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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 25 de junho de 2014

Bolivia: uma inovacao surpreendente e bizarra

Acredito que só pode ser gozação, montagem, mentira de 1ro de Abril, pegadinha, enganação, brincadeira, enfim.
Recuso-me a crer na matéria pescada sei lá onde por meu colega blogueiro.
Só pode ser embromação.
 Ou não?
Paulo Roberto de Almeida 

O relógio da fachada do edifício do Legislativo boliviano, em La Paz, foi alterado na meia-noite da última sexta-feira e passou a girar no sentido anti-horário, para reforçar que a Bolívia é uma nação do sul e não do norte, segundo afirmaram nesta terça-feira (24) ministro das Relações Exteriores, David Choquehuanca, e o presidente do Senado, Eugenio Rojas.

A numeração do relógio também foi invertida, surpreendendo quem passava pela rua e provocando o ceticismo da imprensa e nas redes sociais.

"Não temos que complicar, simplesmente nos conscientizar que vivemos no sul. Não estamos no norte", disse Choquehuanca, que insistiu que a iniciativa, longe de pretender "causar algo a alguém", pretende revalorizar a cultura nacional.

"Quem disse que o relógio tem que girar desse lado sempre? Por que sempre temos que obedecer, por que não podemos ser criativos?", questionou o ministro boliviano.

O relógio foi invertido na últimas sexta, quando começou o inverno no hemisfério sul, explicou Rojas.

Choquehuanca revelou que na recente celebração da Cúpula dos países do G77 e a China, na Bolívia, quase todas as delegações receberam um relógio de mesa com estas características, em forma de mapa boliviano e que incluía o território litorâneo que o país perdeu em uma guerra contra o Chile em 1879.

O chanceler boliviano admitiu que a ideia não é absolutamente original porque ele ganhou um relógio de pulso com essas características em Londres, mas ressaltou que essa foi uma criação vinculada à identidade do sul.

As autoridades bolivianas devem trabalhar para aumentar essa consciência, mas não impor nenhuma mudança para as pessoas, porque o relógio anti-horário representa "uma sacudida no cérebro".

Segundo o ministro, a iniciativa está no contexto de outros avanços do reconhecimento da cultura andina, como o uso da bandeira indígena whipala, hoje um símbolo nacional reconhecido na Constituição.

Choquehuanca também citou a folha de coca, protegida pela Carta Magna, as campanhas a favor da Madre Tierra, ou Pachamama, e a revalorização da quinoa.

O chanceler boliviano ressaltou a necessidade de uma mudança de mentalidade para entender essas propostas e de estimular o funcionamento dos dois hemisférios do cérebro para entender "os relógios do sul". (G1).

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Bolivia: Operacao Jaime Bondales prometia cenario de filme do Inspetor Clouseau

ITAMARATY
Itamaraty tentou tirar senador boliviano de embaixada em ação secreta
Andreza Matais
O Estado de S. Paulo, 14.02/2014

Plano era levar Roger Pinto para Venezuela ou Nicarágua, com anuência do governo boliviano

BRASÍLIA - Numa operação secreta, o Ministério das Relações Exteriores tentou retirar o senador boliviano Roger Pinto  da embaixada brasileira em La Paz, onde ficou por 450 dias aguardando o direito de se refugiar no Brasil. O plano era enviá-lo para a Venezuela ou Nicarágua, em ação acordada com o governo da Bolívia.

Um grupo de quatro diplomatas brasileiros discutiu o plano na capital boliviana com os principais assessores do presidente Evo Morales num pacote que incluiria tirar o senador da embaixada brasileira em La Paz num avião venezuelano. A estratégia consistia em deixá-lo sem saber  qual seria seu destino. sem o salvo-conduto (autorização para deixar o país sem que isso fosse considerado uma fuga) e previa que ele aceitasse receber uma junta de juízes para que fosse citado nos processos judiciais aos quais responde.

Os detalhes da operação, que livraria o governo brasileiro de se indispor com Evo Morales ao ter que abrigar o político opositor, foram confirmados ao Estado por quatro fontes que têm conhecimento da operação e constam da sindicância administrativa aberta para investigar a conduta do diplomata Eduardo Sabóia, que ajudou Pinto a fugir da Bolívia numa ação que contrariou o governo brasileiro.

O Estado apurou que diplomatas que participaram da operação secreta sob o comando do então ministro das Relações Exteriores já confirmaram a ação. O plano para tirar o senador de La Paz não deu certo porque ele não aceitou a proposta para viajar sem saber seu destino. Além disso, o presidente venezuelano Hugo Chávez morreu durante as negociações.

Processo. A sindicância que apura a participação do diplomata Eduardo Sabóia na fuga do senador está na reta final. No próximo dia 18, Sabóia será ouvido. Depois de dez dias, o colegiado decidirá se instaura processo administrativo contra ele - o que pode resultar em sua demissão do serviço público - ou se encerra o caso sem punição mais severa.

Sabóia planejou e acompanhou a fuga do senador para o Brasil após completarem 15 meses de refúgio do senador na embaixada do Brasil em La Paz sem sinais de que haveria deliberação a respeito do caso pelo governo brasileiro. Desde então, o chefe do Itamaraty é o ministro Luiz Alberto Figueiredo.

Refúgio. O governo brasileiro ainda não sabe se irá conceder refúgio ao senador. O prazo vence no dia 28 de fevereiro, mas o pedido ainda está sendo analisado.

O Secretário Nacional de Justiça, Paulo Abrão, afirmou ao Estado que Pinto Molina pode pedir à Polícia Federal a renovação da permissão para ficar no Brasil até a decisão final do Conare, órgão do Ministério da Justiça para refugiados.

"Tudo ainda depende das diligências que foram promovidas dentro do processo e que ainda dependem de resposta", justificou o secretário, acrescentando que o caso corre em sigilo no Comitê Nacional para os Refugiados e que, portanto, não poderia dar mais detalhes. "Expirando o prazo final, basta ele procurar qualquer delegacia da Polícia Federal e renovar a permissão provisória para ficar no país. Esse prazo pode ser renovado indefinidamente até a decisão final do Conare."

O advogado de Pinto criticou a demora, que diz causar instabilidade ao seu cliente, e acusou a politização do caso. O Estado apurou que a decisão só sai após as eleições presidenciais no Brasil.


O advogado do senador boliviano, Fernando Tibúrcio Peña, afirmou que o adiamento causa intranquilidade ao seu cliente e demonstra que o processo ainda esta politizado. "Na época em que ele chegou ao Brasil, o ministro da Justiça me disse que havia interesse em resolver o caso rapidamente, mas vejo que o caso continua politizado", declarou.

sábado, 1 de setembro de 2012

Os Trapalhoes Radioativos (imperialistas, claro...)

Pode ser que o atual governo do Estado Plurinacional (e outros pluris) da Bolívia pense que os governos imperialistas do Brasil e dos EUA, mancomunados (nessa ordem ou em outra) estavam contrabandeando urânio radioativo (sic) para o Chile, e escolheram depositar nas imediações das duas embaixadas em La Paz (talvez para tomar um ar fresco, no meio do caminho), antes de entregar a seu muito suspeito vizinho (sim o mesmo que tomou territórios bolivianos um século atrás e que agora impede o acesso ao mar de sua gloriosa Marinha).
Bem, vamos esperar as investigações cuidadosas da polícia plurinacional....
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Grato ao leitor Mello por ter me enviado esta matéria; eu tinha lido algo a respeito anteriormente, envolvendo talvez uma exportação ao Irã, mas achei tão maluca a história que resolvi deixar para trás. Nunca se pode subestimar a capacidade de certos trapalhões de fazer história.

Duas toneladas de urânio são encontradas perto da embaixada do Brasil em La Paz

AFPEm La Paz
O governo da Bolívia informou ter encontrado nesta terça-feira (28) "cerca de duas toneladas de urânio" em um prédio no coração de La Paz, a poucos metros das embaixadas de Brasil e Estados Unidos, e ordenou uma investigação imediata.
Foto 65 de 66 - Policiais bolivianos guardam caminhão contendo urânio encontrado escondido dentro de um apartamento no centro de La Paz, capital da Bolívia. Segundo um porta-voz local, foram descobertas duas toneladas do minério estocadas de forma ilegal. As autoridades não divulgaram a origem ou o destino do urânio Reuters
"São cerca de duas toneladas de material que se usa para a construção de armamento nuclear", disse em entrevista coletiva o vice-ministro do Interior, Jorge Pérez, que dirigiu a operação policial para remover o material "radioativo".
"A informação preliminar aponta para um alto nível de radioatividade, o que vamos determinar com a perícia que se realizará imediatamente", disse Pérez, revelando que o suposto dono do material "foi detido".
O vice-ministro não detalhou como o material foi localizado e para onde a polícia o levou, e se a operação ocorreu com as devidas medidas de segurança radioativa. Também não informou se os vizinhos do local precisarão realizar exames médicos.
O material estava em uma garagem do primeiro andar de um prédio no coração de La Paz, a poucos metros das embaixadas de Brasil e Estados Unidos.
"Nos chama a atenção o manejo de um material deste tipo, prejudicial à saúde, em tal quantidade e no centro da cidade de La Paz", disse Pérez.
As duas toneladas de urânio estavam "em bolsas (plásticas) expostas ao tempo, um material radioativo manipulado de maneira direta e de forma irresponsável, arriscando a vida de pessoas", prosseguiu o funcionário.
Segundo Pérez, o urânio "pode proceder do Brasil ou de outro país vizinho, e provavelmente seguiria para o Chile"

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Salta um "mocochinche" bem gelado?! (Na Bolívia, claro...)


Carlos Malamud: Coca Cola en Bolivia

Coca Cola e indigenismo

Infolatam, Madrid, 12 agosto 2012
(Especial para Infolatam).- El ministro boliviano de Asuntos Exteriores, David Choquehuanca, se distingue por sus declaraciones altisonantes y provocativas. Años atrás señaló que lo que hoy es América, antes de la llegada de los europeos en 1492 era un continente de paz donde pueblos y hombres vivían sin guerras, en armonía y concordia. En otra ocasión se ufanó por no leer libros y preferir como fuente de conocimiento el saber y la experiencia de los ancianos y los aportes de la naturaleza y la madre tierra.
En fechas recientes sus palabras dieron la vuelta al mundo al vaticinar el fin del capitalismo y la coca cola en Bolivia el próximo diciembre, según lo indicado por el calendario maya. En esa fecha, de acuerdo con sus profecías, se pasaría de la Macha, la época de la oscuridad, el egoísmo, la división y el individualismo, a la Pacha, la de la hermandad, el amor, el comunitarismo y del mocochinche, un refresco de melocotón o durazno.
Ante las palabras de Choquehuanca, que provocaron el malentendido de la expulsión de coca cola de Bolivia en la fecha señalada, se impuso el desmentido del presidente Evo Morales. Choquehuanca expresa una de las líneas más integristas en la defensa de los valores indigenistas dentro de su gobierno, aunque para ello deba violentar la realidad y la historia con demasiada frecuencia. Sin embargo, esto no es ningún problema para quienes se erigen en defensores de un pasado mítico que nunca existió. Si es necesario reescribir la historia, se reescribe; si el guión requiere establecer vínculos estrechos entre mayas e incas y aymaras con más de 500 años de antigüedad, se establecen.
... Sus palabras dieron la vuelta al mundo al vaticinar el fin del capitalismo y la coca cola en Bolivia el próximo diciembre, según lo indicado por el calendario maya.
Ahora bien, ésta no es la mejor manera de defender los derechos individuales y colectivos de los indígenas bolivianos y americanos. Ni con un acceso selectivo a la modernidad ni negando a la coca cola, consumida con fruición a lo largo y ancho del país, se impondrán valores sociales más solidarios. Hace un par de años el vicepresidente García Linera dijo que Bolivia no podía competir en conocimiento, es decir en ciencia y tecnología, con los países más avanzados. Para equilibrar las cosas debían sacar partido de su ventaja competitiva: el comunitarismo. No había que invertir más en educación ni promover la I+D sino trasladar al mundo las buenas experiencias del comunitarismo plurinacional.
Es algo similar a lo que señala Choquehuanca. La época oscura y tenebrosa, marcada por el individualismo, el capitalismo y la coca cola, será superada a fines de 2012 por las luces de la solidaridad, el comunitarismo y el mocochinche. Más allá de la necesidad de identificar a cada etapa con una bebida simbólica, preocupa el anacronismo del mensaje. El mocochinche no solucionará los problemas de los bolivianos, que son muchos. En su lugar, se debería apostar por la promoción de la sociedad del conocimiento.
Este tipo de manifestaciones tienen poco que ver con los presupuestos de las culturas indígenas y más con prejuicios ideológicos. El indigenismo no está reñido con la modernidad ni con los avances científicos y tecnológicos, y se puede y se debe defender con otros métodos. Otra cosa es que se quiera incorporar la modernidad de una forma selectiva. Una vez más estamos frente al paternalismo de las élites, aunque en esta ocasión se esconda bajo un manto indigenista.

Carlos Malamud:
Catedrático de Historia de América de la Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED), de España e Investigador Principal para América Latina y la Comunidad Iberoamericana del Real Instituto Elcano de Estudios Internacionales y Estratégicos. Ha sido investigador visitante en el Saint Antony´s College de la Universidad de Oxford y en la Universidad Torcuato Di Tella de Buenos Aires y ha estado en posesión de la Cátedra Corona de la Universidad de los Andes, de Bogotá. Entre 1986 y 2002 ha dirigido el programa de América Latina del Instituto Universitario Ortega y Gasset, del que ha sido su subdirector. Actualmente compatibiliza su trabajo de historiador con el de analista político y de relaciones internacionales de América Latina. Ha escrito numerosos libros y artículos de historia latinoamericana. Colabora frecuentemente en prensa escrita, radio y TV y es responsable de la sección de América Latina de la Revista de Libros.