esperava quando assumiu a presidência temporária do bloco.
A declaração é uma resposta às críticas feitas pelo chanceler do Uruguai, Omar Paganini, de que o Brasil não trouxe "resultados concretos" —entre eles o acordo Mercosul-União Europeia. "Cada um de vocês, quando exercerem a presidência, vai exercer com muita vontade de fazer muita coisa. E depois a gente se dá conta que nem tudo acontece do jeito que a gente quer. Mas o dado concreto é que nós estamos avançando", disse Lula no discurso. "Eu tenho como lema não desistir nunca. Porque não existe nada que seja impossível da gente concretizar, mesmo essa tentativa de acordo com a União Europeia. Já está durando há 23 anos, mas a gente tem que continuar tentando."
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