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sábado, 6 de setembro de 2014

Miseria da Oposicao: Os dois grandes males do PSDB - Rubem Novaes

O PSDB parece ter perdido o rumo, e não corre o risco de encontrar o rumo certo, pois fica tentando disputar espaços à esquerda contra o PT, e não consegue se entender como direita que deveria ser no cenário político brasileiro: uma direita reformista, liberal, destruidora de mitos.
Concordo com os argumentos de Rubem Novaes.
Paulo Roberto de Almeida


Os 2 Grandes Males do PSDB
Rubem Novaes

1- A vaidade incontrolável dos tucanos de alto coturno, ou pavões.
Eles nunca se apóiam de verdade. Alckmin tem quase 50% dos votos em São Paulo, Serra já tem uma vantagem confortável sobre Suplicy na disputa pelo Senado, mas Aécio está num terceiro lugar longe de Marina e Dilma. O mesmo aconteceu quando Serra e Alckmin precisaram do prestígio de Aécio para desempenhar bem em Minas. Deu PT na cabeça e ficou famosa a dobradinha Dilmasia, folgada na dianteira. Mais recentemente, um novo fenômeno corroborou a tese: Aécio escolheu para seu vice um candidato ligado a Serra, esperançoso de de obter seu apoio entusiasmado. E o que vemos? Marina dá a entender que Serra poderá vir a compor sua equipe de governo e Serra deixa o boato correr esperando dele tirar vantagens eleitorais. É cada um por si e ninguém por todos. FHC parece querer ficar na história como o único do Partido a bater Lula e seu PT. E por duas vezes. Serra e Alckmin, por seu lado nunca defenderam os governos de FHC. Os líderes que se seguiram a FHC muito pouco ou nada fazem uns pelos outros. Parecem estar contentes em ver que os outros também não ganharam nem ganharão o cetro presidencial.

2- O complexo de rejeição pela esquerda.
Os tucanos não se conformam de terem perdido o voto da esquerda e estão sempre sonhando em reconquistá-lo. Em diversos momentos, como agora, tiveram a chance de engrossar substancialmente suas fileiras com o voto conservador/liberal e não o fizeram. Toda a direita torcia para que Aécio escolhesse para ser seu vice alguém com o perfil de um Ronaldo Caiado, capaz de bater duro nas teses da esquerda. Mas Aécio foi buscar como companhia Aloísio Nunes, um ex militante da esquerda armada, sem qualquer charme e possibilidade de agregar votos. A verdade é que o espaço à esquerda no espectro político já está plenamente ocupado: PT, PSD, PDS, PDT, PSOL, PCO, PSTU etc. se bastam. É no espaço a sua direita que o PSDB pode crescer, mas resiste. O país já mostrou com Carlos Lacerda, Jânio Quadros, Collor e Maluf que, com candidatos assertivos, a direita pode ter força eleitoral capaz de ganhar eleições majoritárias. Mas, o que fazer com o complexo? O que pensarão os professores da PUC e os jornalistas ainda simpáticos ao Partido? No way.

Conclusão: O PSDB prefere manter a sua pose de Partido Social Democrata europeu a correr atrás de um voto que seus líderes intelectuais desprezam. Teve, nestas eleições, a grande chance de vencer, considerada a crise econômica e a fraqueza da candidata petista, mas preferiu vestir as luvas de pelica que o caracterizam e contentar-se com os aplausos minguados de um segmento da população que talvez nunca mais lhe permita vôos mais altos.


[recebido em 5/09/2014]

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Eleicoes 2014: vitoria de Marina afastara' a volta do PT em 2018 - Paulo Marcos (via Ricardo Setti)

Não tenho certeza de que o cenário seja assim tão favorável a uma política econômica tendencialmente liberal pós-Marina e pós-caos lulo-petralha, que virá com ela também, pois ela terá de governar com essa "direita" mencionada pelo leitor Paulo Marcos; na verdade, o que teremos, como mais provável, será a consagração do "peemedebismo" na política brasileira.
Em todo caso, concordo com o que ele não diz explicitamente: será uma contenção parcial da associação mafiosa atualmente no poder. Mas eles vão continuar perturbando, e impedindo o Brasil de avançar, se já não fosse o ecologismo-criacionismo-evangelismo que aparece no horizonte.
Paulo Roberto de Almeida 

Blog de Ricardo Setti, 27/08/2014
 às 14:00 \ Política & Cia

Post do Leitor: “Por que acho que o melhor para o Brasil é a vitória de Marina”

(Foto: Dida Sampaio/AE)
“Marina tem DNA petralha, ela e muitos ‘cumpanheiros’ da cúpula do PT são cobras do mesmo ninho e de longa data — se a bomba explodir entre eles, melhor”, opina o leitor Paulo Marcos (Foto: Dida Sampaio/AE)
Texto do leitor Paulo Marcos
Post do LeitorAo acessar a coluna do Setti, algo que faço frequentemente com muito gosto, e ler sobre a enquete em curso sobre quem os leitores acham que irá para o segundo turno da eleição presidencial, fiquei refletindo sobre o assunto e cheguei à conclusão que o melhor para o Brasil em médio prazo será a vitória da candidata Marina Silva.
Digo isso por sabermos que, inevitavelmente, o próximo governo, de quem quer que seja, terá de tomar medidas impopulares, provavelmente conviver com um período de economia recessiva, cortar gastos, extinguir ministérios (acabando com muitas boquinhas de forma direta e indireta), acabar com muitos cargos comissionados, cortar verbas para ONGs, etc.
Os preços de energia elétrica e combustíveis estão represados faz um bom tempo e terão de ser reajustados, o que possivelmente acarretará em mais inflação, aumento da taxa de juros, falta de oferta de crédito no mercado e por aí vai.
Se imaginarmos um cenário sem o PT como oposição e toda sua rede de influência , que vai desde o ambiente político, passando pelo jornalístico (a grande maioria deste meio é composto de esquerdistas) e até o  universitário (as universidades públicas são verdadeiros criadouros de zumbis da ideologia comuno-socialista), o Aécio seria a melhor escolha.
Porém, no quadro atual, com uma bomba relógio prestes a explodir nas mãos do próximo governo, creio que farão da gestão do Aécio Neves um verdadeiro inferno — as forças sindicais promoverão todo tipo de greve e entrave, os movimentos sociais promoverão todo tipo de baderna, invasões e confrontos… Em suma, o PT e seus asseclas tocarão fogo neste país! E, cá para nós, o PSDB e o Aécio não têm tido e não terão pulso firme para bater de frente com a rede petralha (…).
E sabe o que vai acontecer, com uma população em sua maioria composta de gente ignorante financeiramente falando e muito ingênua no sentido político? Vão engolir a falácia que será disseminada pela rede petralha de que o PSDB destruiu o país, que são neoliberais, privateiros, defendem interesses internacionais e bla bla bla!
Com isso corremos o grande risco de o PT voltar novamente em 2018 e enterrar de vez qualquer possibilidade de se surgir uma corrente política nova e realmente viável para o Brasil. Esse é o meu maior temor!
Sendo Marina Silva a próxima presidente, não correremos este risco, além de termos a vantagem de tirar o PT de dentro das engrenagens da máquina do Estado, desaparelhando diversos setores e ainda por cima dando um freio no cronograma bolivariano do Foro de São Paulo em curso no país.
Marina tem DNA petralha, ela e muitos ‘cumpanheiros’ da cúpula do PT são cobras do mesmo ninho e de longa data — se a bomba explodir entre eles, melhor!
Acho que será um trauma tão grande que sepultará de vez a aventura socialista/populista no Brasil e abrirá o caminho para novas correntes políticas mais à direita (coisa que praticamente não existe hoje, salvo raras exceções), que defendam, sem constrangimento, a diminuição do Estado a sua menor presença na vida do cidadão, o liberalismo econômico, os valores da família, uma reforma tributária justa, as liberdades individuais, etc.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Eleicoes 2014: diretrizes de Aecio Neves para a Politica Externa

Existe um documento de diretrizes do governo Aécio Neves depositado no TSE. Dele retiro apenas a parte de Política Externa, p. 56-57.
Acredito que sejam mais de campanha do que de governo, mas enfim, todo mundo tem o direito de meter a sua colher na política externa, como aliás já fazem os companheiros desde 2002 (isso).
Parece pouca coisa, mas é pouco mesmo. Não poderia ser maior, dada as características do documento, mas poderia ser melhor...
Paulo Roberto de Almeida

VI.II. POLÍTICA EXTERNA
A nova política externa que queremos implantar no Brasil, levando em conta as transformações mundiais e regionais do século XXI, terá por objetivo restabelecer o seu tradicional caráter de política de Estado, visando o interesse nacional, de forma coerente com os valores fundamentais da democracia e dos direitos humanos.

DIRETRIZES:
1. A política externa será conduzida com base nos princípios da moderação e da independência, que sempre nos serviram bem, com vistas à prevalência dos interesses brasileiros e dos objetivos de longo prazo de desenvolvimento nacional.

2. Reavaliação das prioridades estratégicas à luz das transformações do cenário internacional no século XXI. Devem merecer atenção especial a Ásia, em função de seu peso crescente, os EUA e outros países desenvolvidos, pelo acesso à inovação e tecnologia, ao mesmo tempo em que deverá ser ampliada e diversificada a relação com os países em desenvolvimento.

3. Reexame das políticas seguidas no tocante à integração regional para, com a liderança do Brasil, restabelecer a primazia da liberalização comercial e o aprofundamento dos acordos vigentes e para, em relação ao Mercosul, paralisado e sem estratégia, recuperar seus objetivos iniciais e flexibilizar suas regras a fim de poder avançar nas negociações com terceiros países.

4. Definição de nova estratégia de negociações comerciais bilaterais, regionais e globais, para por fim ao isolamento do Brasil, periodizando a abertura de novos mercados e a integração do Brasil às cadeias produtivas globais.

5. Nas organizações internacionais, o Brasil deverá ampliar e dinamizar sua ação diplomática nos temas globais, como mudança de clima, sustentabilidade, energia, democracia, direitos humanos, comércio exterior, assim como novos temas, como terrorismo, guerra cibernética, controle da internet, e nas questões de paz e segurança, inclusive nas discussões sobre a ampliação do Conselho de Segurança.

6. Revalorização do Itamaraty na formulação de nossa política externa, subsidiando as decisões presidenciais. Ao mesmo tempo, serão garantidos o contínuo aprimoramento de seus quadros e a modernização da sua gestão.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Eleicoes 2014: o PT e a campanha do odio de classes

O partido totalitário está tentando, mais uma vez, dividir o país, incentivando uma falsa luta de classes e mentindo sobre seus adversários políticos, que os neobolcheviques vêem como inimigos, bão como opositores políticos.
Essa campanha odiosa precisa ser barrada. Ela o será nas eleições, como afirma a nota do PSDB, transcrita no blog de Orlando Tambosi. 
Paulo Roberto de Almeida 
Diante da gravidade da situação, reproduzo na íntegra a nota da Executiva Nacional do PSDB divulgada agora à noite. O vociferante tiranete Lula já deu o tom da campanha terrorista que pretende dividir o país. Vem com a velha conversa da "zelite" conservadora - quando elite, hoje, no Brasil, é o lulopetismo, que se apropriou do Estado como coisa sua. Faz bem a executiva. O Partido Totalitário tentará botar fogo no país, seguindo o receituário bolivariano:

A perspectiva de perder o poder está levando o PT a aumentar a agressividade e intolerância do seu discurso, apostando cada vez mais na divisão do país.
Tentam atribuir a uma “elite conservadora” o desejo de mudança, ignorando que cerca de 70% dos brasileiros ouvidos pelas pesquisas de opinião exigem uma nova maneira de governar o país.
Primeiro, tentaram a tática do medo. Deu errado. A presidente caiu ainda mais nas pesquisas. Agora, estimulam o ódio. Mais uma vez, fracassarão. O Brasil é melhor e maior do que isso.
Convocamos nossos militantes a não responder a esse tipo de agressão e ameaça.
Vamos continuar firmes na nossa caminhada com a alegria, unidade e convicção presentes na nossa Convenção Nacional, no último sábado.
Nossa caminhada tem a missão não de dividir, e sim de unir os brasileiros em torno de um futuro que seja ético, generoso e solidário.
Executiva Nacional do PSDB

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Republica Mafiosa do Brasil: Petrobras companheira sendo usada para conseguir dinheiro no exterior

Não é a primeira vez, nem será a última que a vaca petrolífera vem sendo usada para a extração de milhões de dólares no exterior. Como já escrevi anteriormente, o objeto em si não interessa; o importante é a operação financeira, apenas isso.
Qualquer que seja o objeto, a operação libera recursos nunca antes vistos, sequer imaginados...
Paulo Roberto de Almeida

Nota da liderança do PSDB na Câmara
O Líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), irá protocolar requerimento endereçado ao ministro Edison Lobão, das Minas e Energia, a quem a Petrobras está vinculada, para obter o detalhamento das informações sobre a venda de poços de petróleo da estatal brasileira na África. Ele também irá solicitar que o TCU (Tribunal de Contas da União) realize uma auditoria especial sobre a operação.
De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, em 2013, depois da troca de comando da Petrobras, feita pela presidente Dilma Rousseff, o banco BTG Pactual pagou US$ 1,5 bilhão para ficar com metade das operações africanas da Petrobras e se tornar sócio da estatal. Segundo o jornal, os ativos foram avaliados em cerca de US$ 4,5 bilhões, valor que depois foi diminuído para US$ R$ 3,16 bilhões. Para o BTG Pactual, o negócio foi tão bom que, em menos de oito meses, começou a recuperar o capital investido e tirou de lá US$ 150 milhões na forma de dividendos.
Na audiência pública realizada com a presidente da Petrobras, Graça Foster, na última quarta-feira, na Câmara, Imbassahy questionou-a sobre a venda dos blocos de produção na Nigéria para o grupo BTG Pactual. No questionamento, Imbassahy disse que especialistas do setor estimam que o negócio não foi bom para a estatal brasileira e chegam a estimar que a Petrobras poderia ter tido prejuízo pela não arrecadação de pelo menos de US$ 1 bilhão.
Em sua resposta, a presidente da Petrobras não convenceu. Ela também não foi muito clara em outro questionamento feito por Imbassahy, sobre a natureza da relação entre a Petrobras e seus sócios na Sete Brasil, empresa que tem contratos bilionários com a própria estatal brasileira. O BTG Pactual também é um dos sócios da Sete Brasil.
Segundo Imbassahy, há informações de que dois bancos internacionais avaliaram, de forma conservadora, os ativos da Petrobras na África em um valor mínimo superior a US$ 7 bilhões. “Dois bancos de primeira linha errarem grosseiramente em suas avaliações é algo muito incomum. E vender os ativos a um valor 50% menos do que a avaliação mínima de US$ 3,16 bilhão é um forte indício de que Petrobras sofreu prejuízo”, afirmou.
Segundo Imbassahy, “a venda dos blocos de exploração na África foi mais um péssimo negócio para a Petrobras, que provocou perda bilionária para a empresa brasileira, assim como a compra de Pasadena. Essas negociações precisam ser esclarecidas pela Petrobras e também pela presidente Dilma, que tem responsabilidade sobre essas operações. Ela foi presidente do Conselho de Administração, aprovou Pasadena, e acompanhou essas negociações na África”, afirmou Imbassahy.
De acordo com o Líder do PSDB, a venda dos ativos na África também terá de ser investigada pela CPI Mista. De acordo com ele, face ao grande potencial de produção, os blocos de exploração na África deveriam ser objeto de estudos e avaliações aprofundados, e que, pelo visto, não ocorreram ou não foram seguidos.
“A CPI terá muito a investigar e a esclarecer. Esses negócios no exterior estão se revelando uma caixa-preta. Em cada operação que se analisa, verifica-se mais um negócio ruim para a estatal. Não há empresa que suporte uma sucessão de prejuízos bilionários decorrentes dessa gestão nociva e danosa dos governos do PT, de Lula e Dilma”, afirmou.
Imbassahy afirmou que a presidente Dilma e o PT aparelharam e partidarizaram a estatal, empresa que tem total apreço dos brasileiros. “O governo Dilma e o PT se mostram desesperados pela iminência da CPMI, que terá acesso a contas bancárias e movimentações financeiras. Querem omitir que estão no governo há quase 12 anos e fugir da responsabilidade que têm por tudo de ruim e de danoso envolvendo a Petrobras que o país tem tomado conhecimento”, afirmou Imbassahy.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Venezuela: os partidos brasileiros tomam posicao - PSDB, sem nota oficial

Procurei na página oficial do PSDB e não encontrei nenhuma nota oficial do partido sobre o caso da Venezuela, como ocorreu ontem na página do PT (mas em nome do presidente).
Existe, porém, um pronunciamento do seu presidente nacional, Senador Aécio Neves, e também um artigo de seu ex-presidente, deputado José Anibal:

Senador cobra “posição firme e equilibrada” do governo brasileiro sobre a Venezuela

20 de fevereiro de 2014
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IMG_7792Brasília (DF) – O agravamento da situação na Venezuela foi duramente criticada nesta quinta-feira (20) pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves. O tucano cobrou do governo brasileiro uma “posição firme e equilibrada”  em favor da democracia e da busca pelo diálogo. Para ele, é fundamental que o Brasil e os demais países se esforcem pela paz na região.
“O agravamento da situação  na Venezuela, com a violência da resposta das forcas oficialistas e o desrespeito aos direitos da cidadania, exige uma posição firme e equilibrada do governo do Brasil e dos lideres democráticos para que haja reabertura do dialogo e se restabeleça o clima de paz e confiança próprio dos regimes constitucionais”, ressaltou o senador.
Aécio lembrou que a Venezuela é um país-irmão do Brasil. “Nessa hora difícil para o país irmão, o PSDB acredita que a tomada sectária de partido em defesa do governo, como fez o presidente do PT, em nada contribui para a reconstrução da almejada concórdia [concordância] dos venezuelanos”, disse.
Segundo o senador, é essencial buscar o entendimento. “É hora para estabelecer pontos de entendimento, não para aumentar conflitos. Esperamos que o governo brasileiro atue em beneficio da paz e do fortalecimento da democracia na Venezuela”.
Desde o início dos protestos nas principais cidades da Venezuela, especialmente, Caracas seis pessoas morreram. Ontem (19) uma cena chocou o mundo: Génesis Carmona, de 22 anos, miss e modelo profissional, foi atingida com um tiro na cabeça e não sobreviveu.
A presidente Dilma Rousseff não se manifestou sobre a violência das manifestações na Venezuela.
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Eu entendo que este governo nutra pela Venezuela chavista boa dose de admiração, além de respeitosa lealdade. Também compreendo as afinidades existentes entre os dois. Mas a condescendência do Estado brasileiro com a degeneração institucional da Venezuela e com a escalada da violência política atenta contra a nossa história e tradição diplomática.
Com relatos de truculência e prisões arbitrárias, lá se vão 15 dias de protestos ininterruptos. O maior deles, há uma semana, terminou com três mortos e quase 30 feridos. Milícias têm atuado contra adversários e manifestantes sob os bigodes do Estado. A imprensa foi dobrada. A oposição protesta contra a omissão de organismos multilaterais e de vizinhos, Brasil à frente.
O presidente Nicolás Maduro reagiu como de costume: criando factoides. Denunciou uma conspiração golpista e expulsou diplomatas americanos. Criminalizou os partidos de oposição e prendeu inimigos. Convocou e insuflou partidários para enfrentar os manifestantes. Por fim, solicitou aos governos amigos na região que fizessem vista grossa e que se calassem. E foi atendido.
O voluntarismo messiânico dessa escola política parece ser incapaz de entender e de tolerar o sistema de contrapesos da democracia. Se o governo é ruim, como é o da Venezuela, o sistema republicano não perdoa. À mercê de estruturas mentais superadas e portador de um heroísmo fraudulento e autoritário, Nicolás Maduro não é mais do que uma figura patética.
Que ele fale com Chávez por meio de passarinhos, é um problema do povo venezuelano. Que o Brasil abandone seus princípios e enxovalhe sua trajetória diplomática, é um problema nosso. Foi o nosso multilateralismo e a vocação para a resolução pacífica de controvérsias que fez de nós líderes do continente. Quando a gente acha que este governo não pode mais se rebaixar, ele se supera.

José Aníbal é economista, deputado federal licenciado e ex-presidente do PSDB.

domingo, 22 de dezembro de 2013

A maior fraude politica do Brasil: razoes do seu sucesso - Ruy Fabiano

POLÍTICA

Clone do PT

Ruy Fabiano
O Globo, 21.12.2013
“O Lula é um fenômeno. Não é uma coisa normal. O Lula é algo que, no futuro, os estudiosos, os sociólogos vão analisar como algo que jamais aconteceu neste país.”
“Eu não me coloco nesse patamar, porque o Lula representa a aspiração de ascensão social de qualquer brasileiro. As pessoas veem o Lula viajando pelo mundo, recebido por reis e rainhas, por grandes dirigentes internacionais, enfim, caminhando por aí, e de alguma forma veem naquilo a possibilidade de ascensão no seu campo profissional. É natural que ele tenha uma força política que nós respeitamos”.
O discurso acima não foi produzido por nenhum petista ou militante sindical. É, por incrível que pareça, do candidato tucano à Presidência da República, senador Aécio Neves.
O vídeo está no Youtube e em diversas redes sociais e, seguramente, será peça da campanha eleitoral do PT no ano que vem. Com uma oposição dessa, o PT não tem o que temer, a não ser seus próprios aloprados.
A Era PT, que completa 12 anos em 2014, podendo se estender por mais um quatriênio – quebrando, assim, o recorde varguista de 15 anos ininterruptos no poder (1930-1945) -, ficará marcada por um paradoxo: foi a que reuniu maior número de escândalos graúdos e, no entanto, a que menos foi atormentada pela ação oposicionista.
Se tais escândalos ocorressem com o PT na oposição, é certo que nova campanha pró-impeachment teria varrido o país. Basta ver o que aconteceu no período Collor, em que, comparado ao que há hoje, os réus não passavam de punguistas amadores.
No entanto, o candidato do principal partido de oposição não hesita em desfiar louvores àquele que é seu principal adversário. Este, no entanto, sempre que pode desanca a principal liderança tucana, Fernando Henrique Cardoso.
Quem está certo? Pelos resultados, não há o que discutir. Em plena desova do Mensalão, com três CPIs fazendo barulho no Congresso, Lula reelegeu-se. A oposição não conseguiu (na verdade, não quis) transmitir ao público a responsabilidade que o então presidente da República tinha naquele processo.
Deixou-o escapar. Hoje, tenta recapturá-lo, sem muita convicção, a julgar pelos elogios de Aécio.
Lênin falava da estratégia das tesouras, pela qual o partido hegemônico escolhia sua própria oposição. Intencionalmente ou não, o PT realizou esse ideal estratégico. Tem a oposição que pediu a Deus; uma oposição que não sabe catalisar as insatisfações populares (que não são poucas) e não sabe traduzir em linguagem corrente, assimilável pela população, suas propostas para consertar o país.
O que mantém o PSDB como maior força oposicionista é exatamente o sentimento antipetista de grande parte da sociedade brasileira. E esse sentimento é eminentemente conservador. Mas o PSDB tem medo (ou vergonha) de vocalizá-lo. Quer ser uma alternativa ao PT, mas com o mesmo programa progressista.
Daí os elogios a Lula, que Serra, na eleição passada, também fez (sem, claro, o mesmo entusiasmo de Aécio). Se é para oferecer mais do mesmo, fiquemos com o original. O PSDB é um PT paraguaio. Assim, não dá.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Eleicoes presidenciais 2014: documento do PSDB sobre principios basicos

Este blog, consoante sua vocação intelectual e seu engajamento cidadão, pretende seguir de perto as propostas eleitorais para 2014, sem qualquer preferência com pessoas ou candidatos, apenas com ideias e propostas, em especial nos terrenos da economia e das relações exteriores.
Abaixo o documento do PSDB.
Se e quando o PSB e o PT apresentarem os seus, vou publicar e analisar aqui.
No momento, apenas registro.
Paulo Roberto de Almeida 
“O PSDB oferece à sua consideração as bases de uma nova agenda para o país. Uma agenda que tem como objetivo resgatar a enorme dívida social que o país ainda tem com milhões de cidadãos e garantir às novas gerações as condições para viver num Brasil mais justo, democrático e desenvolvido, onde riquezas que pertencem a todos estejam a serviço de todos. Um país em que o conhecimento, a renda e as oportunidades sejam distribuídos com justiça. Um país da integração e não da divisão. Onde a ação política não estimule o ódio e a intolerância, mas abra caminhos para uma sociedade solidária.
Um país que olhe seu futuro com mais esperança e tranquilidade. Sonhamos com um país em que os brasileiros desfrutem das liberdades – públicas e individuais –, de prosperidade e bem-estar. Que, de forma solidária, possam se reconhecer uns nos sonhos dos outros. Um país em que o governo exerça com responsabilidade e eficiência o seu dever de apoiar a população mais pobre e onde a livre iniciativa e o empreendedorismo sejam estimulados. Um país que acredite na capacidade de seus cidadãos serem independentes. Onde a democracia seja valor incontestável e os malfeitos, punidos. Em que o Estado cumpra seu papel, assegure melhor ambiente para o investimento e o desenvolvimento e garanta igualdade de oportunidades.
Um Brasil em que a educação seja verdadeira causa nacional, a estratégia central para a transformação do país. Onde o destino de cada criança não seja mais determinado pelas condições materiais de sua família ou pelo local em que nasce ou vive. Sonhamos com um país que participe ativamente da comunidade internacional, negociando com todos os continentes. Um país justo, inovador, sustentável, produtivo, integrado e moderno. E que valorize ainda mais a sua rica diversidade cultural.
Este documento é mais um passo de uma conversa que, pretendemos, seja com todos os brasileiros. A nova agenda que o PSDB propõe fundamenta-se no respeito às instituições do Estado democrático de Direito. É viabilizada por um ambiente econômico estável, competitivo e sustentável, que não se submeta a ideologias, livre de dogmas do passado. E se caracteriza por uma visão social libertadora, que defende a atuação do Estado na proteção e na garantia dos direitos de cada cidadão, acredita na força transformadora de cada pessoa e na obrigação dos governos de criar condições para que ela floresça. Ao longo deste ano, andamos por todas as regiões do Brasil.
Conversamos com os mais diversos segmentos da sociedade. Ouvimos. Percebemos que, por mais diferentes que sejam as circunstâncias de cada um, há um sentimento de inquietação e frustração comum a todos. Há um sonho e um desejo de mudança comum a muitos brasileiros. Há também, em cada canto deste nosso imenso país, a esperança e a aspiração por um Brasil melhor, mais justo, ético e fraterno. Um Brasil diferente.Para mudar – e melhorar – de verdade o Brasil, acreditamos que devemos partir da restauração de valores que vêm sendo aviltados no país nos últimos anos. São eles que orientaram a preparação deste documento. É abraçado a eles e aos sonhos de cada um dos brasileiros que queremos ampliar nossa caminhada de diálogos e debates.
O primeiro desses valores é a Confiança, que se manifesta na recuperação da crença do brasileiro na sociedade que construímos, no ambiente em que vivemos e produzimos. Para tanto, professamos nosso compromisso com o combate intransigente à corrupção, com a democracia, com a restauração da ética, com o respeito às instituições, com a recuperação da credibilidade perdida e com a construção de um ambiente econômico adequado para o desenvolvimento do país.
O segundo valor é a Cidadania, que reconhece e respeita os direitos dos cidadãos e a sua legitimidade em reivindicá-los. O poder público deve estar integralmente a serviço de todos os brasileiros, por meio de ações eficientes em segurança, transporte público, saúde e, em especial, educação. Só um Estado eficiente, justo e transparente é capaz de perseguir esses objetivos, devolvendo em forma de melhores serviços o que os cidadãos recolhem em tributos.
O terceiro valor fundamental é a Prosperidade, que entende que o bem-estar das famílias brasileiras deve ser o principal objetivo de uma política de desenvolvimento. Ela, a prosperidade dos brasileiros e do nosso país, exige do governo coragem, ação responsável e planejamento. Exige que o governante não se curve às conveniências do momento, mas priorize sempre seu compromisso com o futuro do país. Porque o futuro que teremos está sendo construído hoje. Queremos uma nação mais solidária, com estados e municípios tendo maior autonomia, com condições para que tanto o poder público quanto a iniciativa privada possam atuar para produzir mais riqueza, empregos e oportunidades para todos os brasileiros. Queremos criar as condições para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar de toda a nossa gente.
Ao trazer à sua reflexão este documento, o PSDB propõe o início de um diálogo ainda mais amplo com a nossa sociedade. Aqui, você não vai encontrar propostas prontas para um futuro governo. Não vai encontrar pensamentos fechados, nem verdades absolutas. Aqui, você vai encontrar reflexões que são um ponto de partida para um grande debate. Aqui você poderá conhecer a abordagem que julgamos mais correta, as prioridades, os grandes desafios do país e o caminho que consideramos ser o melhor para superá-los. Vai encontrar nosso olhar crítico sobre o que está acontecendo no país, segmentado em 12 diferentes aspectos, e os pressupostos e as ideias com que acreditamos ser possível avançar em cada área. Sobre essas ideias, queremos dialogar com você. Com compromisso com os nossos princípios, queremos ouvir você. Conhecer e aprender mais. Argumentar, compartilhar opiniões, agregar sugestões e reflexões. E, ao fim da caminhada, esperamos ter um conjunto de propostas que possa ser oferecido aos brasileiros como a nossa contribuição para um Brasil melhor.
Vamos conversar?”
CONFIANÇA: Resgate de valores, compromisso com a democracia, recuperação da credibilidade e da responsabilidade pública
1. Compromisso com a ética, combate intransigente à corrupção, radicalização da democracia e respeito às instituições.
2. Recuperação da credibilidade e construção de um ambiente adequado para o investimento e o desenvolvimento do país.

CIDADANIA: Garantia dos direitos dos brasileiros
3. Estado eficiente, a serviço dos cidadãos.
4. Educação de qualidade como direito da cidadania, educação para um novo mundo.
5. Superação da pobreza e construção de novas oportunidades.
6. Cidadãos seguros: segurança pública como responsabilidade nacional.
7. Mais saúde para os brasileiros: cuidado, investimento e gestão.

PROSPERIDADE: A nação solidária e o bem-estar coletivo
8. Nação solidária: mais autonomia para estados e municípios, maior parceria da União.
9. Meio Ambiente e Sustentabilidade, a urgente agenda do agora.
10. A agenda da produtividade: infraestrutura, inovação e competitividade.
11. A agropecuária que alimenta o presente e o futuro do país.
12. Política externa: reintegrar o Brasil ao mundo.

Faça o download do documento na íntegra neste link. (em PDF)

domingo, 23 de junho de 2013

Brasilianista americano analisa o PSDB e o PT: Scott Mainwaring (com observacoes PRA)

Entrevista com um dos principais cientistas políticos americanos especialista na política brasileira.
Depois, eu faço minhas observações ao que ele disse.
Paulo Roberto de Almeida

Estabilidade foi 'imenso mérito' para PSDB, diz cientista político
Fabiano Maisonnave
Folha de S.Paulo, 23/06/2013

Especialista em América Latina da Universidade de Notre Dame (EUA), o cientista político norte-americano Scott Mainwaring entende que o PSDB valoriza pouco seu papel na conquista da estabilidade econômica. Leia trechos de entrevista:

Folha - Quais as principais características do PSDB e como o sr. vê o partido hoje?
Scott Mainwaring - O PSDB surgiu como de centro-esquerda e mudou, em 1994, com a coalizão com o PFL. É quase de centro-direita.
PT e PSDB se tornaram os partidos realmente importantes da democracia brasileira. O PSDB teve um imenso mérito no governo FHC ao estabilizar a economia. Isto é pouco valorizado: a estabilidade econômica foi um grande fator para a estabilidade política no Brasil.
PT e PSDB são os heróis da democratização brasileira. Transformaram um processo precário em outro com muita estabilidade e grandes conquistas nos últimos 20 anos.
O PSDB encontrou um discurso de oposição ao PT?
Há algumas diferenças importantes entre os partidos com relação ao papel relativo do mercado e do Estado no desenvolvimento econômico. E embora não seja um contraste extremo, o PSDB é mais orientado em relação ao mercado, enquanto o PT é mais orientado ao Estado.
É também correto dizer que o PT é de alguma forma orientado para resultados mais igualitários, e o PSDB, para investimento e eficiência.
Os dois partidos não são radicalmente opostos nessas dimensões, mas são contrastes perceptíveis para muitos brasileiros. Certamente, para as elites cultural e econômica, esses contrastes estão muito claros, assim como para a maioria dos brasileiros.
Os dez anos longe do poder produziram uma crise de identidade?
O que ocorreu no Brasil foi um processo muito salutar, no qual o PT conquistou o poder depois de diversas tentativas fracassadas. Teve êxitos muito importantes, incluindo a redução da pobreza, e conduziu uma crescente confiança no Brasil, tanto interna quanto no exterior.
O fato de o PT ganhar três vezes consecutivas não é razão suficiente para o partido experimentar a crise.

O PSDB chegou ao segundo turno, tem sido competitivo em Estados importantes nas campanhas para governador e, embora não seja um partido realmente grande no Congresso, é o principal partido de oposição.
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Comentários Paulo Roberto de Almeida:

Muito boa entrevista, mas um erro fundamental, ao dizer que o PSDB "mudou" ao se alinhar com a direita em 1994.
Permito-me aqui oferecer um depoimento sobre o que assisti, e o que vivi nesses anos todos.

Eu acompanhei a trajetória de FHC, especialmente no final do governo militar quando ele era senador substituto de Franco Montoro, entre 1977 e 1979 (antes da volta de todos os exilados, portanto), e estávamos todos empenhados em fundar um partido social-democrata verdadeiro, ao estilo SPD, ou uma espécie de PSF, tal como reformado por François Mitterrand. 
Para isso se necessitavam interlocutores válidos, tanto no meio político, quanto nos meios sindicais, quanto entre acadêmicos e intelectuais.
Eu estive pessoalmente com o Brizola, em Lisboa, logo depois que ele foi "expulso"  do Uruguai, e transitou por NY antes de se estabelecer em Lisboa. Ele não queria saber de nenhum partido socialista moderno, só queria recuperar o seu PTB (que perdeu para a Ivete Vargas).
Eu também dialogova com a esquerda, tanto os que ficaram, quanto os que estavam voltando do exilio e se reinserindo na politica.
Os sindicalistas ainda não estavam prontos, mas estavam divididos, entre os pelegos oportunistas, e os alternativos, que depois estariam com Lula, fundando o PT e a CUT e portanto não se seduziram pela ideia.
Os velhos acadêmicos do antigo PSB não queriam "concorrência" ao velho PSB, e os novos acadêmicos, conectados ou não à esquerda guerrilheira, tampouco queriam um partido socialista reformista. Eles visavam mais.
Conclusão: FHC continuou no MDB, até que se conseguiu formar o PSDB, já durante a Constituinte de 1987-88.
Na fase preparatória do Real -- e isso é patente, evidente, obvio ululante -- a esquerda comandada por Lula, ademais dos partidos de esquerda tradicional (PTB, Partidao, PCdoB), todos eles, foram contra o Plano Real e a estabilização, e isto é um fato, não uma opinião. A população aderiu, mas não os partidos de esquerda.
FHC queria fazer uma coalização progressista para empreender reformas social-democráticas avançadas no Brasil, mas se defrontou com o sectarismo da esquerda, e a hostilidade completa de Lula e dos guerrilheiros reciclados.
Não foi possível fazer uma coalizão à esquerda NAO por culpa de FHC ou do PSDB, mas porque a esquerda foi estúpida, sectária, atrasada. FHC não teve outra solução para governar senão aliar-se com aqueles que estavam dispostos a apoiar seu programa, inclusive a reforma de uma Constituição que já nasceu esclerosada, xenófoba, discriminatória, absolutamente irracional do ponto de vista econômico.
Ou seja, que não se acuse o PSDB de ter virado à direita, mas que se acuse, sim, a esquerda de ser tão estúpida e sectária e de recusar empreender reformas. Ela apostava no quanto pior melhor.
Aliás, até hoje ela, o PT, Lula e seus principais líderes, se opõem a qualquer ação comum com o PSDB em favor do Brasil: mesmo aplicando TODO o programa social-democrático do PSDB, Lula, o PT e todos esses grupelhos esquizofrênicos continuando sendo absolutamente desonestos, ao falar de neoliberalismo, de herança maldita, e de desmantelamento do Estado. São desonestos e mentirosos.

Sinto contradizer o Scott também ao dizer que o PT foi um "herói" da estabilização brasileira.
NAO FOI, nem na política, nem na economia.
Não assinou a Constituição, por sectarismo. E se opôs ferozmente a todas as etapas da estabilização, inclusive às vésperas de assumir o poder, quando ainda tentava derrubar a Lei de Responsabilidade Fiscal. Ainda hoje o velho PT sabota as reformas previdenciárias, a reforma da legislação laboral herdada do fascismo getulista, cria um Estado monstruoso que absorve cada vez mais recursos da sociedade.
O PT é um partido reacionário, antimodernista, economicamente esquizofrênico e tendencialmente totalitário.
Acho que fui claro.
Paulo Roberto de Almeida 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Depois do AeroLula, vem ai o AeroDilma: faz sentido, um aviao so é pouco...

Lula disse que o avião que comprou não presta, e que precisa de outro, talvez para dar uma volta ao mundo sem precisar se reabastecer. Faz sentido: um presidente assim importante não pode ficar parando em qualquer posto de reabastecimento... Tem de ter autonomia de voo, ora essa!
Sobretudo para um presidente que é a encarnação da classe trabalhadora. Classe trabalhadora não pode ser obstaculizada em sua marcha ascensional...
Nunca mais um presidente vai se humilhar por ter de fazer pit stop...

Lula defende compra de novo avião presidencial

Segundo o presidente, a aeronave atual, um Airbus-319, não tem autonomia de voo suficiente para longos percursos

Leonêncio Nossa, da Agência Estado, 30 de novembro de 2010 

ESTREITO, MA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira, 30, a compra de um novo avião para as viagens de sua sucessora Dilma Rousseff. Em entrevista realizada durante visita ao Maranhão, ele argumentou que a aeronave atual, um Airbus-319, não tem autonomia de voo suficiente para longos percursos. "Não tem porque não comprar", disse.
No canteiro das obras da usina hidrelétrica de Estreito, na divisa do Maranhão com Tocantins, ele aproveitou para ironizar as críticas à decisão tomada no início de seu governo de adquirir o Airbus-319. Esse avião, batizado pelo Planalto de Santos Dumont e pela imprensa de "Aerolula", poderá, no próximo governo, ser substituído por uma aeronave mais eficiente. "Acabou aquela bobagem do 'Aerolula'", disse. "Agora, estou chateado porque vou deixar a Presidência e não levar o avião comigo."
Ainda em tom de ironia, ele propôs uma campanha da imprensa para ficar com o "Aerolula" após deixar o governo. "Poderia fazer uma campanha e levar o avião comigo", disse. Ele avaliou que a autonomia de 12 horas de voo do Airbus-319 não atende à demanda das viagens mais longas da Presidência.
Daí a necessidade de uma nova aeronave, já batizada de "Aerodilma" antes mesmo de o governo bater o martelo. "O Brasil precisa de um avião com maior autonomia para o presidente da República viajar", afirmou Lula. "É uma vergonha ter um avião de apenas 12 horas de autonomia."
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Em discurso, Lula diz que é a 'encarnação do povo'

De improviso, Lula reconheceu que seus antecessores não tiveram as mesmas condições que ele para governar

Leonencio Nossa/ESTREITO (MA) - O Estado de S.Paulo, 30 de novembro de 2010 
 
A um mês de deixar o Planalto, o presidente Lula revelou nesta terça-feira, 30, que, na crise do mensalão, em 2005, ameaçou o Congresso dizendo-se "a encarnação do povo". Ele aproveitou um discurso de improviso durante visita ao canteiro de obras da usina hidrelétrica de Estreito para relatar encontros privados com o senador José Sarney (PMDB).
"Uma vez o Sarney foi conversar comigo e eu disse: Sarney, eu só quero que o senhor diga lá dentro (Congresso Nacional) o seguinte: Se eles (oposição) tentarem dar um passo além da institucionalidade, eles não sabem o que vai acontecer neste País", relatou. "Este País teve presidente que foi embora, presidente que se matou ou foi cassado. Eles vão saber que eu sou diferente. Que não é o Lula que está na Presidência, mas a classe trabalhadora".
Lula confidenciou que tinha "muita dúvida" se teria condições de governar o País. "Este País já tinha criado as condições para o Getúlio Vargas se matar, não deixar o Juscelino assumir e cassou o João Goulart. Eu falei: o que eles vão aprontar comigo? E eles tentaram em 2005. Só que eles não sabiam que este País, pela primeira vez, tinha eleito um presidente que era a encarnação do povo, lá em Brasília."
No discurso atípico, Lula reconheceu que seus antecessores não tiveram as mesmas condições que ele ao assumir o comando do País. "Eu tenho consciência que outros presidentes não tiveram as mesmas condições que eu. O presidente Sarney pegou o Brasil em época de crise. O Fernando Henrique Cardoso, mesmo se quisesse fazer, não poderia, pois o Brasil estava atolado numa dívida com o FMI. Quando você deve, tem até medo de abrir a porta e o cobrador te pegar", disse Lula.
Obra. O presidente observou que a inauguração da obra ficará para o próximo governo. "É a Dilma que virá inaugurar, mas eu tinha que vir para fechar a comporta, pelo menos", disse, lembrando que desmarcou três visitas à obra por causa de problemas nas áreas ambiental e social. Comunidades ribeirinhas denunciam que estão sendo prejudicadas pela construção.
O presidente afirmou que recentemente foi firmado um acordo entre o consórcio Estreito Energia, construtor do projeto, e o movimento de atingidos pelas barragens. Pelo acordo, a empresa se responsabilizará por garantir a realocação das famílias e criar condições para que os pescadores continuem suas atividades.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Timothy Power sobre a politica externa brasileira

Política externa deve perder caráter 'presidencialista'

Leia entrevista com o brasilianista Timothy Power, professor da Universidade de Oxford, na Inglaterra

Lucas de Abreu Maia/SÃO PAULO
O Estado de S.Paulo, 30 de outubro de 2010

O protagonismo brasileiro no cenário internacional está consolidado e não será muito afetado independentemente do pleito de hoje, opina Timothy Power, professor de estudos brasileiros na Universidade de Oxford e considerado um dos principais especialistas em política brasileira no exterior. "Na verdade, 90% da política externa é burocrática e a identidade do presidente não importa muito", afirma. Ele admite, porém, que falta carisma aos presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) e que inevitavelmente haverá, nos próximos quatro anos, uma "despresidencialização" da diplomacia brasileira. Em um balanço dos últimos oito anos, Power avalia que o lulismo consolidou uma forte base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que, contudo, não se estende ao PT. "O partido cresceu pouco nos últimos oito anos", diz o pesquisador, acrescentando que há uma "esquizofrenia" no modelo partidário brasileiro. Leia abaixo a entrevista concedida ao Estado por telefone, na última terça-feira.
Na política externa - assunto mal mencionado durante a campanha - Dilma representa a continuidade da atual linha do governo, mais próxima de Hugo Chávez e do bolivarianismo continental. Serra deverá ter uma relação mais harmônica com os EUA e hostil a regimes autoritários, como Irã e Cuba. O que poderia haver de positivo e negativo em cada uma delas?
Tradicionalmente, a política externa tem pouco valor nas eleições brasileiras - não rende votos. Temos sinais muito frouxos, como você mencionou. Imagina-se que a Dilma vai continuar com uma orientação mais terceiro mundista, começada pelo Lula; e acredita-se que o Serra seguiria mais o molde de Fernando Henrique Cardoso, com relações mais estreitas com a Europa e principalmente com os Estados Unidos. Na verdade, 90% da política externa é burocrática, guiada pelo Itamaraty, e a identidade do presidente não importa muito. A gente vê o Lula abraçando o Ahmadinejad (Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã), ou falando com o Morales (Evo Morales, presidente da Bolívia), e isso mostra sinais de orientações abstratas. Mas as consequências diretas destas atitudes não são muito fortes para o eleitorado.
Lula intensificou uma diplomacia presidencialista, que Fernando Henrique praticava de modo mais discreto. No caso de Lula, porém, há quem diga que é mais pelo individualismo com que faz política que por um projeto nacional. O sr. concorda?
Não diria isso da mesma maneira. Acho que o Lula é um chefe de Estado e não se interessa tanto em ser um chefe de governo - ele delegava os detalhes da política doméstica para a Dilma e para outros ministros. O presidente gosta mais de cuidar da imagem do Brasil no exterior, mas não acho que seja personalista. O Lula sabe - como o Marco Aurélio Garcia, o Samuel Pinheiro Guimarães, o Celso Amorim também sabem - que ele encarna muito bem o tipo de poder intermediador do Brasil. Este poder deriva não só do tamanho do País, mas também da diversidade étnica, da inclusão social, da posição pacífica do Brasil nos conflitos internacionais Etc.. Mas sem dúvida o Lula faz uma diplomacia presidencialista, que começou com o Fernando Henrique. Foi o Fernando Henrique quem quebrou com a tradição brasileira de discrição presidencial. Mas o Lula intensificou muito esse processo, justamente porque gosta - como o Reagan (Ronald Reagan, ex-presidente americano) também gostava - do aspecto cerimonial do cargo. A bagagem pessoal do Lula é uma coisa bastante interessante, porque ele mostra uma nova cara do Brasil, por ser uma pessoa que veio de origem humilde - e isso contribui para vender a história do País no exterior. Principalmente na África. Os africanos realmente adoram o Lula, porque ele encarna a esperança de mudança social, que no Brasil está começando, mas que na África é mais distante.
O Brasil pode perder prestígio com a eleição de um presidente sem carisma - caso tanto de Dilma quanto de Serra?
Eu chamo o Lula de Bono (vocalista da banda U2) de barba. Ele é uma estrela de roque. Quando sair de cena, o Brasil perde um pouco dessa áurea de estrela que o Lula carrega. Nem Serra nem Dilma têm isso. Ganhe ele, ganhe ela, vai haver uma "despresidencialização" da política externa. Saindo o Lula, perde-se isso, mas sobram os aspectos de poder moderado do Brasil. As conquistas recentes da Olimpíada e da Copa representam essa estabilidade do Brasil no cenário internacional. Há vitórias - como a do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC)a respeito do algodão - que não têm nada a ver com o carisma ou o personalismo do Lula. Têm a ver com o suor e o trabalho dos diplomatas brasileiros, que são muito talentosos.
Como EUA, União Europeia e América Latina receberão a eleição de Serra ou Dilma?
Os observadores econômicos vêem poucas diferenças entre os dois candidatos, porque ambos são 100% comprometidos com as linhas gerais da política macroeconômica. É o que importa para os observadores estrangeiros. Obviamente que, se o Serra ganhasse, haveria pouco entusiasmo em Quito, Caracas ou La Paz. Mas acho que nos outros países não faz diferença. O Serra já morou na América Espânica por muito tempo, fala espanhol perfeitamente - tem outras vantagens para compensar a falta de afinidade ideológica. O Lula tem relações pessoais muito calorosas com os vizinhos mais controversos, tipo Morales , Chávez e Correa (Rafael Correa, do Equador). Ele pode até ser chamado pela Dilma para mediar essas relações com os vizinhos de vez em quando. Se a Dilma for eleita, ela precisaria do Lula mais com esses vizinhos que com Paris, Londres e Washington.
Parte do sucesso do Brasil no G20 durante a recente crise financeira se deveu aos bons fundamentos do País e a sua rápida recuperação econômica. É um sucesso fácil de ser preservado? Ou o Brasil, como os Brics, tende a perder espaço à medida que as grandes potências se recuperarem?
Naturalmente, o espaço do Brasil pode se contrair um pouco com a recuperação econômica (dos países ricos). Mas mesmo assim, as grandes potências vão ter aprendido com o Brasil. O País manteve, por exemplo, fortes bancos estatais durante a crise, que permitiram aumentar o investimento interno. o Brasil também não precisou de um plano de estímulo, porque as políticas sociais já exerciam a mesma função, de modo que durante a crise ainda havia crédito popular e gastos familiares muito fortes. O mundo descongelou um pouco com essa crise e não vai poder recongelar da mesma forma.
Muitos analistas entendem que os Brics são um grupo díspar e pouco coeso. Na opinião do sr., as relações do Brasil com China, Índia e Rússia avançarão ou sofrerão recuos?
Falando em descongelamento da ordem internacional, todos estes países têm esta agenda em comum. Então, existe uma aliança estratégica que pode durar no curto e médio prazo. Mas, ao longo do tempo, um desses países - a China - vai assumir um papel que deixará os outros à sombra.
Esta é a quinta eleição em que PT e PSDB se enfrentam diretamente. Muitos entendem que se consolida um modelo de bipartidarismo no Brasil. O sr. concorda?
Concordo que há uma esquizofrenia no sistema partidário brasileiro. PT e PSDB praticamente têm o duopólio dos votos presidenciais. É irônico que ao longo do ano a Marina Silva (PV) tenha prometido acabar com essa bipolaridade, mas seu próprio sucesso garantiu que o Brasil repita a mesma escolha binária. Se a disputa tivesse se encerrado no 1.o turno, as pessoas se lembrariam de que a Dilma teria vencido dois candidatos. Mas agora, se ela ganhar, a lembrança será de que enfrentou o PSDB. Contudo, o interessante é que no parlamento não se tem uma lógica bipartidária. Ao contrário: tem-se uma fragmentação muito forte. O que há são duas coalizões, uma capitaneada pelo PT e outra pelo PSDB. O PMDB é um partido promíscuo, ambivalente no sentido literal - as pessoas quase não se lembram de que a legenda ocupou a vice na chapa do Serra em 2002 e de que o Temer apoiou o Alckmin em 2006. Mas, tirando o PMDB, você pode enxergar facilmente essas duas coalizões, com aliados permanentes - o PT ligado aos pequenos partidos de esquerda e o PSDB junto ao DEM. Mas os partidos que oferecem as propostas e ideias são dois. O problema interno do DEM e do PMDB é que não têm presidenciáveis. Os grandes nomes destes dois partidos - Jader Barbalho, Renan Calheiros - têm peso político muito forte, mas não como candidatos a presidente.
É quase consenso de que haverá uma reorganização partidária em 2011. Diz-se que PSDB e DEM se unificariam e foi noticiado que o Lula estaria tentando fortalecer as pequenas legendas de esquerda. Como ficará o quadro partidário a partir do ano que vem?
Esta é uma conversa que se repete muito no Brasil depois de cada eleição - e nunca se concretiza. Dificilmente PSDB e DEM se tornarão um partido único, porque há máquinas estaduais e municipais nas duas legendas que irão resistir. Mas é muito provável que haja um declínio na importância dos paulistas dentro do PSDB. Todo o PSDB moderno vem da mesma experiência: o governo de Franco Montoro em São Paulo, nos anos 80. Este foi o ensaio geral do PSDB. Mário Covas, Fernando Henrique, Geraldo Alckmin e Serra, todos estavam nesse governo e depois formaram o PSDB. E este grupo pode perder três eleições consecutivas. Simultaneamente, surgiu outra máquina muito importante em Minas, com o Aécio Neves em 2002. O PSDB vai ter que se refundar a partir deste modelo. Acho que, ou o Aécio consegue levar adiante essa reformulação do PSDB, ou buscará outro caminho fora do partido.
O cientista político André Singer defende a tese de que o governo Lula teria funcionado no Brasil como o governo de Franklin Roosevelt nos EUA, na década de 30, com o New Deal, ao criar um novo consenso no eleitorado em torno da questão social. O sr. concorda?
Em parte. A tese ganhará força se o PT confirmar o favoritismo. Se a Dilma ganhar em 2010, a gente vai reinterpretar o resultado de 2002, porque este terá sido o grande ponto de inflexão. O New Deal construiu uma base partidária para os Democratas. Já o lulismo está consolidando uma base mais personalista do Lula, transferida para a Dilma, e não uma base partidária do PT. O partido não teve grandes ganhos nesses oito anos - elegeu mais ou menos a mesma quantidade de deputados nas três eleições. Mas houve uma expansão enorme da base pessoal de votos do Lula.
São apenas 25 anos de democracia no Brasil, num continente democraticamente ainda frágil e exposto a receitas autoritárias. Como a eleição deste ano se coloca, no que se refere ao fortalecimento das instituições brasileiras?
A consolidação da democracia ficou evidente muito antes desta eleição. A alternância entre Fernando Henrique e Lula foi muito importante, porque, a partir de 2002, é possível afirmar que todas as tendências políticas importantes tiveram chance de governar o Brasil. políticas importantes tiveram chance de governar o Brasil. Muita gente agora fala de alternância no poder. EU particularmente acho que, para que exista democracia, não é preciso alternância. É preciso que haja a possibilidade de alternância. Tem gente na oposição que fala em "mexicanização" do País, com a centralização do poder pelo PT. Não acho que o argumento tenha muito fundamento. Não existe um governo do PT no Brasil; existe um governo de coalizão, liderado pelo PT. E deve continuar assim em 2011, com dois partidos grandes e de oito a dez partidos médios e pequenos. Não há, hoje, nenhum forte ator antidemocrático no País. Se compararmos com 1989 - uma eleição muito apertada no 2.o turno entre Collor e Lula - dizia-se que, se o Lula ganhasse, talvez não tomasse posse, porque você tinha atores interferindo no jogo democrático de forma não muito democrática. Mas não se vê isso em 2010. Hoje as Forças Armadas não têm força praticamente nenhuma na política. E não tem nenhum eleitoreiro populista nessa campanha. Não se pode falar na erradicação do populismo na América Latina - não existe vacina contra o populismo. Sempre que houver uma brecha, um populista pode aparecer. Mas os países que têm menos espaço para isso são Chile, Uruguai e Brasil.
Mas o Lula poderia ter aproveitado uma dessas brecha, não?
Poderia, e não o fez. Não é correto chamar o Lula de populista. Populismo é uma postura intrinsecamente anti-institucional e o Lula não tem isso.
A campanha deste ano foi muito criticada por supostamente ter sido "despolitizada". Foi essa a sua impressão? Que grandes questões o Brasil devia estar discutindo e não discutiu?
Houve uma aproximação ideológica muito grande entre PT e PSDB na última década, e a população passou a perceber que as linhas gerais das políticas públicas não mudarão com a eleição. Toda a campanha do Serra foi uma aceitação da continuidade do Lula. O próprio slogan do Serra, "o Brasil pode mais", sinaliza que o País já está podendo. Ele simplesmente queria se posicionar como o melhor herdeiro do Lula - melhor que a Dilma. Quando as propostas são muito semelhantes, é natural que as campanhas comecem a focar em coisas irrelevantes. O aborto, por exemplo, nunca teve nenhuma importância nas eleições anteriores. Desta vez, o tema ganhou força porque tinha pouca coisa em jogo. Sei que os militantes tucanos e petistas discordariam fortemente de mim, mas acho que uma leitura mais fria mostrará que os candidatos não apresentam propostas muito diferentes. Acho, ainda, que a polarização na internet baixou um pouco o nível da campanha. Muitos dizem que isso ajuda a consolidar a democracia, porque as pessoas estariam opinando livremente. Mas a verdade é que não existe controle de qualidade.