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terça-feira, 24 de maio de 2022

As Forças Armadas e o momento político nacional - Rubens Barbosa

 COLUNISTA Rubens Barbosa

Presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e ex-embaixador do Brasil em Londres (1994-99) e em Washington (1999-2004), Rubens Barbosa escreve mensalmente na seção Espaço Aberto


Não tenho dúvida de que, se houver qualquer quebra das regras democráticas com o apoio das FA, a reação vinda de fora será imediata. 

Opinião


As Forças Armadas e o momento político nacional

Rubens Barbosa

O Estado de S.Paulo. 24 de maio de 2022


Um ano após o ataque de apoiadores trumpistas ao Congresso dos EUA, contestando o resultado da eleição que, estimulados pelo então presidente, julgavam fraudada, um general norte-americano publicou artigo no Washington Post manifestando preocupação com o dia seguinte das eleições presidenciais em 2024 e a ameaça de divisão entre os militares, o que poderia pôr em risco a democracia no país.

Não afastando a possibilidade de contestação dos resultados da eleição e de um golpe de Estado, o militar apontou para o risco de confrontação no interior das Forças Armadas (FA) e a eventual quebra da hierarquia para respaldar essa diferente visão. Todos os militares juram respeitar a Constituição, mas numa eleição contestada, com lealdades divididas, alguns poderão seguir as ordens do comandante-em-chefe e outros, o comando trumpista. Como exemplo, mencionou a recusa da Guarda

Nacional em acatar pedido do presidente Biden para que todos os seus membros se vacinassem. Com o país muito dividido, as FA e o Congresso deveriam tomar medidas para prevenir qualquer tentativa de insurreição e adotar providências cautelares, observou.

O alerta do militar norte-americano sobre a ameaça à quebra dos valores democráticos nos EUA, a partir de uma ação política das FA, não poderia ser mais atual para o cenário político brasileiro. A descrição feita pelo militar muito se assemelha a uma série de atitudes que colocam as FA brasileiras no centro do debate político nacional.

A gradual profissionalização das FA nos últimos 35 anos está sendo testada nos dias que correm. No atual governo, surgiu uma situação diferente dos governos anteriores desde 1985. Desde o período de governos militares, nos últimos 30 anos, podem ter surgido tensões esporádicas, mas atualmente elas se acentuaram a partir da participação de grande número de militares da ativa e da reserva em cargos públicos no governo federal. A crescente exposição dos militares no governo, com acusações de

corrupção, de ameaça à democracia e de contestação das urnas eletrônicas e das ações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), está causando um forte desgaste à imagem pública das Forças Armadas. Os acontecimentos do 7 de setembro, com o silêncio eloquente dos comandantes militares, contudo, reafirmaram o papel profissional e constitucional das FA. A politização das Polícias Militares estaduais preocupa, em especial se apoiarem pessoas armadas, não militares, passíveis de reforçar um

movimento de apoio ao presidente, porque poderão se chocar com as FA.

Nas últimas semanas, afirmações de que as Forças Armadas não assistirão passivamente ao pleito, de que as FA deverão fazer apuração paralela da votação, por questionar o sistema de urnas eletrônicas e a lisura das apurações (auditoria privada), e o pedido do ministro da Defesa para a divulgação das sugestões de aprimoramento da eleição apresentadas pelos militares, sobre a função das FA (“o permanente estado de prontidão das Forças Armadas para o cumprimento de suas missões 

constitucionais”) parecem reforçar a ideia de que as FA poderiam desempenhar um papel de poder moderador, à luz do artigo 142 da Constituição, quando, na realidade, não há uma nova missão para as Forças Armadas além daquela definida pela Carta Magna, como decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Apesar da dubiedade de afirmações sobre a preservação da democracia, sobre eleições conturbadas, sobre ato de força que ponha em risco as instituições (“só Deus me tira daquela cadeira”) e parcialidade do TSE, não há sinais de que as FA, como instituição, poderão se engajar numa aventura que ameace as eleições e a democracia. A discrição da maioria das lideranças militares, em especial do Alto Comando, parece indicar que os militares deverão se manter dentro de seu papel de instituição de Estado,

profissional, sem interferência política em apoio de partidos ou grupos políticos ou em decisões tomadas pelas instâncias civis competentes.

Assim, não me parece haver ameaça à realização das eleições nem ações violentas antes de 2 de outubro, mas o roteiro que está sendo traçado indica que, dependendo do resultado da eleição, é real o risco de, no dia 2, haver mobilização de grupos radicais, armados, para tentar atacar o STF ou o TSE, não o Congresso, como no caso dos EUA. De qualquer forma, a sociedade civil, o Congresso e as próprias Forças Armadas devem estar atentos e mobilizados para evitar qualquer tentativa de ameaça à democracia.

As eleições brasileiras estão despertando crescente atenção no exterior também pela presença dominante de dois políticos que, por razões diferentes, despertam fortes reações e apreensão sobre as perspectivas políticas e econômicas do País. A preocupação com a preservação da democracia e a condenação do autoritarismo estão muito presentes hoje num cenário de grande instabilidade global e de crescente confronto entre os dois regimes de governo representados pelos EUA e por China/Rússia.

Não tenho dúvida de que, se houver qualquer quebra das regras democráticas com o apoio das Forças Armadas, a reação vinda de fora será imediata e o Brasil poderá ser alvo de sanções econômicas e comerciais que, além de aumentar o isolamento internacional do País, afetarão ainda mais o crescimento e os setores mais dinâmicos da economia nacional.

*

É PRESIDENTE DO CENTRO DE DEFESA E SEGURANÇA NACIONAL (CEDESEN)

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Futura embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Bagley, corre o risco de esperar na fila para entregar credenciais - Miriam Leitão (O Globo)

 Futura embaixadora dos EUA não fica em cima do muro e diz que confia em eleições justas no Brasil, apesar de Bolsonaro


Por Míriam Leitão
O Globo, 19/05/2022 • 11:09

A indicada à embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Bagley, afirmou ontem, em sabatina no Senado americano, mostrou uma visão interessante sobre o país: disse que há instituições democráticas para uma eleição justa, independente das declarações de Bolsonaro. Salientou que o Brasil tem um legislativo e judiciário independente e uma imprensa livre. 

Ele separou a atuação do presidente Bolsonaro das instituições democráticas. Normalmente diplomata preferem não fazer críticas ao presidente do país no qual vai servir. Ela fez declarações pouco usuais numa sabatina. Alguns integrantes da comissão do Senado mostraram ceticismo em relação à democracia brasileira, mas ela deixou clara sua confiança nas instituições. Mesmo com restrições ao presidente Bolsonaro, demonstrou que confia no país. 

Elizabeth Bagley  tem uma experiência muito grande como observadora de eleições, então ela chega no momento certo e no país certo, já que tudo indica que o pleito no Brasil será complicado por conta da posição do presidente Bolsonaro. Ele mesmo disse que elas seriam “conturbadas”. 

Também falou sobre a questão ambiental, mostrando que ela vai atuar na defesa da Floresta Amazônia, no combate ao desmatamento, na proteção das populações locais que defendem a floresta. Lembrou da importância do país, já que o Brasil tem 30% das florestas tropicais do mundo e 60% da Amazônia. 

A informação que se tem é que o Planalto não se agradou muito com essas declarações da embaixadora, mas o Itamaraty gostou até porque Carlos França, ministro das relações exteriores, ganhou uma declaração favorável. Disse que França é moderado e elogiou o voto brasileiro condenando a invasão da Ucrânia.

https://blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/post/futura-embaixadora-dos-eua-nao-fica-em-cima-do-muro-e-diz-que-confia-em-eleicoes-justas-no-brasil-apesar-de-bolsonaro.html

sábado, 23 de abril de 2022

Eleições francesas, 2do turno das presidenciais: Editorial do Le Figaro

L’éditorial du Figaro, par Vincent Trémolet de Villers

Étrange veillée d’armes. La politique, ces derniers jours, malgré le débat, malgré les meetings, semblait comme assourdie. Le grand rendez-vous démocratique qu’est l’élection présidentielle relégué au rang des préoccupations secondaires. Pourtant, la guerre est en Europe, l’économie mondiale retient son souffle, la menace islamiste couve toujours et l’instabilité générale devrait être accentuée par la possibilité d’une alternance politique périlleuse. Certes, les appels résonnent contre «la menace Le Pen», mais ils tiennent plus du rituel que de l’expression d’une angoisse profonde. Comme si les Français, peuple politique, avaient compris dès le soir du premier tour que la reconduction du chef de l’État avait la force de l’évidence.

Les quinze jours qui s’achèvent, d’enquêtes d’opinion en confrontations télévisuelles, ont confirmé cette impression première. Il faut dire que la candidate du Rassemblement national a montré dans sa stratégie (à gauche toute) l’étroitesse de sa vision…

(...)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Sobre a quase inutilidade das próximas eleições - Paulo Roberto de Almeida

Sobre a quase inutilidade das próximas eleições

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

 

 

Que Lula ganhe ou não, no 1ro ou no 2do turno das eleições de outubro, isso não tem a menor importância para a governança ou para reformas no país, que nem se sabe se serão ou não feitas, algumas sim, outras não, ao sabor das coalizões sempre cambiantes e oportunistas no Parlamento. 

Quem continuará mandando, de fato, serão os políticos predadores e predatórios do largo estamento de hienas do orçamento, pois essa é a última instância de poder.

O Centrão nem precisa existir: o que existe é uma ameba sequiosa de verbas públicas em favor do seu enriquecimento pessoal.

O velho patrimonialismo continua e continuará forte, feliz e seguro de si no Brasil do Bicentenário; senão vejamos.

 

Menos de três semanas depois das “festividades” pelos 200 anos de independência e de construção tentativa de uma nação controlada e extorquida pelo Estado, o eleitorado brasileiro, independentemente de quem tenha sido o mais votado para a presidência, elegerá, de forma quase inconsequente e inconsciente, os mesmos sanguessugas — velhos ou novos, não importa— que continuarão a se locupletar com e a partir da riqueza duramente criada pelo povo trabalhador. 

Difícil acreditar, a essa altura das miseráveis negociações pouco republicanas que ocorrem à margem das candidaturas presidenciais, que algo de fundamentalmente diferente ocorra a partir dessas eleições, que tenhamos homens probos no Congresso, engajados por um momento, não em suas prebendas orçamentárias, mas em reformas estruturais no tocante à educação, infraestrutura, segurança, luta contra a corrupção e a insegurança jurídica.

O eleitorado continuará fixado no próximo salvador da pátria e, ao lado disso, os verdadeiros donos do poder — que nem é só o estamento burocrático de que falava Raymundo Faoro — continuarão suas soturnas maquinações em busca da preservação, da manutenção ou da conquista de mandatos parlamentares, que são os que determinam, em última instância, o destino das verbas públicas.

Tenham certeza de que o estupro orçamentário continuará, com todos os tipos de emendas que a imaginação fertil dos sanguessugas congressuais conceberem, que isenções, subsídios e outros favores (sempre setoriais), que perdão de dívidas por impostos não pagos, que concursos públicos para lotar a máquina do Estado de centenas de funcionários muito bem remunerados, que milhares de cargos em comissão continuarão a existir, que carros, imóveis e penduricalhos diversos a título de “auxílios” não tributáveis continuarão a existir e que novos serão criados, enfim que o Brasil continuará sendo muito parecido com o Brasil que já conhecemos.

 

Estou sendo pessimista?

Absolutamente não: apenas sou um observador do declínio de outras nações, da decadência democrática e da semiestagnação econômica, processos muito mais frequentes do que progressos fulgurantes em direção à prosperidade. 

O Brasil não é muito melhor do que a Argentina aqui ao lado, que já nos provou que a pobreza pode, sim, voltar e se espalhar, pelas mãos e pés dos mesmos políticos que infelicitam a nação há décadas. O Brasil não é muito melhor, em sua democracia de baixa qualidade, do que os EUA, um exemplo lamentável de retrocessos inacreditáveis num processo de reforço de particularismos anacrônicos trazidos por carolice religiosa, ignorância cidadã e introversão nacionalisteira.

 

As eleições, finalmente, não são a grande festa da democracia, como nos quer fazer crer a propaganda ingênua do TSE. Elas são apenas a continuidade de um ritual compulsório, a que nos conduziram as hordas de políticos hábeis na manipulação de cidadãos — na verdade súditos de um Estado expropriador — com o único objetivo de se constituírem em governantes — federais, estaduais ou municipais — legitimamente mandatados para continuar o processo de extorsão.

O eleitorado se arrastará sem qualquer entusiasmo para as urnas de outubro, sem qualquer esperança de que 2023 será muito diferente do que já vimos nos anos precedentes. 

Não escrevo tudo isto para acentuar o pessimismo quanto às possibilidades de o Brasil dar um grande salto para a frente na correção das suas piores iniquidades, a desigualdade social em primeiro lugar. 

Apenas tento me resguardar daquele otimismo reincidente a cada nova eleição: desta vez será diferente…

Será? Acredito que não.

Mas continuarei exercendo meu olhar crítico sobre nossas mazelas, provocadas não apenas pelos políticos, mas por capitalistas predatórios e acadêmicos inconscientes também. 

Desculpem a nova ducha fria…

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4084: 17 fevereiro 2022, 3 p.

 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

O nacionalismo de direita à busca de eleitores em diversos países - Ishaan Tharoor (WP)

Deve se espalhar por aqui também...

 Right-wing nationalists are marching into the future by rewriting the past

Ishaan Tharoor
The Washington Post, February 14, 2022

Pete Ryan for the Washington Post

Pete Ryan for the Washington Post

Just weeks before losing his bid for reelection, President Donald Trump went to the National Archives to launch his quixotic 1776 Commission to promote “patriotic” education. There, he styled himself as the defender of “centuries of tradition” that culminated in the U.S. Constitution, which was “the fulfillment of a thousand years of Western civilization.” That tradition was under assault, he said, by an all-pervasive radical left, including corporate boardrooms, statue-smashing “mobs” of protesters on the streets and insidious educators in classrooms who “try to make students ashamed of their own history.”

 

“We are here today to declare that we will never submit to tyranny,” Trump said. “We will reclaim our history and our country.”

The 1776 Commission, widely derided by American historians, was unceremoniously scrapped the moment Trump left the White House. But Trump’s grandstanding over U.S. history is now a central plank in the GOP strategy to reclaim Congress in this year’s midterm elections. It has already helped Republicans to victories, notably in Virginia, where new Gov. Glenn Youngkin has promised to purge schools of “divisive” attempts to examine the legacies of racial injustice and white supremacy in U.S. history.

And well beyond the United States, nationalists of various stripes are seeking ammunition in the past for their battles in the present. The question of history — or, more precisely, how it should be remembered — courses through global politics. The context varies in each country, but increasing numbers of right-wing parties and nationalist leaders are staking their claims to power as defenders of a glorious past under attack from enemies within.

History gnaws at France’s sense of itself in a volatile election year. It occupies the rhetoric of demagogues in Poland and Turkey, and strongmen in Russia and China. It fans the flames of religious bigotry in India, the world’s largest democracy. And it stretches the widening political divides in the world’s oldest one, where GOP politicians have been bashing critical race theory and passing state laws that restrict how teachers may discuss questions of historical interpretation, race and identity. One proposed law in Texas, for example, would suppress discussion of slavery in school history curriculums about the state’s fight for independence from Mexico.

To those on the right in the United States and elsewhere, the recent focus on shameful, uncomfortable legacies is a sign of an imbalance, an excess of doctrinaire leftist scolding that corrodes the national psyche. And it provides fertile terrain to cultivate a politics of grievance, not least as the old tethers of 20th-century politics further loosen in many societies from traditional moorings such as class or economic interest. Instead, tribal passions and myths of belonging are at center stage, and political forces on the right aim to harness them.

 

***

Last September, Pope Francis wrote to Mexican bishops to commemorate the 200th anniversary of the start of the nation’s struggle for independence from Spain. He urged them to “recognize the painful errors” that were committed by the Catholic Church alongside the Spanish conquest and colonization of the New World. Back in Spain, Isabel Díaz Ayuso, leader of the Madrid region and a rising star in the mainstream conservative Popular Party, lashed out, countering that Spanish conquistadors five centuries ago brought only “civilization and freedom.”

What does this posturing accomplish? For Ayuso, it helps tap into resurgent nationalist feeling in a country where the more recent history of fascist dictatorship remains a perennial political flash point. She and her allies hope to claw back power from a fragile coalition government led by the center-left Socialists, but they face a mounting challenge on their right flank, with the ultranationalist Vox party surging in opinion polls.

In 2019, the Socialist-led government rebuffed calls from Mexican President Andrés Manuel López Obrador to formally apologize for the rampages of the conquistadors, though some leftist lawmakers were sympathetic to the idea. Ayuso grumbled to the New York Times last October about politicians both in Madrid and in the Americas who “have to blame the Spanish for a supposed original sin.”

That sentiment finds an echo in all sorts of political environments. See Russia, where the regime of President Vladimir Putin recently forced the shuttering of Memorial, a pioneering human rights group that, among other achievements, built a database of millions of files documenting the injustices of the Soviet Union’s system of gulag prisons.

Memorial’s expansion through dozens of affiliate organizations was a sign of a new openness in post-Soviet Russia. But for Putin, surfacing the depth of Stalinist atrocities from decades past threatens the unvarnished Russian patriotism he’s trying to cultivate around his autocratic rule. At a December hearing, a state prosecutor asked why, “instead of taking pride for our country, victorious in [World War II] and which liberated the whole world,” does Memorial “suggest that we repent for our … pitch-dark past?”

Some of the descendants of the losers of World War II have been asking similar questions. The anti-immigrant, ultranationalist Alternative for Germany party emerged from obscurity in part thanks to growing resentment over the country’s entrenched “memory culture” around the horrors of the Holocaust. In 2017, Alexander Gauland, one of the party’s founders, provoked outrage when he suggested that Germans should be proud of their soldiers who fought in World War II, while arguing that no other country in Europe had done more to atone for the sins of its past. Another party member decried Berlin’s Holocaust memorial as a “monument of shame.”

The AfD has won seats in Germany’s Bundestag in two successive elections and is becoming an entrenched player that now receives taxpayer funding to propagate its ideas. It draws strength particularly in East Germany, where it is backed by a considerable proportion of voters under the age of 30, a generation of disaffected youth post-unification that is less inured to far-right politics than its compatriots to the west. Not surprisingly, the AfD’s rise has been accompanied by a surge in reports of antisemitism.

To Germany’s east, illiberal ruling parties in Poland and Hungary have taken things further still. In 2018, Poland made it a crime to link the country to Nazi atrocities committed on its soil, appealing to a nationalist voter base even as it earned international opprobrium. In Hungary, long-ruling Prime Minister Viktor Orban styles himself as the vanguard of the anti-liberal front, the propagator of an exclusionary Christian nationalism that excites conservative intellectuals in the United States but rankles the liberal technocrats of the European Union, which the country joined in 2004. His government has revamped school curriculums to promote pride and patriotism, eliding certain historical defeats and rehabilitating a host of Nazi-era fascist collaborators.

Éric Zemmour, a French nativist firebrand and proponent of the once-fringe notion of the “Great Replacement,” which casts native-born Whites as an endangered species in their own societies, emerged in recent months as a serious far-right contender in the upcoming presidential election. He leavens his outright hostility to Islam and immigration — which has already earned him three hate-speech convictions from French courts — with a large dollop of historical revisionism. No matter his Algerian Jewish roots, he has indulged in apologia for the Vichy regime, which collaborated with the Third Reich, and rejects any suggestion that France needs to atone for its colonial sins in countries like Algeria, let alone address the racial inequities currently festering in its banlieues, or working-class suburbs. Zemmour has accused President Emmanuel Macron of “rewriting the history of France, always to its detriment.” That’s a reaction to the latter’s years-long effort to open a more public and transparent conversation about France’s bloody actions in its war against Algerian revolutionaries in the 1950s and ’60s. Macron laid a wreath last year near the site of a massacre of Algerian protesters in Paris in 1961, described aspects of French colonial rule as a “crime against humanity” and launched a historical commission that has acknowledged numerous misdeeds carried out by the French state.

The vehement opposition of Zemmour, among others, to that reckoning has had an impact. Last fall, mindful of intensifying nationalist anger to his right, Macron even provoked a diplomatic incident with Algeria after he suggested that the country existed only thanks to French colonial rule. In January, he delivered a speech spotlighting the suffering of the pieds-noirs, the nearly 1 million European colonists who fled across the Mediterranean to France after Algerian independence. Many of their descendants vote for candidates on the right.

In the Trumpian mold, Zemmour proclaimed that his (still unlikely) victory over Macron in April’s election would herald the “reconquest of the greatest country in the world,” cloaking himself in the heroic mantle of legendary French leaders like Napoleon Bonaparte and Charles de Gaulle. His invocation of a reconquest — Reconquête is even the name of his new political party — is intentionally loaded: It summons a grand and bloody medieval history, stretching from Frankish battles against Moorish invaders to Spain’s decisive victory over the Iberian peninsula’s last Muslim kingdoms and the expulsion of Jews and Muslims that followed.

Such gestures are rife in modern politics, especially among right-wing nationalists. Turkish President Recep Tayyip Erdogan has for years rooted his religiously tinged nationalism in an embrace of his nation’s Ottoman imperial past, conjuring the legacy of a fallen caliphate in an implicit repudiation of the rigid secularism that defined the modern Turkish republic for decades. Erdogan is the country’s most consequential leader since the republic’s founder, Mustafa Kemal Ataturk. But while the latter engineered a rupture with the Ottoman legacy in his bid to modernize Turkey, Erdogan taps into it to burnish his own nearly two-decade rule. Critics see in his demagoguery the deliberate affectations of a “new sultan.”

In India, since coming to power in 2014, ruling Hindu nationalists have set about chipping away at the country’s pluralistic foundations, building a more politicized, chauvinistic Hindu identity in a nation defined by vast linguistic, ethnic and religious diversity. They have recast the story of India as fundamentally Hindu and view a millennium of Muslim rule in parts of the country as tantamount to an era of “slavery,” as Prime Minister Narendra Modi put it.

Modi loyalists have been dispatched to bring to heel leading state-run universities, while his party’s supporters hound prominent historians at home and abroad whose scholarship they deem anti-Hindu. A broader climate of hate flourishes: Rights groups now even raise the specter of genocide stalking India’s increasingly marginalized and vilified Muslim minority.

***

This is an excerpt of a longer essay published in The Washington Post’s Outlook section. To read the full article, click here.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

'País precisa sair da armadilha do baixo crescimento', diz Maílson da Nóbrega - Entrevista com Sonia Racy (OESP)

 Economia 

'País precisa sair da armadilha do baixo crescimento', diz Maílson da Nóbrega

Saída é trocar de presidente e voltar a ter uma economia mais produtiva, aponta ex-ministro do governo Sarney, que também vê um cenário difícil para uma terceira via

Entrevista com Maílson da Nóbrega, economista e ex-ministro da Fazenda

Sonia Racy, O Estado de S.Paulo

22 de dezembro de 2021 | 05h00


Economista experiente, ministro da Fazenda nos difíceis anos de alta inflação do governo Sarney e um dos criadores da Tendências Consultoria, o hoje consultor Mailson da Nóbrega aponta dois passos que o Brasil precisa dar para voltar a respirar e ter rumo. Primeiro, trocar de presidente em 2022. Segundo, “sair da armadilha do baixo crescimento”.

Nesta conversa com Cenários, considera urgente aprovar uma reforma tributária – o projeto de lei já existe, foi coordenado pelo economista Bernard Appy. A opção escolhida pelo governo Bolsonaro, “é péssima, resume-se a reforma do Imposto de Renda”. Para 2022, ele acredita que a terceira via “é um projeto difícil”. E que, entre Lula e Bolsonaro, o petista “pode ter cometido erros”, mas “entende como funcionam as instituições e mostrou que sabe governar”. Aqui vão trechos da conversa.

Com o clima de incertezas tanto na política bem como na economia, dá para desenhar algo para próximos anos?

Acho que temos dois desafios. O primeiro é a alternância do poder em 2022 – ou seja, a substituição de Jair Bolsonaro por um presidente que saiba conduzir-se na gestão do governo e restabeleça o prestígio que o Brasil já teve na cena internacional. O segundo, sair desse cenário de baixo crescimento, a chamada armadilha da renda média. A renda per capita estagnou nos últimos 40 anos, e a razão principal foi a queda da produtividade, que é o grande fator de geração de riqueza de um país. 

Mas esse problema, de baixa produtividade, vem desde os anos 80, não?

Os 80 foram o início dessa derrocada. Nos 50, 60 e 70, a produtividade trouxe o maior crescimento do Brasil de todos os tempos, o chamado milagre brasileiro de 1968 a 1973, que chegou aos 11,1% ao ano. Nos 80, isso começou a cair.

O que motivou essa virada?

Foi a queda da eficiência na economia. Temos aí fatores externos, como as crises do petróleo em 1973 e 79 e o esgotamento da estratégia de crescimento pela substituição das importações e forte intervenção dirigista do Estado. Também acabou o benefício dos campos, provocando forte migração do campo para as cidades. E, de quebra, tivemos uma piora do sistema fiscal. 

Como foi isso?

O Brasil criou um sistema fiscal avançado, em 1965. Adotou-se um método de tributação de consumo dos mais modernos do mundo. Na época, era o ICM, depois ICMS e IPI. Isso foi sendo deteriorado por novas formas de tributação, que abriga hoje o PIS e o Cofins. E a Constituição de 1988 foi uma pá de cal na eficiência tributária porque, sob pressão dos governadores e prefeitos, atribuiu-se a Estados o poder de decidir sobre ICMS. 

Foi uma má ideia?

Foi um desastre. Trouxe imposto sobre imposto e virou uma bagunça. Com o ICMS mudando sete vezes por semana, nenhuma empresa de atuação nacional consegue acompanhar essa loucura. Eu diria que hoje o principal fator de redução da produtividade no Brasil é o ICMS.

Existe alguma possibilidade de, um dia, termos uma boa reforma tributária?

O Brasil perdeu agora uma oportunidade de fazê-la, por meio da proposta do Centro de Cidadania Fiscal, liderada pelo Bernard Appy. Ali, pela primeira vez na história, governadores e secretários da Fazenda se puseram de acordo. Por que não emplacou? Porque os Estados depois se convenceram de que esse sistema é inviável. Hoje, a economia é cada vez mais de serviços, que já tomam 73% da economia brasileira, e há poucos serviços tributados por Estados – a grande massa deles está na área tecnológica, é tudo dos municípios. Mas acho que o projeto não está enterrado, ele pode renascer se houver uma mudança de poder em 2022.

Qual é a importância dessa alternância de poder?

É evitar a presença de um presidente despreparado como o atual, sem a menor capacidade de coordenar o jogo político e com capacidade inacreditável de dizer bobagem todo dia.

O que acha da candidatura do Lula? E da terceira via?

No nosso cenário lá na Tendências Consultoria, caminhamos para um segundo turno entre Lula e Bolsonaro no qual Lula será o vencedor. Não vemos espaço, no momento, para uma terceira via. Quanto a Bolsonaro, talvez ele veja que não tem chance de chegar ao segundo turno e tente ser deputado, para ficar a salvo de processos. 

Como vê o futuro de Lula?

Ele é candidatíssimo e quer mostrar que não foi corrupto. Agora, se você me perguntar “o governo do Lula seria melhor do que o do Bolsonaro?”, não tenho dúvida em dizer que sim. Ele sabe como funcionam as instituições, já mostrou que sabe governar. 

Mas ainda é cedo e muita coisa pode mudar, não?

Acho que 2022 vai ser um ano difícil, O ambiente externo é desafiador, estamos num momento de mudança na política monetária dos EUA, onde a inflação já passou dos 6%. E acho esse programa que substitui o Bolsa Família uma aposta arriscada de Bolsonaro. Na campanha, o Lula vai dizer ao eleitor, principalmente no Nordeste, que é o mesmo Bolsa Família, uma criação dele.


https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,pais-precisa-sair-da-armadilha-do-baixo-crescimento-diz-mailson-da-nobrega,70003933036 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Deu no Washington Post: Bozo vira "amigo dos pobres" (para inglês ver...) - Anthony Faiola (WP)

 Por obra e graça das eleições, o Bozo pretende se converter em alguém que ele nunca foi: o amigo dos pobres. Esse jornalista que conhece bem o Brasil desmonta o mito...

Paulo Roberto de Almeida

The Washington Post

Supporters in Brasilia watch TVs showing Brazilian President Jair Bolsonaro speaking at a ceremony where he officially joined the centrist Liberal Party on Nov. 30. (Raul Spinasse/AP Photo)



Supporters in Brasilia watch TVs showing Brazilian President Jair Bolsonaro speaking at a ceremony where he officially joined the centrist Liberal Party on Nov. 30. (Raul Spinasse/AP Photo)


Brazil’s far-right Bolsonaro reaches for an unlikely title: President of the Poor


By Anthony Faiola

The Washington Post, December 1, 2021


For many Brazilians, Jair Bolsonaro’s presidency has been no fairy tale. Since his convincing victory in 2018, he has stood accused of encouraging massive deforestation in the Amazon rainforest and undermining the free press. A Senate panel recommended he be charged with crimes against humanity for willful mismanagement of the coronavirus, which he dismissed as a “little flu.”

And yet, to the surprise of some, the same welfare critic who once suggested that one cure for poverty was birth control has also sought to reinvent himself as something of a fiscal Robin Hood, taking from Brazil’s public coffers to give to the poor. His latest and largest effort: a potentially historic — some say catastrophic — revision to the social safety net that critics fear could break Brazil’s national piggy bank.

Bolsonaro’s Auxílio Brasil, or Brazil Aid, program would beef up financial assistance to the less fortunate ahead of next year’s election. So expensive as to blast through Brazil’s mandatory fiscal ceiling, the social spending spree requires approval in both legislative houses for a rejiggering of state finances to afford it. After clearing the lower house this week, it has moved to the Senate, which has promised a quick airing.

The cornerstone of Bolsonaro’s hastily slapped together social agenda, Auxílio Brasil will replace Bolsa Familia, the much-hailed aid effort cobbled together nearly two decades ago by his political archenemy, leftist former president Luiz Inácio Lula da Silva. Perhaps not coincidentally, the two may square off in a clash of political titans in next year’s presidential vote. Neither has officially declared their intentions, but many Brazilians expect they will run and the success or failure of Auxilio Brazil is likely to emerge as a hot button topic on the campaign trail.

Yet even some of Bolsonaro’s critics concede the far-right leader should be credited with doing right, at least for a time, by Brazil’s poor during the pandemic — even if he appeared to do so in a reach for political gain. As Congress last year was debating support for the poor, Bolsonaro appeared to sense an opportunity. His government had proposed a modest pandemic bonus for the poor, a number Congress decided needing beefing up. Not to be outdone, Bolsonaro vowed to one-up Congress’s offer.

The result became a globally watched experiment in poverty reduction. By August of last year, as monthly cash assistance for some families reached the equivalent of about $232, extreme poverty hit a historic low of 2.3 percent. In fact, a World Bank report found that out of the 22 million people lifted out of poverty across Latin America by pandemic-related government transfers in 2020, 77 percent of them were in Brazil. Compare that to less generous pandemic assistance offered under leftist President Andrés Manuel López Obrador in Mexico, where 3.8 million more people fell into poverty during the pandemic.

“I don’t think anyone would argue that he should not have done something along these lines,” Cesar Zucco, a political scientist at Brazil’s Getulio Vargas Foundation, told me of Bolsonaro’s pandemic efforts for the poor. “Maybe you have to give that one to him. But it was excessive, and it wasn’t well designed. It did help him boost his popularity.”

Bolsonaro’s popularity, in fact, shot through the roof, as the poor backed him in record numbers.

“He became a hero,” Ricardo Fernandes, a 31-year old actor from Rio de Janeiro’s City of God favela, told the Guardian last year. Gradually, however, that aid was scaled down and millions of Brazilians cascaded back into poverty. As they did, Bolsonaro’s approval ratings tanked.

With elections looming next year, he appears to have learned that you can buy popularity.

“He is obsessed with the idea that he needs to give out money in order to boost his popularity,” Zucco said.

Doling out cash or food baskets, particularly ahead of elections, is a common political ploy in parts of Latin America. But for Brazil, the impact of Bolsonaro’s social safety net revamp could be far longer lasting.

By creating Auxilio Brasil, he is effectively killing Bolsa Familia, the globally recognized effort launched in 2003 that offered cash assistance to the poor in exchange for those families ensuring, for instance, that their children go to school and are properly vaccinated. Over the years, Bolsa Familia has helped lift millions out of poverty and contributed to a reduction in income inequality, of which Brazil has one of the world’s highest rates.

Apparently eager to stake his own claim to being a president of the poor, Bolsonaro offers more money to more families in his new program. But critics like Zucco say it has substantial failings — not least of which is that it would be funded for only one year, requiring a new vote in 2022 to keep it alive.

Critics also argue that Bolsonaro’s program does not appropriately deal with the realities of extreme poverty. A day-care voucher, for instance, would be offered only to families that demonstrate that they have a job, effectively omitting the unemployed.

“The government has not explained how it will implement the new benefits or who will be responsible for their implementation, evaluation and monitoring,” Luciana de Souza Leão, an assistant professor of sociology at the University of Michigan, said in a university publication. “Launching a new program like this is destined to be a failure. Poor families will be the most affected since they will have to navigate a system that not even policymakers seem to understand besides dealing with the uncertainties about the program’s future.”

It is also very expensive, appearing designed less as a vehicle for long-term poverty reduction and more as a quick way to win votes in the favelas, or urban slums. Calling Bolsonaro bad for Brazil’s economy, the Economist also notedthat his spending bill allots a “large chunk” of extra money to financing “opaque budget amendments that grant overpriced public-procurement contracts to individual legislators in return for their support for president.”

As the Financial Times reported, investors are dismayed by the prospect of heavily indebted Brazil exceeding its mandatory spending ceiling — passed in 2016 to rein in budgets and enforce longer-term financial health.

“Bolsonaro has always been against Bolsa Familia — he always hated it as the typical ‘money for lazy people’, etc.,” Filipe Campante, a Brazilian professor of economics at Johns Hopkins University in Baltimore, told the Financial Times. “But at the same time he knows he needs to give people something so he can have a shot at reelection.”


sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Barrosinho responde ao verme que envergonha o Brasil - Luiz Roberto Barroso (TSE)

 Para registro histórico:


PRONUNCIAMENTO DO MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO 

Abertura da sessão de 09/09/2021 do Tribunal Superior Eleitoral


A propósito dos eventos e pronunciamentos do último dia 7 de setembro, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Luiz Fux, já se manifestou com relação aos ataques àquele Tribunal, seus Ministros e às instituições, com o vigor que se impunha.

A mim, como Presidente do Tribunal Superior Eleitoral cabe apenas rebater o que se disse de inverídico em relação à Justiça Eleitoral. Faço isso em nome dos milhares de juízes e servidores que servem ao Brasil com patriotismo – não o da retórica de palanque, mas o do trabalho duro e dedicado –, e que não devem ficar indefesos diante da linguagem abusiva e da mentira.

Já começa a ficar cansativo, no Brasil, ter que repetidamente desmentir falsidades, para que não sejamos dominados pela pós-verdade, pelos fatos alternativos, para que a repetição da mentira não crie a impressão de que ela se tornou verdade. É muito triste o ponto a que chegamos.

Antes de responder objetivamente a tudo o que precisa ser respondido, faço uma breve reflexão sobre o mundo em que estamos vivendo e as provações pelas quais têm passado as democracias contemporâneas. É preciso entender o que está acontecendo para resistir adequadamente.

A democracia vive um momento delicado em diferentes partes do mundo, em um processo que tem sido batizado como recessão democrática, retrocesso democrático, constitucionalismo abusivo, democracias iliberais ou legalismo autocrático. Os exemplos foram se acumulando ao longo dos anos: Hungria, Polônia, Turquia, Rússia, Geórgia, Ucrânia, Filipinas, Venezuela, Nicarágua e El Salvador, entre outros. É nesse clube que muitos gostariam que nós entrássemos.

Em todos esses casos, a erosão da democracia não se deu por golpe de Estado, sob as armas de algum general e seus comandados. Nos exemplos acima, o processo de subversão democrática se deu pelas mãos de presidentes e primeiros-ministros devidamente eleitos pelo voto popular. Em seguida, paulatinamente, vêm as medidas que desconstroem os pilares da democracia e pavimentam o caminho para o autoritarismo.

Há três fenômenos distintos em curso em países diversos: a) o populismo; b) o extremismo e c) o autoritarismo. Eles não se confundem entre si, mas quando se manifestam simultaneamente – o que tem sido frequente – trazem graves problemas para a democracia.

O populismo tem lugar quando líderes carismáticos manipulam as necessidades e os medos da população, apresentando-se como anti-establishment, diferentes “de tudo o que está aí” e prometendo soluções simples e erradas, que frequentemente cobram um preço alto no futuro.

Quando o fracasso inevitável bate à porta – porque esse é o destino do populismo –, é preciso encontrar culpados, bodes expiatórios. O populismo vive de arrumar inimigos para justificar o seu fiasco. Pode ser o comunismo, a imprensa ou os tribunais.

As estratégias mais comuns são conhecidas: a) uso das mídias sociais, estabelecendo uma comunicação direta com as massas, para procurar inflamá-las; b) a desvalorização ou cooptação das instituições de mediação da vontade popular, como o Legislativo, a imprensa e as entidades da sociedade civil; e c) ataque às supremas cortes, que têm o papel de, em nome da Constituição, limitar e controlar o poder.

O extremismo se manifesta pela intolerância, agressividade e ataque a instituições e pessoas. É a não aceitação do outro, o esforço para desqualificar ou destruir os que pensam diferente. Cultiva-se o conflito do nós contra eles. O extremismo tem se valido de campanhas de ódio, desinformação, meias verdades e teorias conspiratórias, que visam enfraquecer os fundamentos da democracia representativa. Manifestação emblemática dessa disfunção foi a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, após a derrota de Donald Trump nas eleições presidenciais. Por aqui, não faltou quem pregasse invadir o Congresso e o Supremo.

O autoritarismo, por sua vez, é um fenômeno que sempre assombrou diferentes continentes – América Latina, Ásia, África e mesmo partes da Europa –, sendo permanente tentação daqueles que chegam ao poder.

Em democracias recentes, parte das novas gerações já não tem na memória o registro dos desmandos das ditaduras, com seu cortejo de intolerância, violência e perseguições. Por isso mesmo, são presas mais fáceis dos discursos autoritários.

Uma das estratégias do autoritarismo, dos que anseiam a ditadura, é criar um ambiente de mentiras, no qual as pessoas já não divergem apenas quanto às suas opiniões, mas também quanto aos próprios fatos. Pós-verdade e fatos alternativos são palavras que ingressaram no vocabulário contemporâneo e identificam essa distopia em que muitos países estão vivendo.

Uma das manifestações do autoritarismo pelo mundo afora é a tentativa de desacreditar o processo eleitoral para, em caso de derrota, poder alegar fraude e deslegitimar o vencedor.

Visto o cenário mundial, falo brevemente sobre o Brasil e os ataques sofridos pela Justiça Eleitoral.

No tom, com o vocabulário e a sintaxe que é capaz de manejar, o Presidente da República fez os seguintes comentários que dizem respeito à Justiça Eleitoral e que passo a responder.

“A alma da democracia é o voto”.

De fato, o voto é elemento essencial da democracia representativa.

Outro elemento igualmente fundamental é o debate público permanente e de qualidade, que permite que todos os cidadãos recebam informações corretas, formem sua opinião e apresentem seus argumentos.

Quando esse debate é contaminado por discursos de ódio, campanhas de desinformação e teorias conspiratórias infundadas, a democracia é aviltada. O slogan para o momento brasileiro, ao contrário do propalado, parece ser: “Conhecerás a mentira e a mentira te aprisionará”.

“Não podemos admitir um sistema eleitoral que não fornece qualquer segurança”

As urnas eletrônicas brasileiras são totalmente seguras. Em primeiro lugar, elas não entram em rede e não são passíveis de acesso remoto. Podem tentar invadir os computadores do TSE (e obter alguns dados cadastrais irrelevantes), podem fazer ataques de negação de serviço aos nossos sistemas, nada disso é capaz de comprometer o resultado da eleição. A própria urna é que imprime os resultados e os divulga.

Os programas que processam as eleições têm o seu código fonte aberto à inspeção de todos os partidos, da Polícia Federal, do Ministério Público e da OAB um ano antes das eleições. Estará à disposição dessas entidades a partir de 4 de outubro próximo. Inúmeros observadores internacionais examinaram o sistema com seus técnicos e atestaram a sua integridade.

Ainda hoje, daqui a pouco, anunciarei os integrantes da Comissão de Transparência das Eleições, que vão acompanhar cada passo do processo eleitoral. Nunca se documentou qualquer episódio de fraude.

O sistema é certamente inseguro para quem acha que o único resultado possível é a própria vitória. Como já disse antes, para maus perdedores não há remédio na farmacologia jurídica.

“Nós queremos eleições limpas, democráticas, com voto auditável e contagem pública de votos”

As eleições brasileiras são totalmente limpas, democráticas e auditáveis. Eu não vou repetir uma vez mais que nunca se documentou fraude, que por esse sistema foram eleitos FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro e que há 10 (dez) camadas de auditoria no sistema.

Agora: contagem pública manual de votos é como abandonar o computador e regredir, não à máquina de escrever, mas à caneta tinteiro. Seria um retorno ao tempo da fraude e da manipulação. Se tentam invadir o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, imagine-se o que não fariam com as seções eleitorais!

As eleições brasileiras são limpas, democráticas e auditáveis. Nessa vida, porém, o que existe está nos olhos do que vê.

“Não podemos ter eleições onde (sic) pairem dúvidas sobre os eleitores”

Depois de quase três anos de campanha diuturna e insidiosa contra as urnas eletrônicas, por parte de ninguém menos do que o Presidente da República, uma minoria de eleitores passou a ter dúvida sobre a segurança do processo eleitoral. Dúvida criada artificialmente por uma máquina governamental de propaganda. Assim que pararem de circular as mentiras, as dúvidas se dissiparão.

“Não posso participar de uma farsa como essa patrocinada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral”

O Presidente da República repetiu, incessantemente, que teria havido fraude na eleição na qual se elegeu. Disse eu, então, à época, que ele tinha o dever moral de apresentar as provas. Não apresentou.

Continuou a repetir a acusação falsa e prometeu apresentar as provas. Após uma live que deverá figurar em qualquer futura antologia de eventos bizarros, foi intimado pelo TSE para cumprir o dever jurídico de apresentar as provas, se as tivesse. Não apresentou.

É tudo retórica vazia. Hoje em dia, salvo os fanáticos (que são cegos pelo radicalismo) e os mercenários (que são cegos pela monetização da mentira), todas as pessoas de bem sabem que não houve fraude e quem é o farsante nessa história.

“Não é uma pessoa no Tribunal Superior Eleitoral que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável”.

Não sou eu que digo isso. Todos os ex-Presidentes do TSE no pós-88 – 15 Ministros e ex-Ministros do STF – atestam isso. Mas, na verdade, quem decidiu que não haveria voto impresso foi o Congresso Nacional, não foi o TSE.

A esse propósito, eu compareci à Câmara dos Deputados após três convites: da autora da proposta, do Presidente da Comissão Especial e um convite pessoal do Presidente daquela Casa. Não fiz ativismo legislativo. Fui insistentemente convidado.

Lá expus as razões do TSE. Não tenho verbas, não tenho tropas, não troco votos. Só trabalho com a verdade e a boa fé. São forças poderosas. São as grandes forças do universo. A verdade realmente liberta. Mas só àqueles que a praticam.

Foi o Congresso Nacional – não o TSE – que recusou o voto impresso. E fez muito bem. O Presidente da Câmara afirmou que após a votação da Proposta, o assunto estaria encerrado. Cumpriu a palavra. O Presidente do Senado afirmou que após a votação da Proposta, o assunto estaria encerrado. Cumpriu a palavra. O Presidente da República, como ontem lembrou o Presidente da Câmara, afirmou que após a votação da proposta o assunto estaria encerrado. Não cumpriu a palavra.

Seja como for, é uma covardia atacar a Justiça Eleitoral por falta de coragem de atacar o Congresso Nacional, que é quem decide a matéria.

Insulto não é argumento. Ofensa não é coragem. A incivilidade é uma derrota do espírito. A falta de compostura nos envergonha perante o mundo. A marca Brasil sofre, nesse momento, uma desvalorização global. Somos vítimas de chacota e de desprezo mundial.

Um desprestígio maior do que a inflação, do que o desemprego, do que a queda de renda, do que a alta do dólar, do que a queda da bolsa, do que o desmatamento da Amazônia, do que o número de mortos pela pandemia, do que a fuga de cérebros e de investimentos. Mas, pior que tudo, nos diminui perante nós mesmos. Não podemos permitir a destruição das instituições para encobrir o fracasso econômico, social e moral que estamos vivendo.

A democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas. O que nos une na diferença é o respeito à Constituição, aos valores comuns que compartilhamos e que estão nela inscritos. A democracia só não tem lugar para quem pretenda destruí-la.

Com a bênção de Deus – o Deus do bem, do amor e do respeito ao próximo – e a proteção das instituições, um Presidente eleito democraticamente pelo voto popular tomará posse no dia 1º de janeiro de 2023.

Luís Roberto Barroso, presidente do TSE


domingo, 27 de junho de 2021

Sobre o cenário político até as eleições - Paulo Roberto de Almeida

 Sobre o cenário político até as eleições

 

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.com)

[Objetivocomentários sobre a atualidadefinalidadedebate público]

 

 

A grande e irônica parábola da política brasileira dos últimos 30 anos: um grão-tucano elegeu o grão-petista, que sempre o atacou, pedindo “n” impeachments; a despeito disso o grão-tucano protegeu o grão-petista do impeachment. Este conseguiu eleger uma desastrosa petista minion, que provocou a Grande Destruição, promovendo um fascista boçal, que, por estupidez infinita e perversidade asquerosa, vai eleger de novo o grão-petista com o apoio antecipado do grão-tucano. É isso o Brasil?!?

As parábolas bíblicas são mais felizes do que as políticas…

 

Conhecendo os políticos que ocupam o núcleo do poder atualmente — e já não é mais a Famiglia aloprada, ou tão somente o bando de loucos —, assim como vendo a má qualidade dos generalecos cúmplices que cercam o capitão, teremos ainda de amargar milhares de mortos adicionais e várias arbitrariedades do degenerado até ele ser jogado no lixo.

Infelizmente é isso, pessoal, a menos que uma pressão irresistível da sociedade obrigue esses políticos aproveitadores a se dobrarem à vontade da nação, que já é, claramente, a de afastar o psicopata. Não o será, se depender dos que mandam realmente, mas também daqueles que pretendem ocupar o poder em seu lugar, pois a estes convém que o desastre persista.

Não espero comentários nem de bolsonaristas, nem de petistas, pois serão deletados inapelavelmente, caso defendam uma ou outra posição.

Estamos nessa situação por causa dos petistas: foram eles que colocaram o homicida no poder; e são justamente os petistas os únicos capazes de mantê-lo no poder, pela via eleitoral. E para que eles tenham alguma chance de ganhar nas eleições, é preciso que o genocida se mantenha no poder até outubro de 2022, produzindo mais mortes e desastres. 

Se Lula estivesse realmente interessado no bem-estar do país e na reunificação da sociedade, deveria se juntar aos democratas que querem um governo decente, não um novo salvador da pátria.

 

Vivendo e não aprendendo…

Mussolini ascendeu criticando o “malgoverno” italiano de um século atrás, com seu jeito fanfarrão e truculento de “deixa comigo” e só produziu totalitarismo, desastres e mortos. 

Chávez fez mais ou menos o mesmo, pela “esquerda”, com muito mais recursos e a “colaboração” de milhares de militares. Deu no que deu: um país falido, que não exporta mais petróleo, só quadros formados e um povo desmilinguido.

Já deveríamos ter aprendido algo com esses mitos salvadores, não é mesmo?

Acho que os brasileiros ainda não aprenderam com as frustrações do passado ainda recente: continuam buscando o próximo “salvador da pátria”.

Costuma dar certo por algum tempo, depois se é obrigado a cair na real. 

Quando é que vamos enfrentar a dura tarefa de construir um país decente? 

Educação, boa governança, abertura ao mundo, muito trabalho…

 

Sobre o degenerado: 

Não creio que o termo genocídio, no conceito e entendimento do Direito Internacional, se aplique ao caso do desgoverno do Brasil atual, ainda que Bolsonaro, ele sim, possa ser enquadrado como criminoso comum, delinquente humanitário e genocida potencial. Não existe um projeto de governo, como no Império Otomano durante a Grande Guerra, ou como no caso do governo nazista, antes e durante a Segunda Guerra Mundial, no sentido de exterminar um povo, por razões de Estado. No caso do Brasil, se trata de uma negligência monstruosa, quando não cumplicidade criminosa, com perpetradores privados de eliminação física de certos grupos sociais ou indivíduos: indígenas, pobres e favelados em geral, negros em especial, e delinquentes certamente. 

O genocida na cadeira presidencial revelou suas intenções homicidas desde o início, ao flexibilizar regras de trânsito e cuidados com crianças nos carros. Ele é sim um genocida potencial, e deveria ser denunciado em todos os foros, mas não será julgado na Haia. Deveria ser acusado, processado, condenado e encarcerado, pela Justiça brasileira (se ainda existe).

 

Sobre o caráter do dirigente: 

Não tenho muito a acrescentar, pois já sabia de tudo isso desde muito tempo antes. Em 2018 considerei que iria dar tudo errado. Só não sabia da extensão do desastre: muito mais do que poderíamos imaginar. 

Os milicos estão devendo essa para toda a sociedade brasileira. Que não venham com hipóteses alucinadas: eles são os grandes responsáveis pelo desastre, antes, durante, até agora!

Uma das facetas do atual desgoverno é que está cheio de milico da reserva (pois se aposentam cedo demais), posando de consultores sabidos, fazendo lobby junto a funcionários de carreira dos ministérios para vender coisas ao desgoverno “amigo”, qualquer coisa, desde que seja com ágio, comissão e sobrepreço. É tudo o que eles aprenderam a fazer na ativa?

Depois de tudo o que se assistiu, de tudo o que já se sabia, ainda existem milicos capazes não só de defender, mas de trabalhar para o genocida corrupto?!?! Estão se igualando a esses políticos vagabundos do Centrão e aos mais sórdidos dos grandes capitalistas? Poltrões, biltres, bachibozouks, ectoplasmas, como diria o capitão Haddock!

 

Sobre a tragédia econômica: 

Vou ser novamente claro e brutal: muito pior do que todos esses crimes de políticos mequetrefes, incluindo os do capitão boçal, é o tal de “orçamento paralelo”, que destrói qualquer sentido de governança no país. Bolsovirus já cometeu muitos crimes, comuns e políticos, que justificariam o seu impeachment. Mas este é o maior. 

Por acaso é aquele que justamente mais beneficia os políticos mequetrefes que comandam a abertura de um impeachment.

 

Sobre a CPI da Pandemia: 

A história tem dessas surpresas: ações involuntariamente “do bem” tomadas por gente “do milieu”, que atua muitas vezes mais por vingança pessoal, do que por grandes causas sociais. 

Talvez seja o caso da CPI do Fim do Mundo (ops, da Pandemia), que atirou no que viu e acertou no que não viu. 

A vida como ela é, como diria um filósofo do jornalismo…

Todas essas horas tragi-patéticas passadas em ouvir coisas já percebidas, sabidas, esperadas, e alguns chiliques desesperados dos corruptos a soldo, tiveram pelo menos um grande mérito: afastaram completamente TODOS os motivos tidos por válidos para apoiar o bandido da vez. Só sobrou mesmo a corrupção de sempre. As coisas agora ficaram bem claras, o terreno está definitivamente delimitado: de um lado, está a nação, de outro, os bandidos.

Já sabemos qual o desenlace, pelo menos num país digno desse nome, que se guie pelo Estado de Direito. Que ele venha, ou não, depende de uma coisa: da força da nação!

Mas atenção: entre os supostos opositores também estão aqueles interessados em que a equação binária se perpetue, pois é a única chance que possuem de inverter a posição das variáveis. 

À nação interessa um outro tipo de jogo. Como dizem os hermanos: borracha e conta nova!

Cabe limpar o terreno e tentar outra vez, desta vez evitando os desacertos…

O Brasil não conhece o brasil”?, como cantou certa vez Tom Jobim? 

Não mais!

Tudo agora ficou claro: estão demarcados os bandidos, os corruptos, os políticos mequetrefes, que são os de sempre, o que já deveríamos saber. 

Vamos agora fazer o que é preciso ser feito? 

Esta é a grande questão!

Não tenho muita certeza…

 

Sobre o dirigente inepto e perverso: 

Se fosse Policarpo Quaresma, que era um patriota sincero, teria um triste fim. 

Mas nem isso ele consegue ser, pois alienou a soberania nacional a uma potência estrangeira, numa das diplomacias mais sórdidas e ineptas da história. 

Que tenha um fim abjeto, só isso. E que leve todos os seus!

 

Sobre o impeachment: 

Pronto: já fizeram o que eu estava sugerindo, um manual dessa técnica muito comum no Brasil. Uma espécie de “Impeachment for Idiots”, ou “How to Impeach a President in Less Than Three Months”. Na verdade, o Brasil precisa de um outro tipo de manual: Como Impedir um Idiota de Chegar à Presidência!

O Brasil deveria adotar uma Constituição paraguaia: ali não precisa provar e comprovar muitos crimes para impedir um presidente. Basta que uma maioria qualificada do Senado declare o presidente inepto para o cargo para que se logre um impeachment rapidamente. Viva o sensato Paraguai!

Prevejo um grande desenvolvimento teórico-empírico dos estudos de impeachment no Brasil: teremos várias teses de doutoramento nos próximos anos, com farto material para case-studies, Collor-1992, Dilma-2016, Bolsovirus-2021-22, sem falar de 1954 (Vargas escapou, mas terminou fazendo harakiri político) e de 1964, que foi uma espécie de impeachment mano dura contra Goulart. Doutorandos, fartai-vos!

 

Sobre o parlamentarismo: 

Mas não vamos nos iludir: no começo, pelo menos, representará a exacerbação de todos os males e vícios da política brasileira. Depois, vai se corrigindo aos poucos, pari passu da educação da população.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3996, 26 de junho de 2021

Postado separadamente no Facebook; reunidos em postagem única aqui neste blog Diplomatizzando.