Pedro Rafael Fernandes
Ontem, dia 26 de novembro, o Valor Econômico reportou que a saída de dólares pela via financeira chegou a US$ 56,2 bilhões. O valor por si só é uma informação relevante. Isto significa que as expectativas dos investidores internacionais sobre o Brasil estão permeadas por incerteza ou pessimismo a respeito do futuro da economia brasileira.
Todavia, quando se observa que este é o maior valor para toda a série, que iniciou em 1982, a informação torna-se ainda mais grave. Para comparação, o valor acumulado de saída pela via financeira entre janeiro e outubro de 2020, ano da pandemia, onde a incerteza era absoluta, foi de US$ 54,7 bilhões.
Outra estatística interessante disponibilizada pelo Banco Central é o investimento estrangeiro direto líquido. A partir da série trimestral pode-se conferir que considerando o resultado líquido de 2023 ao terceiro trimestre de 2024 constata-se uma saída de US$ 77 bilhões de dólares.
Há uma série de implicações diretas e indiretas dessa fuga de dólares da economia brasileira. Em primeiro lugar, se este fenômeno persistir pode-se esperar depreciação adicional do valor da real frente dólar. O que per si alimenta inflação, elevando o custo de vida de forma significativa, atingindo principalmente os mais pobres.
Em segundo lugar, porém não menos importante, a persistência da indisposição dos agentes estrangeiros com a economia brasileira encarece, e, portanto, dificulta a realização de investimentos importantes para a continuidade do crescimento econômico, com investimento em capital na indústria, e investimentos em infraestrutura de base, como estradas, saneamento básico, ferrovias e aeroportos. Uma vez que esta fragilidade do real frente ao dólar, e a incerteza econômica por trás dela, dificulta ou até mesmo inviabiliza a aferição do retorno econômico associado a esses investimentos.
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Pedro Rafael Fernandes
27/11/2024