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terça-feira, 16 de setembro de 2014

Economia: o retrato da situacao depressiva na analise do Itau Macroeconomica - Ilan Goldfajn

Depressão, deprimido, desesperado?
Não fique assim.
Pode ficar, e vai ficar, pior...
Esta é a herança maldita dos companheiros...
Paulo Roberto de Almeida

Orange Book Brasil: Atividade fraca com poucos sinais de retomada

Informações até 12 de Setembro de 2014

Este relatório, publicado seis vezes por ano, resume relatos sobre o ambiente de negócios que ouvimos de contatos no setor real, especialistas e outras fontes fora do Itaú. Exceto pela seção ‘Nossa visão’, este relatório não reflete necessariamente a visão da área de pesquisa econômica do Itaú.

Seções:
Consumo e produção de bens e serviços                                                             
O enfraquecimento do consumo observado no fim do primeiro semestre se acentuou entre junho e agosto.        

Investimento                                                                                                   
Incertezas globais, baixo crescimento e dúvidas quanto ao tempo que levará para a retomada da demanda têm levado ao adiamento de decisões de investimento.

Mercado imobiliário                                                                                           
Nos últimos meses, a desaceleração do setor imobiliário ficou mais intensa.

Commodities                                                                                                    
Produtores agrícolas vêm se deparando com uma combinação desfavorável de volumes mais baixos e preços, na maioria dos produtos, em queda. No setor de siderurgia há sinais de melhora na demanda externa.

Mercado de trabalho, custos de produção e preços  
A desaceleração no mercado de trabalho está cada vez mais clara. Não há sinais de pressão inflacionária significativa para os próximos meses.

Nossa visão
A confiança de empresários e consumidores em patamares historicamente baixos assim como os altos estoques na indústria devem limitar o crescimento no curto prazo.

Resumo:

O enfraquecimento do consumo observado no fim do primeiro semestre se acentuou entre junho e agosto. Parte do movimento foi causada pelos feriados e pela Copa do Mundo (que manteve os consumidores mais longe das lojas), e parte pelos fundamentos da economia. Desde meados de agosto, há estabilização da atividade, mas poucos setores reportam retomada. Os segmentos de bens duráveis - automóveis, linha branca, eletrônicos - continuam sendo os mais afetados pelo recuo da demanda. As vendas são consideradas fracas, e produtores reportam varejistas ainda estocados.

A confiança do empresário não se recuperou da retração observada ao longo do segundo trimestre, o que mantém o investimento retraído. Incertezas globais, baixo crescimento e dúvidas quanto ao tempo que levará para a retomada da demanda têm levado ao adiamento de decisões de investimento. Custos ainda são mencionados com preocupação, mas não parecem ser a causa da confiança menor. De fato, alguns setores já observam moderação nos mercados de fatores de produção, especialmente os de mão de obra e transporte.

Nos últimos meses, a desaceleração do setor imobiliário ficou mais intensa. No segmento residencial, as vendas caíram fortemente durante a Copa do Mundo e se recuperaram apenas parcialmente desde então. Os estoques permanecem relativamente elevados, e os preços vêm caindo. No segmento comercial, a queda da atividade continua mais pronunciada. O desaquecimento da economia e o volume acelerado de lançamentos nos últimos anos em algumas capitais levaram a um desbalanceamento do setor.

No lado das commodities, a safra de grãos 2013-2014 pode ser caracterizada como boa, mas o clima prejudicou algumas culturas. Produtores vêm se deparando com uma combinação desfavorável de volumes mais baixos e preços em queda. O mesmo se observa no setor sucroalcooleiro. Já no cafeeiro, a quebra de safra vem sendo significativa, mas os preços internacionais em alta compensam.

No setor de siderurgia, o câmbio estável em patamar considerado pelo setor como apreciado continua limitando as exportações, ainda que haja sinais de melhora na demanda global - especialmente nos EUA.

A desaceleração no mercado de trabalho está cada vez mais clara. Reajustes reais de salário vêm recuando. Em alguns casos, os reajustes realizados nos últimos meses já estão próximos de zero. Com a economia mais fraca, há competição forte em muitos setores ligados ao consumo e naqueles afetados pelo câmbio mais estável. Não há sinais de pressão inflacionária significativa para os próximos meses.

Nossa visão: Reduzimos recentemente nossa projeção para o crescimento do PIB em 2014 (para 0,1%), em decorrência do resultado mais fraco do que esperávamos no segundo trimestre e também do ritmo ainda lento da recuperação da economia no pós-Copa. Em termos de fundamentos, a confiança de empresários e consumidores em patamares historicamente baixos assim como os altos estoques na indústria devem limitar o crescimento no curto prazo. O mercado de trabalho sente o enfraquecimento da economia e dá sinais de perda de dinamismo.

Consumo e produção de bens e serviços

O enfraquecimento do consumo observado no fim do primeiro semestre se acentuou entre junho e agosto. Parte do movimento foi causada pela Copa do Mundo (que manteve os consumidores mais longe das lojas), e parte pelos fundamentos da economia.

Os segmentos de bens duráveis, como automóveis, linha branca e eletrônicos, continuam sendo os mais afetados pelo recuo da demanda. As vendas são consideradas fracas, e produtores reportam varejistas ainda estocados. No entanto, segmentos de semi e não duráveis, como vestuário, alimentos e cosméticos, também passaram a observar vendas mais fracas e encomendas em baixa. No setor de serviços, muitos segmentos também vêm crescendo abaixo do esperado, entre eles entretenimento, terceirização de mão de obra, segurança patrimonial e alimentação fora do domicílio.

Desde meados de agosto há uma estabilização da desaceleração, mas poucos setores reportam retomada aos níveis pré-Copa. Entre os setores em recuperação, destacam-se materiais de construção, transporte de passageiros (aéreo e terrestre) e hotelaria de negócios. Ainda assim, a postura é cautelosa.

Para a frente, os diferentes setores ligados ao consumo mantêm a confiança com relação ao potencial do mercado interno brasileiro. Mas a percepção é de que, no curto prazo, o ajuste cíclico da demanda vá continuar. O consumidor está mais criterioso, procurando comprar apenas o essencial. Tanto produtores de bens de consumo finais como produtores de insumos intermediários vêm adotando medidas como lay-off, férias coletivas e descontinuidade da contratação de serviços não essenciais para atravessar o período de baixa atividade.

Investimento

A confiança do empresário não se recuperou da retração observada ao longo do segundo trimestre. Nosso indicador, feito a partir de uma base ampla de clientes, mostrou estabilidade em julho e agosto, mas o patamar atual está 14% abaixo do início do ano e 18% abaixo de agosto de 2013.

Incertezas globais, baixo crescimento e dúvidas quanto ao tempo que levará para a retomada da demanda têm levado ao adiamento de decisões de investimento. Fatores do lado da oferta, como altos custos de produção e complexidade tributária, ainda são mencionados como fatores de preocupação, mas não parecem ser a causa  da confiança menor. De fato, alguns setores já observam moderação nos mercados de fatores de produção, especialmente os de mão de obra e transporte.

No setor de veículos pesados - caminhões e máquinas agrícolas - o nível de produção e vendas segue deprimido. A atividade não mostrou reação desde a piora em junho. Além da baixa propensão ao investimento, a antecipação de vendas dos últimos anos e a falta de mão de obra (motoristas) continuam entre os fatores que limitam a demanda por caminhões.

Do lado da produção de bens de capital, além da desaceleração gerada pelo adiamento das decisões de investimento em geral, há um enfraquecimento relacionado ao fim do programa de encomendas governamentais para prefeituras.  Para a frente, a expectativa é mais positiva, impulsionada pela carência de infraestrutura do País e pelo programa de concessões do governo. Nessa área, nota-se alguma ansiedade com relação aos próximos anos, dependendo dos desdobramentos do cenário doméstico. O setor reporta ainda alguma preocupação com relação à capacidade do BNDES de financiar projetos e compras de equipamentos.

Como mencionado nas últimas edições do Orange Book, apesar do clima cauteloso, o interesse por investir no País ainda se mantém. O tamanho e a diversidade do mercado consumidor e o potencial de geração de renda e investimentos a partir da produção de commodities mantêm o Brasil estruturalmente atraente.

Mercado imobiliário

A desaceleração do setor imobiliário tornou-se mais intensa nos últimos meses. No segmento residencial, as vendas caíram fortemente durante a Copa do Mundo e se recuperaram apenas parcialmente desde então. Mas o ritmo atual de vendas ainda é substancialmente abaixo do projetado pelo setor no início do ano. O enfraquecimento da demanda se verifica principalmente em imóveis tradicionalmente destinados a investimento, como estúdios e apartamentos compactos. Os estoques permanecem relativamente elevados e os preços vêm caindo, com exceção de imóveis em áreas nobres das grandes cidades, segmento cuja demanda é mais sólida, e a oferta bastante restrita.

No segmento comercial, a queda da atividade continua mais pronunciada. O desaquecimento da economia e o volume acelerado de lançamentos nos últimos anos levaram a um desbalanceamento do setor. O nível de vacância é elevado, especialmente nas grandes capitais.

No segmento de shopping centers, a indicação é de que o investimento será baixo nos próximos dois a três anos. Com a desaceleração do varejo, o movimento recuou, e a disposição de lojistas em investir diminuiu. Shoppings novos estão com vacância elevada e oferta de descontos para atrair lojistas. Apenas os shoppings mais tradicionais (e bem estabelecidos) vêm sustentando demanda elevada.

Commodities

A safra de grãos 2013-2014 pode ser caracterizada como boa, mas o clima prejudicou algumas culturas. Ao mesmo tempo, a safra está bastante forte nos Estados Unidos. Dessa forma, o produtor local vem se deparando com uma combinação de volumes mais baixos e preços em queda.

No caso do café, o efeito do clima desfavorável ainda vem provocando revisões para baixo das expectativas de safra. A quebra deve ficar entre 10% e 15%. Diferente dos demais grãos, no entanto, o preço internacional está em alta, compensando boa parte dos produtores locais.

No setor sucroalcooleiro, a produção de cana até agora foi boa, mas a colheita da parte menos afetada pela seca do início do ano já aconteceu. Para a frente, a colheita tende a cair em volume e qualidade. Sendo assim, a safra deste ano como um todo deve ser menor do que a projetada inicialmente. A redução na produtividade pressiona o custo médio, fato que, combinado ao baixo nível de preço, gera uma situação difícil para o setor.

No setor de siderurgia, o câmbio estável em patamar considerado apreciado pelo setor segue limitando as exportações, ainda que haja sinais de melhora na demanda global - especialmente nos EUA. Do lado da demanda interna, a perspectiva de aceleração das concessões de infraestrutura ajuda, mas a queda na produção de bens de consumo duráveis, especialmente carros e linha branca, mantém o setor cauteloso.

Mercado de trabalho, custos de produção e preços

A desaceleração no mercado de trabalho está cada vez mais clara. Reajustes reais de salário vêm recuando. Em alguns casos, os reajustes realizados nos últimos meses já estão próximos de zero. A negociação ainda é intensa, mas está ficando claro que as empresas não conseguem acomodar um aumento salarial significativo, especialmente em meio ao quadro de demanda fraca. Muitos setores vêm praticando férias coletivas e lay-offs. Há demissões, embora os movimentos sejam localizados e, em geral, pequenos.

Além de moderar o mercado de trabalho, a desaceleração econômica traz também a acomodação de outros custos de produção, como aluguéis, frete rodoviário e serviços terceirizados. Em contrapartida, a possibilidade de aumentos de energia elétrica, combustíveis e carga tributária adiante preocupa.

Com a economia mais fraca, a competição em muitos setores ligados ao consumo e o câmbio mais estável, não há sinais de pressão inflacionária significativa para os próximos meses. No entanto,   a carne bovina vem experimentando uma tendência global a aumento de preços. Os consumidores, por sua vez, vêm reagindo, substituindo seu consumo por frangos e suínos - cujos preços vêm caindo em consequência da redução dos preços internacionais de grãos.

Nossa visão

Os resultados do PIB do segundo trimestre e os indicadores dos últimos meses revelaram uma desaceleração importante da demanda interna ao longo do ano. Reduzimos recentemente nossa projeção para o crescimento do PIB em 2014 para 0,1% (de 0,6%, anteriormente), em razão do resultado mais fraco do que esperávamos no segundo trimestre e também do ritmo ainda lento da recuperação da economia no pós-Copa. Em termos de fundamentos, a confiança de empresários e consumidores em patamares historicamente baixos assim como os altos estoques na indústria devem limitar o crescimento no curto prazo. Dessa forma, ainda que haja variação positiva em alguns indicadores de julho e agosto, como os de produção industrial e vendas no varejo, entendemos que a atividade seguirá fraca nos próximos meses. O mercado de trabalho sente o enfraquecimento da economia e dá sinais de perda de dinamismo, especialmente no ritmo de criação de postos de trabalho, embora a taxa de desemprego permaneça em patamares historicamente baixos.

Pesquisa macroeconômica - Itaú

Ilan Goldfajn - Economista-Chefe

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

E por falar em fascismo...: companheiros fiscais plenamente satisfeitos com ele...

Itaú confirma intimação da Receita Federal para pagar R$ 18 bilhões

3/2/2014 12:54
Redação do Correio do Brasil (um órgão do chefe da quadrilha) - de São Paulo

Lucro
O Itaú Unibanco teve carteira de crédito de R$ 397 bilhões no final de dezembro, um crescimento de 19% em doze meses
O Itaú Unibanco divulgou nesta segunda-feira que foi intimado em 30 de janeiro pela Receita Federal sobre decisão não unânime em que o Fisco cobra da instituição financeira bilhões de reais em impostos relacionados à fusão que originou o maior banco privado do país em 2008. O banco foi autuado pela Receita em agosto do ano passado em cerca de R$ 18,7 bilhões relacionados aos instrumentos contábeis usados para a unificação das operações.
A instituição reafirmou em comunicado que vai recorrer junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e que considera “remoto” o risco de perda na cobrança, acrescentando que a fusão feita em 2008 foi aprovada pelos acionistas das instituições, e posteriormente sancionadas pelas autoridades competentes. Procurado, o banco informou que não comentará o assunto além do comunicado divulgado nesta segunda-feira.
De acordo com as informações do banco, em agosto, a Receita Federal autuou a instituição financeira, cobrando R$ 11,845 bilhões em Imposto de Renda, além de US$ 6,867 bilhões em Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), acrescidos de multa e juros. Na ocasião, o Itaú afirmou que a Receita discordava da forma societária adotada para unificar as operações com o Unibanco, ressaltando, porém, que a operação sugerida pelo Fisco não poderia ser usada porque não encontrava respaldo nas normas aplicáveis a instituições financeiras.
Lucro em alta
O Itaú Unibanco divulgou seu balanço em 2013, com lucro líquido de R$ 7,2 bilhões nos seis primeiros meses deste ano, inferior apenas ao do Banco do Brasil (R$ 10 bilhões), que foi inflado pela venda bilionária de ações da BB Seguridade.
Anunciada em 4 de novembro de 2008, a fusão do Itaú com o Unibanco só foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em agosto de 2010. Na data do anúncio da fusão, o total de ativos das duas instituições (R$ 575 bilhões) fizeram do Itaú Unibanco o maior maior banco do país, à frente inclusive do Banco do Brasil (cujos ativos somavam R$ 403,5 bilhões). Hoje, com ativos totais de R$ 1,21 trilhão, o BB supera o Itaú Unibanco, que tinha R$ 1,05 trilhão no final de junho.
Somente com autuações feitas pela Receita Federal, o governo arrecadou R$ 115,8 bilhões em 2012. O desempenho foi 5,7% maior que no ano anterior. Foi justamente em 2011 que o ritmo de autuação do Fisco decolou. No ano, a Receita Federal arrecadou R$ 109,6 bilhões. Na época, o número representava um aumento de 21% em relação a 2010.
A alta foi registrada pela Receita depois de reforçada a estratégia de acompanhamento especial de empresas de grande porte. Entre os mecanismos de fiscalização está o cruzamento de dados de transações financeiras. A Receita Federal não comentou a autuação do Itaú. A assessoria de imprensa alegou que não pode passar informações sobre casos isolados, porque os contribuintes estão protegidos pelo sigilo fiscal.
Às 10h21, a ação do banco operava em baixa de 0,56%, a R$ 30,10, enquanto o Ibovespa caía 0,33%. O Itaú Unibanco divulgará o resultado do quarto trimestre na terça-feira.