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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Diplomacia eleitoral paralela: promovendo os aliados ideologicos

Quando Lula era presidente, aquela cláusula constitucional sobre a não interferência nos assuntos internos de outros países não tinha nenhum significado. Não só não tinha, como ele a violava expressa, deliberada, consciente e repetidamente, sempre quando houvesse um candidato dito progressista -- ou seja, antiamericano -- em algum lugar.
Esse tipo de prática chegou aos extremos no caso de Honduras, quando o Brasil, não contente de tramar com Chávez o retorno ao país do ex-presidente deposto, permitiu que ele fizesse política a partir da Embaixada do Brasil, violando, assim, não apenas aquele preceito constitucional, mas diversos tratados sobre asilo político e a própria convenção de Viena sobre relações diplomáticas.
Com relação a Venezuela, os apoios foram explícitos, repetidos e clamorosos, como continuam, ainda hoje.
Talvez a assessoria requerida atualmente seja mais de natureza médica do que propriamente política...
Paulo Roberto de Almeida 

Reinaldo Azevedo, 6/05.2012
Luiz Inácio Lula da Silva, definitivamente, não está sabendo ser ex-presidente, conforme prometeu que faria. Certa feita, referindo-se a FHC, sugeriu que ele ficasse em casa cuidando de livros e netos. Netos, ao menos, Lula os tem. Não contente em investir na desordem institucional no Brasil, conforme escrevi no texto que manterei no alto da home ainda nesta manhã, o ex-presidente brasileiro está se metendo nas eleições venezuelanas para tentar garantir sobrevida política ao tiranete Hugo Chávez. Parece que o outro tem aquilo que lhe faz falta aqui: o direito de ficar no poder até quando Deus quiser.  Chávez, sim, sabe odiar sem amarras institucionais!
Reportagem de Frank López Ballesteros publicada ontem no jornal venezuelano El Universal informa as investidas e interferências de Lula no processo sucessório venezuelano. Em março, o Apedeuta se reuniu com o marqueteiro do PT, João Santana — que está prestando assessoria ao candidato Chávez — para saber detalhes da campanha eleitoral do Beiçola de Caracas. Quis conhecer as propostas de trabalho que seriam apresentadas ao PSUV, o partido do ditador. Em meados de abril, segundo o jornal, Santana desembarcou na Venezuela para se encontrar com o tiranete, levando a tiracolo ninguém menos do que José Dirceu. Dirceu é aquele senhor acusado pela Procuradoria Geral da República de ser “chefe de quadrilha”. Que encontro!!!
Valter Pomar
Antes, em março, quem passou pela Venezuela foi Válter Pomar, secretário de Relações Internacionais do PT e secretário-geral do Fórum de São Paulo, que reúne partidos e grupos de extrema esquerda da América Latina. As Farc já fizeram parte da turma — hoje, oficialmente ao menos, está afastada do Fórum… Pomar desfilou ao lado dos chefões do PSUV e, acreditem, decidiu desqualificar Henrique Capriles Radonski, o candidato da oposição.
Lula está mesmo empenhado. No encontro que manteve no fim de março com o governador do Rio, Sérgio Cabral, e com o prefeito da capital, Eduardo Paes, no Circo Libanês, o Apedeuta expressou ao governador o seu descontentamento pela suposta simpatia que Cabral teria pela candidatura de Capriles. Segundo a fonte do Universal, “a vinculação do governador com o oposicionista venezuelano é pessoal, não pública”. De todo modo, Renato Pereira, marqueteiro das campanhas de Cabral e Paes, teria se encontrado com a equipe de Capriles. O chefão petista não gostou. Segundo essa mesma fonte, Lula quer que seus aliados mantenham distância da oposição venezuelana.
É isto: se há regime autoritário na América Latina — e no mundo! —, Lula é a favor. Só exige, claro!, que seja de esquerda ou, ao menos, antiamericano. Eis o nosso Apedeuta. Justiça se lhe faça, não promove a destruição de instituições e de valores democráticos apenas em seu pais.