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terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Setor público: peso nas despesas, no emprego - Paulo Gala

Abordagem do economista é correta mas tem lacunas, por exemplo não diz que País rico tem mais gente trabalhando em Saúde e HOME care, que é o atendimento aos idosos  (mais idosos e atendimento universal) e por isto aumenta o numero de servidores públicos. Também, na Segurança o numero é maior. 
Brasil que não tem nada disto, usa 12% de sua população empregada trabalhando no setor público. 
Outra coisa é o gasto e a produtividade destes funcionários. Nos Estados Unidos e outros países, o gasto é menor por funcionário e assim por diante, fazendo mais com menos, tendo mais produtividade. A produtividade do setor publico brasileiro é baixa e o funcionário ganha bem, muito melhor do que iniciativa privada, e tem estabilidade, que
uma espécie de imunidade contra qualquer erro e baixa produtividade. Está errado .
Roque Callage

Qual é o tamanho do setor público no Brasil?

O Brasil é um dos países que menos têm funcionários públicos em relação ao número de trabalhadores total em comparação com o mundo desenvolvido, os últimos dados referem o Brasil com cerca de 11,9% dos seus empregados trabalhando para o governo. Enquanto que na Noruega e na Dinamarca, a cada três trabalhadores, pelo menos um deles é funcionário do Estado, no Brasil, temos um funcionário do estado a cada 9 trabalhadores. Essa tendência verificada nos países escandinavos se repete na maior parte dos países de alta complexidade econômica, pois 18,1% de todos os trabalhadores da OCDE também são funcionários do governo. Os Estados Unidos tem 15,3% de seus trabalhadores como funcionários do Estado. O Chile tem uma taxa de funcionalismo público praticamente igual à brasileira.
Outra variável interessante é quanto o governo de cada país gasta para manter seus funcionários públicos. No Brasil, os 11,9% de funcionários públicos do país custaram cerca de 12,11% da despesa do governo. Nos EUA, seus 15,3%, custaram 9,74% da despesa. Na Noruega, seus 30%, custaram 15,53% da despesa e no Chile, seus 10,7%, custaram 20,86% das despesas do governo. Os valores são muito oscilantes porque essas variáveis dependem muito da arrecadação (receitas) de cada governo nacional. Ou seja, se um governo arrecada menos, mesmo que ele tenha menos funcionários públicos, ele vai gastar uma maior parte dessa arrecadação com o custeio desse funcionalismo que um governo que arrecada mais. Um exemplo claro é a diferença entre Noruega e Chile. O governo Norueguês tem 54,8% do seu PIB como receita. Já o governo do Chile, tem somente 22,45% do seu PIB como receita. O governo Norueguês tem o triplo de funcionários públicos do Chile e só gasta ¾ daquilo que o Chile gasta com seus funcionários públicos.
Não se pode simplesmente afirmar que os trabalhadores públicos do Brasil são caros ou baratos, há de se considerar o quanto o governo nacional tem de dinheiro para “gastar”. Então, estados grandes, como o Norueguês, tem muitos funcionários públicos e gastam menos com funcionalismo que estados pequenos. E estados pequenos, mesmo com pouco funcionalismo, gastam mais de sua arrecadação. Podemos também fazer uma análise de onde estão alocados os gastos do governo. Por exemplo, o Brasil, em 2017, gastou 32,1% de sua arrecadação federal com o custeio de juros da dívida pública. Em comparação, para o mesmo ano, o Estados Unidos gastou 12% da sua receita com juros, o Chile 3,7% e a Noruega, somente 0,7%.

REFERÊNCIAS:
NOTA: Nesse texto, os dados para Brasil e Chile foram retirados do “Government at a Glance Latin America and the Caribbean 2017” com dados referentes ao ano de 2014 e os dados para Estados Unidos e Noruega foram retirados do “Government at a Glance 2017” com dados referentes ao ano de 2015. Em relação aos dados sobre a despesa com juros e funcionalismo foram retirados da página oficial de dados do Banco Mundial, respeitando os anos publicados pela OCDE







quinta-feira, 17 de maio de 2018

O juro “neutro” e a trajetoria da taxa de cambio no Brasil - Paulo Gala

O juro “neutro” e a trajetória da taxa de câmbio no Brasil

Os choques de juros na economia brasileira desde a implantação do Real decorreram de depreciações cambiais no período de câmbio flutuante ou de reversões de fluxos de capital na época do câmbio fixo. Os juros altos dos últimos 20 anos foram fruto da fragilidade de nossas contas externas e de grandes desvalorizações de nossa moeda. O primeiro choque de juros sofrido no Plano Real veio com a crise do Méxicodecorrente da explosão da ancora cambial implantada no final dos anos de 1980 para controlar a inflação mexicana. Já o segundo choque relevante veio com o contágio da crise asiática. O terceiro choque acompanhou o contágio da crise russa, resultado do estouro da ancoragem cambial para controle da inflação por lá em 1998. A crise cambial brasileira que rompeu com o regime quase rígido da década de 1990 aconteceu em janeiro de 1999, quando um novo choque de juros foi aplicado para tentar segurar o padrão monetário brasileiro na presença de enorme desvalorização cambial na transição para o regime de câmbio flutuante administrado. Em 2001, outro choque de juros foi aplicado como resposta aos atentados de 11 de setembro. Na epoca o Brasil atravessava o apagão energético interno e a crise na Argentina. Já em 2003, um novo choque foi administrado por conta da enorme desvalorização cambial decorrente dos temores na transição eleitoral. Finalmente, em 2008, a crise americana provocou nova desvalorização cambial, somada a uma parada brusca da atividade econômica no mundo e no Brasil. O Banco Central respondeu com alta inicial de juros e, logo na sequência, queda das taxas.
Em todos esses episódios de choque de juros, a forte apreciação cambial observada no período subsequente foi primordial para derrubar o preço dos bens transacionáveis, ajudar na convergência da inflação e estimular o corte da Selic para seu ponto “neutro”. Em 2013, a decisão do Federal Reserve de reduzir os estímulos monetários forçou o BC a construir enorme estoque de swaps em posições vendidas em dólar e iniciar novas altas da Selic para tentar evitar uma desvalorização cambial mais brusca. A trajetória da Selic em todos esses anos, talvez com a exceção do ciclo de alta de 2005, sempre dependeu da dinâmica das contas externas, do sentido dos fluxos de capital e da taxa de câmbio. Os cortes foram feitos em momentos de apreciação cambial que reduziram a inflação, quase que independentemente do nível de atividade. A exceção foi o movimento de corte de juros feito em 2011, que acabou inflando nossa bolha de crédito e pressionando o preço dos bens não tradables em uma economia em pleno emprego, expansão fiscal e câmbio em rota de desvalorização.
Na década de 1990, os choques de juros tinham o objetivo explícito de segurar a âncora cambial. Depois da implantação do regime de metas de inflação, em 1999, os juros passaram a responder aos movimentos da inflação. Mas as grandes oscilações da taxa de câmbio acabaram ditando os movimentos de juros pela via do aumento dos preços de tradables e das tentativas do BC de segurar os efeitos de segunda ordem da desvalorização cambial nos preços. A grande acumulação de reservas cambiais entre 2004 e 2012 acabou aumentando a potência de intervenção do BC no mercado de câmbio via swaps ou leilões reversos para domar a trajetória do Real. Essa posição robusta de reservas e a utilização de um regime de câmbio flutuante administrado provou-se muito mais eficiente para reduzir os juros nos anos 2000. Ao fim e ao cabo, os juros altos no Brasil sempre foram uma tentativa do BC de manter nosso padrão monetário em um contexto de contas externas deficitárias, inércia nos preços domésticos e fortes oscilações da conta capital, com a exceção dos superávits em conta corrente registrados entre 2003 e 2007. A história recente mostra que não faz sentido discutir juro “neutro” no Brasil sem olhar nossa frágil dinâmica externa, muito dependente de bonanças de commodities e fluxos de capitais.
No momento, a trajetória do câmbio contribui para a queda da inflação. Seguimos com apreciações da moeda brasileira graças à nova onda de capitais que parece vir por aí. Nosso déficit em conta corrente caiu de 4% do PIB para 1,5%, as reservas continuam robustas e os swaps foram praticamente eliminados. A inflação está cedendo graças à queda de preços de alimentos, do alto desemprego, mas, também, por conta da forte apreciação cambial dos últimos meses. O BC seguirá reduzindo juros e argumentará que o “juro neutro”, aquele capaz de equilibrar a economia sem pressões inflacionárias, voltou a cair. Com política fiscal contracionista, investimentos públicos em mínimas históricas, enorme desemprego e ociosidade na indústria, o juro real capaz de estimular a economia vai mesmo lá para baixo. Durante as ondas de apreciação do câmbio nominal nunca houve pressão inflacionária no Brasil. No final das contas o “juro neutro” depende mesmo é da trajetória do câmbio.


sábado, 12 de maio de 2018

Os programas economicos do Brasil com o FMI: corrigindo Paulo Gala

Recebi em minha caixa, a seguinte mensagem para uma nova aula de Paulo Gala, um professor de economia online que possui excelentes postagens informativas sobre a economia brasileira e mundial.
Esta, porém, decepcionou-me pela inexatidão do relato sobre as crises brasileiras e os programas com o FMI.
Ei-la:

On May 11, 2018, at 11:29 AM, Paulo Gala <pgala@uol.com.br> wrote:


Memórias de um latino-americano! Crises cambiais nos 90 foram abundantes

Brasil, 13 de Janeiro de 1999. O Banco Central brasileiro manda comunicado para o mercado de câmbio brasileiro avisando que não mais iria intervir para segurar nossa taxa. Chegava ao fim nossa âncora cambial implantada em setembro de 1994 para ajudar na estabilização de preços do plano real. Depois de algum crescimento, nossas contas externas saem do controle. O endividamento externo explode e passamos a sofrer recorrentes ataques especulativos contra nossa moeda. Nossos juros em dólar disparam e por aqui o Gustavo Franco aumenta a SELIC para 40% ao ano para tentar segurar a fuga de capital. Respostas do governo para a crise? Corte de gastos e austeridade fiscal. Temos que agradar o FMI para receber os empréstimos que nos ajudariam a não quebrar. Funcionou? Não! A economia brasileira não saía da recessão e nossa dívida interna e externa explodiam! Até que veio a crise de 1999 com a desvalorização gigante da moeda brasileira! Nosso pacote de empréstimo do FMI de 30 bilhões de dólares não deu conta.
BLOG de Paulo Gala Sao Paulo SP, SP 01313-902 Brazil

Respondi da seguinte maneira:

Sinto discordar. O pacote de 30 bi com o FMI deu conta, sim, tanto que desse dinheiro apenas a metade integrou as reservas brasileiras, o resto sendo "usado" como seguro.
O que você deveria registrar seria a sequência exata dos três pacotes de ajuda do FMI, o primeiro em 1998-99, de mais de 40 bi (mas apenas uma parte das entidades de Bretton Woods e dos bancos regionais, sendo o resto, metade, de países credores, inclusive a Grécia, por uma dessas ironias da história); depois o de 2001, de apenas 15 bi, por causa da crise argentina. Esse de 30 bi foi o terceiro, única e exclusivamente por causa do efeito Lula em 2002, sendo que as políticas de ajuste já tinham sido todas tomadas pelo Armínio em 1999 e estavam funcionando muito bem, tanto que já em abril de 2000 ele devolvia boa parte do dinheiro emprestado ou garantido no primeiro pacote.
O país estava pronto para retomar o crescimento depois desse ajuste e da desvalorização, mas foi vítima do apagão elétrico e da crise argentina. Já o terceiro problema não tem nada a ver com a consistência ou inconsistência das medidas adotadas em 1999, e tudo a ver com a esquizofrenia econômica petista.
Outra loucura petista: em 2005 Lula resolveu acabar deliberadamente e antecipadamente com o programa stand-by com o FMI, em antecipação das eleições de 2006, deixando de usufruir de um dinheiro barato, com os juros amigáveis do FMI, para ficar com empréstimos comerciais muito mais caros. Pura demagogia política, populismo barato, e um crime econômico contra o país.
A história a gente deve contar por inteiro...
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Paulo Roberto de Almeida

quinta-feira, 8 de março de 2018

Como os países ricos ficaram ricos - Erik Reinert (via Paulo Gala)

Como os países ricos ficaram ricos?

Não poderia ter saído em melhora hora a versão em português do livro mais importante de Erik Reinert (editora Contraponto). Trate-se de um dos melhores livros já escritos sobre a história e a teoria do desenvolvimento econômico. Em tempos de vitória de Trump e Brexit não custa repetir uma frase dita ad nauseam nos anos 90 e que parece mais atual do que nunca: é a economia estupido! O magistral livro de Reinert nos ajuda a entender como os países ricos ficaram ricos e porque os países pobres continuam pobres. Acrescentaria eu: como agora alguns países ricos empobrecem até. Além de sua tradicional competência em teoria, história e história do pensamento econômico, Reinert nos brinda ainda na versão em português com um breve resumo dos caminhos e descaminhos das ideias sobre desenvolvimento econômico na língua portuguesa desde o século XVII. Vale muito a leitura. Para os autores clássicos do desenvolvimento econômico as atividades produtivas são diferentes em termos de suas habilidades para gerar crescimento e desenvolvimento. Atividades com altos retornos crescentes de escala, alta incidência de inovações tecnológicas e altas sinergias decorrentes de divisão do trabalho dentro das empresas e entre empresas são fortemente indutoras de desenvolvimento econômico segundo a leitura de Reinert. São atividades onde em geral predominam competição imperfeita e todas as características desse tipo de estrutura de mercado (importantes curvas de aprendizagem, rápido progresso técnico, alto conteúdo de R&D, grandes possibilidades de economias de escala e escopo, alta concentração industrial, grandes barreiras à entrada, diferenciação por marcas, etc).

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Ascensao e queda da complexidade produtiva brasileira - Paulo Gala


Ascensão e queda da complexidade produtiva da economia brasileira:1964-2014

O gráfico acima mostra a notável evolução da complexidade brasileira no período que vai do incio dos anos 60 ate o inicio dos 90 e o também incrível retrocesso observado depois dos anos 2000. Ainda na esteira dos grandes movimentos criados na era Vargas e depois na era JK, o milagre e o II PND, apesar de todos seus problemas, coroaram o salto tecnológico e de complexidade da economia brasileira do período desenvolvimentista. A Petrobras, CSN, BNDES e tantos outros marcos do Brasil foram criados nessa fase. O plano de metas de JK lançou as bases de infra-estrutura rodoviária, ferroviária e energética que usamos até hoje.
A construção de Brasília iniciou a integração da região central do país com a arco litorâneo das cidades da época colonial. A exploração do planalto central e hoje nossa agricultura de ponta no centro-oeste se devem a esses passos ousados dados nessa época. É claro que foi um período de excessos, com endividamento público, emissão monetária inflacionária e desequilíbrios internos e externos. Nos anos 60 as importantes reformas institucionais (modernização da lei trabalhista, reforma do sistema financeiro, criação da correção monetária, do SFH, etc…) lançaram as bases para o crescimento do país na próxima década.
As exportações cresceram a um ritmo explosivo, o crédito se ampliou fortemente, as manufaturas brasileiras começam a conquistar mercados no mundo e finalmente o Brasil melhorou seu perfil exportador com excessiva dependência em café e bens agrícolas como podemos ver nos mapas abaixo. Lembremo-nos da importância dada as exportações de manufaturas nos 70 e da politica de mini-desvalorizacaoes cambiais do ministro Delfim Netto. Após o primeiro choque do petróleo os militares lançam o segundo PND, que logrou ainda produzir crescimento num período de instabilidade. Itaipu, rodovia dos Bandeirantes, pólos petroquímicos, obras todas dessa época. Os desequilíbrios causados pelo II PND foram ainda maiores do que na era pós-JK. Grande parte dos investimentos foi apoiada em estatais com dívida externa. Pagamos a conta nos anos 80.
bra2bra3O segundo choque do petróleo e o aumento de juros da era Volcker deixaram o Brasil em situação muito problemática. Passamos toda a década de 80 pagando os custos desse ajustamento. O processo de transição política foi complicado e acompanhado de um longuíssimo período de instabilidade econômica. Inflação alta, pacotes, congelamentos, divida interna e externa fora do controle, o Brasil dos anos 80. Na década de 90 iniciamos uma nova transição econômica. A abertura da economia, o controle da inflação, a privatização, uma melhora fiscal e novos marcos regulatórios preparam o país para um novo ciclo de crescimento.
O período que vai de 1990 até 1999 ficará na história como uma grande fase de ajustamento com crescimento baixo, mas importantes reformas institucionais da economia brasileira. O paralelo aqui com os anos 60 é evidente. E finalmente voltamos a crescer no inicio dos anos 2000, so que dessa vez o ciclo foi puxado por consumo, construção civil e boom de commodities. Nos últimos 10 anos os empresários brasileiros se especializaram em produzir commodities, bens agrícolas, serviços não sofisticados e prédios. Quais foram os negócios que mais prosperam no país da última década? Shopping centers, construção de prédios comerciais e residenciais, lojas de varejo de todo tipo (cabelereiros, restaurantes, vestuário, concessionárias de automóveis, etc).
Grandes obras de infra-estrutura, petróleo, etanol, café e minério de ferro. Esses negócios prosperaram graças ao boom de credito, redução do desemprego, transferências de renda pelo estado e elevados preços de commodities em dólar no mercado mundial por conta da descomunal expansão da economia chinesa. O preço dos serviços domésticos também aumentou fortemente, contribuindo para a apreciação do cambio real. Essa combinação de alta de preços de serviços, alta de preço de commodities em dólares e apreciação cambial aumentou muito a rentabilidade das atividades de importação em geral, serviços, varejo, construção civil e produção de commodities. A produção domestica de manufaturas e bens industriais perdeu muita rentabilidade e regrediu em relação aos patamares observados nos anos 90.
Ate 2007 a indústria brasileira conseguiu ainda acompanhar o boom de demanda aumentando a produção, ainda na esteira da desvalorização cambial de 2002. A partir da crise de 2008 a indústria brasileira sucumbiu à concorrência internacional, aos aumentos de custo de produção em reais (principalmente salários) e a forte apreciação do cambio nominal e real. A expansão de PIB observada no pós 2008 foi toda baseada em serviços não sofisticados e construção civil (quadro típico de doença holandesa). A demanda por bens industriais foi totalmente suprida por importações. Sem estímulos para produzir domesticamente o empresário industrial brasileiro passou a ser importador, montador ou simplesmente encerrou seu negocio. Houve enorme perda de complexidade produtiva da economia brasileira. A produtividade total da economia caiu e vai continuar caindo ate que as manufaturas domesticas se recuperem. O quadro para o futuro e’ alarmante pois graças ao que se conhece como histerese (em física e economia) a reconstrução do tecido produtivo brasileiro será lenta e dolorosa. A grande desvalorização cambial observada em 2015 não produzira imediatamente a reconstrução do setor de bens transacionáveis não commodity brasileiro.
A grande maioria dos empregos gerados no Brasil dos últimos anos foi em setores com baixa produtividade intrínseca: construção civil, serviços não sofisticados em geral (lojas, restaurantes, cabelereiros, serviços médicos, call centers, telecom, etc…), serviços de transporte (motoristas de ônibus, caminhões, pilotos de avião), entre outros. Conforme vimos acima, as comparações internacionais mostram que o grande diferencial de produtividade entre países está justamente no setor de bens transacionáveis, especialmente nos empregos industriais, longe dos chamados serviços não sofisticados. Até mesmo na construção civil, mesmo com auxílio de máquinas mais sofisticadas, a produtividade entre trabalhadores dos diversos países não é muito distinta. A altíssima produtividade dos países ricos ocorre então em outros setores que não esses, com destaque para os serviços sofisticados e indústria como vimos discutindo ate aqui nesse livro. O boom de crédito, commodities e consumo observado no Brasil nos últimos anos estimulou justamente os setores com baixos ganhos potencias de produtividade e desestimulou os setores potencialmente ricos em economias de escala e retornos crescentes: as manufaturas complexas. Houve desindustrialização e reprimarização da pauta exportadora, com avanço das commodities. Em 2014, por exemplo, 5 produtos responderam por quase 50% das exportações brasileiras: ferro, soja, açúcar, petróleo e carnes.
bra4Até mesmo os serviços sofisticados estão regredindo, pois são altamente dependentes das manufaturas ou da agroindústria. O agronegócio per se também precisa se sofisticar para gerar produtividade. O processamento de commodities, o maquinário e mecanização da produção agrícola contribuem obviamente para o aumento de produtividade dos trabalhadores. Mas a geração de empregos aqui tem sido e continuará sendo muito baixa. Ou seja, de maneira resumida, o Brasil trilhou nos últimos anos um caminho de regressão tecnológica e diminuição da sofisticação de seu tecido produtivo, que acabou por resultar em importante estagnação da produtividade geral da economia; um caminho contrario a aquele seguido nos anos 70. O setor de serviços como um todo passou de 60% do PIB para 70% do PIB nos últimos 10 anos. Como mostra o importante estudo da UnB, “Produtividade no Setor de Serviços” no Brasil, o setor concentra hoje 74% da força de trabalho no país e foi responsável por 83 em cada 100 novos postos formais de trabalho gerados nos últimos anos. Ou seja, junto com a destruição dos empregos industriais no país, surgiu uma ampla oferta de vagas nos setores de serviços, especialmente de baixa sofisticação, graças ao boom imobiliário e de consumo. O resultado geral desse movimento somado ao pleno emprego no mercado de trabalho causou enorme aumento de salários, sem contrapartida de melhora na produtividade. O custo unitário de produção aumentou muito no país, pressionando a lucratividade da indústria, desestimulando produção e novos investimentos.
Como resolver esse problema nos próximos anos? Dado que os salários nominais não vão cair, só existem dois caminhos: desvalorização cambial e aumento de produtividade. A desvalorização já está ocorrendo pela via de mercado. O aumento de produtividade poderá vir pelo aumento do investimento em infraestrutura e pela sofisticação tecnológica do tecido produtivo brasileiro (aumento da complexidade econômica): novos mercados e novos produtos, especialmente de natureza industrial. Num mundo ultra competitivo como o atual não será tarefa fácil. Talvez com uma onda de pesados investimentos em infraestrutura e câmbio bem mais desvalorizado seja possível. Sem esse caminho o crescimento deve ficar estagnado por aqui. Esses resultados mostram, conforme já discutido, algo já amplamente debatido no Brasil com diversos outros nomes: desindustrialização, doença holandesa e reprimarização da pauta exportadora. A enorme perda de espaço da indústria brasileira no PIB nos últimos 20 anos significa algo muito simples da perspectiva desse livro: regressão de nossa complexidade econômica. As reformas inciadas nos anos 90 com abertura comercial, privatizações e establizacao da inflação não produziram os resultados esperados; não houve aumento sustentado de nossa renda per capita; não houve aumento da complexidade da economia brasileira em contraposição ao que se viu no sudeste asiático e leste europeu.

domingo, 31 de dezembro de 2017

A economia da complexidade - Paulo Gala

Neste link, para todos os mapas e gráficos:
https://www.paulogala.com.br/os-clusters-de-desenvolvimento-economico-no-mundo/ 

Os clusters de Desenvolvimento Econômico no mundo

O mapa acima mostra as 3 regiões mais desenvolvidas do planeta: Europa, America do Norte e Leste Asiático. America Latina e Africa estão fora desse circuito. o mapa destaca os países produtores de maquinas e eletro-eletrônicos em 2014, os produtos mais complexos do mundo segundo o Atlas da Complexidade são basicamente manufaturas de ponta. Países da America do Norte e Europa também produzem commodities, mas se destacam mesmo por conta de sua produção manufatureira. America Latina e Africa só são capazes de produzir commodities.
Hausmann et al (2011) usam técnicas de computação, redes e complexidade para criar um método capaz de medir a sofisticação produtiva ou “complexidade econômica” de países com extraordinária simplicidade. A partir da análise da pauta exportadora de um determinado país, são capazes de medir de forma indireta a sofisticação tecnológica de seu tecido produtivo. A metodologia criada para a construção dos índices de complexidade econômica culminou num Atlas (http://atlas.media.mit.edu) que reúne extenso material sobre uma infinidade de produtos e países desde 1963. Como medir a “complexidade econômica” de uma economia? Hausmann e Hildalgo criaram um método de extraordinária simplicidade e comparabilidade entre países.
A partir da analise da pauta exportadora de uma determinada economia são capazes de medir de forma indireta a sofisticação tecnológica de seu tecido produtivo. Os dois conceitos básicos para se medir se um país é complexo economicamente ou sofisticado são a ubiquidade e diversidade de produtos encontrados na sua pauta exportadora. Se uma determinada economia é capaz de produzir bens não ubíquos, há indicação de que tem um sofisticado tecido produtivo. Claro que há um problema aqui de escassez relativa, especialmente de produtos naturais como diamantes e urânio, por exemplo. Os bens não ubíquos devem ser divididos entre aqueles que têm alto conteúdo tecnológico e, portanto, são de difícil produção (aviões por exemplo) e aqueles que são altamente escassos na natureza (nióbio por exemplo) e, portanto, tem uma não ubiquidade natural.
Para controlar esse problema de recursos naturais escassos na medição de complexidade Hausmann et al (2011) usam uma técnica engenhosa: compara a ubiquidade do produto feito num determinado país com a diversidade de produtos que esse país é capaz de exportar. Por exemplo: Botsuana e Serra Leoa produzem e exportam algo raro e, portanto, não ubíquo: diamantes brutos. Por outro lado têm uma pauta exportadora extremamente limitada e não diversificada. Temos aqui então casos de não ubiquidade sem complexidade. No extremo oposto estão, por exemplo, produtos como equipamentos médicos de processamento de imagem, algo que praticamente só Japão, Alemanha e Estados Unidos conseguem fabricar; certamente produtos não ubíquos. Só que nesse caso as pautas de exportação de Japão, EUA e Alemanha são extremamente diversificadas, indicando que esses países são altamente capazes de fazer várias coisas. Ou seja, não ubiquidade com diversidade significa “complexidade econômica”. Por outro lado, um país que tenha uma pauta muito diversificada, mas com bens ubíquos (peixes, tecidos, carnes, minérios, etc…) não apresenta grande complexidade econômica; o pais faz o que todos fazem.
Diversidade com ubiquidade significa falta de complexidade econômica. O truque dos autores nessas medidas de complexidade é usar a diversidade para controlar a ubiquidade e vice versa. Por exemplo Holanda é considerada um país complexo pois tem uma pauta de exportação diversificada e não ubíqua; é um dos poucos países do mundo que exporta aparelhos de raio-X. Ghana, por outro lado, é um país não complexo pois tem uma pauta de exportação sem diversidade e com produto ubíquos: exporta peixes e produtos agrícolas. A Argentina se encontra numa posição intermediária, tem uma pauta exportadora mais diversificada e menos ubíqua do que Ghana, mas por outro lado, menos diversificada e mais ubíqua do que a Holanda; é, portanto considerada intermediariamente complexa.
A comparação feita no Atlas entre Cingapura e Paquistão também ajuda a ilustrar a metodologia. Os dois países têm grosso modo o mesmo tamanho de PIB só que o Paquistão tem uma população 34 vezes maior do que Cingapura é, portanto, em termos per capita um país muito mais pobre. Vejamos o que a pauta exportadora desses países nos diz. A diversidade de exportação do Paquistão e Cingapura é praticamente a mesma, ambos os países exportam aproximadamente 133 produtos distintos. Só que os produtos exportados pelo Paquistão são também exportados na média por 28 outros países. Os produtos exportados por Cingapura são exportados na média por apenas 17 outros países. Ademais os produtos exportados pelo Paquistão são também exportados por países que têm diversidade de exportações muito baixa, enquanto que produtos exportados por Cingapura são também exportados por países que tem diversificação de exportações muito alta e exportam produtos não ubíquos.
A rotina de cálculo de complexidade do Atlas transforma essas diferenças importantes em um número que recebe o nome de complexidade econômica. Por exemplo, em 2014 o Paquistão tinha uma complexidade econômica de -0.75 e Cingapura de 1.40, significando isso que o segundo país era bem mais complexo do que o primeiro nesse ano. Uma das grandes virtudes desses indicadores de complexidade e’ que eles trabalham com medidas quantitativas a partir dos cálculos de álgebra linear para chegar nos resultados. Não há considerações sobre questões qualitativas relevantes para a produção e exportação desses bens. Ou seja, não há juízo de valor em relação ao que se considera complexo ou não complexo. Outra vantagem interessante dessas medidas esta em poder captar enormes mudanças nas tecnologias produtivas ao longo do tempo de forma coerente. Uma televisão dos anos 70 e’ completamente diferente de uma televisão de 2014.
Um carro, avião, moto dos anos 80 está muito distante do que chamamos hoje de carro, moto ou avião. Ainda assim a metodologia do Atlas da complexidade é capaz de capturar a dificuldade relativa de se produzir cada bem em qualquer momento do tempo. Um país capaz de produzir uma moto hoje talvez fosse incapaz de produzir uma moto em 1980 pelo simples motivo de que hoje com as tecnoloigas existentes e integração comercial é bem mais fácil produzir uma moto. Mas hoje, provavelmente, uma moto é considerada no Atlas um bem menos sofisticado do que em 1980. O conceito de complexidade se mantem ao longo do tempo sempre como uma medida relativa entre países e produtos.
Nessa linha de raciocínio Hausmann e Hidalgo seguem classificando diversos países e chegam a correlações impressionantes entre níveis de renda per capita e complexidade econômica; esse indicador pode ser tomado como uma proxy do desenvolvimento econômico relativo entre países. Não à toa Japão, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido e Suécia estão sempre entres os países mais sofisticados do mundo nos últimos 10 anos. O desenvolvimento econômico pode ser tratado nessa perspectiva como o domínio de técnicas de produção mais sofisticadas que em geral levam a produção de maior valor adicionado por trabalhador; como diria a tradição estruturalista em economia.
O Atlas da Complexidade Econômica traz uma contribuição interessante para a discussão estruturalista da importância da industrialização para o desenvolvimento econômico; do ponto de vista de uma análise estritamente empírica feita pelo algoritmo do Atlas, fica claro que manufaturas se caracterizam em geral como bens mais complexos e commodities como bens menos complexos. Ao calcular a probabilidade de produtos serem co-exportados por diversos países, o Atlas cria uma medida interessante sobre conhecimento produtivo contido nos produtos e capacidades locais necessárias para produzi-los: o “espaço produtivo” (Hidalgo et al 2007). Quanto maior a probabilidade de dois produtos serem co-exportados maior a indicação de que contem características similares e de que portanto demandam capacidades produtivas similares para serem produzidos, são produtos “irmãos” ou “primos”.
O indicador de co-exportação acaba funcionando como uma medida de encadeamento de conhecimento produtivo entre produtos, ou seja, ele indica as conexões produtivas existentes entre vários bens graças aos pré-requisitos comuns necessários para produzi-los. Os bens que tem muita conectividade estão, portanto, carregados de potencial de conhecimento tecnológico. Isto os torna hubs de conhecimento; enquanto que bens com baixa conectividade requerem capacidades produtivas simples e que tem baixo potencial multiplicativo de conhecimento.
Por exemplo: países que produzem motores de combustão avançados provavelmente têm engenheiros e conhecimentos que permitem produzir uma série de coisas similares e sofisticadas. Países que produzem só bananas ou frutas tem conhecimentos limitados e provavelmente serão incapazes de fazer bens mais complexos. É importante frisar aqui que toda dificuldade para se observar isso decorre da incapacidade de se medir e capturar diretamente essas competências produtivas locais. O que se observa no comércio internacional são os produtos e não as habilidades que os países têm em produzi-los. Do ponto de vista empírico, fica claro no Atlas que manufaturas se caracterizam em geral como bens mais complexos e commodities aparecem como bens não complexos.
Das 34 principais comunidades de produtos calculadas a partir de uma algoritmo de compressão do Atlas (Rosvall and Bergstrom 2007), é possível observar que maquinário, produtos químicos, aviões, navios e eletrônicos se destacam como bens mais complexos e conectados entre si (ou seja, hubs de conhecimento). Por outro lado, pedras preciosas, petróleo, minerais, peixes e crustáceos, frutas, flores e agricultura tropical apresentam baixíssima complexidade e conectividade. Cereais, têxteis, equipamentos para construção e alimentos processados situam-se numa posição intermediaria entre os bens mais complexos e menos complexos.
Quanto a críticas e possíveis problemas da metodologia de analise de complexidade, talvez a maior falha do método seja usar unicamente dados de exportações como proxies da estrutura produtiva dos diversos países. Trata-se de fato de uma fragilidade pois sabemos que muitos países produzem mas não exportam bens por n motivos. Toda análise se baseia no que se pode “ver” nos dados de comércio mundial; uma base ampla, desagregada, padronizada e com histórico desde os anos 60. A grande vantagem dessas bases de comércio está justamente na padronização, capilaridade e longevidade dos dados; a desvantagem está em não captar todas as questões internas idiossincráticas de cada país. Por outro lado, as bases de contas nacionais que poderiam ter esses dados não conseguem capturar, ainda, o mesmo tipo de informação com a granularidade necessária para o tipo de análise que aqui fizemos; são, em geral, bases com poucas camadas de desagregação produtiva. Um outro problema da metodologia é não identificar os países que são maquiladores: aqueles que simplesmente importaram e depois exportam produtos complexos. O caso mais conhecido é o México. Schteingart (2014) faz um interessante trabalho para qualificar a complexidade “genuína” de países levando em conta número de patentes registradas e gastos em P&D como porcentagem do PIB.
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Ver Construindo ComplexidadeA vingança dos estruturalistas, como medir complexidade?

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8 thoughts on “Os clusters de Desenvolvimento Econômico no mundo”

  1. Bom dia, professor. Qual é a situação dos países da Oceania (especialmente, Austrália e Nova Zelândia) do ponto de vista da complexidade econômica? Pergunto pois comumente tais países são citados como exemplos de estratégias de desenvolvimento que “prescindiram da industrialização” ou que se basearam essencialmente na produção e exportação de commodities. Abraços, obrigado e parabéns pelo trabalho.
  2. Analisando o impressionante mapa do desenvolvimento econômico do mundo, tenho algumas dúvidas, por gentileza:
    O Canadá e a Austrália que são Países com desenvolvimento econômico somente aparecem com alguns pontos?
    Isso sem falar que poderia aparecer a Nova Zelândia no mapa.
    O próprio México parece que é muito mais desenvolvido economicamente do que o Canadá e a Austrália.
    E países como o próprio Brasil e a Argentina têm desenvolvimento econômico de porte médio.
    Deveriam aparecer no mapa com algum destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires.
    Mesmo a Rússia deveria aparecer muito mais no mapa.
    A impressão que ocorre quando se visualiza esse mapa, é que existem SOMENTE 3 regiões economicamente desenvolvidas no Mundo: os Estados Unidos, a Europa (com exceção da Rússia), e a Ásia Oriental (China, Japão, Coreia do Sul e o Sudeste Asiático).
    E de acordo com aquele mapa: “TODOS os demais Países são totalmente subdesenvolvidos economicamente”, o que obviamente não é verdade. Alguns países tem alguns pontos, mas pouco significa em comparação com as 3 regiões economicamente mais desenvolvidas do Mundo.
    Esse mapa pode estar parcialmente correto.
    1. Prezado, na verdade o mapa mostra os grandes sistemas econômicos do mundo, com economias de 13tri de dólares ou mais! Austrália é Nova Zelândia tem rendas per capitas elevadas mas são exceções, pois só produzem e não estão integradas nesses sistemas. Na África e América latina a maioria dos países é pobre e muito desigual, não houve desenvolvimento de fato, só México avançou um pouco, mas Ainda Longe de ser rico. O mapa na verdade simplesmente destaca os países que hoje são capazes de produzir e exportar máquinas e equipamentos! Esse foi o critério de plotagem!
  3. Olá Paulo, muito bom seus artigos, a America Latina, especialmente o Brasil está fora desse mapa devido a falta de politica voltada para o desenvolvimento. a formação de grupos de cientistas ( universidades junto com as empresas ) voltada para a produção de bens de alto valor agregado ( química fina ou farmaco, microeletronica, mecanica de alta precisão, aliada a uma deplomacia comercial ativa e agressiva para vender esses produtos ao redor do mundo. O grande protagonista dessas mudanças são: a sociedade, ( empresas, políticos e a sociedade organizada) com foco nesse belo futuro.