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segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Crônica de uma guerra secreta, de Sergio Corrêa da Costa, resenha de Cecilia Prada (Problemas Brasileiros)

 BEM ANTES DE JAMES BOND 

Cecilia Prada

revista PROBLEMAS BRASILEIROS ( SESC-SP), 2004


Crônica de uma guerra secreta (Record - 2004), escrita pelo diplomata e historiador Sergio Corrêa da Costa, é obra de importância maior da nossa historiografia e capaz de provocar uma leitura apaixonada, um amor à primeira vista, uma funda impressão, no leitor. O autor já começara a realizar em livro anterior, Brasil- segredo de Estado (Record - 2001), um projeto pessoal: embaixador aposentado, empreendera então a tarefa de desvestir-se em público de sua personalidade mais convencional e conhecida durante todo sua carreira  ativa  na diplomacia. Durante a qual vira-se sem dúvida privilegiado, mas  certamente limitado desde sua juventude pela circunstância de ser genro do Chanceler Oswaldo Aranha. Oficialmente encaixado, portanto, no setor mais integralista do Governo Vargas, para assumir - qual moderno Zorro - a outra “profissão”, mais interessante, à qual sempre se dedicara e que mantivera em sigilo absoluto, desconhecida até de sua mulher e de seus filhos. Ou seja: a de investigador e descobridor de alguns dos mais instigantes segredos da história do Brasil.

      Em 1940, recém-admitido ao Itamaraty, descobrira em seu arquivo documentos secretos sobre a revolta dos mercenários alemães e ingleses que serviam na guarnição do Rio de Janeiro, em 1828 - realizada com o apoio secreto do governo argentino e inclusive com a possível participação dos então-exilados Andradas. Se no livro anterior contava como no período de 1944/46 - já no posto de terceiro-secretário, na embaixada em Buenos Aires - conseguira fotografar, “com a perícia de um James Bond, documentos ultra-secretos, altamente comprometedores do governo argentino” (hoje expostos na Academia Brasileira de Letras), é somente no livro de 2004 que conta com detalhes essa proeza. Vencendo “meio século de discrição absoluta”, desvenda seu disfarce de então, a falsa personalidade de “Juan Gutiérrez” que assumiu, inclusive com documentos de identidade falsos, para poder penetrar e agir livremente no Archivo General de la Nación, na repressora Argentina de Perón.

      Mas esse episódio, que em si já valeria um romance de capa e espada, é apenas a ouverture, o aperitivo de uma obra realmente estonteante: a revolta de 1828 foi apenas o estopim da curiosidade do jovem diplomata dos anos 40. O estímulo de que necessitava para se lançar, corpo e alma, numa autônoma e sutil atividade de agente de espionagem, disposto a desvendar todos os segredos diplomáticos que pairavam, abundantes, no relacionamento entre o Brasil e a germanófila  Argentina, naquele final da Segunda Guerra Mundial.

      O livro resultante, que leva como sub-título Nazismo na América: A conexão Argentina, é o mais completo e detalhado mapeamento da extensão, da gravidade da infiltração nazista na América do Sul, e seu público-alvo é “sobretudo a mocidade estudiosa, para que conheça a extensão dos riscos que rondaram o nosso país na década de 1940”. Declara Corrêa da Costa que nunca se contentou em acompanhar os acontecimentos à distância: “Passou a ser quase uma ideia fixa participar, de algum modo, da ação que se desenrolava à minha volta. Posso assegurar que muita coisa se passava, tanto na superfície como nos bastidores”. Quando o Brasil declarou guerra ao Eixo, em 1942, o jovem diplomata não hesitou em alistar-se nas Forças Armadas - onde, no Curso de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), encontrou um capitão que teria a maior influência sobre a orientação posterior de toda a sua carreira. Esse oficial mostrou-lhe documentos que provavam a infiltração nazista no Brasil, ressaltando “o número significativo de militares germanófilos no nosso exército” e “os riscos que oferecia a infiltração integralista, notadamente na marinha”. E contribuiu para que a escolha do primeiro posto de Corrêa da Costa fosse inteiramente consciente - Buenos Aires, tida como sede da irradiação fascista no continente. “Se eu pudesse ir”, diz, “as informações seriam de primeira mão”.

      O que nos dá agora é o mais completo levantamento dos bastidores diplomáticos, da extensa rede de espionagem internacional, com uma riqueza tal de casos e detalhes que a nossa atenção não se desvia do texto um minuto - é um livro este que se devora como se fosse um romance. Ao mesmo tempo em que vamos formando uma ideia exata das circunstâncias do ambivalente Brasil de Vargas, enredado nos conflitos ideológicos da época - cujos caminhos o autor percorre, do alinhamento totalitário do Estado Novo, do levante comunista de 1935 e do integralista de 37, à formação da grande comunidade alemã nos estados do Sul. Uma população que figurava nos planos de Hitler (secundados por Perón) como um verdadeiro exército de Volksdeutsche, força de combate a ser empregada no momento oportuno para subjugação de um país considerado “inferior, racialmente híbrido”, que seria forçosamente desmembrado e dominado. Segundo o censo de 1940, mais de 600 mil brasileiros natos nessa região utilizavam exclusivamente a língua alemã na família; frequentavam escolas alemãs e chegavam a ser treinados militarmente por agentes nazistas infiltrados.

     Em Buenos Aires, nos anos finais da Guerra e no imediato pós-guerra, nosso “James Bond” prosseguiu suas pesquisas históricas, integrando-as com sua vivência do momento - o propósito do governo argentino de assumir a todo custo a hegemonia do continente era exatamente o mesmo, em 1828 como na década de 1940. E se o caudilho Dorrego não hesitara então em tramar até um sequestro do Imperador D.Pedro I para realizá-lo, seu herdeiro Juan Perón não deixava por menos. Corrêa da Costa estuda com minúcias o personagem Perón (e depois também Evita), e deixa expostas todas as tramas da camarilha de oficiais do Grupo de Oficiales Unidos (GOU) que o levou ao poder. Reproduz o manifesto-programa desse grupo, documento classificado como ultra-secreto durante muitos anos, no qual afirmavam : “A luta de Hitler na paz e na guerra, nos servirá de guia”. Definiam a necessidade do estabelecimento de uma política de alianças com outros países sul-americanos, com o objetivo explícito de atrair “facilmente o Brasil, graças à sua forma de governo e aos grandes núcleos de alemães. Caído o Brasil, o continente sul-americano será nosso”.

      Com sua enorme erudição, o historiador interrompe a narração dos acontecimentos do período para remontar às fontes mais antigas do pan-germanismo de final do século XIX-início do século XX, cuja rationale não deixava dúvidas: “Como dispomos da força, podemos dispensar o direito”. E que tinha o propósito, já em 1916, de tomada “da parte meridional do Brasil, onde reina a cultura alemã”.

     Embora Perón declarasse que o destino da Argentina estava intimamente ligado ao da Alemanha de Hitler, não esmoreceu com o término da guerra e a derrota alemã. Prosseguiu implacavelmente nos seus propósitos e investiu maciçamente em uma consciente, constante e explícita transferência de líderes nazistas e criminosos de guerra para seu país, tentando inclusive apropriar-se da tecnologia nuclear acumulada por Hitler. O fracasso da sua “bomba atômica” caseira, “fabricada” em 1952 por um cientista louco e de segunda, Ronald Richter, tornou-se assunto de galhofa e representou o começo do fim de sua pantomima trágica.

     Mas o legado da sua “nazificação” persistiu, como provam a documentação e as estatísticas fornecidas por Corrêa da Costa. Diz ele que antes mesmo do suicídio de Hitler expoentes do fascismo italiano e do nazismo já estavam com suas bagagens em território argentino, no qual deveria renascer, das cinzas do Terceiro Reich, o Quarto Reich, ainda mais apto e mais bem equipado para o domínio da Europa e do mundo. Um relatório de 1947 estimaria em 90 mil o número dos nazistas alemães que se encontravam convenientemente instalados no país. Entre eles alguns dos piores e mais procurados carrascos nazistas.

     O mais estarrecedor, como não hesita em denunciar o respeitado diplomata, é o envolvimento comprovado do Vaticano durante o pontificado de Pio XII, nessa operação maciça de ocultamento e evasãque desde 1945 trilhou a “rota dos conventos”(também conhecida como “caminho dos ratos”) -abarrotando os conventos italianos de fugitivos, alguns dos quais escondidos durante anos a fio, e fazendo funcionários do alto escalão do Reich atravessarem em segurança postos de controle aliados, envergando hábitos religiosos.

Como o próprio vice-Führer Martin Bormann, que, disfarçado de jesuíta e munido de passaporte falso (fornecido pelo Vaticano), chegou à Argentina em 17/5/1948, sendo acolhido pelo Ministro da Guerra Sosa Molina, representante de Perón.

 

sábado, 26 de outubro de 2019

Ex-diplomata injustiçada por machismo do Itamaraty tenta reaver a carreira 9BBC)

A ex-diplomata de quase 90 anos que luta há décadas para ser readmitida no Itamaraty

Reportagem do jornal 'A Gazeta' fala sobre a entrada de Cecília Prada no ItamaratyDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionCecília Prada foi notícia quando entrou para o Itamaraty, em 1955; ela teve de abandonar a carreira porque se casou
Aos seus quase 90 anos, a paulista Cecília Prada, uma das primeiras mulheres formadas pelo Instituto Rio Branco, que prepara os diplomatas para o Itamaraty, ainda não desistiu de ser readmitida pelo Ministério de Relações Exteriores. Ela foi obrigada pelo órgão a pedir demissão em 1958 ao casar-se com um colega diplomata, o ex-secretário de Cultura Sérgio Paulo Rouanet, seguindo as regras do Ministério na época. Desde o divórcio, na década de 1970, tenta voltar para o serviço diplomático, pelo qual poderia estar aposentada hoje.
Após várias negativas em diferentes instâncias, desde os militares da ditadura até a Justiça civil, Prada tem a sua última chance de reaver o direito à aposentadoria pela carreira diplomática em um recurso que está nas mãos da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. O pedido de readmissão da ex-diplomata, feito junto à Comissão de Anistia, estava entre os mais de 1,3 mil indeferimentos assinados pela ministra no primeiro semestre.
"Eu poderia já ter sido embaixadora nesta minha fase da vida. Agora vejo meus colegas de diplomacia, todo mundo bem, e eu aqui na miséria", desabafa a jornalista e ex-diplomata em entrevista à BBC News Brasil em Campinas (SP), onde vive com um dos dois filhos que teve com Rouanet. "Na década de 1980, tentei ser corretora de imóveis. Sabe o que eu ganhei? Uma cantada de um cliente", relembra.
Prada vive hoje com os rendimentos da aposentadoria por idade (um salário mínimo) e dos trabalhos de tradução que segue fazendo "de cabeça, sem consultar dicionário", segundo ela. A ex-diplomata tem buscado ainda trabalhos "freelancer" para complementar a renda, sem sucesso. "Há uns meses, tentei vender uma matéria para o editor de um grande jornal, mas foi recusada", relata.
Ela foi forçada pelo Itamaraty a pedir sua exoneração com base em um decreto que exigia a demissão da mulher em caso de casamento entre diplomatas. Para efeito de comparação, seria como se a atual esposa do chanceler Ernesto Araújo, a diplomata Maria Eduarda de Seixas Corrêa, fosse obrigada a exonerar-se do cargo por causa do casamento com o colega de Itamaraty.
Cecilia PradaDireito de imagemTALITA MARCHAO/BBC NEWS BRASIL
Image caption"Eu poderia já ter sido embaixadora nesta minha fase da vida. Agora vejo meus colegas de diplomacia, todo mundo bem, e eu aqui na miséria", diz

'Virei mulher de diplomata'

Cecília Prada e Rouanet se conheceram durante o curso do Instituto Rio Branco. "No primeiro dia de aula, na aula inaugural, um aluno do segundo ano, o Sérgio, sentou-se ao meu lado. Ficou ali por 18 anos", conta a jornalista. "Durante o namoro, eu ainda tinha aquele pensamento: 'Mas vou abrir mão de ser diplomata?'", recorda.
Perguntada sobre algum eventual arrependimento por ter aceitado a obrigatoriedade de pedir demissão por causa do casamento, ela responde: "Não teria me casado com outro homem". Cecília não se casou desde o divórcio com Rouanet — eles não mantêm contato. Mas ela conta que se arrepende de não ter tentado obter um mandado de segurança para garantir sua permanência no serviço diplomático durante o casamento. Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, ela relatou que optou por não tentar na Justiça manter o seu cargo no Itamaraty para evitar prejudicar a carreira dele.
"Eu tinha aquela ideia de que estavam deixando a gente brincar de fazer algo importante, como ser jornalista ou diplomata. Mas éramos criadas para pensar, no fundo, que nada daquilo faria uma mulher feliz. Que eu deveria estar fazendo comidinha para o meu marido e cuidando dos filhos. Mas essa ilusão de felicidade durou uma semana", diz Prada. "A gente tinha que ser cega", desabafa.
Filha de um professor e de uma dona de casa que só tinha cursado o ensino primário, Prada é uma das primeiras jornalistas formadas no Brasil, no começo da década de 1950. Estudou por conta própria para o concurso do Itamaraty, enquanto trabalhava como jornalista e professora da rede pública, já que era a responsável pelo sustento da mãe após a morte do pai.
"Eu trabalhava como professora em uma cidade pequenininha chamada Conchas, no interior de São Paulo, que não tinha eletricidade durante a noite. Passar no concurso do Rio Branco era uma oportunidade de ter uma vida melhor", diz ela.
Chegou a trabalhar no Departamento Pessoal do Itamaraty antes do casamento. Como esposa de Rouanet, a ex-diplomata o acompanhou quando o marido foi enviado para Washington e Nova York na década de 1960. "Eu virei mulher de diplomata", conta.
A família vivia nos EUA quando o ex-presidente John F. Kennedy foi assassinado — Prada chegou a fazer reportagens sem assinar, já que não poderia exercer a carreira de jornalista enquanto acompanhava o marido nas missões diplomáticas.
Palácio do Itamaraty
Image captionPrada conheceu o marido enquanto estudava no Instituto Rio Branco, que forma diplomatas para o Itamaraty (acima)
"Hoje eu não faria isso de escrever sem assinar. Assinaria a reportagem e depois brigaria com o Itamaraty. Quer dizer, talvez não. Se estou nesta situação hoje, é porque não fiz a minha briga como deveria ter feito na época. Mas, no momento em que você está vivendo a situação, vê poucas alternativas. Não é como ver a coisa toda depois de décadas", desabafa a ex-diplomata.
Com o divórcio, na década de 1970, ela foi morar com os dois filhos no Rio de Janeiro, onde retomou os trabalhos como jornalista freelancer enquanto tentava a reintegração ao quadro diplomático do Itamaraty. A família vivia das reportagens que ela fazia e da pensão dos dois filhos. "Na época, não quis a pensão para mim. Hoje penso que deveria ter pedido, era um direito meu. E nós três teríamos vivido de forma mais confortável", reflete.
A tentativa de trabalhar no Ministério de Relações Exteriores foi frustrada pela segunda vez. "O ministro [do general Ernesto Geisel, o embaixador Azeredo da Silveira], chegou a aceitar o meu retorno, dizendo que faltavam funcionários diplomáticos qualificados dentro do Itamaraty. Mas os generais da ditadura vetaram, alegando que a minha readmissão poderia abrir brecha para que outros diplomatas afastados pelo regime pedissem o mesmo", explica Cecília.

Esperança frustrada por canetada de Damares

A terceira tentativa de Cecília retomar o cargo ocorreu em 2001, quando, aos 70 anos, ela candidatou-se e foi aprovada para um cargo comissionado dentro do Itamaraty, o de diretora do Instituto de Estudos Brasileiros em Montevidéu. Ela atendia a todos os requisitos do concurso: era diplomata formada, professora e tinha experiência no serviço público. Em seguida, teve a aprovação retirada por causa de sua idade, que estaria dentro da aposentadoria compulsória dos quadros de pessoal do Itamaraty. Foi à Justiça para assegurar a posse, e perdeu, mais uma vez, a chance de exercer a carreira diplomática.
"Eu já tinha desistido quando recebi um telefonema de um representante da Comissão da Verdade interessado no meu caso. Até achei que era trote. Mas vi ali mais uma chance de ter justiça", conta a ex-diplomata sobre sua quarta tentativa. Ela tenta, desde 2015, via Comissão da Anistia, reaver o direito à carreira diplomática e a sua aposentadoria. Um mandado de segurança chegou a ser emitido para tentar acelerar uma decisão, dada a idade avançada da requerente.
Cecília Prada em foto como jornalistaDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionEla é também uma das primeiras jornalistas formadas no Brasil, no começo da década de 1950
O sonho de reaver o que considera seus direitos ficou mais distante quando a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, indeferiu o pedido de Cecília em março. A Defensoria Pública da União (DPU) entrou com recurso, e aguarda uma decisão da ministra. A ex-diplomata tem esperanças de que Damares, sendo mulher, entenda a discriminação sofrida por ela.
"Ainda tenho capacidade de indignação. Enquanto tiver, estou viva", afirma a ex-diplomata.
Ela passa a maior parte do seu dia trabalhando na sua biografia — que já tem uma versão publicada em e-book pela Amazon, já que a escritora não consegue editora para publicar a obra em formato impresso.
Prada pretende lançar mais um livro de contos — até agora, tem mais de dez livros publicados, entre ficção, contos e livros-reportagem, e já traduziu mais de 39 obras do inglês, francês, italiano e espanhol. Seu primeiro livro, publicado em 1955 (mesmo ano em que entrou no Rio Branco), tem o prefácio de uma antiga colega, a escritora Lygia Fagundes Telles.
Com quase 70 anos de jornalismo, da máquina de escrever até o computador, teve um blog chamado "Cala-te, mulher", que deixou de atualizar em 2014, quando se deu por vencida pela tecnologia. "Mudaram umas coisas no sistema e ficou muito difícil para mexer. Também não consigo colocar uma foto na minha página na Wikipedia", diz.