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quinta-feira, 16 de agosto de 2018

O FMI como bode expiatorio de politicas equivocadas - Paulo Roberto de Almeida (2002)

O FMI como bode expiatório de políticas equivocadas

Paulo Roberto de Almeida (2002)

A proposito do comentário do prof. Walter Antonio Bazzo ao artigo semanal do secretario geral da Unctad (Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento), Rubens Ricupero, eu teria a corrigir um equívoco comum em muitos observadores brasileiros, que tendem a considerar o problema argentino como decorrente de politicas “impostas pelo FMI”.
O prof. Bazzo fala igualmente das “algemas impostas pelo FMI”, quando o que causou o problema argentino foram algemas auto-impostas pelos próprios argentinos, como foi o regime de conversibilidade e de paridade fixa, adotado em 1991.
Como ele não deveria desconhecer, o sistema de cambio estável, criado em Bretton Woods, veio a termo entre 1971 e 1973, quando o FMI sancionou o regime de flutuação. Desde então o regime “normal” de câmbio é a flutuação, sendo este o sistema adotado por provavelmente 95 por cento dos 190 membros do FMI. 
Vários países membros adotam, é verdade, um sistema de flutuação suja, isto é, com intervenções pontuais das autoridades monetárias em caso de desajustes cambiais percebidos como erráticos, mas não resta duvida que a flutuação cambial é percebida como o regime “normal” pelo FMI. 
O professor não deveria desconhecer, tampouco, que uma das primeiras recomendações do FMI, quando se negocia um programa de ajuste e um acordo stand-by, é justamente a desvalorização cambial, supostamente necessária para corrigir desequilíbrios externos e adequar a economia do país em questão a novos patamares de competitividade. 
Noventa e nove por cento dos economistas recomendam a mesma solução, como não deixaram de reclamar dezenas de economistas durante a fase de desvalorização do real.
A Argentina adotou o câmbio fixo por sua própria conta e risco, e não sob recomendação ou imposição do FMI, e teimou em manter esse regime a despeito de pressões do FMI pela desvalorização, algo que também ocorreu na negociação do pacote brasileiro de 1998.
Como então acusar o FMI de impor uma tal política? Só pode ser a necessidade de um bode expiatório, pois é mais fácil acusar alguma entidade externa por nossas próprias mazelas (sobretudo em se tratando do FMI), do que reconhecer as deficiências de política econômica das autoridades nacionais.

Publicada na edição de 11 de janeiro de 2002, do Jornal da Ciência, JC E-Mail, nº 1951, “17. Diplomata brasileiro comenta observações de leitor sobre o artigo de Rubens Ricupero” 

“Mensagem de Paulo Roberto de Almeida, diplomata e professor, ministro-conselheiro da Embaixada do Brasil em Washington, EUA (site: www.pralmeida.org)”

O acordo do Brasil com o FMI em 2002 - Paulo Roberto de Almeida

O Brasil e o acordo com o FMI: reflexões diplomáticas

Paulo Roberto de Almeida (www.pralmeida.org)

1.         Concluído o mais recente acordo de sustentação financeira entre o Brasil e o FMI, cujas dimensões especificamente financeiras foram suficientemente ressaltadas pelos observadores econômicos, caberia fazer uma análise de seu impacto na e para a política externa bem como suas implicações diplomáticas para o Brasil, dentro e fora da região. Esta reflexão não deve ater-se tão simplesmente ao acordo concluído em 7 de agosto de 2002, mas colocar-se igualmente na perspectiva das duas experiências precedentes, em 1998 e 2001, respectivamente, uma vez que o relacionamento do Brasil com o FMI – e as demais entidades financeiras de Washington, aí incluído o Tesouro americano – tem sido caracterizado por uma certa continuidade de propósitos e por uma convergência de pontos de vista com a chamada “mainstream economics”, durante toda a administração do Presidente Fernando Henrique Cardoso.

2.         Ressalte-se, em primeiro lugar, o reconhecimento do papel do Brasil, não apenas no cenário regional, mas de certa forma também seu impacto na economia mundial, o que explica, em grande medida, que, independentemente das filosofias diversas das duas administrações americanas que se sucederam entre 1992 e 2000 e a que agora ocupa a Casa Branca, os acordos de 1998, sua adaptação em 1999, o de 2001 e agora este mais recente tenham sido concluídos após prazos mais ou menos rápidos de negociações, não tenham gerado tensões maiores no curso das conversações e tenham sido anunciados sempre em condições bastante mais satisfatórias do que o previsto na fase precedente pelos mais diversos observadores econômicos. Esse reconhecimento vem sendo dado não apenas pela administração americana e pelas principais lideranças européias, mas igualmente por representantes institucionais dos principais organismos financeiros e por grandes interlocutores e do setor privado, como o demonstra o volume relativamente importante de fluxos voluntários e de empréstimos logrados pelo País na última década.

3.         Ainda que se possa arguir, sem muita fundamentação empírica, sobre a abordagem supostamente mais restritiva da atual administração, em comparação com o que teria sido uma posição de princípio mais favorável a socorros emergenciais por parte da administração anterior, o fato é que o Brasil conseguiu se fazer reconhecer como um país chave no contexto regional, tanto em virtude de seu peso específico na conjuntura econômica da América do Sul, como em função de seu importante papel econômico em escala mais vasta, tendo em vista a massa importante de investimento direto estrangeiro já presente como estoque produtivo acumulado por centenas de empresas multinacionais na economia brasileira, como pela dimensão dos fluxos de ativos – ligados a operações comerciais ou a atividades diretamente financeiras – se movimentando entre o Brasil e as principais praças financeiras do planeta, em especial na América do Norte e na Europa ocidental. 

4.         Compare-se, por exemplo, as dificuldades traumáticas registradas em certos casos anteriores de montagem de pacotes de sustentação financeira – a exemplo de alguns países asiáticos, da própria Rússia, ou da infeliz Argentina atualmente – com a relativa tranquilidade, para não dizer facilidade, com que se logrou concluir pouco mais de três processos negociadores de acordos de empréstimo desde 1998, mesmo à época em que ainda vigia o controverso sistema de banda cambial. Isto deve-se, sem dúvida, não apenas à qualidade da gestão macroeconômica em vigor no Brasil desde 1994, com a qual está identificado o ministro Pedro Malan, mas também à comprovada capacidade de liderança política, inclusive no plano internacional, do presidente FHC. Em outros termos, ademais dos componentes propriamente técnicos no estabelecimento dos três acordos formais concluídos com o Fundo desde 1998, incluído o ajuste do primeiro no seguimento da desvalorização e da mudança de regime cambial em janeiro de 1999, pode-se mencionar a tomada em consideração de elementos políticos e mesmo de caráter diplomático na condução bem sucedida desses processos negociadores relativamente complexos, para os quais o elemento confiança parece ter desempenhado um importante papel.

5.         Assim, mesmo o approach “caso a caso”, supostamente privilegiado na atual administração, contribuiu para destacar o Brasil dos demais casos de montagem de programas emergências em casos de turbulências financeiras, como os que estamos assistindo desde meados da década passada, a começar pelo caso do México. Ressalte-se, em primeiro lugar, que à diferença de todos aqueles casos, na própria região, na Ásia ou na Europa, nenhum dos pacotes concluídos com o Brasil foi ex-post, ou seja, montado para restabelecer uma situação de desequilíbrio grave de balanço de pagamentos em virtude de uma crise financeira de proporções dramáticas. Todos os acordos do Brasil feitos com o Fundo o foram de maneira preventiva, justamente para remediar uma ameaça de desequilíbrio que poderia precipitar uma crise de dimensões mais graves. Em 1998, o Brasil inagurou, assim, a utilização do novo mecanismo de saque criado no âmbito do FMI, a Supplemental Reserve Facility, assim como ele pode dispor, em cada uma das oportunidades, de recursos em montantes tão generosos a ponto de se permitir utilizar a metade, se tanto, de cada uma das linhas de crédito estendidas. 

6.         Dessa forma, mesmo na ausência de um relacionamento político e pessoal mais íntimo entre as lideranças máximas do Brasil e dos EUA, como existia anteriormente, as duas administrações econômicas puderam criar laços de diálogo direto e canais de entendimento que redundaram, agora, num pacote preventivo de dimensões respeitáveis, mesmo em termos da história recente do FMI (recorde-se a propósito que o pacote de apoio ao México tinha muitos recursos de governos nacionais, a começar pelos EUA e que o da Coréia se deu no seguimento de uma ruptura dramática das atividades bancárias e mesmo industriais daquele país). Deve-se portanto evidenciar desse fato – economistas sublinharam o caráter inédito desse “biggest IMF loan in history” – que os EUA reconhecem no Brasil um ator político e econômico de importância especial no cenário regional e mesmo mundial, a partir inclusive da constatação de que a presença de suas empresas em nosso mercado adquiriu uma dimensão tal que justifica o tratamento de certa forma favorável quando comparado a outros parceiros fora do núcleo central da economia capitalista avançada. 

7.         Esse aspecto — o do impacto de eventuais turbulências no Brasil não apenas sobre o setor financeiro dos EUA, mas sobre sua economia real e nas demais economias da região – adquiriu preeminência sobre todas as outras considerações de ordem política ou ideológica, como evidenciado numa certa luta de editoriais e artigos de opinião entre os dois principais jornais nacionais americanos (o Washington Poste o New York Times) e mesmo o tradicionalmente circunspecto Financial Times, por um lado, e o arqui-conservador The Wall Street Journal, recomendando, obtusamente, a maneira dura contra o Brasil. Esse fato deverá contribuir para a melhoria de certa forma “psicológica” que poderá ser observada a partir daqui no tratamento a ser concedido pelos analistas da mesma Wall Street em relação à situação econômica do Brasil, cujos prognósticos pessimistas de algumas semanas atrás foram agraciados com o epíteto de “terrorismo econômico” por representantes da oposição política no Brasil. O elemento destoante, mas por razões independentes do julgamento político da administração americana, tem sido representado pelo Secretário do Tesouro ele mesmo, Paul O’Neill, cujas declarações recolhem a unanimidade dentro e fora dos EUA quanto à inoportunidade econômica e sua inconveniência política, o que tem sido compensado, amplamente, pelas boas relações pessoais mantidas entre o presidente do Banco Central Arminio Fraga e o secretário de relações internacionais do Tesouro John Taylor. 

8.         Não se trata apenas de inserir o Brasil, dadas as suas dimensões próprias e seu impacto no entorno regional, naquela categoria conhecida como “too big to fail”, uma vez que a Rússia era igualmente grande – além de nuclearmente armada – e falhou rotundamente em 1998, mas de reconhecer que a seriedade e competência reconhecidas do atual governo e da diplomacia econômica do Brasil, desde muito, permitiram ao País desfrutar de uma situação invejável de apoio político nas três ou quatro circunstâncias que redundaram em acordos formais de sustentação financeira com os principais organismos econômicos internacionais – compreendidos aqui não apenas o FMI e os bancos multilaterais de desenvolvimento, mas igualmente o BIS e um número apreciável de países membros deste último, a começar pelos próprios EUA. Configura-se, assim, uma situação de credibilidade política e diplomática que pode e deve contribuir para uma transição política interna relativamente mais tranquila entre o terço final de 2002 e o início de 2003, qualquer que seja a orientação política vencedora nas eleições de outubro. 

9.         Passam, assim, a adquirir dimensão menor, no novo cenário político-diplomático que se abre a partir de agora, os elementos associados à especulação financeira, às turbulências econômicas vinculadas às incertezas do quadro eleitoral e ao estado de certa forma lamentável de nossos vizinhos imediatos do Cone Sul. Ao ganhar o Brasil, por repetidas vezes desde o início da atual fase de crises financeiras globais, atestados passados pelo Fundo e pela própria administração americana comprovando nossas “sound economic policies” ao longo de todo o período, configura-se um novo quadro de diálogo no plano internacional que contrasta notavelmente com o ambiente conhecido nos anos 80 – da crise da dívida e da moratória – e no inicio dos 90 – ameaças de hiperinflação e de descontrole monetário. Trata-se de uma janela de oportunidade que deveria ser, ao lado de nossa já tradicionalmente reconhecida capacidade de intelocução diplomática no plano das políticas comerciais, habilmente explorada neste final de administração FHC pelas principais lideranças políticas brasileiras para deixar as bases de uma acrescida presença internacional do Brasil, nos planos regional, hemisférico e multilateral.

10.       Ao assumir agora a presidência pro-tempore do Mercosul e proximamente a co-presidência do processo de negociações hemisféricas no âmbito da Alca, pode o Brasil demonstrar não apenas a solidez de seus fundamentos macroeconômicos, mas também sua capacidade de liderança, seu espírito inovador e sua habilidade diplomática nestas próximas etapas da agenda negociadora externa. A primeira definição de natureza política deve ser dada, justamente, em torno do Mercosul, cuja paralisia ameaça gerar uma crise de credibilidade diplomática cujas conseqüências não podem ainda ser bem avaliadas, mas cujo impacto se exercerá com certeza em detrimento de nossos interesses nos planos da Alca e das negociações UE-Mercosul, ademais de outras esferas. O segundo desafio é representado pelo início da co-presidência brasileiro-americana do processo da Alca, que terá lugar precisamente no momento da transição política para uma nova administração no Brasil. Aqui, o diálogo intenso com o administração americana no curso dos próximos meses é não apenas indicado, como desejável e mesmo necessário.

11.       Caberá, assim, ao Itamaraty, como um dos principais guardiões da continuidade política da presença mundial brasileira ao longo do tempo, mobilizar seus recursos intelectuais – já que financeiros ou econômicos não os há – para preservar o capital de credibilidade política e diplomática amealhado ao longo dos últimos oito ou nove anos de presença continuada de algumas personalidades da administração FHC à cabeça do País, a começar pelo próprio presidente, mas também pelo ministro Pedro Malan. A próxima administração, nos palácios do Planalto e do Itamaraty, deverá conduzir a bom termo, se tal for possível, complexas negociações regionais e multilaterais que vão determinar, em certa medida, aspectos decisivos de nossa inserção internacional nas próximas décadas, assim como alguns dos elementos constitutivos das próprias características da economia nacional no futuro de médio prazo. 

12.       À administração que sai conviria deixar um roteiro de bordo o mais possível completo para um bom itinerário por parte do próximo governo. Tranquilizado o cenário na frente financeira, graças ao recente acordo com o Fundo Monetário, pode o Itamaraty assegurar que a presença do Brasil nos cenários regional e mundial continue a gozar do prestígio externo logrado pelo titular da economia e pelo próprio presidente da República.

Washington, 932: 9 de agosto de 2002

terça-feira, 15 de maio de 2018

Brasil: o ajuste economico ainda nao foi feito - FMI (Editorial Estadao)

Eu sempre disse, desde antes da Grande Destruição lulopetista, que a tarefa de reconstrução seria enorme, ingente, lenta e dolorosa. Até agora, o Brasil se limitou a colocar band-aid sobre suas fraturas mais graves. O trabalho verdadeiro ainda não começou.
Paulo Roberto de Almeida

O risco-chave, segundo o FMI

O Brasil poderá entrar em nova crise, e até em recessão, se o próximo governo abandonar a pauta de ajustes e reformas, alertou diretor do Fundo
Editorial O Estado de S. Paulo, 15 de maio de 2018
O Brasil poderá entrar em nova crise, e até em recessão, se o próximo governo abandonar a pauta de ajustes e reformas, disse o diretor do Departamento de Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner. Ele destacou a importância da reforma da Previdência, mas um crescimento mais rápido e sustentável, acrescentou, dependerá de mudanças mais amplas. Uma política inovadora deve incluir, entre outros pontos, segundo o diretor do FMI, abertura econômica e simplificação do sistema tributário. Werner comentou as perspectivas do País ontem, em Nova York, num evento da Fundação Getúlio Vargas e da Câmara de Comércio Brasileira e Americana.
Advertências muito parecidas têm sido formuladas no Brasil por economistas conhecidos pela competência técnica e pelo bom senso. As avaliações apresentadas por Alejandro Werner põem a discussão, no entanto, num cenário mais amplo. Ele dirige uma equipe familiarizada com a economia de toda a América Latina e empenhada em acompanhar 0 dia a dia das crises, das políticas, das estratégias de ajustes e mudanças e, naturalmente, dos sucessos e fracassos.
Esse panorama é discutido no relatório de perspectivas econômicas das Américas divulgado na sexta-feira passada numa entrevista coletiva em Lima. As economias estão em crescimento em quase todo o hemisfério, do Canadá à Argentina e ao Chile, mas, em vez de apenas festejar a recuperação, os autores do estudo lançam uma exortação: é preciso aproveitar o impulso para levar adiante as pautas de reformas.
A exortação vale especialmente para os países latino-americanos, e, dentro desse conjunto, para Brasil e Argentina. Apesar da retomada do crescimento e da melhora de alguns indicadores importantes, as duas maiores economias da América do Sul ainda têm de enfrentar uma pesada agenda de consertos e reformas. A Argentina, muito vulnerável a problemas externos e, portanto, a pressões cambiais, acabou pedindo ajuda ao Fundo pouco antes da divulgação do relatório. O Brasil, com bom volume de reservas, contas externas saudáveis e inflação bem abaixo da meta oficial, tem mais espaço para se mexer. Não pode, no entanto, retardar por muito tempo, a continuação do programa iniciado pelo governo Temer. Os perigos maiores foram apontados com clareza no pronunciamento de Alejandro Werner em Nova York.
Sem rápida melhora das finanças oficiais, a dívida pública poderá em breve superar 100% do Produto Interno Bruto (PIB). Sem perspectiva de melhora, os mercados poderão retrair-se. Com isso o financiamento se tornará muito difícil e custoso, o País poderá entrar em nova crise e afundar de novo em recessão. A lista de ações para arrumar a economia, torná-la mais segura e aumentar a capacidade de crescimento inclui, além da reforma da Previdência e de mudanças no sistema tributário, alterações na alocação de crédito, abertura ao comércio, maior integração nos mercados globais, melhora da infraestrutura e redução da burocracia.
Dois fatores positivos são apontados: 1) o atual governo tomou iniciativas na direção correta, propondo o teto de gastos e iniciando as correções; 2) a reativação da economia proporciona condições para um ajuste mais intenso na fase inicial e para o avanço na pauta de reformas. A proposta de aproveitar o impulso vale para todo o hemisfério, especialmente para a América Latina, mas aplica-se muito especialmente ao Brasil.
O caso brasileiro se destaca, no entanto, por mais um fator de preocupação: o “risco-chave”, segundo o relatório, é o de alteração do programa econômico depois das eleições presidenciais, com “maior instabilidade no mercado e maior incerteza quanto às perspectivas de médio prazo”. De modo geral, a expectativa de continuidade dos ajustes aparece nos comentários sobre os demais países da América Latina. Ao traduzir o quadro eleitoral em termos de grave incerteza econômica, os técnicos do FMI mostram boa informação e realismo. Longe de ser um excesso retórico, a expressão “risco-chave” é um alerta preciso.

sábado, 12 de maio de 2018

Os programas economicos do Brasil com o FMI: corrigindo Paulo Gala

Recebi em minha caixa, a seguinte mensagem para uma nova aula de Paulo Gala, um professor de economia online que possui excelentes postagens informativas sobre a economia brasileira e mundial.
Esta, porém, decepcionou-me pela inexatidão do relato sobre as crises brasileiras e os programas com o FMI.
Ei-la:

On May 11, 2018, at 11:29 AM, Paulo Gala <pgala@uol.com.br> wrote:


Memórias de um latino-americano! Crises cambiais nos 90 foram abundantes

Brasil, 13 de Janeiro de 1999. O Banco Central brasileiro manda comunicado para o mercado de câmbio brasileiro avisando que não mais iria intervir para segurar nossa taxa. Chegava ao fim nossa âncora cambial implantada em setembro de 1994 para ajudar na estabilização de preços do plano real. Depois de algum crescimento, nossas contas externas saem do controle. O endividamento externo explode e passamos a sofrer recorrentes ataques especulativos contra nossa moeda. Nossos juros em dólar disparam e por aqui o Gustavo Franco aumenta a SELIC para 40% ao ano para tentar segurar a fuga de capital. Respostas do governo para a crise? Corte de gastos e austeridade fiscal. Temos que agradar o FMI para receber os empréstimos que nos ajudariam a não quebrar. Funcionou? Não! A economia brasileira não saía da recessão e nossa dívida interna e externa explodiam! Até que veio a crise de 1999 com a desvalorização gigante da moeda brasileira! Nosso pacote de empréstimo do FMI de 30 bilhões de dólares não deu conta.
BLOG de Paulo Gala Sao Paulo SP, SP 01313-902 Brazil

Respondi da seguinte maneira:

Sinto discordar. O pacote de 30 bi com o FMI deu conta, sim, tanto que desse dinheiro apenas a metade integrou as reservas brasileiras, o resto sendo "usado" como seguro.
O que você deveria registrar seria a sequência exata dos três pacotes de ajuda do FMI, o primeiro em 1998-99, de mais de 40 bi (mas apenas uma parte das entidades de Bretton Woods e dos bancos regionais, sendo o resto, metade, de países credores, inclusive a Grécia, por uma dessas ironias da história); depois o de 2001, de apenas 15 bi, por causa da crise argentina. Esse de 30 bi foi o terceiro, única e exclusivamente por causa do efeito Lula em 2002, sendo que as políticas de ajuste já tinham sido todas tomadas pelo Armínio em 1999 e estavam funcionando muito bem, tanto que já em abril de 2000 ele devolvia boa parte do dinheiro emprestado ou garantido no primeiro pacote.
O país estava pronto para retomar o crescimento depois desse ajuste e da desvalorização, mas foi vítima do apagão elétrico e da crise argentina. Já o terceiro problema não tem nada a ver com a consistência ou inconsistência das medidas adotadas em 1999, e tudo a ver com a esquizofrenia econômica petista.
Outra loucura petista: em 2005 Lula resolveu acabar deliberadamente e antecipadamente com o programa stand-by com o FMI, em antecipação das eleições de 2006, deixando de usufruir de um dinheiro barato, com os juros amigáveis do FMI, para ficar com empréstimos comerciais muito mais caros. Pura demagogia política, populismo barato, e um crime econômico contra o país.
A história a gente deve contar por inteiro...
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Paulo Roberto de Almeida

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

O Brasil e o sistema financeiro internacional entre 1985 e 1994 - Paulo Roberto de Almeida


Encontros e desencontros entre o Brasil e o FMI entre 1985 e 1994

Paulo Roberto de Almeida  
Trecho deste trabalho: 

O BRASIL E O FMI DESDE BRETTON WOODS: 70 ANOS DE HISTÓRIA 
Revista Direito GV (vol. 10, n. 2, 2014, p. 469-495; ISSN: 1808-2432; link: http://direitosp.fgv.br/sites/direitosp.fgv.br/files/artigo-Edicao-revista/05-rev20_469-496_-_paulo_roberto_de_almeida_-_5.pdf;  http://direitosp.fgv.br/publicacoes/revista/artigo/brasil-fmi-desde-bretton-woods-70-anos-de-historia). 

(...)
Em janeiro de 1985, como forma de pressionar por novas facilidades creditícias, o governo brasileiro anunciou que estaria suspendendo o pagamento de juros sobre a dívida oficial bilateral até o reescalonamento dessas dívidas, ao que o Clube de Paris respondeu que o estabelecimento de um acordo stand-by com o FMI era a condição necessária para fazê-lo. A substituição de Francisco Dornelles por Dilson Funaro, em meados daquele ano, não foi particularmente bem-sucedida em termos de entendimentos com o FMI e com os demais credores oficiais e privados. A “novela da dívida” e o “balé de missões” do Fundo ao Brasil continuaram pelos meses seguintes, sem qualquer progresso substantivo na condução das renegociações e com muito pouco progresso no tratamento conceitual do problema. O presidente Sarney adotou uma retórica anti-Fundo, ao declarar em setembro de 1986 – e descartando o simples fato de que o Brasil não cumpria nenhum plano com a instituição – que “as fórmulas do FMI para o Brasil simplesmente não funcionam. Elas nos conduziram à mais dramática recessão em toda nossa história.”
A moratória declarada em fevereiro de 1987, envolvendo o pagamento de juros dos empréstimos de médio e longo prazo dos credores privados, chocou o mundo e o FMI, mas de fato ela era inevitável: a dívida total era então de 121 bilhões de dólares e as reservas brutas tinham caído dramaticamente de US$ 9,25 bilhões no final de 1985 para menos de 4 bilhões no momento da moratória. Uma renegociação inédita – isto é, sem o aval do Fundo e sem um stand-by em vigor – tinha, no entanto, sido concluída com o Clube de Paris um mês antes, o que permitiu algumas acomodações até que o ministro Funaro fosse substituído por Luiz Carlos Bresser Pereira, em abril de 1987.
O novo ministro não pretendia renegociar com o Fundo antes de acomodar a situação com os banqueiros privados, aos quais pediu um novo empréstimo-ponte a uma taxa de juros zero: levou zero empréstimo. Seu plano de debt relief para o Brasil – de fato de “securitização” da dívida –, discutido com funcionários do Tesouro norte-americano, foi recebido com um non-starter, a começar pelo próprio secretário do Tesouro James Baker, que recusou em setembro daquele ano desvincular o esquema “voluntário” de redução de dívidas privadas dos arranjos com o FMI. O mais extraordinário é que esse esquema conceitual veio depois a ser consubstanciado no chamado Plano Brady, nome do sucessor de Baker à frente do Tesouro. O episódio revela, em todo caso, que o crédito político e financeiro do Brasil estava próximo de zero e, provavelmente, com poucas perspectivas de melhoria.
Esse tipo de guerrilha financeira sem vitórias nem vencedores continuaria pelo resto da década, até que a gestão Marcílio Marques Moreira, na Fazenda, no princípio dos anos 1990, seguida mais adiante pela de Fernando Henrique Cardoso na mesma pasta – com Pedro Malan designado como negociador oficial da dívida externa – permitiu dar início a uma nova fase no relacionamento do Brasil com a comunidade financeira internacional. Um pouco antes dessa época, o Fundo e as próprias autoridades americanas já estavam convencidos que era preciso separar a estratégia do tratamento da dívida dos interesses dos banqueiros privados, o que foi logrado em 1989 por meio do Plano Brady, que previa precisamente uma estratégia mais flexível para o debt relief, e para o apoio do FMI aos novos esquemas de facilitação da renegociação dos créditos oficiais e dos empréstimos privados.
No intervalo, o sucessor de Bresser na Fazenda, Mailson Ferreira da Nóbrega, assinou uma carta de intenções com o Fundo, em junho de 1988, prevendo a negociação de um novo acordo stand-by e antecipando negociações com banqueiros e o Clube de Paris. Em agosto, o Brasil conseguiu sacar uma tranche de 365 milhões de DES (Direito Especial de Saque) de um total de mais de 1 bilhão aprovados, mas isso foi tudo. As turbulências políticas do final do governo Sarney e as expectativas geradas pela nova Constituição, entretanto, minaram os esforços do ministro Mailson em prol de acordos consistentes e duráveis com aqueles parceiros. Da mesma forma, uma carta de intenções negociada em setembro de 1990, já no governo Collor, não teve implementação em virtude das demais inconsistências do plano de estabilização introduzido em março daquele ano. Mas, o ministro Marcílio Marques Moreira logrou concretizar um reescalonamento no âmbito do Clube de Paris em 1992, mesmo sem dispor do aval do FMI.
Com a presença de Fernando Henrique Cardoso na condução dos negócios da Fazenda, a partir de maio de 1993, e uma brilhante equipe de assessores econômicos em postos estratégicos do governo Itamar Franco, foi possível conduzir, pela primeira vez em muitos anos, um processo realista e consistente de ajuste estrutural que, via desindexação planejada da economia, acabaria levando ao plano Real, passando pela solução parcial do problema da dívida em abril de 1994 e a subsequente suspensão oficial da moratória. Um acordo com o Clube de Paris em 1992 tinha contornado a situação dos créditos oficiais, reconduzidos por um período suplementar de pagamentos comprometidos.
O primeiro governo Fernando Henrique Cardoso, eleito em outubro de 1994, em virtude basicamente do sucesso do Plano Real, inicia, em 1995, sua gestão com um desafio externo de grande amplitude: controlar os efeitos da crise do México de dezembro daquele ano e garantir a manutenção da estabilidade cambial, o que foi obtido mediante pequeno ajuste na política de valorização cambial do período inicial do programa de estabilização. Introduziu-se o sistema de bandas e a prática de correções ou ajustes (“minidesvalorizações” disfarçadas) dentro da banda, de maneira a compensar parte da erosão inflacionária e a valorização de fato pela qual passou o Real a partir de sua introdução nos segundo semestre de 1994. No plano internacional, o governo FHC começa a propor, mediante carta do presidente aos países do G-7, medidas de controle dos capitais voláteis, sem muita receptividade, porém.
Ao mesmo tempo, entretanto, o G-7 também propunha a liberalização dos movimentos de capitais, área que nunca fez parte da jurisdição do FMI, consoante o espírito keynesiano que presidiu aos acordos de Bretton Woods, voltados basicamente para a liberalização dos pagamentos correntes (à exclusão, portanto, dos fluxos voluntários de ativos). As autoridades monetárias brasileiras, a despeito de uma adesão conceitual ao princípio da liberalização progressiva e cautelosa desses fluxos, não concordavam com a ideia de abandonar de vez o monitoramento nacional desses capitais, uma vez que, escolado pelos desequilíbrios persistentes que o País conheceu praticamente desde a inauguração da República, o Brasil sequer tinha operado, quando da ratificação dos acordos de Bretton Woods, a liberalização completa de seus pagamentos correntes (fazendo uso das exceções previstas no artigo 14 do convênio constitutivo do FMI, para derrogar às obrigações previstas no artigo 8º, aceito integralmente apenas numa fase ulterior).
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, também expressou restrições ao caráter amplo do sistema de disseminação de dados, argumentando que sua divulgação poderia ser fator de instabilidade, em lugar de contribuir para a estabilização dos mercados financeiros. Em todo caso, consoante seu novo papel internacional e de liderança na diplomacia dos países em desenvolvimento mais dinâmicos, o Brasil foi convidado em 1996, junto com outros sete países emergentes, a ingressar no Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sua sigla em inglês), o que foi efetivado em 1997, assim como a participar, mais tarde, de esquemas restritos de discussão das turbulências financeiras (como o G-20).
(...)

Artigo completo: 
Revista Direito GV (vol. 10, n. 2, 2014, p. 469-495; ISSN: 1808-2432; link: http://direitosp.fgv.br/sites/direitosp.fgv.br/files/artigo-Edicao-revista/05-rev20_469-496_-_paulo_roberto_de_almeida_-_5.pdf;  http://direitosp.fgv.br/publicacoes/revista/artigo/brasil-fmi-desde-bretton-woods-70-anos-de-historia). 

quarta-feira, 22 de março de 2017

Rise and demise of Bretton Woods system - Michael Bordo

Um resumo de um paper importante, de um dos maiores especialistas no sistema de Bretton Woods.
Paulo Roberto de Almeida

The Operation and Demise of the Bretton Woods System; 1958 to 1971 
For your information, especially if you want to understand some important historical issues related to our international monetary system, here is a good paper by Michael Bordo (NBER Working Paper No. 23189), The Operation and Demise of the Bretton Woods System; 1958 to 1971.
National Bureau of Economic Research (NBER)
http://www.nber.org/papers/w23189?utm_campaign=ntw&utm_medium=email&utm_source=ntw
 
This chapter revisits the history of the origins, operation and demise of the Bretton Woods International Monetary System. The Bretton Woods system was created by the !944 Articles of Agreement to design a new international monetary order for the post war at a global conference organized by the US Treasury at the Mount Washington Hotel in Bretton Woods ,New Hampshire at the height of World War II. The Articles represented a compromise between the American plan of Harry Dexter White and the British plan of John Maynard Keynes. The compromise created an adjustable peg system based on the US dollar convertible into gold at $35 per ounce along with capital controls. It was designed to combine the advantages of fixed exchange rates of the pre World War I gold standard with some flexibility to handle large real shocks. The compromise gave members both exchange rate stability and the independence for their monetary authorities to maintain full employment.
It took over a decade for the fully current account convertible system to get started. The system only lasted for 12 years from 1959 to 1971 but it did deliver remarkable economic performance. The BWS evolved into a gold dollar standard which depended on the US monetary authorities following sound low inflation policies. As the System evolved it faced the same severe fundamental problems as in the interwar gold exchange standard of: adjustment, confidence and liquidity. The adjustment problem meant that member countries with balance of payments deficits, in the face of nominal rigidities, ran the gauntlet between currency crises and recessions. Surplus countries had to sterilize dollar inflows to prevent inflation.
The U.S. as center country faced the Triffin dilemma. With the growth of trade and income member countries held more and more dollars instead of scarce gold as reserves generated by a growing US balance of payments deficit. As outstanding dollar liabilities grew relative to the US monetary gold stock confidence in the dollar would wane raising the likelihood of a run on Fort Knox.This led to the possibility that the US would follow tight financial policies to reduce the deficit thereby starving the rest of the world of needed liquidity leading to global deflation and depression as occurred in the 1930s. Enormous efforts by the US, the G10 and international institutions were devoted to solving this problem.
As it turned out, after 1965 the key problem facing the global economy was inflation, not deflation, reflecting expansionary Federal Reserve policies to finance the Vietnam war and the Great Inflation. US inflation was exported through the balance of payments to the surplus countries of Europe and Japan leading them in 1971 to begin converting their outstanding dollar holdings into gold. In reaction President Richard Nixon closed the US gold window ending the BWS.

domingo, 2 de outubro de 2016

China: internacionalizacao da moeda e inserção nos Direitos Especiais de Saque do FMI

Banco de compensación en RMB en EEUU, paso clave en globalización de moneda china

02/10/2016
NUEVA YORK, 1 oct (Xinhua) -- Gracias a la reciente instauración de un banco de compensación en renminbi (RMB) en Estados Unidos, los negocios con las empresas chinas se han vuelto mucho más fáciles para la Bolsa Mercantil de Chicago (CME, siglas en inglés).
NUEVA YORK, 1 oct (Xinhua) -- Gracias a la reciente instauración de un banco de compensación en renminbi (RMB) en Estados Unidos, los negocios con las empresas chinas se han vuelto mucho más fáciles para la Bolsa Mercantil de Chicago (CME, siglas en inglés).
En agosto pasado, el volumen diario medio de intercambio con China del CME, uno de las mercados de valores más antiguos y distinguidos de América, alcanzó las 70.000 unidades, pero todos estos negocios se vieron obligados a pasar por el proceso de convertir el RMB en otras formas de garantía.
"Esto añadía tiempo y coste adicional al proceso de compensación", dijo Suzanne Sprague, directora ejecutiva de gestión de riesgos del CME.
Sin embargo, las cosas han cambiado desde el 21 de septiembre, cuando el banco central chino anunció la designación de la sucursal del Banco de China en Nueva York como banco de compensación y liquidación en RMB.
PROMOCION DEL COMERCIO Y LAS INVERSIONES
"Es un hito", dijo Xu Chen, presidente y director general del Banco de China en Estados Unidos, en una entrevista con Xinhua el día después del anuncio. "Ahora tenemos servicio en renminbi en el extranjero en Asia y el Pacífico, en Europa y en Estados Unidos, es decir, 24 horas los siete días de la semana".
Según puntualizaron varios analistas, la medida era muy esperada ya que llena un gran vacío en la red de instituciones extraterritoriales designadas para promover un mayor uso del RMB en el mercado global.
En la primera mitad de este año, la liquidación de la moneda china en Estados Unidos está valorada en unos 100 billones de yuanes (14,99 billones de dólares), lo que supone el quinto puesto en el mercado exterior global.
La designación es si cabe más significativa ya que el comercio en RMB en Estados Unidos tiende a ser impulsado por el mercado, y no por el gobierno o las instituciones monetarias como en otros países.
"La necesidad es más real y urgente", explicó Xu, añadiendo que el establecimiento de un banco de compensación beneficia no solo el comercio, sino también las inversiones en Estados Unidos.
En este sentido, apuntó, "estamos viendo un crecimiento de las inversiones chinas en Estados Unidos en los últimos años". "En 2015, el volumen fue de 15.700 millones de dólares, mientras que sólo en la primera mitad de 2016, la cifra fue de 18.400 millones de dólares".
"Es muy posible que las inversiones individuales o institucionales de China sobrepasen en gran medida las de otros países o regiones", dijo Xu.
MAYOR USO INTERNACIONAL
En sintonía con el aumento de la utilización del RMB como moneda global, el Fondo Monetario Internacional (FMI) lo añadió el viernes a su cesta de derechos especiales de giro (DEG), haciéndose la medida efectiva el 1 de octubre.
La inclusión convierte el RMB en una de las cinco monedas de reserva totalmente avalada por los 189 miembros del FMI junto al dólar, el euro, el yen y la libra esterlina.
"Se lanzarán nuevos productos financieros valorados en RMB", anotó Xu, quien añadió que la moneda china "va a ser utilizada de forma más amplia en Estados Unidos dado que su mercado está más abierto que otros".
No obstante, también existen riesgos. Algunos observadores han advertido de que el acceso al mercado financiero estadounidense, más libre y desarrollado, podría, al mismo tiempo, aumentar los desafíos del RMB. La diferencia horaria entre Nueva York y Beijing, por ejemplo, podría dificultar el seguimiento de los impactos.
En cualquier caso, se trata de un paso necesario en el camino y un paso crucial. Xu consideró que, a largo plazo, el establecimiento de un banco de compensación en Nueva York es significativo para promover un mayor uso internacional del RMB y una mejor expansión de su influencia.
"Creo que, a lo largo de los próximos años, podremos responder al desafío", aseveró Xu.

China promete más reformas financieras tras inclusión de RMB en DEG

02/10/2016
El banco central de China aseguró hoy sábado que el país continuará impulsando la reforma financiera y la apertura del mercado después de la inclusión de su moneda, el renminbi (RMB) o yuan, en la cesta de monedas de los Derechos Especiales de Giro (DEG) del Fondo Monetario Internacional (FMI).
El banco central de China aseguró hoy sábado que el país continuará impulsando la reforma financiera y la apertura del mercado después de la inclusión de su moneda, el renminbi (RMB) o yuan, en la cesta de monedas de los Derechos Especiales de Giro (DEG) del Fondo Monetario Internacional (FMI).
El FMI anunció el viernes la entrada en vigor a partir de este sábado de la nueva cesta de DEG, que incluye al yuan, cambio que calificó de "hito histórico" para China, el FMI y el sistema monetario internacional.
China da la bienvenida al nuevo sistema, que reforzará la representatividad, la estabilidad y el atractivo de los DEG mientras se avanza en la reforma del sistema monetario internacional, indicó el Banco Popular de China en un comunicado publicado en su página web.
La inclusión del renminbi en los DEG representa un hito en la internacionalización del yuan y un reconocimiento del progreso del desarrollo económico de China, así como de las reformas financieras y la apertura que ha emprendido, sostuvo el banco central.
Los DEG son un activo de reserva internacional creado por el FMI en 1969 para complementar las reservas oficiales de los países miembros. Se puede intercambiar entre los gobiernos por monedas de uso libre en tiempos de necesidad.
En noviembre pasado, el FMI decidió incluir el yuan como quinta moneda de la cesta de los DEG a partir del 1 de octubre de 2016.
La junta de gobierno del FMI también decidió el viernes qué peso tendrá cada moneda en la nueva cesta de DEG, que será del 10,92 por ciento en el caso del yuan, del 41,73 por ciento para el dólar, del 30,93 por ciento para el euro, del 8,33 por ciento para el yen japonés y del 8,09 por ciento en la libra esterlina.
El porcentaje se mantendrá fijo durante los próximos cinco años, hasta la próxima revisión de la cesta.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Historia oral financeira e monetaria: Richard Cooper (Center for Financial Stability)

Professor Richard N. Cooper - advisor to many U.S. Presidents on international monetary affairs - was recently interviewed by the Center for Financial Stability on his decades of experience at the center of international monetary policy.

Highlights include:

- Evolution of the international monetary system,
- Insights into Nixon Shock (cessation of the gold standard),
- System of floating exchange rates,
- Recent revelations regarding the 1944 Bretton Woods Conference,
- China and measures to move forward,
- Proposals for the future.

We thank Kurt Schuler and Robert Yee for such a wonderfully insightful exchange and Richard Cooper - Maurits C. Boas Professor of International Economics at Harvard and formerly Under-Secretary of State for Economic Affairs, and Chairman of the Federal Reserve Bank of Boston.

To view the full interview:
http://centerforfinancialstability.org/research/Cooper_Yee_0916.pdf

With best regards,
Larry Goodman

terça-feira, 14 de junho de 2016

China: endividamento das empresas preocupa FMI, 145pc do PIB, e metade pelas estatais

FMI alerta para risco de elevada dívida corporativa na China
Endividamento é de 145% do PIB e estatais têm grande participação

SHENZHEN (China) - Em missão na China, o vice-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), David Lipton, alertou para o elevado endividamento corporativo no país asiático, disse que este é um problema sério e defendeu que a questão precisa ser tratada de forma rápida e efetiva, ou corre o risco de se deteriorar.

— Aprendemos nos últimos 20 anos como rupturas na economia e no mercado de um país podem reverberar mundialmente, como vimos na repentina instabilidade do mercado chinês no ano passado. A questão é que qualquer discussão de desenvolvimento sustentável deve levar em consideração as vulnerabilidades de uma economia sistemicamente importante — apontou Lipton.

Hoje, o endividamento corporativo na China corresponde a 145% do Produto Interno Bruto (PIB), nível que ele considera elevado, seja qual for a medida usada. Estimativas do FMI apontam que as empresas estatais respondem por cerca de 55% desse endividamento, bem mais que os 22% que representam da economia chinesa.

Ele afirmou que, embora reconheça que a China é única em muitos aspectos, não é o primeiro país a enfrentar dívidas. E é possível aprender com experiências do passado.

Entre as lições mais importantes, destacou ele, estão o fato de que o problema da dívida corporativa deve ser tratado de forma rápida e efetiva. As dívidas de empresas de hoje podem se tornar um problema sistêmico de dívida amanhã, que levaria a um crescimento econômico mais lento ou a uma crise bancária, ou ambos.

‘PROBLEMA SÉRIO E CRESCENTE’
Além disso, Lipton defendeu que tanto credores quanto endividados devem fazer parte da solução do problema, ou seja, tanto bancos quanto as companhias. E que é preciso agir também para acabar com os problemas de governança nos setores bancário e corporativo.

— A China enfrenta um conjunto extraordinário de desafios. O crescimento está desacelerando, mas para uma velocidade que seria invejada por qualquer economia avançada. No entanto, dívida corporativa permanece um problema sério e crescente que precisa ser tratado imediatamente e com compromisso com reformas — disse.

Lipton ponderou, no entanto, que a China demonstrou uma enorme capacidade de adaptação e evolução na última geração. Assim, afirmou, “há toda razão para acreditar que pode fazer esta transição e assegurar que o novo normal da economia chinesa é um desenvolvimento sustentável que beneficie tanto a China quanto o mundo”.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/fmi-alerta-para-risco-de-elevada-divida-corporativa-na-china-19491750#ixzz4BUE2Q5gT