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sábado, 30 de dezembro de 2023

Síndromes diplomáticas no Cone Sul - Paulo Roberto de Almeida

Síndromes diplomáticas no Cone Sul

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Nota sobre as inclinações ideológicas das diplomacias do Brasil e da Argentina.

 

A política externa do peronismo era em grande medida ideológica. Mas a de Milei é muito mais, excessivamente ideológica, apesar de uma sensata chanceler. 

A diplomacia petista também é tristemente ideológica, ao preferir alianças com ditaduras antiocidentais, nessa miopia da “nova ordem global”, ao ingresso na OCDE, cujos propósitos têm muito mais a ver com a nossa trajetória de desenvolvimento econômico e político: economia de mercado e democracia. 

Quando Brasil e Argentina vão deixar essas errâncias ideológicas de lado e passar a ter diplomacias normalmente pragmáticas e universalistas na política externa? Parece que não é para já. 

O alinhamento de Milei aos EUA e Israel, suas críticas ao “comunismo” chinês, são novamente ridículos, como eram as antigas “relações carnais” com os EUA.

A simpatia de Lula por certas ditaduras na região e fora dela é mais do que ridícula, é totalmente contraproducente para a própria inserção global do Brasil e para sua participação equilibrada na agenda global. A visão de que duas grandes autocracias focadas num projeto antiocidental são aliadas naturais de um mirífico “Sul Global” não é apenas equivocada; é também ridícula e contrária a nossos interesses.

Brasil e Argentina se perdem em pequenas confusões ideológicas, que são puramente retóricas. Até quando?

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4537, 30 dezembro 2023, 1 p.